segunda-feira, 23 de setembro de 2019

PERGUNTAS E RESPOSTAS - Por Marcelo Henrique




Diz-se que o ser humano vive em busca de respostas. Desde que retoma a consciência de si mesmo, em nova existência, a encarnação se consolida e o ser passa a viver plenamente neste orbe, ele indaga a si mesmo e aos outros (pessoas, organizações, crenças, filosofias, etc.) acerca de questões pontuais de sua existência: o que sou, de onde vim, para onde vou, como fui criado, além dos porquês em relação a tudo que vivencie ou observe. Indagar, assim, é o caminho para o conhecimento, num contínuo e incessante processo.

Quanto me tornei espírita – e já vão lá bons 38 anos – à medida que fui participando das atividades (palestras e reuniões de estudo), vislumbrei, de início, um “universo” até então desconhecido. Usando uma analogia comum nas lides espiritistas, foi como se tivessem tirado uma “trave” de meus olhos, fazendo-me descortinar realidades que, conscientemente, não me apercebia. Diversas das explicações dadas por expositores e coordenadores de grupos pareciam ser tão “reais”, “inteligentes”, “lógicas”, que me fizeram (e, creio, até hoje devem provocar nos outros a mesma reação): - por que não pensei nisso antes?




Tinha eu a noção de que o Espiritismo responderia todas as (minhas) indagações, possuiria a resposta certa para qualquer questão, explicaria conveniente e racionalmente tudo o que pertencesse a este mundo físico, quanto à realidade espiritual. E, por extensão, talvez, imaginasse que, em satisfazendo todos os questionamentos, nada mais haveria a ser indagado...

Ledo engano! A seqüência dos anos e o envolvimento (maior) nas atividades e nas pesquisas espíritas me fez ver justamente o contrário: o Espiritismo não tem a “obrigação” de responder a todas as dúvidas existenciais do(s) indivíduo(s). Nem, tampouco, “resolve” as questões mais ou menos importantes da realidade individual do ser. Ele é, do contrário, o (um) caminho para algumas certezas e muitas outras dúvidas.






Sua função é “provocar”, fazer o ser continuar a questionar acerca de tudo. Como aquele sábio da Antigüidade que reconhecia suas limitações (“só sei que nada sei”), também a Doutrina dos Espíritos oferece-nos um horizonte (até então) inexplorado e, à medida que passamos a conhecer algo sobre dado tema, ao invés de esgotá-lo, ampliam-se ainda mais as perspectivas de conhecimento, e novas perguntas são iminentes.





Assim, ao invés de somente “procurar” e querer encontrar respostas na filosofia espírita, capazes de “saciar” sua fome e sede de conhecimento, deve o indivíduo (Espírito encarnado com as limitações diversas que a matéria impõe) estar cônscio de que quanto mais souber, quanto mais conhecer, mais haverá a ser indagado, perscrutado, raciocinado e entendido.

Então, desejamos que a sua presença na Instituição Espírita e, também, o seu contato com as fontes de informação (livros, revistas, jornais, panfletos, assim como no “universo virtual” de sites, blogs e redes sociais) possa ser o incentivo para novas indagações, respostas, indagações, respostas...




Marcelo Henrique de Santa Catarina, é advogado, espírita, palestrante, escritor e divulgador da Doutrina Espírita de acordo a codificação de Allan Kardec, escreve semanalmente para este blog.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

MEMÓRIA ONDE ESTÁS QUANDO ESCONDES DE MIM? Por Nubor Orlando Facure




Se há uma coisa fugidia são as nossas memórias Todos já nos sentimos perdidos quando elas se perdem de nós, mas, se há uma função complexa dentro e fora de nós é justamente a memória. digo dentro e fora, porque, sou daqueles que acredita na existência de memórias extracerebrais.


                                          (ilustração de memórias celular)


Vamos fazer uma leitura simplificada sobre onde encontrar minhas memórias: Memória celular: Se memória for a recordação de um fato que aconteceu no passado, podemos dizer que ela existe, inclusive, nos nossos glóbulos brancos e anticorpos. 

Eles entram em contato com o vírus do sarampo e constroem uma resposta química para essa invasão Um novo ataque, numa epidemia de sarampo, eles reconhecem o invasor e toma medidas para sua expulsão os neurônios e a memória Neurônio aprende com a repetição do estímulo.
Há dois fenômenos nesse processo A "Sensibilização" Repetindo um choque o neurônio fica super excitável a cada vez que recebe o estimulo elétrico, e a "Habituação".
De tanto repetir uma picada incômoda, você acostuma o cérebro e a memória, primeiro capto com os olhos a visão de um objeto que passa voando. observo detalhes e percebo que é um pássaro, agora vejo suas cores, ele bate as asas, voa num vai e vem ora para um lado ora para o outro Peito amarelo, da um piado estridente cantando: seria um Bem-ti-vi ?





O cérebro tem áreas para vermos o objeto, outras áreas para percebermos as suas cores e outras ainda para vermos os seus movimentos.
A seguir, todos esses detalhes são comparados com meus arquivos no hipocampo, ali vejo os pássaros que já vi no passado e os guardo arquivados. Noto que não era um Bem-ti-vi, é totalmente diferente, deve ser um sabiá.


                                        (em destaque amarelo o hipocampo do cérebro)


E a seguir, o que vai ocorrer? Percorro o caminho inverso: Do hipocampo para todo cérebro Nossas memórias não são arquivadas. os detalhes de todas coisas do mundo são esparramadas por todo meu córtex cerebral. No futuro, quando passar por mim um pássaro piando eu saberei quem é, já o conheci antes, meu cérebro fica cheio de informações que o mundo vai jogando para dentro dele, mas, vale repetir: O cérebro não coloca as informações numa gaveta ou numa pasta de arquivos. Ele distribui as peças do quebra cabeça para várias áreas no córtex Isso trás vantagens: Quando vejo uma cruz na torre, lembro logo da igreja matriz, quando vejo a ambulância, logo me vem a lembrança do pronto socorro onde trabalhei, Quando a gente esquece um fato, ele pode ser resgatado com uma pequena pista.
Um sapatinho de cristal me lembra a Cinderela, o Perispírito e a memória.






O perispírito é um corpo de natureza espiritual e fluídica (semi-material)., As memórias nesse corpo podem se utilizar de dois sistemas Um deles se sobrepõe ao cérebro físico funcionando com a mesma fisiologia dos neurônios e suas conexões.
Um outro sistema é decorrente das propriedades "metafísicas" do Perispírito, ele é dirigido por ação direta do pensamento, por isso ele se desloca no espaço e no tempo seguindo a força dos nossos desejos, ele atua sobre objetos inanimados dando-lhes propriedades dos seres vivos, vivifica os objetos.
Algumas descrições clínicas podem facilitar nosso entendimento: Indivíduos hipnotizados podem deslocar sua atividade mental ou mais precisamente, o seu Perispírito para um acidente que participou no passado distante.
Durante o fenômeno hipnótico ele vivencia o passado como se fosse o presente Poderá fazer descrições detalhadas do ambiente do desastre que na ocasião não percebera.
O Perispírito não tem limites em sua memória, ele nos permite vivenciar de novo os detalhes do passado.
Os obsessores, utilizando os recursos da hipnose, podem manter suas vítimas fixadas na cena de um crime, é a memória cristalizada,  Nos fenômenos de sonho lúcido, são descritos que, as percepções se ampliam e as recordações se expandem. 






A mente transita com o Perispírito durante esse tipo de sonho, o Espirito e a memória, não conhecemos a natureza do Espírito.
Sabemos ser o principio inteligente Fonte dos nossos saberes Senhor do nosso passado multimilenar Numa linguagem física, podemos dizer que tudo no Universo é energia é vibração Ensina a filosofia chinesa que qualquer partícula contem em suas vibrações toda história do Universo Mas que "partícula" vibra no Espírito? Um centelha do pensamento de Deus.




Nubor Orlando Facure,79, é médico Neurologista, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas SP, é escritor, espírita, um dos grandes divulgadores da doutrina espírita de acordo a codificação de Allan Kardec, foi o primeiro médico como professor e diretor a falar de Espiritismo na Unicamp - Campinas, amigo pessoal de Chico Xavier, viveu o milagre de Uberaba durante 50 anos, é colaborador deste blog, os e-mails para ele podem ser enviado pelo lfacure@uol.com.br 

terça-feira, 10 de setembro de 2019

COMO LIDAR COM AS INTERPRETAÇÕES ESDRÚXULAS TIDAS COMO ESPÍRITAS? - Marcelo Henrique







Ainda que a base kardeciana tivesse estabelecido as importantes referências para o "pós-morte", seja pela explicação lógico-racional dos Espíritos sobre a condição espiritual de muitos espíritos após o desencarne e, também, pelo registro de depoimentos de inúmeros espíritos em dissertações inclusas na Revista Espírita, o movimento espírita - sobretudo o brasileiro - tem preferido, desde a primeira metade do século XIX, os relatos dos chamados "romances mediúnicos". 
Esta literatura genuinamente brasileira vem carregada do caldo cultural que mistura diferentes crenças e paradigmas religiosos com o misticismo e a miscigenação entre conceitos europeus, negros e indígenas. E reflete, ainda que de modo não totalmente compreendido pelos espíritas ou simpatizantes da Doutrina dos Espíritos, impressões muito particulares derivadas da condição espiritual pouco desenvolvida dos seres que viveram neste Planeta e que se utilizaram de médiuns distintos, prestigiados ou não, para ditar seus relatos. 







É fato que a morte não altera substancialmente a "condição espiritual" daqueles que por aqui tiveram suas trajetórias, mantendo, portanto, atavismos, condicionantes, crenças e idiossincrasias. Não raro se diz que levamos para o "outro lado" muito de nossas convicções e ideologias, esperando lá encontrar aquilo que tínhamos como "referência" e "formação", além de desejos, gostos e simpatias. 







É justamente por isso que Allan Kardec no consórcio com os Espíritos Superiores para produzir a Filosofia Espírita, adotou um critério essencial para o reconhecimento da validade das informações recebidas por meio dos médiuns. Esse critério foi o do Consenso Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE), justamente para afastar tanto as impressões de espíritos pouco adiantados e suas "ilusões" na visão do que "encontraram" após o túmulo, bem como os reflexos do animismo, quando o médium interfere, em maior ou menor incidência, sobre a mensagem que produz. 
O caminho para a compreensão das questões espirituais passa, assim, necessariamente, pela continuidade do uso deste critério - senão diretamente, pela aprovação ou rejeição das mensagens que são, diariamente, nas casas espíritas e suas reuniões de médiuns, como, também, de modo geral, como reflexo da atitude de um espírita consciente, estudioso e proativo, analisando os livros que lhe chegam às mãos, para, no dizer de Erasto, afastar as mentiras (fantasias e impressões imperfeitas) que estão nos relatos dos citados romances e, também, em páginas de orientação "doutrinária". 






A consciência dos fundamentos espíritas e o preparo para o regresso ao Mundo dos Espíritos, sem misticismo e sem crendices, indica o caminho mais adequado para não se ter "surpresas" quando da "passagem". E, para nós que ficamos e ainda estamos por este plano material, nos impede de acreditarmos de modo ingênuo em informações que não guardam pertinência com a realidade espiritual que nos aguarda futuramente. 

Ainda que não se deseje instituir qualquer censura sobre livros, textos, médiuns ou espíritos, porque é livre a manifestação do pensamento, como preceitua a própria Doutrina Espírita, é fundamental que todo espírita que zela belas bases kardecianas adote um filtro capaz de desconsiderar tudo o que não esteja em consonância com os princípios, fundamentos e orientações expressas pelo Espiritismo.








Marcelo Henrique, é professor, escritor, palestrante, espírita, advogado, e divulgador da Doutrina Espírita nos conceitos de Allan Kardec em Santa Catarina, e em todo o Brasil.
É colaborador semanalmente deste blog.



* fotos meramente ilustrativas da comunidade espírita no Brasil, e sem direitos recolhidos, abertas ao uso público, como a do Filme Amor Além da Vida, Espiritsmo e seus médiuns, e a imagem pública do codificador Allan Kardec.