quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O FUTURO E O NADA - POR ALLAN KARDEC



Vivemos, pensamos e agimos: eis o que é concreto. E morremos, o que não é menos certo. Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Em que nos transformaremos? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser : tal é a alternativa, para sempre ou para nunca mais. É tudo ou nada: ou viveremos eternamente ou tudo estará acabado, sem volta. Vale bem a pena pensar sobre isso.



Todo homem sente a necessidade de viver, de aproveitar a vida, de amar, de ser feliz. A uma pessoa que sabe que está para morrer diga-se que ela ainda viverá, ou que sua hora foi postergada. Diga-se, sobretudo, que ela será mais feliz do que nunca, e seu coração vibrará de alegria. Mas de que serviriam tais aspirações

de felicidade se um leve sopro pudesse desfazê-las? Poderia Deus – cuja bondade se revela por uma solicitude tão constante, até mesmo com o menor dos insetos – lançar à Terra a criatura de sua predileção unicamente para fazê-la sofrer sem possibilidade de compensação, sem nem mesmo lhe dar o tempo de desfrutar, ainda que fosse por algumas horas? Não seria um engodo dotar o homem de desejos que jamais devessem se materializar, um absurdo fazê-lo nascer para a dor e lançá-lo em seguida no nada?



Há algo mais desesperador do que a ideia da destruição absoluta? As afeições sagradas, a inteligência, o progresso, o conhecimento laboriosamente adquirido, tudo seria desfeito, tudo estaria perdido! Qual a necessidade do esforço para nos tornarmos melhores, para reprimirmos as paixões, para enriquecermos nosso espírito, se daí não devemos colher fruto algum, sobretudo ante a ideia de que amanhã, talvez, isso não nos servirá mais para nada? Se assim fosse, a sorte do homem seria cem vezes pior do que a do selvagem, que vive inteiramente no presente, na satisfação de seus apetites materiais, sem aspirações com relação ao futuro. Uma secreta intuição nos diz que isso não é possível.



Pela crença no nada, o homem inevitavelmente concentra seu pensamento na vida presente. Não haveria, com efeito, por que se preocupar com um futuro do qual nada se espera. Essa preocupação exclusiva com o presente o leva naturalmente a pensar em si antes de tudo; é, portanto, o mais poderoso estímulo ao egoísmo. O incrédulo é coerente quando chega à conclusão: “Desfrutemos enquanto aqui estamos, desfrutemos o máximo possível, pois, depois de nós, tudo estará acabado; gozemos depressa, porque não sabemos quanto tempo durará”, assim como a esta outra, bem mais grave aliás para a sociedade: “Desfrutemos, não importa à custa de quem; cada um por si; a felicidade, cá embaixo, é do mais astuto”. Se o escrúpulo religioso restringe a ação de alguns, que freio terão aqueles que em nada creem? Para estes, a lei humana somente alcança os tolos, e por isso dedicam seu talento a maneiras de dela se esquivarem.



Se há uma doutrina nociva e antissocial é certamente a do neantismo [1], porque rompe os verdadeiros laços de solidariedade e de fraternidade, alicerce das relações sociais. Suponhamos que, por alguma razão qualquer, todo um povo tenha a certeza de que em oito dias, em um mês, ou mesmo em um ano, ele será aniquilado e dele nenhum vestígio restará depois de seu fim, que nenhum indivíduo sobreviverá. O que fará esse povo durante o tempo que lhe resta? Trabalhará por sua melhora, por sua instrução? Esforçar-se-á para viver? Respeitará os direitos, os bens e a vida de seu semelhante? Submeter-se-á às leis, a uma autoridade qualquer, mesmo a mais legítima: a autoridade paterna? Haverá para ele um dever qualquer? Seguramente não. Pois bem, o que não acontece em larga escala a doutrina do neantismo [1] realiza individualmente a cada dia.



Se as consequências não são tão desastrosas quanto poderiam ser, é porque, primeiro, na maior parte dos incrédulos há mais fanfarronice do que incredulidade verdadeira, mais dúvida do que convicção, e porque têm mais medo do nada do que desejam fazer parecer. O título de livres-pensadores alimenta seu amor-próprio. Em segundo lugar, porque os completamente incrédulos são ínfima minoria; eles sofrem a contragosto o efeito da opinião contrária e são detidos por uma força objetiva; porém, se a incredulidade completa representar um dia a condição da maioria, a sociedade entrará em dissolução. É ao que tende a propagação dessa doutrina. [A]



Quaisquer que sejam as suas consequências, se a doutrina do neantismo fosse verdadeira, seria necessário aceitá-la, e não seriam nem teorias contrárias, nem a ideia do mal que dela adviria, que poderiam impedi-la de existir. Ora, não há como esconder que o ceticismo, a dúvida e a indiferença ganham mais terreno a cada dia, apesar dos esforços da religião. Isto é um fato. Se a religião é impotente contra a incredulidade, é porque falta àquela alguma coisa para combater esta última, de tal maneira que, se a religião permanecer inerte, após um tempo estará inexoravelmente ultrapassada. O que falta à religião neste século de positivismo [2], em que se quer compreender antes de crer, é a sanção de suas ideias por fatos concretos; é também a concordância de certas concepções com os dados positivos da Ciência. Se ela diz branco e os fatos dizem preto, é preciso optar entre a evidência e a fé cega.



É neste estado de coisas que o Espiritismo vem opor uma barreira à invasão da incredulidade, não somente pela visão dos perigos que ela engendra, mas pelos fatos materiais que tornam tangíveis e visíveis a alma e a vida futura.



Sem dúvida, cada um é livre para acreditar em alguma coisa ou não acreditar em nada. Mas aqueles que procuram fazer prevalecer no espírito do povo – sobretudo entre a juventude – a ideia da negação do futuro, apoiando-se em sua posição superior e em seu conhecimento, plantam as sementes da perturbação e da destruição da sociedade, incorrendo numa grande responsabilidade [3].



Há outra doutrina que nega ser materialista porque admite a existência de um princípio inteligente, fora da matéria, que é a doutrina da absorção no Todo Universal. Segundo essa doutrina, cada indivíduo absorve em si ao nascer uma parcela desse princípio, que é sua alma e que lhe dá a vida, a inteligência e o sentimento. Quando morre, essa alma volta ao ponto de origem, perdendo-se no infinito, como uma gota d’água no oceano. Essa doutrina é, sem dúvida, um passo adiante com relação ao materialismo puro, já que ela admite algo além da matéria, enquanto o outro nada admite, mas as consequências de ambas são as mesmas. Ser o homem mergulhado no nada ou num reservatório comum, é para ele a mesma coisa. Se no primeiro caso ele é aniquilado, no segundo ele perde sua individualidade e é como se não existisse, e suas relações sociais estarão igualmente extintas para sempre. O essencial para o homem é a preservação de seu eu, sem o que não importa ser ou não ser! O futuro para ele é igualmente nulo, e o presente é a única coisa que lhe importa e o preocupa. Do ponto de vista das consequências morais, essa doutrina é igualmente prejudicial, igualmente desesperadora, incitando ao egoísmo tanto quanto o materialismo propriamente dito.



Pode-se igualmente fazer a seguinte objeção a essa doutrina: todas as gotas tiradas do oceano se assemelham e têm propriedades idênticas, como partes de um mesmo todo. Por que as almas extraídas do grande oceano da inteligência universal se assemelham tão pouco? Por que o gênio ao lado da estupidez? As virtudes mais sublimes, ao lado dos vícios mais ignóbeis? A bondade, a doçura e a mansidão ao lado da maldade, da crueldade e da barbárie?



Como podem as partes de um todo homogêneo ser tão diferentes umas das outras? Alegar-se-á que a educação as modifica? Mas de onde vêm então as inteligências precoces, os instintos bons e os maus, independente de toda a educação, e frequentemente tão pouco em consonância com o meio em que se desenvolvem?



A educação, sem dúvida alguma, modifica as qualidades intelectuais e morais da alma. Mas aqui se apresenta outro problema: quem dá à alma a educação que a faz progredir? Outras almas que, por sua origem em comum, não estariam mais adiantadas que ela. E depois, aliás, para que essa melhora, para que tantos esforços para adquirir talentos e virtudes, para que trabalhar pelo progresso da humanidade, se tudo isso deverá ser engolido e perdido no oceano do infinito, sem proveito para o futuro de cada um? Valeria tanto quanto permanecermos o que somos – selvagens ou não –, beber, comer, dormir tranquilamente sem torturarmos o espírito. Por outro lado, a alma, reentrando no todo universal de onde havia saído, após haver progredido durante a vida, ali coloca um elemento mais perfeito; donde se conclui que esse todo deve, ao longo do tempo, achar-se profundamente modificado e melhorado.



Como é possível então que dali saiam incessantemente almas ignorantes e perversas?



Nessa doutrina, a fonte universal de inteligência que fornece as almas humanas é independente da Divindade, ser superior e distinto que tudo anima por sua vontade. Não é exatamente o panteísmo. O panteísmo propriamente dito dela difere na medida em que, segundo ele, o princípio universal de vida e de inteligência é o próprio Deus. Deus é ao mesmo tempo espírito e matéria;

todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a Divindade, de que são as moléculas e os elementos constitutivos; em outras palavras: Deus está em tudo e tudo é Deus, Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas.



Cada indivíduo, sendo uma parte do todo, é ele mesmo Deus. Nenhum ser superior e independente comanda o conjunto; o Universo é uma imensa república sem chefe, ou antes, onde cada um é chefe com poder absoluto.



A esse sistema podemos opor numerosas objeções, das quais são estas as principais: a Divindade não podendo ser concebida sem o infinito das perfeições, perguntamo-nos como um todo perfeito pode ser formado de partes tão imperfeitas e tendo a necessidade de progredir? Cada parte estando submetida à lei do progresso, daí resulta que o próprio Deus deve progredir; se Ele progride incessantemente, deve ter sido, na origem dos tempos, muito imperfeito. Como um ser imperfeito, formado de vontades e de ideias tão divergentes, pôde conceber as leis tão harmoniosas, tão admiráveis de unidade, de sabedoria e de previdência que regem o Universo? Se todas as almas são porções da Divindade, todas concorreram para as leis da natureza; como pode ser então que elas murmurem sem cessar contra essas leis, que são obras suas? Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira, senão com a condição de satisfazer a razão e dar conta de todos os fatos que abrange. Se um só fato a desmente, é porque ela não encerra a verdade absoluta.



Do ponto de vista moral, as consequências dessa concepção são igualmente ilógicas. Primeiramente para as almas, porquanto, como no sistema precedente, representaria a absorção num todo e a perda da individualidade.



Se admitirmos, segundo a opinião de alguns panteístas, que elas conservam sua individualidade, Deus não teria mais vontade única; é um aglomerado de incontáveis vontades divergentes. Além disso, sendo cada alma parte integrante da Divindade, nenhuma é dominada por um poder superior; ela não incorre, por conseguinte, em nenhuma responsabilidade por seus atos bons ou maus; ela não tem nenhum interesse em fazer o bem e pode fazer o mal impunemente, uma vez que é senhora soberana.



Além do fato de que tais sistemas não satisfazem nem à razão nem às aspirações do homem, deparamo-nos, como se vê, com dificuldades intransponíveis, porque tais sistemas são incapazes de resolver todas as questões que levantam. O homem tem, portanto, três alternativas: o nada, a absorção ou a individualidade da alma antes e depois da morte. É para essa última crença que a lógica nos conduz inevitavelmente. É aquela também que tem estabelecido a base de todas as religiões desde que o mundo existe. Se a lógica nos conduz à individualidade da alma, ela nos conduz também à consequência de que o destino de cada alma depende de suas qualidades pessoais, porquanto seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem e a do homem perverso estivessem no mesmo nível que a alma do sábio e a do homem de bem.



Segundo a justiça, cada alma deve ter a responsabilidade de seus atos; mas, para que sejam responsáveis, é necessário que sejam livres para escolher entre o bem e o mal. Sem o livre-arbítrio, teríamos o fatalismo, e com o fatalismo não pode haver responsabilidade.



Todas as religiões têm igualmente admitido o princípio do estado feliz ou infeliz das almas após a morte, em outras palavras, dos castigos e dos gozos futuros que se resumem na doutrina do Céu e do Inferno, que encontramos em toda a parte. Aquilo em que diferem essencialmente, no entanto, é sobre a natureza desses castigos e desses gozos, e principalmente sobre as condições

que podem determinar uns e outros. Daí os pontos de fé contraditórios que deram origem aos diferentes cultos e os deveres particulares impostos por cada um deles para honrar a Deus e, por esse meio, alcançar o Céu e evitar o Inferno.



Todas as religiões precisaram, em sua origem, alinhar-se com o grau de adiantamento moral e intelectual dos homens. Esses, ainda muito ligados às coisas materiais para entender o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram com que a maior parte dos deveres religiosos consistisse no cumprimento de ritos exteriores. Durante um tempo, tais ritos bastaram à sua razão.



Mais tarde, em se iluminando seus espíritos, sentiram o vazio que seguia no rastro desses ritos, de tal modo que, caso a religião não o preenchesse, abandonavam-na, tornando-se filósofos.

Se a religião – apropriada no começo aos conhecimentos limitados dos Homens [4] – tivesse sempre acompanhado o movimento evolutivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque a necessidade de crer faz parte da natureza do homem, e ele crerá, se lhe for dado um alimento espiritual em harmonia com suas necessidades intelectuais. Ele quer saber de onde vem e

para onde vai. Se lhe é mostrado um objetivo que não responde nem às suas aspirações nem à ideia que ele faz de Deus, nem aos dados concretos que lhe fornece a Ciência, e se ainda lhe são impostas, para atingir tais objetivos, condições que sua razão indica ser inúteis, ele repudiará o todo. O materialismo e o panteísmo ainda vão-lhe parecer mais racionais porque neles se discute e se raciocina. Raciocina-se em falso, é verdade, mas ele prefere antes raciocinar em falso a não raciocinar de modo algum.



Que se apresente ao homem, porém, um futuro em condições lógicas, digno em todos os pontos da grandeza, da justiça e da infinita bondade de Deus, e ele abandonará o materialismo e o panteísmo, cujo vazio ele pressente em seu foro íntimo, e que somente havia aceitado por falta de algo melhor. O Espiritismo oferece mais, pois que é acolhido com presteza por todos aqueles

que a incerteza aflitiva da dúvida atormenta e que não encontram o que procuram nem nas crenças, nem nas filosofias comuns. O Espiritismo tem a seu favor a lógica do raciocínio e a confirmação dos fatos, e é por isso que tem sido combatido inutilmente.



O homem tem instintivamente a crença no futuro; porém, não possuindo até hoje nenhuma base incontroversa para defini-lo, sua imaginação concebeu os sistemas que têm dado margem à diversidade nas crenças. A concepção espírita acerca do futuro não sendo uma obra da imaginação concebida mais ou menos engenhosamente, mas o resultado da observação de fatos materiais que hoje ocorrem sob nossas vistas, reunirá, como já o faz hoje, as opiniões divergentes ou vacilantes, promovendo aos poucos, e pela força dos fatos, a unidade de crença nesse ponto, crença não mais baseada numa hipótese, mas numa certeza. A unificação no que diz respeito ao destino futuro das almas será o ponto inicial de aproximação entre os diferentes cultos, um passo imenso, de início em direção à tolerância religiosa, e mais tarde em direção à fusão [5].



Nota de Allan Kardec:

[A] Um jovem de dezoito anos sofria de uma doença cardíaca tida como incurável. A medicina havia dito que ele poderia morrer em oito dias ou em dois anos, mas que além disso não viveria. O jovem, ao receber a notícia, largou prontamente os estudos e se entregou aos excessos de todos os tipos. Quando alguém lhe falava do perigo de uma vida desregrada em sua situação, ele respondia: “De que me importa, pois só tenho dois anos para viver! De que adiantaria esforçar-me para aprender? Eu quero desfrutar do tempo que me resta, divertindo-me até o fim”. Eis a consequência lógica do neantismo.

 








Allan Kardec, não inventou o espiritismo, apenas deu a ele um rumo, uma codificação, Kardec foi equilibrado acima de tudo, coerente, jamais concordou com absurdos que falam hoje, nunca misturou esoterismo e espiritismo, jamais utilizou de coloridos, foi fiel as informações, que recebeu, dos imortais, filtrou, buscou sempre médiuns coerentes, que fugiam a fama, a idolatria como hoje, e até mesmo em seu tempo, jamais buscou a glória pessoal, certa vez em uma das comunicações, que recebeu, não concordando com o teor, não a publicou, a obra que se intitula Obras Póstumas, não foi escrita por ele, e sim por sua esposa com ajuda de amigos, até por isto, sem seu crivo, embora Amélie sua esposa tenha utilizado seu caderno de anotações, passados tantos anos, Kardec em seu equilíbrio, coerência, se lamentaria do igrejismo que está a maioria dos centros espíritas no Brasil, aliás já em 1972, Chico Xavier dizia que 60% dos centros eram comandado por obsessores, o que hoje sou obrigado a concordar com ele.
Kardec pesquisou, consultou, trocou ideias, porém, nunca usou de mentira, tanto que até hoje nem a igreja católica, nem a evangélica conseguiu desmenti-lo, apenas o atacam, misturam informações, falsas algumas.
Kardec, mesmo que você escute um famoso escritor, médium e palestrante, vá consultar, pesquisa, se ele mesmo disse, o que afirmam, e descobrirá que não.
O espiritismo que Kardec propôs, como o caminho foi muito pouco praticado, pois nao vive do maravilhoso, tenho conversado com espíritos, com médiuns, com escritores, e todos temos a informação que muitos espíritas chegam a um plano espiritual, pensando que era uma coisa, e encontram tudo diferente do que aprendem hoje, a relevancia da obra de Kardec, não pode ser substituído por nada, nem por quem se usa da fama, para vender livros, obras sociais, seja quem for.
Kardec era apenas um dos milhares que vieram ao planeta para explicar, certamente se ele tivesse recusado outro seria escolhido.
Doutrina Espírita, é uma, Movimento Espírita Brasileiro é outro coisa, que deveria praticar a doutrina, mas, tem procurado fazer milagres alguns que não lhe dizem respeito, a jornada de cada um nao pode ser mudada, a cada um pelas suas obras de agora ou de outra encarnação.
Estude Kardec.


O texto acima, foi retirado da obra o Céu e o Inferno, de Allan Kardec.



Nota do editor do BLOG, havíamos publicado a edição que popularmente se encontra em vários lugares, inclusive no portal Kardecpedia, ocorre que em pesquisa, vimos que se tratava a primeira publicação, da que foi alterada por fins políticos já em Paris, logo nos coube um contato com a liderança do ECK (Espiritismo com Kardec) que realizou profundas pesquisas sobre obras de Kardec adulteradas e que ensinam errado, e fizemos a retificação em nosso BLOG, este é o VERDADEIRO TEXTO DE KARDEC






David Chinaglia, editor.



domingo, 31 de dezembro de 2023

PRESENTE PRECIOSO - POR MOURAREGO FILHO

Neste final de 2023, e iniciar de 2024, convidei grandes penas que passaram por aqui, neste blog, para deixar uma mensagem, vamos começar por esta noite do dia 31 de Dezembro, com o jornalista, escritor, professor, espírita, do Rio de Janeiro, Mourarego Filho, amigo do saudoso Alamar Régis, e de outros grandes companheiros que escreveram a história do Movimento Espírita no Brasil, Moura, traz seu texto, com o título Presente Precioso.


David Chinaglia, editor do blog.







Sou sempre grato por Deus nunca me falhar. Às vezes tento entender mas não consigo. Olha, agora ele me dá um presente precioso, bem mais novo, ela chegou para me fazer aprender a ser feliz de novo, uma nova vontade de viver, porque antes dela eu só passei pela vida, não vivi, hoje só tenho razão ser grato a Ele e a ela.








No peito só sinto amor, sou grato e se me orgulho dessa felicidade é para que todos saibam que também podem ser abençoados.


Feliz Ano Novo, afinal, segundo a letra de uma canção de um certo Rei, Deus é Bom... e a felicidade até existe!

                                                                                             


Mourarego Filho.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

JESUS, O HOMEM DE NAZARÉ - POR DAVID CHINAGLIA

 

Como você enxerga o amigo aniversariante do dia, de que forma, Jesus, o místico, o revolucionário, o líder, Jesus marido de Madalena, negado pela igreja, encontrado nos novos evangelhos, Jesus o enviado, Jesus branco, negro, pardo, Jesus poeta, Jesus, Jesus, para sempre Jesus.

Jesus, muito além do que podemos imaginar.

É realmente fantástica sua história de 2023 anos, o mito, a lenda, o salvador para alguns, a referencia, o modelo a ser seguido como disse o codificador da doutrina espírita Allan Kardec.

O Bom espírito, o verdadeiro, eu pessoalmente, nao me importo muito nao, prefiro o de Madalena, porque ele é mais humano, mais homem, mais perto do que seria um filho de Deus.


Jesus é sem dúvida, o maior desafio para a humanidade, desafio de entendimento e aceitação.

Ele pescava peixes, mas, preferiu pescar homens, e passou a nos dar exemplos, que até hoje são seguidos, certa vez escrevi neste BLOG, que pouco importava, se de fato Jesus, tivesse existido, o maior legado do meigo rabi da galiléia, é sua história contada até hoje.


Quando falo sobre a existência do mestre, é preciso aceitar que 04 bilhões de humanos, não acreditam nele, no seu legado, sequer que de fato um dia, Deus tenha nos concedido a vinda de um espírito tão puro quanto ele, e exatamente na zona da terra que mais se vive em conflito.


Deixando o fato de considerarmos que Jesus, foi uma referencia para pelo menos metade da humanidade, a cada aniversário, que aliás tem conflitos, parte da história dizia 07 de Abril, a Igreja Católica autenticou o 25 de Dezembro, mas, seja em qual data for, o seu exemplo nos fornece, fatos, e atos, que podem ser seguido.


Jesus nem sempre teve paciência, os relatos de matar o passarinho e faze-lo voltar a vida, a figurada maldição do figo seco, seus delírios no deserto contra Lúcifer, seu entendimento do porque o ser humano naquele tempo era tão complicado como os de hoje, e até mesmo seu amor, e ensinamento.


Os novos evangelhos encontrados em 1945, nos falam de Jesus de Madalena, a chamada maior influencia sobre o mestre, confidente, detentora de segredos, fragiliza a Igreja, seja ela católica, crente, evangélica, ou qualquer outra, um Jesus, apaixonado, verdadeiro, que buscava conselhos, foge do santo Cristo, que rendeu vendas de perdão, sacrilégios, e muito sangue quando a própria igreja matou em seu nome.


No diálogo do deserto, Lúcifer projetava o futuro a Jesus, e mostrando os erros humanos, disse é, "por eles que vai morrer, largue e venha ter comigo."


Jesus foi acima de tudo, independente, não fez acordo com Lú, mas, também questionou seu pai, na possível hora de sua morte física.


Seguidores de Arimatea, falam da mirabolante, mas, possível sobrevida de Jesus após a crucificao, estaria José, seu amigo, envolto com lideranças judaicas, e romanas, que eram contra a morte de Jesus, e com ajuda de Madalena, fizeram o fato dos séculos, ter uma segunda saída, a da fuga do Rabí para a as proximidades de Lion, ou até mesmo fugido para o Japão.


Sinceramente, pouco importa tudo isto, gosto do Jesus de Madalena porque ele é mais próximo do que o primo de Joao Batista, do que o articulista que com milagres previstos, foi a base da casa de Pedro, o chamado primeiro Papa, na edificação da Igreja Católica.


Porque então as lideranças Católicas após 2023 anos, não tornam qual Jesus viveu, porque Jesus é uma marca forte, um produto rentável até hoje, para o mal, e para o bem, Jesus está onde você quiser coloca-lo, no seu coração, na sua mente, na mente dos seus amigos, familiares, Jesus, passa a ser o segredo a ser desvendado.


Porém como falei no começo, pense se somente o que foi contado dele for a verdade, então estaremos no centro da verdade, ou não.


Jesus tem um significado para cada um, e milhares de outros para as igrejas que sobrevivem de sua história, logo este escritor fica com o de Madalena, como mais real, e humano, e claro desta forma nos permite estar mais perto dele de fato.


Jesus está no centro da história humana, tanto que temos o AC (ANTES DE CRISTO), e o DC(depois de Cristo), eu fiquei com o simples Jesus de Madalena, pois ele reúne a forca mitológica que a Igreja colocou, se torna homem com seus defeitos normais, regado a um bom vinho, e boas caminhadas, e um bom papo terapêutico as margens das oliveiras, com um belo fogo aceso, em um céu lindo iluminado, pelas estrelas, era Jesus aprendendo e ensinando.


Jesus nos deu perdão, nos ensinou a dá-lo, reconciliar a caminho com nossos desafetos, Jesus, nos deu o amor, como a melhor arma, nos orientou a fé, nunca a impôs como seus padres,papas, pastores, que se usaram de sua suas aventuras, apenas orientou, que Deus era o caminho, e o seu caminho quem escolhe é você.


Jesus nos ensinou que não podemos amar um homem ou uma mulher, ou qualquer opção feita ao longo dos tempos atuais, sem antes nos amar, nos perdoar, Jesus nos deu tanto, com sua história, que hoje, neste dia festivo de 25 de Dezembro de 2023, resta apenas agradecer, a cada um no Jesus que acredita, e desejar a ele, um feliz aniversário, dirão os fanáticos, mas ele morreu, eu pergunto, morreu, bom então ele não vive, já o que busco aceitar, entender e seguir, ainda vive, em cada um de nós, e em algum lugar do Universo e se ele vive, parabéns mestre, PARABÉNS homem de Nazaré.


Nossa gratidão, sempre, e VIVA JESUS!!!



Feliz Natal de 2023, e lembre viver, é aprender, ser feliz, agradecendo pelo tanto que temos.




David Chinaglia,65, jornalista, escritor, espírita, seguidor de Jesus, de Madalena, e espírita de Allan Kardec, é editor deste blog, desde 2011, blog para falar da fé, do espiritismo, das histórias da vida, e dos milagres da humanidade.
Este Blog foi criado por Rogerio Sarmento em Piracicaba.

davidchinaglia@gmail.com



quarta-feira, 15 de novembro de 2023

NEUROLOGIA DOS SONHOS - POR NUBOR ORLANDO FACURE



Poucas coisas são tão enigmáticas e misteriosas como nossos sonhos, e ninguém resiste a tentação de interpretar os seus sinais premonitórios.

Para tirar seu encanto místico, os neurologistas, dizem que, por sonharmos uma grande variedade de situações, é estatisticamente provável, que, algum deles venha a coincidir com uma ocorrência futura – isso quer dizer que os neurologistas não acreditam em sonhos premonitórios.

Apesar das interpretações que José, filho de Jacó e Rachel, fez sobre os sonhos do Faraó do Egito.

A Teoria psicanalítica enxergou no sonho um caminho para explorar o nosso inconsciente e seus desejos inconfessáveis.

Mas, foram os avanços na neurofisiologia que trouxeram argumentos sólidos para a compreensão dos sonhos.

Sem entrar nesses detalhes mais técnicos pretendo aqui, expor uma semiologia, possível, para se enxergar nas situações aparentemente caóticas de um sonho o que se passa na fisiologia cerebral.






Vamos ao seu exame baseado nas funções cognitivas,


O exame mental do sonho

1 – Memória

Os sonhos parecem correr um do outro – apesar de algumas pessoas afirmarem que nunca sonham, isso não é verdade, o que ocorre é que, logo que acordamos sofrem uma rápida amnésia do ocorrido, nos impedindo de lembrar o que estávamos sonhando.

É fácil provar que todo mundo sonha, basta constatar em todos nós os movimentos rápidos dos olhos.
É no sono REM que ocorrem a maioria dos sonhos.

Outras pessoas têm enorme facilidade de os ter na memória ao despertar,

Mas, mesmo quando são lembrados ficam faltando certos detalhes independente de qualquer esforço que fizermos para os resgatar.

É interessante que, em certos momentos, o sonho nos trás memórias já há muito esquecidas que, aparentemente, não tem nada a ver com os acontecimentos vivenciados nesse dia.

Parece que o sonho é a gente quem faz, é quase uma leitura do rascunho daquele dia vivido com intensa emoção, sonhamos com os familiares, com pessoas próximas, com ocorrências que prenderam nossas preocupações – por isso a lembrança ao despertar é facilitada pelos cenários da véspera.








2 – Pseudomemórias

Faz parte do psiquismo humano a confabulação – criamos fatos para preencher lacunas das recordações – o enredo do sonho é preenchido com fatos que na verdade não ocorreram – mas eles unem pontos desconexos mesmo que de maneira errada, falsa – isso, também, alivia a nossa ansiedade, o cérebro não aceita pausar e reiniciar, trabalha continuamente oferecendo opções para alívio dos nossos medos. E os sonhos são processos que amenizam nossas aflições.

Por isso gosto de dizer que o sonho é terapêutico.

3 – Atenção

Fisiologicamente, durante o sonho, criamos um bloqueio aos estímulos sensoriais. Passamos a viver num mundo mental interno, fechado, mas, sem conseguirmos controlar a nossa atenção num determinado foco.

São as próprias imagens mentais que aparecem em profusão no sonho que capturam nossa atenção – ao contrário da vigília, onde nós é quem temos essa capacidade de escolha.

São os numerosos cenários que aparecem no sonho que alteram a direção da nossa atenção. Esse filme passa da distração para a atenção num instante e sem nosso controle

Perdemos, também toda referência de tempo, espaço e grupo social ou familiar

Os sonhos têm esse poder de criar e dominar nosso mundo mental enquanto seu filme se desenrola.

4 - Funções intelectuais

Uma curiosidade sobre nossas habilidades intelectuais aparece nos estudos sonho: a matemática e outra Ciências não aparece nos sonhos. Mesmo professores de matemática não fazem contas durante seus sonhos e o biólogo não lê os seus livros em sonho.

Isso é coerente com o que já sabemos, os sonhos não têm qualquer racionalidade. Eles não são racionais, são pura emoção. Otto Loewe sonhou com uma experiência com coração de sapos que lhe permitiu descobrir a Acetilcolina, nas terminações do nervo vago, mas, o texto descritivo ele o fez bem acordado no seu laboratório.

5 – Linguagem

Quando encontramos um amigo nossa tendência é manter um diálogo mais ou menos demorado. No sonho, isso não acontece, não há verbalização nos encontros oníricos

Raramente temos lembranças de alguma verbalização em nossos encontros durante o sono. Ninguém trás recados falados na ocasião do sonho – apesar de muita anedota a respeito

Diz a neurologia que, tanto um amigo como um desafeto que nos fala em sonho, o texto dessa verbalização fomos nós mesmos que colocamos em sua boca.


O curioso é que nossos encontros precisam de um enredo para ter significado, então criamos um discurso implícito que nós mesmos produzimos. Parece que até em sonho somos muito carentes de aceitação e compreensão.

6 – Orientação

O que mais revela o caos no sonho é sua desorientação

As figuras conhecidas podem se deformar

As distâncias serem intermináveis ou se encurtarem num instante

O tempo se dilata de maneira penosa ou se encurta fugidio. Pode adiantar-se ou retroceder resgatando momentos aflitivos

As pessoas podem aparecerem nítidas, depois fluidas e sofrer transformações aberrantes. Podem surgir do nada e desaparecerem num instante. Podem ser acolhedoras ou representarem grande ameaça

O espaço é surreal, os objetos aparecem em lugares improváveis, sua forma sofre distorções inimagináveis

No contexto de um sonho, os acontecimentos podem aparecerem num enredo conectado, desordenados, mas sequencial,

Essa ordem de acontecimentos que se produz nos sonhos, não se apresentariam nunca na vida real

Os sonhos a mim parecem serem retalhos do já vivido, sofrido, rejeitado ou desejado.








7 – Conteúdo mental

O conteúdo mental do sonho é predominante visual e motor

Quase nunca ocorre uma percepção auditiva, táctil ou olfatória

Seu conteúdo mental é muito próximo de uma alucinação e delírios absurdos, o que o marca, porém, é nossa crença em sua realidade. O medo que ele provoca pode ser mais intenso que o medo real vivido quando despertos.


8 – Percepção e julgamento

No sonho nós perdemos a capacidade de refletir – caso contrário ele não seria diferente da vigília

Acordados nós percebemos o objeto que se aproxima ou se afasta, nos sonhos a sensação é de nós é quem estamos nos aproximando ou afastando.

A consciência se mantém.

Nossos padrões de comportamento social podem ser coerentes com o esperado para aquela situação, mas, podemos ultrapassar limites e os desejos fluírem incontidos

Quase sempre não nos damos conta de estarmos consciente.

Para o neurologista, perceber que está consciente durante um sonho, é uma espécie de delírio que nos faz crer estar acordado.

9 – Emoção.

Nos sonhos, as emoções costumam serem sempre vibrantes.

O medo é um medo de arrepiar

A alegria é única, inesquecível

O choro é inesgotável

A culpa é corrosiva

A raiva explosiva

A paixão fervilhante.






Esses estados emocionais não estão dissociados das demais funções cognitivas

O pensamento não está desconectado da realidade como na esquizofrenia, mesmo que essa realidade do sonho seja delirante e anárquica

O que é o delírio no sonho?

Criamos monstros, nos sentimos em terrível perseguição, adquirimos poderes superiores




Lição de casa

Passamos um terço de nossas vidas dormindo

Está na hora de aprendermos o que essa fase da vida tem a os ensinar

Qual a sua relação com as doenças mentais?

Há intercâmbio com o mundo espiritual?

O que o futuro de uma sociedade agitada e agressiva como a atual fará no nosso padrão de sonhos?




Nubor Orlando Facure, 83, médico, neurologista, escritor, espírita, foi amigo pessoal e médico de Chico Xavier, com quem conviveu 50 anos, no milagre de Uberaba.
Facure é uma lenda vida da medicina e do Espiritismo, tendo estado com Chico Xavier em momentos diferentes, e a oportunidade de ouvir Emmanuel e André Luiz quando estes estiveram com Chico.
Nubor Orlando Facure é irmão do grande médico e espírita Jorge Facure hoje no plano espiritual.
Também colabora com nosso blog a cerca de 12 anos.

domingo, 15 de outubro de 2023

SONHOS ,FATOS E MILAGRES - POR ALLAN KARDEC EM A GENESE







Sonhos.

3. José, diz o Evangelho, foi avisado por um anjo, que lhe apareceu em sonho e que lhe aconselhou fugisse para o Egito com o Menino. (S. Mateus, 2:19–23.)

Os avisos por meio de sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. Sem garantir a exatidão de todos os fatos narrados e sem os discutir, o fenômeno em si mesmo nada tem de anormal, sabendo-se, como se sabe, que, durante o sono, é quando o Espírito, desprendido dos laços da matéria, entra momentaneamente na vida espiritual, onde se encontra com os que lhe são conhecidos. É com frequência essa a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. São numerosos os casos de avisos em sonho, porém, não se deve inferir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tem uma significação tudo o que se vê em sonho. Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos. (Cap. XIV, n. os 27 e 28.)




Estrela dos magos.


4. Diz-se que uma estrela apareceu aos magos que foram adorar a Jesus; que ela lhes ia à frente indicando-lhes o caminho e que se deteve quando eles chegaram. (S. Mateus, 2:1–12.)

Não se trata de saber se o fato que S. Mateus narra é real, ou se não passa de uma figura indicativa de que os magos foram guiados de forma misteriosa ao lugar onde estava o Menino, dado que não há meio algum de verificação; trata-se de saber se é possível um fato de tal natureza.

O que é certo é que, naquela circunstância, a luz não podia ser uma estrela. Na época em que o fato ocorreu, era possível acreditassem que fosse, porquanto então se cria serem as estrelas pontos luminosos pregados no firmamento e suscetíveis de cair sobre a Terra; não hoje, quando se conhece a natureza das estrelas.

Entretanto, por não ter como causa a que lhe atribuíram, não deixa de ser possível o fato da aparição de uma luz com o aspecto de uma estrela. Um Espírito pode aparecer sob forma luminosa, ou transformar uma parte do seu fluido perispirítico em foco luminoso. Muitos fatos desse gênero, modernos e perfeitamente autênticos, não procedem de outra causa, que nada apresenta de sobrenatural. (Cap. XIV, n. os 13 e seguintes.).




Curas.

— Perda de sangue.

10. Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; — que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No mesmo instante o fluxo sanguíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.

Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.

A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. — Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade. (S. Marcos, 5:25–34.)

11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.

Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?

É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.

Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural. (Cap. XIV, n. os 31, 32 e 33.)


— Cego de Betsaida.

12. Tendo chegado a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e lhe pediam que o tocasse. Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora do burgo, passou-lhe saliva nos olhos e, havendo-lhe imposto as mãos, lhe perguntou se via alguma coisa. — O homem, olhando, disse: Vejo a andar homens que me parecem árvores. — Jesus lhe colocou de novo as mãos sobre os olhos e ele começou a ver melhor. Afinal, ficou tão perfeitamente curado, que via distintamente todas as coisas. — Ele o mandou para casa, dizendo-lhe: Vai para tua casa; se entrares no burgo, a ninguém digas o que se deu contigo. (S. Marcos, 8:22–26.)

13. Aqui, é evidente o efeito magnético; a cura não foi instantânea, porém gradual e consequente a uma ação prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização ordinária. A primeira sensação que o homem teve foi exatamente a que experimentam os cegos ao recobrarem a vista. Por um efeito de óptica, os objetos lhes parecem de tamanho exagerado.


— Paralítico.


14. Tendo subido para uma barca, Jesus atravessou o lago e veio à sua cidade (Cafarnaum). — Como lhe apresentassem um paralítico deitado em seu leito, Jesus, notando-lhe a fé, disse ao paralítico: Meu filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados. Logo alguns escribas disseram entre si: Este homem blasfema. — Jesus, tendo percebido o que eles pensavam, perguntou-lhes: Por que alimentais maus pensamentos em vossos corações? — Pois, que é mais fácil dizer: — Teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na Terra o poder de remitir os pecados: Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito e vai para tua casa. O paralítico se levantou imediatamente e foi para sua casa. Vendo aquele milagre, o povo se encheu de temor e rendeu graças a Deus, por haver concedido tal poder aos homens. (S. Mateus, 9:1–8.)

15. Que significariam aquelas palavras: “Teus pecados te são remitidos” e em que podiam elas influir para a cura? O Espiritismo lhes dá a explicação, como a uma infinidade de outras palavras incompreendidas até hoje. Por meio da pluralidade das existências, ele ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as consequências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras. Se, portanto, a enfermidade daquele homem era uma expiação do mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: “Teus pecados te são remitidos” equivalia a dizer-lhe: “Pagaste a tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa da tua enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela.” Daí o haver dito aos escribas: “Tão fácil é dizer: Teus pecados te são perdoados, como: Levanta-te e anda.” Cessada a causa, o efeito tem que cessar. É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara: “Teu crime está expiado e perdoado”, o que equivaleria a se lhe dizer: “Podes sair da prisão.”


— Os dez leprosos.

16. Um dia, indo ele para Jerusalém, passava pelos confins da Samaria e da Galileia — e, estando prestes a entrar numa aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro e, conservando-se afastados, clamaram em altas vozes: Jesus, Senhor nosso, tem piedade de nós. — Dando com eles, disse-lhes Jesus: Ide mostrar-vos aos sacerdotes. Quando iam a caminho, ficaram curados. — Um deles, vendo-se curado, voltou sobre seus passos, glorificando a Deus em altas vozes; — e foi lançar-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, a lhe render graças. Esse era samaritano. — Disse então Jesus: Não foram curados todos dez? Onde estão os outros nove? — Nenhum deles houve que voltasse e glorificasse a Deus, a não ser este estrangeiro? — E disse a esse: Levanta-te; vai; tua fé te salvou. (S. Lucas, 17:11–19.)

17. Os samaritanos eram cismáticos, mais ou menos como os protestantes com relação aos católicos, e os judeus os tinham em desprezo, como heréticos. Curando indistintamente os judeus e os samaritanos, dava Jesus, ao mesmo tempo, uma lição e um exemplo de tolerância; e fazendo ressaltar que só o samaritano voltara a glorificar a Deus, mostrava que havia nele maior soma de verdadeira fé e de reconhecimento, do que nos que se diziam ortodoxos. Acrescentando: “Tua fé te salvou”, fez ver que Deus considera o que há no âmago do coração e não a forma exterior da adoração. Entretanto, também os outros tinham sido curados. Fora mister que tal se verificasse, para que ele pudesse dar a lição que tinha em vista e tornar-lhes evidente a ingratidão. Quem sabe, porém, o que daí lhes haja resultado; quem sabe se eles terão se beneficiado da graça que lhes foi concedida? Dizendo ao samaritano: “Tua fé te salvou”, dá Jesus a entender que o mesmo não aconteceu aos outros.


— Mão seca.

18. Doutra vez entrou Jesus no templo e aí encontrou um homem que tinha seca uma das mãos. — E eles o observavam para ver se ele o curaria em dia de sábado, para terem um motivo de o acusar. — Então, disse ele ao homem que tinha a mão seca: Levanta-te e coloca-te ali no meio. — Depois, disse-lhes: É permitido em dia de sábado fazer o bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la? Eles permaneceram em silêncio. — Ele, porém, encarando-os com indignação, tanto o afligia a dureza de seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele a estendeu e ela se tornou sã. — Logo os fariseus saíram e se reuniram contra ele em conciliábulo com os herodianos, sobre o meio de o perderem. — Mas, Jesus se retirou com seus discípulos para o mar, acompanhando-o grande multidão de povo da Galileia e da Judéia — de Jerusalém, da Idumeia e de além Jordão; e os das cercanias de Tiro e de Sídon, tendo ouvido falar das coisas que ele fazia, vieram em grande número ao seu encontro. (S. Marcos, 3:1–8.)


— A mulher curvada.

19. Todos os dias de sábado Jesus ensinava numa sinagoga. — Um dia, viu ali uma mulher possuída de um Espírito que a punha doente, havia dezoito anos; era tão curvada, que não podia olhar para cima. — Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: Mulher, estás livre da tua enfermidade. — Impôs-lhe ao mesmo tempo as mãos e ela, endireitando-se, rendeu graças a Deus. — Mas, o chefe da sinagoga, indignado por haver Jesus feito uma cura em dia de sábado, disse ao povo: Há seis dias destinados ao trabalho; vinde nesses dias para serdes curados e não nos dias de sábado. — O Senhor, tomando a palavra, disse-lhe: Hipócrita, qual de vós não solta da carga o seu boi ou seu jumento em dia de sábado e não o leva a beber? — Por que então não se deveria libertar, em dia de sábado, dos laços que a prendiam, esta filha de Abraão, que Satanás conservara atada durante dezoito anos? — A estas palavras, todos os seus adversários ficaram confusos e todo o povo encantado de vê-lo praticar tantas ações gloriosas. (S. Lucas, 13:10–17.)

20. Este fato prova que naquela época a maior parte das enfermidades era atribuída ao demônio e que todos confundiam, como ainda hoje, os possessos com os doentes, mas em sentido inverso, isto é, hoje, os que não acreditam nos maus Espíritos confundem as obsessões com as moléstias patológicas.


— O paralítico da piscina.


21. Depois disso, tendo chegado a festa dos judeus, Jesus foi a Jerusalém. — Ora, havia em Jerusalém a piscina das ovelhas, que se chama em hebreu Betesda, a qual tinha cinco galerias — onde, em grande número, se achavam deitados doentes, cegos, coxos e os que tinham ressecados os membros, todos à espera de que as águas fossem agitadas — Porque, o anjo do Senhor, em certa época, descia àquela piscina e lhe movimentava a água e aquele que fosse o primeiro a entrar nela, depois de ter sido movimentada a água, ficava curado, qualquer que fosse a sua doença. — Ora, estava lá um homem que se achava doente havia trinta e oito anos. — Jesus, tendo-o visto deitado e sabendo-o doente desde longo tempo, perguntou-lhe: Queres ficar curado? — O doente respondeu: Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina depois que a água for movimentada; e, durante o tempo que levo para chegar lá, outro desce antes de mim. — Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te. — No mesmo instante o homem se achou curado e, tomando de seu leito, pôs-se a andar. Ora, aquele dia era um sábado. — Disseram então os judeus ao que fora curado: Não te é permitido levares o teu leito. — Respondeu o homem: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda. — Perguntaram-lhe eles então: Quem foi esse que te disse: Toma o teu leito e anda? — Mas, nem mesmo o que fora curado sabia quem o curara, porquanto Jesus se retirara do meio da multidão que lá estava. — Depois, encontrando aquele homem no templo, Jesus lhe disse: Vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que te não aconteça coisa pior. — O homem foi ter com os judeus e lhes disse que fora Jesus quem o curara. — Era por isso que os judeus perseguiam a Jesus, porque ele fazia essas coisas em dia de sábado. — Então, Jesus lhes disse: Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessantemente. (S. João, 5:1–17.)

22. “Piscina” (da palavra latina piscis, peixe), entre os romanos, eram chamados os reservatórios ou viveiros onde se criavam peixes. Mais tarde, o termo se tornou extensivo aos tanques destinados a banhos em comum.

A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma cisterna, próxima ao Templo, alimentada por uma fonte natural, cuja água parece ter tido propriedades curativas. Era, sem dúvida, uma fonte intermitente que, em certas épocas, jorrava com força, agitando a água. Segundo a crença vulgar, esse era o momento mais propício às curas. Talvez que, na realidade, ao brotar da fonte a água, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitação que o jorro produzia na água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas moléstias. Tais efeitos são muito naturais e perfeitamente conhecidos hoje; mas, então, as ciências estavam pouco adiantadas e à maioria dos fenômenos incompreendidos se atribuíam uma causa sobrenatural. Os judeus, pois, tinham a agitação da água como devida à presença de um anjo e tanto mais fundadas lhes pareciam essas crenças, quanto viam que, naquelas ocasiões, mais curativa se mostrava a água.

Depois de haver curado aquele paralítico, disse-lhe Jesus: “Para o futuro não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça coisa pior.” Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua doença era uma punição e que, se ele não se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com mais rigor, doutrina essa inteiramente conforme à do Espiritismo.

23. Jesus como que fazia questão de operar suas curas em dia de sábado, para ter ensejo de protestar contra o rigorismo dos fariseus no tocante à guarda desse dia. Queria mostrar-lhes que a verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das formalidades; que a piedade está nos sentimentos do coração. Justificava-se, declarando: “Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessantemente.” Quer dizer: Deus não interrompe suas obras, nem sua ação sobre as coisas da natureza, em dia de sábado. Ele não deixa de fazer que se produza tudo quanto é necessário à vossa alimentação e à vossa saúde; eu lhe sigo o exemplo.


— Cego de nascença.

24. Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; — e seus discípulos lhe fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? — Jesus lhes respondeu: Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que nele se patenteiem as obras do poder de Deus. É preciso que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem depois a noite, na qual ninguém pode fazer obras. — Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. — Tendo dito isso, cuspiu no chão e, havendo feito lama com a sua saliva, ungiu com essa lama os olhos do cego — e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé, que significa Enviado. Ele foi, lavou-se e voltou vendo claro. — Seus vizinhos e os que o viam antes a pedir esmolas diziam: Não é este o que estava assentado e pedia esmola? Uns respondiam: É ele; outros diziam: Não, é um que se parece com ele. O homem, porém, lhes dizia: Sou eu mesmo. — Perguntaram-lhe então: Como se te abriram os olhos? — Ele respondeu: Aquele homem que se chama Jesus fez um pouco de lama e passou nos meus olhos, dizendo: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo. — Disseram-lhe: Onde está ele? Respondeu o homem: Não sei. — Levaram então aos fariseus o homem que estivera cego. — Ora, fora num dia de sábado que Jesus fizera aquela lama e lhe abrira os olhos. — Também os fariseus o interrogaram para saber como recobrara a vista. Ele lhes disse: Ele me pôs lama nos olhos, eu me lavei e vejo. — Ao que alguns fariseus retrucaram: Esse homem não é enviado de Deus, pois que não guarda o sábado. Outros, porém, diziam: Como poderia um homem mau fazer prodígios tais? Havia, a propósito, dissensão entre eles. — Disseram de novo ao que fora cego: E tu, que dizes desse homem que te abriu os olhos? Ele respondeu: Digo que é um profeta. — Mas, os judeus não acreditaram que aquele homem houvesse estado cego e que houvesse recobrado a vista, enquanto não fizeram vir o pai e a mãe dele — e os interrogaram assim: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora vê? — O pai e a mãe responderam: Sabemos que esse é nosso filho e que nasceu cego; — não sabemos, porém, como agora vê e tampouco sabemos quem lhe abriu os olhos. Interrogai-o; ele já tem idade, que responda por si mesmo. — Seu pai e sua mãe falavam desse modo, porque temiam os judeus, visto que estes já haviam resolvido em comum que quem quer que reconhecesse a Jesus como sendo o Cristo seria expulso da sinagoga. — Foi o que obrigou o pai e a mãe do rapaz a responderem: Ele já tem idade; interrogai-o. — Chamaram pela segunda vez o homem que estivera cego e lhe disseram: Glorifica a Deus; sabemos que esse homem é um pecador. Ele lhes respondeu: Se é um pecador, não sei, tudo o que sei é que estava cego e agora vejo. — Tornaram a perguntar-lhe: Que te fez ele e como te abriu os olhos? — Respondeu o homem: Já vo-lo disse e bem o ouvistes; por que quereis ouvi-lo segunda vez? Será que queirais tornar-vos seus discípulos? — Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: Sê tu seu discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. — Sabemos que Deus falou a Moisés, ao passo que este não sabemos donde saiu. — O homem lhes respondeu: É de espantar que não saibais donde ele é e que ele me tenha aberto os olhos. — Ora, sabemos que Deus não exalça os pecadores; mas, àquele que o honre e faça a sua vontade, a esse Deus exalça. — Desde que o mundo existe, jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. — Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de tudo o que tem feito. — Disseram-lhe os fariseus: Tu és todo pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a nós? E o expulsaram. (S. João, 9:1–34.)

25. Esta narrativa, tão simples e singela, traz em si evidente o cunho da veracidade. Nada aí há de fantasista, nem de maravilhoso. É uma cena da vida real apanhada em flagrante. A linguagem do cego é exatamente a desses homens simples, nos quais o bom-senso supre a falta de saber e que retrucam com bonomia aos argumentos de seus adversários, expendendo razões a que não faltam justeza, nem oportunidade. O tom dos fariseus, por outro lado, é o dos orgulhosos que nada admitem acima de suas inteligências e que se enchem de indignação à só ideia de que um homem do povo lhes possa fazer observações. Afora a cor local dos nomes, dir-se-ia ser do nosso tempo o fato.

Ser expulso da sinagoga equivalia a ser posto fora da Igreja. Era uma espécie de excomunhão. Os espíritas, cuja doutrina é a do Cristo de acordo com o progresso das luzes atuais, são tratados como os judeus que reconheciam em Jesus o Messias. Excomungando-os, a Igreja os põe fora de seu seio, como fizeram os escribas e os fariseus com os seguidores do Cristo. Assim, aí está um homem que é expulso porque não pode admitir seja um possesso do demônio aquele que o curara e porque rende graças a Deus pela sua cura!

Não é o que fazem com os espíritas? Obter dos Espíritos salutares conselhos, a reconciliação com Deus e com o bem, curas, tudo isso é obra do diabo e sobre os que isso conseguem lança-se anátema. Não se têm visto padres declararem, do alto do púlpito, que é melhor uma pessoa conservar-se incrédula do que recobrar a fé por meio do Espiritismo? Não há os que dizem a doentes que estes não deviam ter procurado curar-se com os espíritas que possuem esse dom, porque esse dom é satânico? Não há os que pregam que os necessitados não devem aceitar o pão que os espíritas distribuem, por ser do diabo esse pão? Que outra coisa diziam ou faziam os padres judeus e os fariseus? Aliás, fomos avisados de que tudo hoje tem que se passar como ao tempo do Cristo.

A pergunta dos discípulos — Foi algum pecado deste homem que deu causa a que ele nascesse cego? — revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa de uma enfermidade de nascença, se cometido antes do nascimento, portanto, numa existência anterior. Se Jesus considerasse falsa semelhante ideia, ter-lhes-ia dito: “Como houvera este homem podido pecar antes de ter nascido?” Em vez disso, porém, diz que aquele homem estava cego, não por ter pecado, mas para que nele se patenteasse o poder de Deus, isto é, para que servisse de instrumento a uma manifestação do poder de Deus. Se não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade.

Quanto ao meio empregado para a sua cura, evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser pela ação do fluido curativo de que fora impregnada. É assim que as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.


— Numerosas curas operadas por Jesus.

26. Jesus ia por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todos os langores e todas as enfermidades no meio do povo. — Tendo-se a sua reputação espalhado por toda a Síria; traziam-lhe os que estavam doentes e afligidos por dores e males diversos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos e ele a todos curava. — Acompanhava-o grande multidão de povo da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e de além Jordão. (S. Mateus, 4:23–25.)

27. De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há contestar, as curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à curiosidade dos indiferentes, por meio de coisas extraordinárias.

Aliviando os sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que se se limitasse a produzir surpreendentes fatos materiais, conforme os fariseus reclamavam, a maioria das pessoas não teria visto nele senão um feiticeiro, ou um mágico hábil, que os desocupados iriam apreciar para se distraírem.

Assim, quando João Batista manda, por seus discípulos, perguntar-lhe se ele era o Cristo, a sua resposta não foi: “Eu o sou”, como qualquer impostor houvera podido dizer. Tampouco lhes fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas; responde-lhes simplesmente: “Ide dizer a João: os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres.” O mesmo era que dizer: “Reconhecei-me pelas minhas obras; julgai da árvore pelo fruto”, porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua missão divina.

28. O Espiritismo, igualmente, pelo bem que faz é que prova a sua missão providencial. Ele cura os males físicos, mas cura, sobretudo, as doenças morais e são esses os maiores prodígios que lhe atestam a procedência. Seus mais sinceros adeptos não são os que se sentem tocados pela observação de fenômenos extraordinários, mas os que dele recebem a consolação para suas almas; os a quem liberta das torturas da dúvida; aqueles a quem levantou o ânimo na aflição, que hauriram forças na certeza, que lhes trouxe, acerca do futuro, no conhecimento do seu ser espiritual e de seus destinos. Esses os de fé inabalável, porque sentem e compreendem.

Os que no Espiritismo unicamente procuram efeitos materiais, não lhe podem compreender a força moral. Daí vem que os incrédulos, que apenas o conhecem através de fenômenos cuja causa primária não admitem, consideram os espíritas meros prestidigitadores e charlatães. Não será, pois, por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da incredulidade será pela multiplicação dos seus benefícios morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem os prodígios, não menos certo é que conhecem, como toda gente, o sofrimento e as aflições e ninguém recusa alívio e consolação.





Allan Kardec codificou em obras chamadas de básicas, mas em cerca de 19 livros, fora os que escreveu na revista espírita, se tornando a referencia nos fatos espíritas, não existe espiritismo sem os conceitos, coerência, e explicações dadas por Kardec, leia e estude as obras de Kardec.
A verdade da vida além da vida, está no que foi revelado ao Frances, que marcou época em seu tempo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O CICLO DO MEDO É O ERRO - POR DAVID CHINAGLIA




 


Tenho lido vários textos sobre nossos medos, e quem nao os tem, medo de ficarmos a mingua de dinheiro, o medo de morrer, de ficar doente, de ficarmos sozinhos, o medo do abandono dos filhos, este posso garantir um dos piores que podemos ter.

A morte é como um jogo de futebol, se ficar temendo pelo adversário, ai que a coisa complica, dizia meu amigo Miguel.

Existe na nossa vida, apenas duas datas certas, o dia que nascemos, e o dia que morreremos, o dia do nascimento todos sabem, e o dia da morte nao, e isto preocupa, como será, dormindo, de acidente, doente, numa cirurgia, sofreremos, e as vezes se ficarmos pensando em como e onde, o medo dela faz, ela vir mais rápido, e virar um monstro em nossa vida.

A morte é só um momento, este momento virá, o ciclo do medo com ela, e eu posso garantir isto aos senhores, e as senhoras, pois já superei isto a algum tempo.

Recentemente no Hospital Guilherme Álvaro, tive o prazer de conviver com doentes terminais, e aprender um pouco mais, sobre a vida, com eles, com seus médicos. O HGA, é para mim, o melhor hospital do mundo, porque ali por duas vezes fui operado, e passei, a alegria de voltar para casa.

Foram momentos tensos e complexos, aprendi que nas duas vezes, a ausencia do medo, foi o que me fez ir e voltar, agora na terceira cirurgia percebi o medo rondando de novo minha vida, e procurei exterminar o dito, pois isto nos afeta.

Morte, Cirurgias, são coisas que temos que enfrentar, quando a emergência surge, porém o mais importante é viver, é agradecer pela vida.

Estava falando com uma prima que amo, sobre a alegria dos pássaros que o pai dela tanto amava, vê-los fazendo seus ninhos e estar em árvores perto de onde moro, é uma alegria, um prazer de viver.

Mario Sérgio Cortella homem admirável, filósofo, professor, palestrante disse hoje em um áudio antigo que seremos lembrados pelo que fizemos, pelo que deixamos em nossos pais, irmãos, filhos, e amigos.

Marcelo Henrique outro grande pensador espírita, escritor, advogado, outro dia me fez refletir por alguns momentos, com seus ensinamentos sobre Kardec, sempre sérios, consegue deixar a vida mais suave, e provocar sorrisos mesmo a distancia.

Confesso que conversando com Miguel a pouco, espírito que me orienta nos textos e na vida, ele me falou da morte, meu amigo é apenas uma viagem, do seu mundo, para o mundo de onde partiu, passados os momentos iniciais, tudo é muito tranquilo, dependerá do que carregar em sua bagagem, se vier com remorsos, medos, culpas, a turbulência é maior, então quando vier, venha leve, tranquilo, uma viagem de férias para logo retornar, talvez este seja meu caro, o grande segredo de passar pela morte física.

Esta madrugada falava com uma estudante de medicina no Paraguai, minha amiga, pessoa determinada de muitas experiências com o movimento, como enfermeira no Paraná e agora como estudante de medicina, somos amigos a mais de 17 anos, o papo gira sempre em cima de algo importante, e amigo leitor, acredita, não sentir medo é muito importante.

Se você ama as flores, a boa música, lindas paisagens, bons livros, isto é o que importante, meu irmão espiritual me deu um livro estes dias, Fernando, é um daqueles seres humanos que ensinam através do amor, da dor, do ensinamento, e embora esteja apenas no começo da obra ele veio no momento exato.

Livros, alegrias, tristezas, matar saudades de alguém que sempre amou por telefone, coisas simples, lhe alegram o espírito.

Se as coisas não estão bem, procure se acalmar, converse, saia fora do seu ritmo normal, tá estressado vai andar, está nervoso se isole.

Bill o Gates, uma das maiores fortunas do mundo, do nada saia para um lugar cheio de verde e paz, por 20, 30 minutos, se isolava dos problemas, nem que o presidente lhe chamasse ele sairia daquele lugar de reflexão, do seu canto, do seu momento, hoje vemos de outra forma, Musk fazer a mesma coisa, de outro jeito, falo de nomes que você certamente admira, mas, pense, eles venceram o que primeiro antes de serem o que são, o medo, já o tiveram e aprenderam com ele, que ficar sem ele, ou seja, o medo, é a forma ideal de construir, de prosperar, de melhorar a vida.


Melhore, da forma que quiser, Paschoal Nunes Filho, um dos grandes professores de espiritismo que tive, dizia a minha pessoa, EQUÍLIBRIO, em meu aniversário por uns 10 anos, ele ligava dizendo, EQUÍLIBRIO, é o que te desejo, as vezes eu demorava a entender, mais é simples, o desejo do antigo professor, de posse do equilíbrio, você consegue enfrentar seus piores medos, angústias, de forma a tirar elas de você, equilíbrio em uma discussão, em um momento lhe dão a oportunidade de melhorar como pessoa.






Eu digo sempre ao universo, paz, a meus filhos, tenho um que fala diariamente comigo, já outra filha está longe na Europa, quase não nos falamos, a não ser por pensamento, já que o tempo dela é grandemente ocupado, e o meu se destina hoje a cumprir um ciclo.

O que precisamos entender é que existem dores maiores que a nossa, outro dia, me lembrei de Paschoal no hospital, ao descobrir que estava convivendo com um aneurisma, algo que pode me tirar do planeta, ouvi o meu médico amado, Roberto, dizer, "meu amigo tem gente com piores problemas, cancer sem solução, dores terríveis mesmo no hospital, filhos sendo perdidos, o seu é só um aneurisma que vamos tirar."

realmente era isto, que precisava ouvir, outro médico me falou caro paciente semana passada cortei uma perna de uma criança de 04 anos, quem sofre mais, indagou ele.

e foi a partir destas experiências que resolvi conversar com Miguel, sobre o que escrever com os senhores, e ele disse, fale de você, e sobre o ciclo do medo ser um erro no ser humano.

Joao Ramalho, outro grande espírita da minha vida, sempre me fornece farto material de textos de amor, de Chico Xavier, palavras que aquecem o coração, toda sexta em suas mini palestras por telefone mais de 400 pessoas recebem sua voz, que acalma a muitos.








Outro dia disse a minha neta Mariana, ou amamos ou temos razão, muitas vezes amigo leitor precisaremos abrir mão da razão para dar ao amor, o espaço que Jesus sempre disse que ele ocuparia em nossas vidas.

E neste momento sem exageros, te convoco a fazer um pai nosso, uma prece, não para pedir, mas, para agradecer, você está aqui lendo, podia estar em Israel, na Ucrânia, onde as coisas estão mais duras, na África, ou mesmo num lugar abandonado do Brasil, passando fome.

Se está a nos ler aqui, é um privilegiado, de telefone, de computador, de tempo, para aprender, logo, não entre no ciclo do medo, viver é o que importa, o resto, siga o fluxo normal, seja lembrado, com boas atitudes, o que nem sempre quer dizer que será amado, e perdoado.




Em frente, maravilhoso Outubro á todos.


David Chinaglia, é radialista, escritor, espírita, editor deste blog fundado por Rogério Sarmento, desde 2011, e escreve sobre a vida, espiritismo, para dividir com todos a alegria de estar vivo.

e-mail para contato, davidchinaglia@gmail.com