Vez por outra o assunto volta à baila: existe a pureza ou o
purismo doutrinário? Quais os critérios de classificação de leituras como
espíritas ou não? Deve existir um critério? Devem os organismos espíritas
publicarem guias ou manuais?
São por demais conhecidos, entre os estudiosos do
Espiritismo, os fundamentos, metodologia, critérios e a sistemática do trabalho
empreendido por Allan Kardec na seleção das mensagens psicográficas ou
psicofônicas, ditadas pelos Espíritos. O decantado senso de observação e o
rigor científico do Codificador erigiu o Controle Universal dos Ensinos dos
Espíritos (CUEE) como a espinha dorsal da produção medianímica e sua divulgação
para a Humanidade, segundo os pressupostos da Doutrina dos Espíritos.
Bem resumidamente, já que Kardec exaustivamente trata do
CUEE em várias de suas obras, seja direta seja indiretamente, podemos dizer que
a regra é a de que QUALQUER ESPÍRITO desencarnado pode se manifestar aos
encarnados, por sintonia e afinidade vibratórias e a variedade dos níveis
evolutivos do comunicante é tão vasta quanto o próprio Universo. Assim, podemos
ter manifestações de espíritos esclarecidos, sábios, bons e, também, de
zombeteiros e pseudossábios, na exata proporção da existência destes quilates
entre os próprios “vivos”, já que a ida para o “lado de lá” não produz
significativas alterações no “estado íntimo”, nas crenças, na intelectualidade
nem na moralidade de quem retorna ao Plano Espiritual. Em outras palavras,
continuaremos a nos expressar de modo similar ao da existência física e
guardaremos praticamente os mesmos gostos, afeições, pendores e interesses
demonstrados quando em vida (física).
Se, em regra, todo e qualquer espírito pode se manifestar e
se a MEDIUNIDADE necessita, segundo o padrão de entendimento espiritista, do
veículo (meio) que é o MÉDIUM, sendo que este também “atrai” ou se “vincula” a
muitas personalidades invisíveis pela aproximação fluídica ou psíquica –
considerados, aqui, também, a afinidade vibratória e a similaridade entre opiniões
e comportamentos – estamos diante de um quadro múltiplo e plural para as
manifestações mediúnicas. Numa sessão, então, podem afluir inúmeros espíritos,
dos quais muitos serão bastante imperfeitos, “necessitados” de consolo e
orientação, outros “obsessores” ou “subjugadores” de encarnados que aqui
permanecem, “curiosos”, “brincalhões”, além dos já citados “pseudossábios”.
Recomendamos a leitura da ESCALA ESPÍRITA, contida nos itens
100 e seguintes de “O livro dos espíritos” para relembrar as características
dos Espíritos, dispostos em dez classes de evolutividade espiritual, percebendo
as nuances que diferenciam uns dos outros e a tênue zona de transição ou limite
entre uns e outros, sobretudo aqueles que estejam perfilados entre os degraus
mais baixos ou iniciais da progressividade.
Como, então, distinguir uns dos outros? Como saber se “os
espíritos são de Deus” (relembrando pontual advertência contida nos Evangelhos,
segundo a tradução de fatos, passagens e orientações supostamente atribuídos a
Jesus de Nazaré)? Como tomar algumas como orientações oportunas e descartar
outras mensagens inverídicas? Quem deverá fazer a “seleção” das mensagens? O
médium receptor? Os médiuns “de suporte”? Os coordenadores dos trabalhos? Um
médium supervisor?
Voltemos, por oportuno, aos critérios de Kardec (e, também,
de Erasto e do Espírito Verdade):
a A) Escolha de colaboradores mediúnicos
insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quanto da pureza das faculdades e
da assistência espiritual;
b B) Análise rigorosa das comunicações, do
ponto de vista lógico, bem como do seu confronto com as verdades científicas
demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não possa ser logicamente
justificado;
c C) Controle dos Espíritos comunicantes,
através da coerência de suas comunicações e do teor de sua linguagem; e,
D D) Consenso universal, ou seja,
concordância de várias comunicações, dadas por médiuns diferentes, ao mesmo
tempo e em vários lugares, sobre o mesmo assunto.
Procuremos analisar, ainda que simplificadamente em razão do
espaço deste artigo, cada um destes critérios.
1.
Colaboradores Mediúnicos Insuspeitos.
No dia a dia das instituições espíritas, qual material
humano que está disponível, interessado e motivado para as tarefas?
Quem faz a triagem dos médiuns e sob quais elementos
avaliativos?
O que define a condição de “coordenador” ou “dirigente” de
uma sessão mediúnica? Há divisão, clara e oportuna, de tarefas para a
realização das sessões?
Até que ponto se conhece a MORALIDADE dos médiuns?
Conseguimos penetrar em seus pensamentos e intenções?
E quanto à “pureza das faculdades”? O que é mediunidade real
e o que é fantasia? E os que simulam mediunidades? E os que se valem daquilo
que informam ser mediunidade obtendo prestígio, poder e outros “valores” em
relação aos outros?
O que dizer da assistência espiritual? Quem são os espíritos
que “nomeamos” como guias e mentores? Eles são, realmente, de espiritualidade
superior? Quem faz a aferição da autoria da comunicação? Há espíritos que se
passam por outros?
2.
Análise rigorosa das comunicações.
Nas reuniões mediúnicas em geral há a manifestação de
diversos espíritos. Alguns deles vêm para receber conforto, esclarecimento,
amparo, carinho... Outros atuam como “orientadores” ou transmitem mensagens
sobre temas diversos. Excetuando-se aquelas direcionadas em particular a
determinadas pessoas – situação que pode ocorrer – as demais devem passar por
critérios de avaliação e aferição.
Referidos critérios são em face da lógica do que transmitam,
já que podem conter elementos absurdos ou questionáveis, quando confrontam a
ética, a moral ou o bom senso comum, ou se posicionem claramente contrárias às
chamadas “verdades científicas demonstradas”, como se curiosos estivessem
tratando de temas que não dominam, apresentando teses absurdas, como muitas das
que aparecem por aí e, logo, obtém um séquito de adeptos e informantes.
A primeira relação entre as mensagens transmitidas deve ser
é o cotejo com os princípios espiritistas fundamentais, aqueles que constituem
a espinha dorsal da Doutrina e que dão substrato à Filosofia Espírita.
Evidentemente – e os próprios Espíritos contemporâneos de Kardec o disseram –
novos princípios poderão ser acrescidos aos inicialmente apostos, em virtude da
progressividade dos conceitos e dos ensinos dos Espíritos, dando ao Espiritismo
o caráter de permanência. Mas para que eles efetivamente sejam validados,
deve-se primar pela orientação dada abaixo, no item “4”.
3.
Controle dos Espíritos Comunicantes.
A expressão utilizada pelo Codificador acerca do CONTROLE
dos espíritos (e das comunicações) não permite variações, tergiversações ou
“jeitinhos”. Derivada do item acima (“2”) que é o ponto inaugural da avaliação
das comunicações, além de sua logicidade e eticidade, será necessário aferir se
determinado Espírito que assina uma comunicação tinha aquele “estilo” de
linguagem e manifestação. O mais comum é ver-se, aqui ou alhures, manifestações
atribuídas a espíritos “famosos”, “conhecidos”, “reconhecidos” por seu trabalho
e atividades terrenas ou por sua “fama” e “preferência” (um exemplo, músicos e
outros artistas, assim como pensadores ou filósofos), e a “comunicação” em nada
guarda relação com a forma usual de manifestação do mesmo quando em vida,
sobretudo nos mais profícuos ou nos últimos anos de sua vida.
Algumas mensagens até “aparentam” ser de autoria daquele que
“assina” a mensagem, mas a sua repetida leitura permite divisar elementos
alienígenas e que não “combinam” com o tema ou o conjunto da comunicação.
Quem estuda, realmente, os estilos literários? Quem conhece,
a fundo, as características de expressão e o pensamento daqueles que, agora,
estão do “outro lado da vida”? Quem é capaz de comprovar tratar-se do mesmo
espírito?
Há médiuns de “suporte”, videntes ou clarividentes capazes
de atestar a presença espiritual das inteligências que, atribui-se, assinam as
mensagens? São, tais médiuns, experientes e com estudo e discernimento para não
se deixarem iludir pela “aparência” ou “parecença”, já que os desencarnados
podem manipular fluidos e assumir formas que desejem, segundo a cátedra contida
na Codificação?
4.
Consenso Universal entre as Comunicações.
Com muita franqueza vemos este item como o mais difícil na
operacionalidade da metodologia kardeciana. Primeiro porque não temos, salvo
exceções muito pronunciadas, verdadeiros “experts” em Doutrina Espírita, que
conhecem a fundo a Codificação e não sejam apenas “papagaios de tribuna”,
dispostos a recitar transcrições, itens ou pensamentos esparsos, por decoreba
ou memorização. Falamos de CONHECER A FUNDO o Espiritismo, permitindo fazer as
necessárias associações e referências entre textos contidos em diversas das
obras de Kardec, percebendo, inclusive, a EVOLUÇÃO no tratamento de
determinados temas e contextos, demonstrando, assim, também a maturidade do
homem Rivail na interpretação das mensagens que lhe foram apresentadas em
distintos momentos. Mais um traço, portanto, da progressividade.
E há os que dogmatizam e sacralizam os textos codificados...
Lamentável!
Kardec não estabeleceu uma doutrina estática e imutável nem
desejou que fossem, seus comentários e lucubrações, assim como as transcrições
das mensagens mediúnicas consideradas como concordes com o Ensino dos
Espíritos, permanentes e definitivas. Longe, muito longe, disso!
Disse em várias oportunidades que o Espiritismo precisaria
acompanhar lado a lado a Ciência (humana) e que novas revelações adviriam, seja
pelo demonstrado interesse dos encarnados em temas que, no contexto
sócio-cultural do século XIX não teriam sido objeto de perscrutação e
interesse, assim como em relação ao próprio progresso individual e social
humanos.
A cada momento, portanto, a regra áurea de aferição e
LEGITIMAÇÃO das mensagens mediúnicas deverá ser, sempre, a da concordância dos
vários relatos entre si, obtidos por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em
distintos lugares.
Perguntar-se-ia: quem aprecia as distintas comunicações?
Quem as compara? Quem tem tempo e entusiasmo para ler, reler, dissecar, estudar
e comparar as mensagens?
O que tenho visto, por aí, é desanimador. Em dois focos:
O primeiro, o das reuniões mediúnicas corriqueiras. O
“maravilhamento” e a “estupefação” diante das mensagens, como se todas elas
proviessem de fontes genuinamente confiáveis e fossem acréscimos importantes ao
“já conhecido”.
O segundo, o da produção literária, com a publicação de
inúmeros novos títulos DIARIAMENTE, movimentando consideráveis receitas e um
filão bastante interessante e rentável para as editoras e os livreiros – quando
não, também, para seus “autores” físicos, ditos médiuns – os quais “atraem” e
são consumidos com voracidade pelos “leitores espíritas”, sobretudo aqueles
aficionados por romances e historietas...
Acho que agora, prefixadas tantas importantes premissas,
podemos, enfim, chegar ao ponto que nos motivou a escrever este ensaio: -
Devemos ter um manual orientativo, a ser lido e consultado pelas instituições,
seus dirigentes e pelos leitores espíritas, a fim de melhor selecionar textos e
livros “espíritas”? Um MANUAL DE LEITURA ESPÍRITA?
Historicamente é oportuno repisar que entre as instituições
de coordenação do chamado movimento espírita, local ou nacionalmente, vez por
outra a questão é trazida à baila e os comentários são muito parecidos, no
sentido da AFIRMATIVIDADE da existência destas, digamos, orientações. São
muitos os dirigentes que “reclamam” de obras “não-espíritas”,
“pseudo-espíritas”, “espiritualistas” ou “das enxertias e adulterações” que
muitas, segundo eles, apresentam. Dou o devido destaque para esta OPINIÃO
daqueles a quem tenho, pacientemente, ouvido nestas duas últimas décadas,
principalmente, dentro dos meus (quase) trinta e três anos de convivência na
ambiência espiritista.
Já fui consultado, como representante de atividades
específicas (comunicação social, organização administrativa, direito e funções
diretivas no movimento), a respeito da minha opinião pessoal (ou institucional)
sobre tais “manuais” e sobre a necessidade (ou não) da produção de normativos,
pelas entidades maiores, de “alerta” e “orientação” ao público espírita,
frequentador das instituições.
Sempre que arguído, tenho me posicionado CONTRÁRIO à
publicação de qualquer referência dada pelas entidades e seus gestores ao
público. As “ditas” orientações já constam da codificação e algumas delas, as
principais, foram repisadas acima.
Em linhas gerais, o trabalho é PESSOAL e INTRANSFERÍVEL.
Cada leitor é que deve ler, analisar, refutar, comparar, aprovar ou desaprovar
textos ou obras, de acordo com sua bagagem de conhecimentos, estudo e prática.
Há os que defendem tanto os “manuais” com a formulação de
listas (olha aí, novamente, o aparecimento da figura do “índex”, famoso na
história religiosa humana) de obras “desaprovadas” ou “desqualificadas”, com a
“recomendação” (pasmem) de sua não-leitura, disponibilização em bibliotecas ou
venda em livrarias. E, é claro, a “sugestão” de que não sejam citadas em
palestras ou reuniões coletivas de estudo.
Aonde é que nós estamos, senhores!
Isto é SÉCULO VINTE E UM! Não quatorze, quinze ou dezesseis!
Já passamos pela Reforma, pelo Renascimento, pela Era Espacial e estamos no
desenrolar da Era Cibernética e Midiática!!!
Censura? Rol de “recomendações”? Índex? Livros proibidos ou
desaconselháveis? Isso me lembra tanta coisa ruim e me cheira tão mal... Parece
que os indexadores, cruzados e inquisidores de um passado não muito distante
estão novamente “em cena” nas posições de comando (?) e direção de muitas
instituições e movimentos...
É deplorável o quadro que se visualiza e com o qual se
convive...
O principal axioma que explica a natureza espiritual de todos
os homens é o da sobrevivência do espírito e o da individualidade da alma que
remetem à posição de protagonista da vida individual de cada ser. E, nela, o
conjunto dos aprendizados decorrente das experiências vivenciadas, a expressão
da inteligência pela LIBERDADE DE PENSAMENTO, CONVICÇÃO e EXPRESSÃO são o mais
verossímil apanágio do ESPÍRITO.
Ninguém substitui a autoria dos nossos atos nem se
transferem responsabilidades. Há muita gente querendo o comodismo do agir
segundo os outros orientem e prescrevam, a zona de conforto da prevenção em
relação aos erros (e aos sofrimentos deles decorrentes). Há uma imensa gama de
seres que ainda “necessitam” de proibições e vedações, para regular suas
condutas.
Isto não é ESPIRITISMO! Nem nunca será!
A Doutrina dos Espíritos apresenta-nos o rito de avaliação
de tudo o quanto faça parte de nossa existência – incluídas aí, em face do tema
destes escritos, a seleção das mensagens mediúnicas ou de quaisquer outras
leituras, sem qualquer relação direta com a mediunidade, derivadas do
pensamento, do estudo e do esforço dos pensadores e escritores.
Por fim, declaro que não me interesso, apenas, pelas
leituras espíritas. Continuo tendo como lema a afirmação espiritual de que “o
vento sopra onde quer” e que as chamadas “revelações espirituais” prescindem do
Espiritismo e do Movimento Espírita para ocorrerem e serem disponibilizadas.
Ademais, os Bons Espíritos acorrem às situações e
circunstâncias em que possam colaborar, intuitivamente, com os encarnados que
desenvolvem projetos, pesquisas, experimentos, organizações e a vida em
Sociedade.
Quanto à “variedade” das “produções” mediúnicas, porque já o
dissemos, distintos espíritos com variada gama de classificação espiritual
(Escala Espírita) se manifestam em face das leis de afinidade que travam com
médiuns e com o público leitor e interessado em dadas leituras. Na minha
avaliação pessoal, há algumas obras psicografadas que considero “densas”,
“pesadas” e “difíceis” para o entendimento médium. Outras, no exercício das
premissas que apresentamos e relembramos neste ensaio, não seriam “genuinamente
espíritas” (quando comparadas com o edifício doutrinário), mas são
“para-espíritas” no sentido de serem derivadas do intercâmbio mediúnico.
Comparo tais “mensagens” com as próprias homilias e textos
das diversas religiões e filosofias religiosas de nosso tempo e de todos os
tempos. Elas existem porque há os que a elas se afiliam, com elas concordam e
nelas acreditam. Elas são diretamente proporcionais ao nível de entendimento (e
de despertamento) das criaturas que estagiam no Plano Terrestre. Irão
desaparecer, um dia, exatamente como outras que ficaram na Antiguidade ou em
tempos pretéritos. Foram substituídas por outras...
A você, querido amigo, que é leitor de textos e de livros,
eu apenas digo: - Leia, leia sempre, leia tudo o que estiver ao seu alcance. É
o que faço, é o que tenho feito.
É bem verdade que, por vezes, minha leitura não ultrapassa a
terceira folha de um livro, de tantas bobagens que leio ou de descrições
“fantásticas” e totalmente descompassadas com a Filosofia Espírita. Outros,
mesmo contendo alguns absurdos ou pseudoverdades, mantêm o meu interesse até a
leitura do último parágrafo. Em relação a Kardec e aos que escreveram sobre
Espiritismo desde o seu desencarne (1869), também procuro anotar às margens dos
livros eventuais “discordâncias” ou “questionamentos” que faço, algumas meras
suposições até que eu possa estudar com afinco e detalhes tais questões, outras
que remanescem, justamente porque atentam contra o edifício kardeciano.
Assim tem sido...
Não, portanto, aos manuais ou guias de seleção de obras
espíritas! Sim à liberdade de pensar e de se expressar e à liberdade –
individual e intransferível – de tudo ler, analisar e aceitar. Livremente!
Eis, aí, a LÓGICA GENUINAMENTE ESPÍRITA!
Fora dela, para parafrasear mensagem contida na Codificação,
“não há salvação”...
Marcelo Henrique, é espírita, palestrante, escritor, divulgador da Doutrina Espírita, participa de vários chats, sites, e programas pela internet, e colabora com o Espiritismo Piracicaba, no Facebook seu endereço é Marcelo Henrique.
Marcelo Henrique, é espírita, palestrante, escritor, divulgador da Doutrina Espírita, participa de vários chats, sites, e programas pela internet, e colabora com o Espiritismo Piracicaba, no Facebook seu endereço é Marcelo Henrique.
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