segunda-feira, 29 de abril de 2019

O NASCIMENTO DA GLANDULA PINEAL - Por Nubor Orlando Facure





Há 600 milhões de anos no período Cambriano, as medusas e moluscos deram início à duplicação do Sistema Nervoso. 




















Os animais passariam a ter uma dupla face, Hoje é só olhar e a gente constata os dois lados, o direito e o esquerdo, o de cima e o de baixo de todos animais, naqueles moluscos sem conchas, achatados como um "tapetinho" de banheiro, apareceram nervos na face superior, no lado de cima, em contraposição com um feixe de nervos situados na parte de baixo.


Enquanto em baixo os nervos se especializaram em dirigir as ações motoras do animal, principalmente da boca, os nervos de cima, rastreiam a luz, não para se locomoverem no escuro, mas, para controlar os ritmos circadianos do organismo, e regular hormônios a serem produzidos pelo organismo.

Só mais tarde os dois sistemas nervosos se reconheceram um ao outro produzindo uma nova constelação de comportamentos;




 A glândula pineal estava nascendo.


Nubor Orlando Facure, 79, é medico, neurologista, espírita, diretor presidente do Instituto do Cérebro em Campinas - SP, e colabora com este blog.
e-mail: lfacure@uol.com.br

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A VIAGEM ESPÍRITA DE 1862 - POR ALLAN KARDEC






Em sua sabedoria e conhecimento, equilíbrio, sobretudo equilíbrio ao analisar tudo e a todos, referente a Doutrina Espírita, Allan Kardec, nos anos de  1860, 1861, 1862, 1864 e 1867, fez viagens para divulgar, e aprender sobre o Espiritismo, a divulgação dizia o codificador, é um dos atos mais importantes desta doutrina, no ano de 1862, Kardec viajou pelo interior da França e da Bélgica, com observações que até hoje são pertinentes.
Kardec ouviu oposição, críticas, opiniões, e a partir desta experiência abriu diálogo com quem merecia, explicando o que os Espíritos haviam lhe revelado, o que era sua pesquisa, o que era o Espiritismo de verdade, algo que até hoje 2019 anos depois, muitos não sabem.
Nem praticantes, professores, e donos da informação, conseguem entender o que foi relevado á Allan Kardec, para que ele começasse a organização.
No Brasil sobretudo depois da morte de Chico Xavier, o MEB (Movimento Espírita Brasileiro) se esqueceu de Allan Kardec, salvo raras exceções, o que lhe foi ensinado, pelos espíritos, o que lhe foi concedido saber par dividir, com todos os senhores, e senhoras, vamos então á 1862, a algumas observações, daquela viagem de divulgação, e aprendizado de Kardec, e na sua calma e sabedoria, veja o que ele falava, e tente colocar nos dias atuais.
Senhoras e Senhores, Allan Kardec....





Há um ponto sobre o qual creio dever chamar toda a vossa atenção. Quero falar das surdas manobras dos adversários do Espiritismo que, depois de tê-lo atacado abertamente e em vão, procuram atingi-lo pelas costas. E uma tática contra a qual é preciso que estejais prevenidos. 

Como sabeis, combateram o Espiritismo por todos os meios possíveis; atacaram-no em nome da razão, da Ciência, da religião. Nada deu certo. Tentaram despejar-lhe o ridículo a mancheias, mas o ridículo deslizou sobre ele como a água sobre o mármore. Não foram mais felizes com a ameaça e a perseguição; se encontraram alguns caniços, também se defrontaram com carvalhos que não puderam dobrar, nem conseguiram abalar nenhuma convicção. Acreditais que seus inimigos já se renderam? Não! Restam-lhes ainda dois meios, os últimos que, esperamos, não lhes servirão melhor, graças ao bom senso e à vigilância de todos os verdadeiros espíritas, que saberão preservar-se dos inimigos internos como foram capazes de repelir os de fora. 

Não tendo podido lançar o ridículo sobre o Espiritismo, invulnerável sob a égide de sua sublime moral, tentam agora ridicularizar os espíritas, isto é, provocar atos ridículos da parte de certos espíritas ou que como tais se apresentam, responsabilizando a todos pelos atos de alguns. O que desejariam, sobretudo, era poder vincular os nomes de espírita, Espiritismo e médium aos de charlatães, prestidigitadores, necromantes e ledores de sorte, e não lhes será difícil encontrar comparsas complacentes para os ajudar, empregando sinais místicos ou cabalísticos para justificar o que ousaram afirmar em certos jornais: que os espíritas se entregam às práticas da magia e da feitiçaria, e que suas reuniões são cenas repetidas do Sabá. À vista de um cartaz de saltimbanco, anunciando representações de médiuns americanos ou outros, como anuncia o Hércules do Norte, eles se regozijam e gritam dos telhados que o respeitável Espiritismo está reduzido a exibir-se nos teatros de feiras. 

Por certo os verdadeiros espíritas jamais lhes darão essa satisfação, e as pessoas razoáveis saberão sempre estabelecer diferenças entre o sério e o burlesco, o que não significa que não devam precaver-se contra toda incitação que pudesse dar lugar à crítica. Em semelhante caso, é preciso evitar-se até mesmo as aparências. Um ponto capital que dá um desmentido formal a essas alegações da maledicência, é o desinteresse. Que dizer de pessoas que fazem tudo por nada e por devotamento? Como tratá-los de charlatães, se nada exigem? Como poderão dizer que vivem do Espiritismo, como outros vivem da sua profissão? que, conseqüentemente, não têm nenhum interesse na fraude, já que sua crença, ao contrário, é uma oportunidade para sacrifícios e abnegação? que não buscam nem honras, nem lucros? Repito-o: o desinteresse moral e material será sempre a resposta mais peremptória a dar aos detratores da Doutrina. Eis por que eles ficariam muito satisfeitos se pudessem encontrar pretextos para subtrair-lhes esse prestígio, ainda que tivessem de pagar a algumas pessoas para representarem uma comédia. Agir de outra forma será, pois, fornecer-lhes armas. Quereis a prova? Eis o que se lê num artigo do Courrier de l'Est, jornal de Bar-le-Duc, e que tiveram o cuidado de transcrever no Courrier du Lot, jornal de Cahors, e em várias outras folhas que só esperam a ocasião para poder criticar-nos: 

"...O Espiritismo tem por partidários três classes bem distintas de indivíduos: os que dele vivem, os que com ele se divertem e os que nele crêem. Magistrados, médicos, gente séria, têm assim suas pequenas imperfeições, inocentes para eles, mas muito menos para a classe dos indivíduos que vivem do Espiritismo. Os médiuns formam hoje uma categoria de industriais não registrados e que, no entanto, fazem comércio, um verdadeiro comércio, como passarei a vos explicar...'''' 

Segue um longo artigo temperado de piadas pouco espirituosas, descrevendo uma sessão a que o autor assistiu e na qual se encontra a passagem seguinte, referente a uma mãe que pedia uma comunicação de sua filha: "E a mesa se dirigiu para a infeliz mãe, que se contorcia em espasmos nervosos. Quando se refez de , sua emoção, lhe deram uma cópia da mensagem; o preço: vinte francos, o que não é excessivo, já que se trata das palavras de uma filha adorada!" 

A se dar crédito ao autor do artigo, a sessão não se desenvolveu de maneira a exigir muito respeito e recolhimento, pois ele acrescenta: 

"O senhor que interrogava os Espíritos não me pareceu tão digno quanto o comportava a situação dos interlocutores; não dava mais importância às suas funções do que se estivesse desossando um pernil de carneiro na mesa de um albergue de Batignolles." 

O mais deplorável é que tenha podido dizer que viu estabelecerem preços para as manifestações; mas não podemos senão lamentá-lo por julgar uma obra por sua paródia. Aliás, é isso que faz a maioria dos críticos; depois dizem: já vi. 

Esses abusos, como disse, são exceções, e exceções raras; se falo disto com insistência, é porque são fatos que dão ensejo à maledicência, quando não decorrem de calculada malevolência. Ademais, eles não poderiam propagar-se em meio a uma imensa maioria constituída por pessoas sérias, que compreendem a verdadeira missão do Espiritismo e das obrigações que ele impõe; sua essência comporta a dignidade e a gravidade; é, pois, para eles um dever declinar qualquer solidariedade com os abusos que o pudessem comprometer e deixar claro que não se fariam campeões de tais fatos, nem diante da justiça, nem perante a opinião pública. 

Mas este não é o único escolho. Eu disse que os adversários têm uma outra tática para alcançar seus fins: semear a desunião entre os adeptos, atiçando o fogo das pequenas paixões, dos ciúmes e dos rancores; fazendo nascer cismas; suscitando causas de antagonismo e de rivalidade entre os grupos, a fim de fragmentá-los. E não creiais que sejam os inimigos confessos que agirão assim; estes se resguardarão! São os pretensos amigos da Doutrina e, muitas vezes, os aparentemente mais calorosos; muitas vezes mesmo, com habilidade, farão que amigos verdadeiros, mas fracos, tirem castanhas do fogo com as próprias mãos, amigos que eles ludibriaram e que agirão de boa-fé e sem desconfiança. Lembrai-vos de que a luta não acabou e que o inimigo está ainda à vossa porta; permanecei alerta, a fim de que ele não vos pegue em falta. Em caso de incerteza, tendes um farol que não vos pode enganar: a caridade, que nunca é equívoca. Considerai, pois, como sendo de origem suspeita todo conselho, toda insinuação que tendesse a semear entre vós os germes da discórdia, e a vos desviar do reto caminho que vos ensina a caridade em tudo e por todos. 





Não seria desejável que os espíritas tivessem uma senha, um sinal qualquer para se reconhecerem quando se encontram? 

Os espíritas não formam nem uma sociedade secreta, nem uma afiliação; não devem, pois, ter nenhum sinal secreto para serem reconhecidos. Como nada ensinam e nada praticam que não possa ser conhecido por todo mundo, nada têm a ocultar. Um sinal, uma senha, poderiam, aliás, ser usados por falsos irmãos, e nem por isso serieis mais adiantados. 

Tendes uma senha que é compreendida de um extremo a outro do mundo: é a da caridade. Esta palavra é fácil de ser pronunciada por todos, mas a verdadeira caridade não pode ser falsificada. Pela prática da verdadeira caridade reconhecereis sempre um irmão, ainda que não seja espírita, e deveis estender-lhe a mão, porquanto, se ele não partilha de vossas crenças, nem por isso deixará de ser para vós menos benevolente e tolerante. 

Um sinal de reconhecimento é, aliás, tanto menos necessário hoje quanto o Espiritismo não se oculta mais. Para aquele que não tem coragem de afirmar sua opinião, ele seria inútil, pois que dele não se serviria; para os outros, dão-se a conhecer falando sem temor. 





Algumas pessoas vêem no Espiritismo um perigo para as classes pouco esclarecidas, que, não o podendo compreender em sua pura essência, poderiam desnaturar-lhe o espírito e fazê-lo degenerar em superstição. Que lhes responder? 

Poder-se-ia dizer outro tanto das coisas mais úteis. Se fosse possível suprimir tudo quanto se pode fazer mau uso, não sei bem o que restaria, a começar pela imprensa, com o auxílio da qual se podem espalhar doutrinas perniciosas, pela leitura, pela escrita. Poder-se-ia até perguntar a Deus por que deu língua a certas pessoas. Abusa-se de tudo, mesmo das coisas mais santas. Se o Espiritismo tivesse saído da classe ignorante, ninguém duvida que a ele se teriam misturado muitas superstições; mas ele nasceu na classe esclarecida, e só depois de aí se ter elaborado e depurado foi que penetrou nas camadas inferiores, a elas chegando desembaraçado, pela experiência e pela observação, sem qualquer mistura prejudicial. O que poderia tornar-se realmente perigoso para o vulgo seria o charlatanismo. Por isso, todo cuidado é pouco em combater a exploração, fonte inevitável de abusos, por todos os meios possíveis. 

Não estamos mais no tempo dos párias para as luzes, quando se dizia: isto é bom para uns, isto é bom para outros. A luz penetra na oficina e até na choupana, à medida que o sol da inteligência se eleva no horizonte e lança seus raios mais ardentes. As idéias espíritas seguem o movimento; estão no ar e ninguém tem o poder de detê-las; basta dirigir o seu curso. O ponto capital do Espiritismo é o lado moral; é aí que devemos envidar todos os nossos esforços para fazê-lo compreendido; e, coisa notável! é assim que ele é considerado agora, mesmo nas classes menos esclarecidas. Por isso seu efeito moralizador é manifesto. Eis um exemplo entre milhares: 

Durante a minha estada em Lyon, assistindo a uma reunião espírita, um homem, por cujas roupas identifiquei um trabalhador, levantou-se no fundo da sala e disse: "Senhor, há seis meses eu não acreditava em Deus, nem no diabo, nem em minha alma; estava convencido de que quando morremos tudo se acaba; não temia as penas futuras, pois me parecia que tudo se findava com a vida. Devo dizer-vos que não orava, e que desde a minha primeira comunhão não voltei a pôr os pés numa igreja; além disso, eu era violento e exaltado. Enfim, nada temia, nem mesmo a justiça humana. Há seis meses, assim era eu. Foi então que o Espiritismo chegou; lutei durante dois meses; mas li, compreendi e não pude me furtar à evidência. Uma verdadeira revolução operou-se em mim. Hoje já não sou o mesmo homem; oro todos os dias e vou à igreja. Quanto ao meu caráter, perguntai aos meus camaradas se mudei! Outrora eu me irritava com tudo: um nada me exasperava; agora estou tranqüilo e feliz, bendizendo a Deus por me ter enviado a luz." 

Compreendeis do que é capaz um homem que chegou a ponto de não temer sequer a justiça humana? Negarão o efeito salutar do Espiritismo sobre ele? E há milhares como ele. Por mais iletrado que seja, não deixou de o compreender; é que o Espiritismo não é uma teoria abstrata, que só se dirige aos sábios; fala ao coração e, para compreender a linguagem do coração, não há necessidade de diploma. Fazei-o penetrar por este caminho, na mansarda e na choupana, e ele fará milagres.





Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivali, nasceu em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804. Filho do juiz Jean-Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Buhamel, descendentes de antigas famílias católicas de Lyon, foi criado no protestantismo. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e desde jovem mostrou inclinação para o estudo das ciências e da filosofia. Foi levado para a o famoso Instituto de Educação Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, onde estudou até formar-se pedagogo, em 1824.



OBRAS BÁSICAS NÃO BASTA LER, É PRECISO ESTUDAR.




terça-feira, 16 de abril de 2019

A SEGURANÇA DE UMA PSEUDOLÓGICA ESPÍRITA - POR MARCELO HENRIQUE






Conheço muitos espíritas "seguros de si mesmos". Eles pertencem ao gênero "o Espiritismo tem todas as respostas" para as múltiplas indagações da vida. E, do alto de sua segurança "espírita", tudo interpretam com os olhos voltados para uma “certeza” de que as mínimas situações do viver são reflexos do passado espiritual de cada um.
















 Esta pseudológica serve, ao mesmo tempo, de cruz e bálsamo. Cruz, porque implica a crença de que “tudo está pré-traçado” e estamos obrigados a resgatar erros pretéritos (com o mesmo peso de vidas anteriores).
 Bálsamo, pois coloca a criatura como um “coitadinho”, que tem de suportar as contrariedades e iniquidades da vida pois, ao final, receberá como recompensa, uma vida melhor e mais espiritualizada.


Bom seria se a questão fosse unicamente esta, ou seja, se os efeitos deste raciocínio (?) estivessem circunscritos ao autoexame individual, um “olhar para dentro de si”, para entender melhor a si mesmo, o próximo e o mundo. Todavia, não é o que ocorre. Com esta pseudológica, as pessoas se tornam (nos Centros Espíritas e fora deles) conselheiras dos outros, analisando rapidamente as contingências das atuais provações/expiações para “encontrar”, com mais celeridade ainda, a “razão” ou o porquê dos sofrimentos e das dificuldades do hoje, apresentando com naturalidade (?) a raiz, causa ou origem daqueles.








Esta gente, francamente, não estuda a Doutrina Espírita, mesmo frequentando grupos e horários de atividades em instituições espíritas. Ao invés de buscar, no Espiritismo, caminhos e fontes para o entendimento maior da Vida, encontra justificativas para o seu proceder (e o dos outros) com embasamento em respostas ou capítulos das chamadas Obras Básicas. Fazem, então, recortes do pensamento de Kardec/Espíritos, para explicar (?) as causas da felicidade/desgraça humanas.




Exemplo típico disso é a adesão de algumas instituições e de muitos “pensadores” espíritas à tese da restritividade absoluta ao aborto - inclusive sem a ressalva contida na Codificação: o risco de morte para a mãe. Querem, eles, apertar ainda mais o freio legal, fazendo desaparecer as excludentes de culpabilidade (aborto pós-estupro e perigo de perecimento da gestante) e o aborto judicial, quando o magistrado pode autorizar (anencefalia, por exemplo) a interrupção da gravidez. Essa gente se baseia em algumas exceções (o caso recente da criança Marcela de Jesus Galante Ferreira, que viveu aparentemente sem cérebro um ano, oito meses e doze dias). Marcela tinha o mesencéfalo, parte intermediária do cérebro e outras estruturas que garantiram sua sobrevida, conforme a pediatra Márcia Barcellos que a acompanhou. Mas, os espíritas (assim como os evangélicos e os católicos) nem querem saber da lógica e da ciência. Dizem bravatas por aí, impingindo a pais e mães o calvário de suportar uma gravidez sem qualquer perspectiva de êxito, para obedecer aos “desígnios divinos”.
A lógica espírita, no entanto, legítima e verdadeira, não impõe nada a ninguém, por determinação ou impedimento. Ela nos faz utilizar, pessoal e subjetivamente, nosso raciocínio para entender a vida e melhor vivê-la. Longe de prescrições e apenações, como bem quereriam os “espíritas” seguros de si mesmos.



Marcelo Henrique, é advogado, espírita, palestrante, divulgador da Doutrina espírita, e colaborador deste blog.






quinta-feira, 11 de abril de 2019

O ESPIRITISMO NÃO FAZ MILAGRES - POR ALLAN KARDEC



Estimados amigos do planeta Terra, vivemos em busca de novidades, sejam no Universo, ou na vida, sempre em busca de milagres.


Certa vez conversando com uma grande amiga, e espírita, palestrante, que vou chamar aqui como senhora D, falava sobre a obra A Gênese, de Allan Kardec, ela como pesquisadora também, disse: "Livro difícil, mas, muito bom para nos conceder informações."

Um ano antes desta afirmação, Sr. P, um dos professores que tive dentro do Espiritismo, indagado por mim, porque vários centros espíritas nem citam a obra A Gênese de Kardec, me declarou: "Falta de conhecimento, informação verdadeira perturba quem vive do maravilhoso, é uma obra para todos os espíritas lerem e estudarem."


Logo no começo da minha jornada como palestrante, conheci um centro que me convidou a falar de Espiritismo, e sempre tive o hábito de chegar cedo, conhecer a casa, na Biblioteca com mais de 500 obras, todas espíritas, o único livro de Kardec que encontrei, foi o Evangelho segundo o Espiritismo.

Nesta época tinha o hábito de levar, A Gênese comigo, para consultas, e leituras, mudei toda a palestra, e na sequência, após 50 minutos, pessoas me olhavam como se tivesse dito algo, além da imaginação, o tema era: O Espiritismo não faz milagres.

Houve surpresa no público presente 155 pessoas, que foram em busca de? Milagre, e ouviram exatamente ao contrário do que esperavam, ao final como a casa recebia pedidos de obras, 32 pessoas, pediram para comprar o Livro de Kardec, A Gênese, que aliás é uma obra básica, aqui senhoras e senhores, o que o codificador nos fala sobre o tema título, para vosso entendimento.


Eis aqui, Allan Kardec....




O Espiritismo, pois, vem, a seu turno, fazer o que cada ciência fez no seu advento: revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenômenos compreendidos na alçada dessas leis.

Esses fenômenos, é certo, se prendem à existência dos Espíritos e à intervenção deles no mundo material e isso é, dizem, o em que consiste o sobrenatural. Mas, então, fora mister se provasse que os Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que aí não há, nem pode haver, a ação de uma dessas leis.

O Espírito mais não é do que a alma sobrevivente ao corpo; é o ser principal, pois que não morre, ao passo que o corpo é simples acessório sujeito à destruição. Sua existência,portanto, é tão natural depois, como durante a encarnação; está submetido às leis que regem o princípio espiritual, como o corpo o está às que regem o princípio material; mas, como estes dois princípios têm necessária afinidade, como reagem incessantemente um sobre o outro, como da ação simultânea deles resultam o movimento e a harmonia do conjunto, segue-se que a espiritualidade e a materialidade são duas partes de um mesmo todo, tão natural uma quanto a outra, não sendo, pois, a primeira uma exceção, uma anomalia na ordem das coisas.

Durante a sua encarnação, o Espírito atua sobre a matéria por intermédio do seu corpo fluídico ou perispírito, dando-se o mesmo quando ele não está encarnado. Como Espírito e na medida de suas capacidades, faz o que fazia como homem; apenas, por já não ter o corpo carnal para instrumento, serve-se, quando necessário, dos órgãos materiais de um encarnado, que vem a ser o a que se chama médium. Procede então como um que, não podendo escrever por si mesmo, se vale de um secretário, ou que, não sabendo uma língua, recorre a um intérprete. O secretário e o intérprete são os médiuns de um encarnado, do mesmo modo que o médium é o secretário ou o intérprete de um Espírito.

Já não sendo o mesmo que no estado de encarnação o meio em que atuam os Espíritos e os modos por que atuam, diferentes são os efeitos, que parecem sobrenaturais unicamente porque se produzem com o auxílio de agentes que não são os de que nos servimos. Desde, porém, que esses agentes estão na Natureza e as manifestações se dão em virtude de certas leis, nada há de sobrenatural, ou de maravilhoso. Antes de se conhecerem as propriedades da eletricidade, os fenômenos elétricos passavam por prodígios para certa gente; desde que se tornou conhecida a causa, desapareceu o maravilhoso. O mesmo ocorre com os fenômenos espíritas, que não são mais aberrantes das leis naturais do que os fenômenos elétricos, acústicos, luminosos e outros, que serviram de fundamento a uma imensidade de crenças supersticiosas.

Entretanto, dir-se-á, admitis que um Espírito pode levantar uma mesa e mantê-la no espaço sem ponto de apoio; não está aí uma derrogação da lei da gravidade? — Sim, da lei conhecida. Conhecem-se, porém, todas as leis? Antes que se houvesse experimentado a força ascensional de alguns gases, quem diria que uma pesada máquina, transportando muitos homens, poderia triunfar da força de atração? Ao vulgo, isso não pareceria maravilhoso, diabólico?Aquele que se houvera proposto, há um século, a transmitir uma mensagem a 500 léguas e receber a resposta dentro de alguns minutos, teria passado por louco; se o fizesse,teriam acreditado estar o diabo às suas ordens, porquanto, então, só o diabo era capaz de andar tão depressa.

Hoje, no entanto, não só se reconhece possível o fato, como ele parece naturalíssimo. Por que, pois, um fluido desconhecido careceria da propriedade de contrabalançar, em dadas circunstâncias, o efeito da gravidade, como o hidrogênio contrabalança o peso do balão? É, efetivamente, o que sucede, no caso de que se trata. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. IV.).

Uma vez que estão no quadro dos da Natureza, os fenômenos espíritas se hão produzido em todos os tempos; mas, precisamente, porque não podiam ser estudados pelos meios materiais de que dispõe a ciência vulgar, permaneceram muito mais tempo do que outros no domínio do sobrenatural, donde o Espiritismo agora os tira. Baseado em aparências inexplicadas, o sobrenatural deixa livre curso à imaginação que, a vagar pelo desconhecido, gera as crenças supersticiosas. Uma explicação racional, fundada nas leis da Natureza, reconduzindo o homem ao terreno da realidade, fixa um ponto de parada aos transviamentos da imaginação e destrói as superstições.

Longe de ampliar o domínio do sobrenatural, o Espiritismo o restringe até aos seus limites extremos e lhe arrebata o último refúgio. Se é certo que ele faz crer na possibilidade de alguns fatos, não menos certo é que, por outro lado, impede a crença em diversos outros, porque demonstra, no campo da espiritualidade, a exemplo da Ciência no da materialidade, o que é possível e o que não o é. Todavia, como não alimenta a pretensão de haver dito a última palavra seja sobre o que for, nem mesmo sobre o que é da sua competência, ele não se apresenta como absoluto regulador do possível e deixa de parte os conhecimentos reservados ao futuro.

Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos de manifestação da alma ou Espírito, quer durante a encarnação, quer no estado de erraticidade. É pelas manifestações que produz que a alma revela sua existência, sua sobrevivência e sua individualidade; julga-se dela pelos seus efeitos; sendo natural a causa, o efeito também o é. São esses efeitos que constituem objeto especial das pesquisas e do estudo do Espiritismo, a fim de chegar-se a um conhecimento tão completo quanto possível, assim da natureza e dos atributos da alma, como das leis que regem o princípio espiritual.


Para os que negam a existência do princípio espiritual independente, que negam, por conseguinte, a da alma individual e sobrevivente, a Natureza toda está na matéria tangível; todos os fenômenos que concernem à espiritualidade são, para esses negadores, sobrenaturais e, portanto, quiméricos. Não admitindo a causa não podem eles admitir os efeitos e, quando estes são patentes, os atribuem à imaginação, à ilusão, à alucinação e se negam a aprofundá-los. Daí, a opinião preconcebida em que se acastelam e que os torna inaptos a apreciar judiciosamente o Espiritismo, porque parte do princípio de negação de tudo o que não seja material.

Do fato, porém, de o Espiritismo admitir os efeitos, que são corolário da existência da alma, não se segue que admita todos os efeitos qualificados de maravilhosos e que se proponha a justificá-los e dar-lhes crédito; que se faça campeão de todos os devaneios, de todas as utopias, de todas as excentricidades sistemáticas, de todas as lendas miraculosas. Fora preciso conhecê-lo muito pouco, para pensar assim. Seus adversários julgam opor-lhe um argumento irreplicável, quando, depois de haverem feito eruditas pesquisas sobre os convulsionários de Saint-Médard, sobre os camisardos das Cevenas, ou sobre os religiosos de Loudun, chegaram a descobrir fatos patentes de embuste, que ninguém contesta. Mas, essas histórias serão, porventura, o Evangelho do Espiritismo? Já terão seus adeptos negado que o charlatanismo haja explorado em proveito próprio alguns fatos; que a imaginação os tenha criado; que o fanatismo os haja exagerado muitíssimo? Ele é tão solidário com as extravagâncias que se cometam em seu nome, como a Ciência o é com os abusos da ignorância e a verdadeira religião com os abusos do fanatismo. Muitos críticos julgam do Espiritismo pelos contos de fadas e pelas lendas populares, ficções daqueles contos. O mesmo seria julgar da História pelos romances históricos ou pelas tragédias.

Os fenômenos espíritas são as mais das vezes espontâneos e se produzem sem nenhuma idéia preconcebida da parte das pessoas com quem eles se dão e que, em regra, são as que neles menos pensam. Alguns há que, em certas circunstâncias, podem ser provocados pelos agentes denominados médiuns. No primeiro caso, o médium é inconsciente do que se produz por seu intermédio; no segundo, age com conhecimento de causa, donde a classificação de médiuns conscientes e médiuns inconscientes. Estes últimos são os mais numerosos e se encontram com freqüência entre os mais obstinados incrédulos que, assim, praticam o Espiritismo sem o saberem, nem quererem. Por isso mesmo, os fenômenos espontâneos revestem capital importância, visto não se poder suspeitar da boa-fé dos que os obtêm. Dá-se aqui o que se dá com o sonambulismo que, em certos indivíduos, é natural e involuntário, enquanto que noutros é provocado pela ação magnética. *
Resultem, porém, ou não esses fenômenos de um ato da vontade, a causa primária é exatamente a mesma e não se afasta uma linha das leis naturais. Os médiuns, portanto, nada absolutamente produzem de sobrenatural; por conseguinte, nenhum milagre fazem. As próprias curas instantâneas não são mais milagrosas, do que os outros efeitos, dado que resultam da ação de um agente fluídico, que desempenha o papel de agente terapêutico, cujas propriedades não deixam de ser naturais por terem sido ignoradas até agora. É, pois, totalmente impróprio o epíteto de taumaturgos que a crítica ignorante dos princípios do Espiritismo há dado a certos médiuns. A qualificação de milagres emprestada, por comparação, a esta espécie de fenô- menos, somente pode induzir em erro sobre o verdadeiro caráter deles. 

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* O Livro dos Médiuns, 2a Parte, cap. V — Revue Spirite; exemplos: dezembro de 1865, pág. 370, agosto de 1865, pág. 231.


A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os torna mais milagrosos do que todos os outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos que povoam os espaços são uma das forças da Natureza, força cuja ação é incessante sobre o mundo material, tanto quanto sobre o mundo moral. Esclarecendo-nos acerca dessa força, o Espiritismo faculta a elucidação de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio e que, por isso, passaram por prodígios nos tempos idos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele revela uma lei, senão desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, melhor dizendo, conheciam-se os efeitos, porque eles em todos os tempos se produziram, porém não se conhecia a lei e foi o desconhecimento desta que gerou a superstição. Conhecida essa lei, desaparece o maravilhoso e os fenômenos entram na ordem das coisas naturais. Eis por que tanto operam um milagre os espíritas quando fazem que uma mesa se mova sozinha, ou que os mortos escrevam, como um milagre opera o médico, quando faz que um moribundo reviva, ou o físico, quando faz que o raio caia. Aquele que pretendesse, com o auxílio desta ciência, fazer milagres seria ou um ignorante do assunto, ou um enganador de tolos.

Pois que o Espiritismo repudia toda pretensão às coisas miraculosas, haverá, fora dele, milagres, na acepção usual desta palavra? 

Digamos, primeiramente, que, dos fatos reputados milagrosos, ocorridos antes do advento do Espiritismo e que ainda no presente ocorrem, a maior parte, senão todos, encontram explicação nas novas leis que ele veio revelar. Esses fatos, portanto, se compreendem, embora sob outro nome, na ordem dos fenômenos espíritas e, como tais, nada têm de sobrenatural. Fique, porém, bem entendido que nos referimos aos fatos autênticos e não aos que, com a denominação de milagres, são produto de uma indigna trampolinice, com o fito de explorar a credulidade. Tampouco nos referimos a certos fatos lendários que podem ter tido, originariamente, um fundo de verdade, mas que a superstição ampliou até ao absurdo. Sobre esses fatos é que o Espiritismo projeta luz, fornecendo meios de apartar do erro a verdade. 








QUER SABER MAIS ?...Leia a Gênese de Allan Kardec, a sugestão de Editora é a da Lake, editora sem fins lucrativos, e cuja as obras de Allan Kardec, não sofreram alterações, em suas versões, supervisionadas e feitas por J.Herculano Pires.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

VAGANDO PELO ORGULHO - DE ALLAN KARDEC na obra O CÉU E O INFERNO




Estimados amigos de jornada no planeta Terra, chegamos a fase de como diria meu amado pai, sentar e conversar, e meditar.
Me permita antes de trazer Allan Kardec, conversar, venha sentar aqui neste banco que escolhi, e juntos vamos fazer algumas considerações, antes de vos apresentar mais um trabalho do mestre e professor Allan Kardec, na obra o Céu e o Inferno, pouco estudada de fato, e que está assim como o Livro dos Espíritos, O que é o Espiritismo, A gênese, tão atual, os que usam o conhecimento, estão retornando as obras de 1857 á 1861 para acharem o seu rumo.


Em tempos que o medo da morte física do porvir, assolam todas as religiões em pleno 2019, vemos que nada é mais verdadeiro do que Allan Kardec.


Meditemos, vá em frente ao seu espelho particular, e analise você mesmo, com as clássicas perguntas da psicologia.


- Você é orgulhoso ?
- Você é teimoso, tipo professor de Deus?
- Você é vaidoso ?
- Você é muito materialista e topa qualquer coisa por dinheiro ?


A resposta será para ti mesmo, anote em uma folha, pare e pense, como diria a professora, pense agora que você morre amanhã, e ficará vagando no plano espiritual se todas as respostas acima forem positivas, e em alto grau, por um tempo por não aceitar a vida após a vida como ela é, com as mesmas responsabilidades daqui, os mesmos compromissos, tirando uma coisa ou outra, somos a cópia neste dimensão do que seremos mais leves.


Imagine você vagando como Lisbeth por 150 anos no plano espiritual, antes de aparecer numa casa espírita arrependido, e desesperado.


Quem é Lisbeth, neste trecho da obra, Kardec nos traz a sua comunicação, um breve relato de sua experiência em vida e pós morte, e sua saga de 150 anos até aceitar ajuda.


Pouco antes da história de Lisbeth, veja a questão dos maus, egoístas, e afins, senhoras e senhores, Allan Kardec e um trecho de o Céu e o Inferno.






O CASTIGO 
Exposição geral do estado dos culpados ao entrarem no mundo dos Espíritos, ditado à Sociedade Espírita de Paris, em outubro de 1860.
Os Espíritos maus, egoístas e duros, ficam, logo após a morte, entregues a uma dúvida cruel sobre seu destino presente e futuro; olham à sua volta e não veem de início nenhum sujeito sobre o qual possa se exercer sua malvada personalidade, e o desespero deles se apodera, pois o isolamento e a inação são intoleráveis para os maus Espíritos; eles não erguem o olhar para os lugares habitados pelos puros Espíritos; consideram o que os rodeia, e logo impressionados pelo abatimento dos Espíritos fracos e punidos, agarram-se a eles como a uma presa, armando-se com a recordação de suas faltas passadas, que põem incessantemente em ação por seus gestos zombeteiros. Não lhes bastando tal zombaria, mergulham sobre a terra como abutres famintos; procuram entre os homens a alma que abrirá um acesso mais fácil às suas tentações; apoderam-se dela, exaltam-lhe a cobiça, tentam extinguir a sua fé em Deus, e, quando enfim, senhores de uma consciência, veem assegurada sua presa, eles estendem sobre tudo o que se aproxima de sua vítima o fatal contágio.


O mau Espírito que exerce sua raiva é quase feliz; não sofre senão nos momentos em que não age, e naqueles em que o bem triunfa do mal.


No entanto, os séculos passam; o mau Espírito sente repentinamente as trevas invadirem-no; seu círculo de ação se restringe; sua consciência, muda até então, lhe faz sentir as pontas afiadas do arrependimento. Inativo, levado pelo turbilhão, ele vagueia, sentindo, como diz a Escritura, o pelo de sua carne se eriçar de pavor; logo um grande vazio se faz nele, em torno dele; chegou o momento, ele deve expiar; ali está a reencarnação, ameaçadora; ele vê, como uma miragem, as provas terríveis que o aguardam; gostaria de recuar, avança, e precipitado no abismo escancarado da vida, rola apavorado até que o véu da ignorância lhe caia de novo sobre os olhos. Ele vive, age, e ainda é culpado; sente em si não se sabe que recordação inquieta, que pressentimentos que o fazem tremer, mas não o fazem recuar no caminho do mal. No fim de suas forças e de seus crimes, ele vai morrer. Estendido numa enxerga, ou em sua cama, que importa! o homem culpado sente, sob sua aparente imobilidade, mexer-se e viver um mundo de sensações esquecidas. Sob suas pálpebras fechadas, ele vê aparecer uma luz, ouve sons estranhos; sua alma, que vai deixar o corpo, se agita impaciente, ao passo que suas mãos crispadas tentam agarrar-se aos lençóis; gostaria de falar, gostaria de gritar àqueles que o rodeiam: Segurai-me! vejo o castigo! Não pode fazê-lo; a morte fixa-se nos seus lábios lívidos, e os assistentes dizem: Ei-lo em paz!


No entanto, ele ouve tudo; flutua em volta de seu corpo que não gostaria de abandonar; uma força secreta o atrai; vê, reconhece o que já viu. Desvairado, lança-se no espaço onde gostaria de se esconder. Não há mais refúgio! Não há mais repouso! Outros Espíritos lhe devolvem o mal que fez, e, castigado, escarnecido, confuso por sua vez, ele vagueia, e vagueará até que a divina luz deslize por seu endurecimento e o ilumine, para lhe mostrar o Deus vingador, o Deus triunfante de todo mal, que ele não poderá apaziguar senão à custa de gemidos e de expiações. GEORGES.
Observação: Jamais quadro mais eloquente, mais terrível e mais verdadeiro foi traçado do destino do malvado; então, é ainda necessário recorrer à fantasmagoria das chamas e das torturas físicas



Novel (O Espírito dirige-se ao médium, que o conhecera durante a vida.)



Vou te contar o que sofri quando morri. Meu Espírito, retido no meu corpo por laços materiais, teve muita dificuldade para se separar dele, o que foi uma primeira e rude angústia. A vida que eu deixara aos vinte e quatro anos estava ainda tão forte em mim que não acreditava na sua perda. Procurava meu corpo, e estava espantado e assustado por me ver perdido no meio daquela multidão de sombras. Enfim, a consciência de meu estado, e a revelação das faltas que cometera em todas as minhas encarnações, me atingiram de repente; uma luz implacável iluminou os mais secretos recônditos da minha alma, que se sentiu nua, e depois tomada de uma vergonha esmagadora. Eu procurava escapar-lhe interessando-me pelos objetos novos, e no entanto conhecidos, que me rodeavam; os Espíritos radiosos, flutuando no éter, me davam a ideia de uma felicidade à qual eu não podia aspirar; formas sombrias e desoladas, mergulhadas umas num melancólico desespero, outras irônicas ou furiosas, deslizavam à minha volta e na terra à qual eu permanecia preso. Eu via agitarem-se os humanos cuja ignorância invejava; toda uma ordem de sensações desconhecidas, ou reencontradas, me invadiu ao mesmo tempo. Arrastado por uma força irresistível, procurando fugir dessa dor encarniçada, eu ultrapassava as distâncias, os elementos, os obstáculos materiais, sem que as belezas da natureza nem os esplendores celestes pudessem acalmar por um instante o dilaceramento da minha consciência, nem o pavor que me causava a revelação da eternidade. Um mortal pode pressentir as torturas materiais pelos estremecimentos da carne, mas vossas frágeis dores, abrandadas pela esperança, temperadas pelas distrações, mortas pelo esquecimento, jamais poderão fazer-vos compreender as angústias de uma alma que sofre sem trégua, sem esperança, sem arrependimento. Passei um tempo cuja duração não posso apreciar, invejando os eleitos cujo esplendor entrevia, detestando os maus Espíritos que me perseguiam com suas zombarias, desprezando os humanos cujas infâmias eu via, passando de uma profunda prostração a uma revolta insensata.


Por fim tu me chamaste, e pela primeira vez um sentimento doce e terno me apaziguou; escutei os ensinamentos que teus guias te dão; a verdade penetrou-me, rezei: Deus me ouviu; ele se revelou a mim por sua clemência, como se revelara por sua justiça.
NOVEL.



Auguste Michel (Havre, março de 1863.)



Era um moço rico, estroina, gozando à larga e exclusivamente da vida material. Embora inteligente, a despreocupação com as coisas sérias constituía o fundo de seu caráter. Sem maldade, mais bom do que mau, era amado por seus companheiros de prazer, e procurado na alta sociedade por suas qualidades de homem mundano; sem ter feito mal, não fizera bem. Morreu de uma queda de carro num passeio. Evocado alguns dias após a morte por um médium que o conhecia indiretamente, deu sucessivamente as comunicações seguintes:


8 de março de 1863. – Mal estou desprendido de meu corpo; assim posso falar-vos com dificuldade. A terrível queda que fez morrer meu corpo põe meu Espírito numa grande perturbação. Estou inquieto com o que vou ser, e esta incerteza é cruel. O horrendo sofrimento que meu corpo experimentou não é nada comparado à perturbação em que me encontro. Rezai para que Deus me perdoe. Oh! que dor! Oh! graças, meu Deus! que dor! Adeus.


18 de março. – Já vim a vós, mas só pude falar-vos com muita dificuldade. Ainda neste momento posso a custo me comunicar convosco. Sois o único médium a quem posso pedir preces para que a bondade de Deus me faça sair da perturbação em que estou. Por que sofrer ainda quando meu corpo não sofre mais? Por que esta dor horrenda, esta terrível angústia ainda existe? Rezai, oh! rezai para que Deus me conceda o repouso... Oh! que cruel incerteza! Ainda estou preso ao meu corpo. Não posso senão dificilmente ver onde posso estar; meu corpo está ali, e por que eu ainda estou ali? Vinde orar sobre ele para que eu seja solto desta opressão cruel. Deus aceitará, espero, me perdoar. Vejo os Espíritos que estão perto de vós, e por eles posso falar-vos. Rezai por mim.


6 de abril. – Sou eu que venho pedir-vos para orar por mim. Era preciso vir ao lugar onde meu corpo jaz, rezar ao Onipotente para acalmar meus sofrimentos. Sofro! Oh! sofro! Ide a esse lugar; é preciso, e dirigi ao Senhor uma prece para que ele me dê o perdão. Vejo que poderei ficar mais tranquilo, mas volto sem cessar ao lugar onde depositaram o que fui eu.


Observação: Como o médium não se dera conta da insistência do Espírito que lhe solicitara ir rezar sobre o seu túmulo, negligenciara fazê-lo. Todavia foi lá mais tarde, e recebeu ali a comunicação seguinte:


11 de maio. – Eu vos aguardava. Esperava o momento em que viríeis ao lugar onde meu Espírito parece pregado ao seu envoltório, implorar ao Deus de misericórdia que sua bondade acalme meus sofrimentos. Podeis fazer-me bem por vossas preces; não vos retardeis, suplico-vos. Vejo quanto a minha vida foi oposta ao que devia ser; vejo as faltas que cometi. Fui um ser inútil no mundo; não fiz nenhum bom emprego de minhas faculdades; minha fortuna não serviu senão para satisfazer minhas paixões, meus gostos de luxo e minha vaidade; pensei apenas nos gozos do corpo e não em minha alma. Descerá a misericórdia de Deus sobre mim, pobre Espírito que sofre ainda pelas minhas faltas terrestres? Orai para que ele me perdoe, e que eu seja libertado das dores que ainda sinto. Agradeço-vos por terdes vindo orar por mim.


8 de junho. – Posso falar-vos, e agradeço a Deus por me haver permitido. Vi minhas faltas, e espero que Deus me perdoe. Segui sempre vossa vida segundo a crença que vos anima, pois ela vos reserva para mais tarde um repouso que eu ainda não tenho. Obrigado por vossas preces. Adeus.


Observação: A insistência do Espírito para que se fosse orar sobre o seu túmulo é uma particularidade notável, mas que tem sua razão de ser se se considerar quão tenazes eram os laços que o retinham ao corpo, e quão longa e difícil era a separação, em consequência da materialidade de sua existência. Compreende-se que se aproximando do corpo, a prece podia exercer uma espécie de ação magnética mais poderosa para ajudar no desprendimento. O uso quase generalizado de orar junto aos corpos dos falecidos não viria da intuição inconsciente que se tem desse efeito? A eficácia da prece, nesse caso, teria um resultado simultaneamente moral e material.



Arrependimento de um dissoluto



30 de julho. – Sou presentemente menos desgraçado, pois não sinto mais a cadeia que me prendia ao meu corpo; estou enfim livre, mas não realizei a expiação; devo reparar o tempo perdido, se não quiser ver prolongar meus sofrimentos. Deus, assim o espero, verá meu arrependimento sincero e me concederá seu perdão. Orai ainda por mim, suplico-vos.
Homens, meus irmãos, vivi só para mim; hoje expio isso e sofro! Que Deus vos conceda a graça de evitar os espinhos em que me dilacero. Caminhai pela estrada larga do Senhor e orai por mim, pois abusei dos bens que Deus empresta a suas criaturas!


Aquele que sacrifica aos instintos brutais a inteligência e os bons sentimentos que Deus pôs nele, assemelha-se ao animal que ele muitas vezes maltrata. O homem deve servir-se com sobriedade dos bens de que é depositário; deve habituar-se a viver apenas em vista da eternidade que o aguarda, e, por conseguinte, desprender-se dos gozos materiais. Sua alimentação não deve ter outro objetivo senão sua vitalidade; seu luxo deve se subordinar às necessidades estritas de sua posição; seus gostos, mesmo suas inclinações naturais devem ser regidos pela mais forte razão, sem o quê ele se materializa em vez de se purificar. As paixões humanas são um laço estreito que penetra nas carnes: não o aperteis, pois. Vivei, mas não sede estroinas. Não sabeis o que isso custa quando se retorna à pátria! As paixões terrestres vos despojam antes de vos deixarem, e chegais ao Senhor nus, inteiramente nus. Ah! Cobri-vos de boas obras; elas vos ajudarão a transpor o espaço que vos separa da eternidade. Manto brilhante, elas ocultarão vossas torpezas humanas. Envolvei-vos em caridade e amor, vestes divinas que nada retira.
Instrução do guia do médium. – Este Espírito está no bom caminho, visto que ao arrependimento acrescenta conselhos para alertar contra os perigos da estrada que ele seguiu. Reconhecer seus erros é já um mérito, e um passo dado rumo ao bem; é por isso que sua situação, sem ser bem-aventurada, não é mais a de um Espírito sofredor. Ele se arrepende; resta-lhe a reparação que cumprirá numa outra existência de provas. Mas antes de isso ocorrer, sabeis qual é a situação desses homens de vida puramente sensual que não deram a seu espírito outra atividade senão a de inventar incessantemente novos gozos? A influência da matéria segue-os além-túmulo, e a morte não põe um fim a seus apetites que sua visão, tão limitada quanto na terra, procura em vão meios de satisfazer. Não tendo jamais procurado o alimento espiritual, sua alma vagueia no vazio, sem objetivo, sem esperança, presa da ansiedade do homem que não tem diante de si senão a perspectiva de um deserto sem limites. A nulidade de suas ocupações intelectuais, durante a vida do corpo, traz naturalmente a nulidade do trabalho do Espírito após a morte; não podendo mais satisfazer o corpo, não lhes resta nada para satisfazer o Espírito; daí um tédio mortal cujo fim não preveem, e ao qual prefeririam o nada; mas o nada não existe; eles puderam matar o corpo, mas não podem matar o Espírito; portanto, é preciso que vivam nessas torturas morais até que, vencidos pela lassidão, decidam lançar um olhar para Deus.



Lisbeth (Bordeaux, 13 de fevereiro de 1862.)



Um Espírito sofredor se inscreve com o nome de Lisbeth.


1. Quereis dar-me alguns detalhes sobre vossa posição e a causa de vossos sofrimentos? – R. Sê humilde de coração, submissa à vontade de Deus, paciente nas provações, caridosa para com o pobre, encorajadora para com o fraco, quente de coração para com todos os sofrimentos, e não sofrerás as torturas que aguento.


2. Se as faltas opostas às qualidades que assinalais vos arrastaram, pareceis lamentá-las. Vosso arrependimento deve aliviar-vos? – R. Não; o arrependimento é estéril quando não é senão a consequência do sofrimento. O arrependimento produtivo é aquele que tem por base o pesar de ter ofendido Deus, e o ardente desejo de reparar. Ainda não cheguei lá, infelizmente. Recomendai-me às preces de todos os que se dedicam aos sofrimentos; preciso delas.


Observação: Isso é uma grande verdade; o sofrimento arranca por vezes um grito de arrependimento, mas que não é a expressão sincera do pesar de ter feito mal, pois se o Espírito não sofresse mais, estaria pronto para recomeçar. Eis porque o arrependimento nem sempre traz a libertação imediata do Espírito; dispõe a ela, eis tudo; mas é-lhe preciso provar a sinceridade e a solidez de suas resoluções por novas provas que são a reparação do mal que cometeu. Se se meditar cuidadosamente sobre os exemplos que citamos, encontrar-se-ão nas palavras, mesmo dos Espíritos mais inferiores, graves assuntos de instrução, porque elas nos iniciam nos detalhes mais íntimos da vida espiritual. Enquanto o homem superficial verá nestes exemplos apenas relatos mais ou menos pitorescos, o homem sério e circunspecto encontrará aí uma fonte abundante de estudos.


3. Farei o que desejais. Quereis dar-me alguns detalhes sobre vossa última existência? Pode resultar daí um ensinamento útil para nós, e tornareis assim produtivo vosso arrependimento. (O Espírito mostra uma grande indecisão em responder a esta pergunta e a algumas das seguintes.)


R. Nasci numa condição elevada. Tinha tudo aquilo que os homens consideram como a fonte da felicidade. Rica, fui egoísta; bela, fui sedutora, indiferente e dissimulada; nobre, fui ambiciosa. Humilhei com meu poder aqueles que não se prosternavam suficientemente diante de mim, e humilhava ainda aqueles que se achavam sob meus pés, sem pensar que a cólera do Senhor humilha também, cedo ou tarde, as frontes mais elevadas.


4. Em que época vivíeis?


 – R. Há cento e cinquenta anos, na Prússia.


5. Desde aquele tempo não fizestes nenhum progresso como Espírito? – R. Não; a matéria se revoltava sempre. Não podes compreender a influência que ela exerce ainda apesar da separação do corpo e do Espírito. O orgulho, vê tu, vos enlaça em cadeias de bronze cujos anéis se apertam cada vez mais em torno do miserável que lhe abandona seu coração. O orgulho! essa hidra de cem cabeças sempre a renascer, que sabe modular seus assobios envenenados de tal modo que são tomados por uma música celeste! O orgulho! esse demônio múltiplo que se sujeita a todas as aberrações de vosso Espírito, que se esconde nos recônditos de vosso coração, penetra em vossas veias, vos envolve, vos absorve e vos arrasta para as trevas do martírio eterno!... sim, eterno!


Observação: O Espírito diz que não fez nenhum progresso, talvez porque sua situação continua penosa; mas a maneira pela qual descreve o orgulho e deplora suas consequências é incontestavelmente um progresso; pois seguramente, nem enquanto vivia, nem pouco depois de sua morte, poderia ter raciocinado assim. Compreende o mal, e já é alguma coisa; a coragem e a vontade de evitá-lo lhe virão em seguida.


6. Deus é demasiado bom para condenar suas criaturas a penas eternas; esperai em sua misericórdia. – R. Pode haver um termo para isso; dizem-no, mas onde? Procuro-o há muito tempo e não vejo senão sofrimento sempre! sempre! sempre!


7. Como viestes aqui hoje? – R. Um Espírito que me segue com frequência me conduziu aqui. – Há quanto tempo vedes esse Espírito? – R. Não há muito tempo. – E há quanto tempo vos dais conta das faltas que cometestes? – R. (Após uma longa reflexão.) Sim, tens razão; foi quando o vi.


8. Não compreendeis agora a relação que existe entre vosso arrependimento e a ajuda visível que vos presta vosso Espírito protetor? Vede como origem desse apoio o amor de Deus, e como objetivo seu perdão e sua misericórdia infinita. – R. Oh! como eu gostaria! – Creio poder vos prometer pelo nome sagrado daquele que nunca permaneceu surdo à voz de seus filhos em perigo. Chamai-o do fundo de vosso arrependimento, ele vos ouvirá. – R. Não posso; tenho medo.


9. Oremos juntos, ele nos ouvirá. (Após a prece.) Ainda estais aqui? – R. Sim, obrigada! Não me esqueças.


10. Vinde aqui inscrever-vos todos os dias. – R. Sim, sim, voltarei sempre. O guia do médium. – Não esqueças nunca os ensinamentos que tiras dos sofrimentos de teus protegidos, e, sobretudo, das causas desses sofrimentos; que elas vos sirvam a todos de ensinamento para vos preservar dos mesmos perigos e dos mesmos castigos. Purificai vossos corações, sede humildes, amai-vos, ajudai-vos, e que vosso coração reconhecido jamais esqueça a fonte de todas as graças, fonte inesgotável na qual cada um de vós pode beber com abundância; nascente que mata a sede e nutre ao mesmo tempo; fonte de vida e de felicidade eternas. Ide, meus bem-amados; bebei com fé; jogai vossas redes, e elas sairão dessas ondas carregadas de bênçãos; comunicai-o a vossos irmãos avisando-os dos perigos que podem encontrar. Espalhai as bênçãos do Senhor; elas renascem sem cessar; quanto mais as derramardes à vossa volta, mais elas se multiplicarão. Vós as tendes em vossas mãos, pois ao dizer a vossos irmãos: ali estão os perigos, ali estão os obstáculos; segui-nos para evitá-los; imitai-nos, a nós que damos o exemplo, vós espalhais as bênçãos do Senhor sobre aqueles que vos escutam.

Benditos sejam vossos esforços, meus bem-amados. O Senhor ama os corações puros; merecei o seu amor. SÃO PAULINO.



Allan Kardec, codificou, estudou, filtou as informações, até hoje as obras básicas, servem de norte para sabermos, o que fazer em vida, e como caminhar, como espíritos após a morte física.

terça-feira, 9 de abril de 2019

O SILÊNCIO - Por Chico Xavier






Onde quer que você esteja, seja a alma deste lugar…

Discutir não alimenta.
Reclamar não resolve.
Revolta não auxilia.
Desespero não ilumina.




Tristeza não leva a nada.
Lágrima não substitui suor.
Irritação intoxica.
Deserção agrava.
Calúnia responde sempre com o pior.
Para todos os males, só existe um medicamento de eficiência comprovada.
Continuar na paz, compreendendo, ajudando, aguardando o concurso sábio do Tempo, na certeza de que o que não for bom para os outros não será bom para nós…


Pessoas feridas ferem pessoas.
Pessoas curadas curam pessoas.
Pessoas amadas amam pessoas.
Pessoas transformadas transformam pessoas.
Pessoas chatas chateiam pessoas.
Pessoas amarguradas amarguram pessoas.
Pessoas santificadas santificam pessoas.


Quem eu sou interfere diretamente naqueles que estão ao meu redor.
Acorde…
Se cubra de Gratidão, se encha de Amor e recomece…
O que for benção pra sua vida, Deus te entregará, e o que não for, ele te
livrará!
Um dia bonito nem sempre é um dia de sol…
Mas com certeza é um dia de Paz.




      Chico Xavier, um dos maiores médiuns Brasileiros, escreveu mais de 450 livros, em psicografias, curou doentes, ajudou os pobres, deixou mensagens para serem lembradas, sempre, como esta reflexão.