quarta-feira, 25 de outubro de 2017

EVOCAÇÃO LOGO APÓS A MORTE - ALLAN KARDEC






Nota do editor do Blog:

Senhoras e Senhoras, em face as muitas perguntas sobre pessoas, recém falecidas, que voltam para mensagens 48 a 72 horas após sua morte física, viemos trazer trabalhos de Kardec na prática sobre o tema, que não é um fato novo, dentro do Espiritismo, era muito comum, no tempo de Allan Kardec. O tema voltou com fatos e noticias de famílias de altos empresários que morrem indo buscar médiuns famosos, para uma "última comunicação", outras pessoas comuns em busca de contato logo na partida, e a volta em MASSA do medo da morte, outro fato que nos levou a trazer estes exemplos.

Porém é preciso alertar, que não funciona assim, é preciso haver sido planejado pelo espírito que partiu, estudado, e autorizado, pelos espíritos que coordenam em auxílio, o recém chegado ao plano precisa de merecimento.

Uma questão de crença no fato, estudo, conhecimento, e permissão, como explicava Kardec. Em O Céu e o Inferno existe um texto que utilizaremos para explicar melhor.
Não é também qualquer médium, qualquer equipe que está apta a um contato, mostraremos o exemplo do Sr.Sanson transcrito por Allan Kardec no capítulo II ESPÍRITOS FELIZES, para um melhor entendimento do assunto, para que o tema, seja mais focado, em vossos estudos. 

E Também a comunicação a seguir dela, para um entendimento maior, quem não tem o Livro pode na edição da Lake ver na tradução de J.Herculano Pires, outros fatos relatados, e também na clássica obra da Revista Espírita que Kardec editava na França entre os anos de 1857 á 1869.

Estudar sempre, conhecer sempre, e lembre, a morte física jamais deve ser temida, é um processo programado, A VIDA CONTINUA.


O Sr. Sanson, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, morreu no dia 21 de abril de 1862, depois de um ano de cruéis sofrimentos. Prevendo seu fim, ele dirigira ao presidente da Sociedade uma carta contendo a passagem seguinte:


“Em caso de surpresa pela desagregação de minha alma e de meu corpo, tenho a honra de vos relembrar um pedido que vos fiz há cerca de um ano; evocar meu Espírito o mais imediatamente possível e com a maior frequência que julgardes apropriada, a fim de que, membro assaz inútil de nossa Sociedade durante minha presença na terra, eu lhe possa servir de alguma coisa no além-túmulo, dando-lhe os meios de estudar fase por fase, nessas evocações, as diversas circunstâncias que se seguem ao que o vulgo chama de morte, mas que, para nós, espíritas, não é senão uma transformação, segundo os desígnios impenetráveis de Deus, mas sempre útil à finalidade que ele se propõe.


“Além desta autorização e pedido para me fazerem a honra dessa espécie de autópsia espiritual, que meu avanço demasiado pouco tornará talvez estéril, caso em que vossa sabedoria vos conduzirá naturalmente a não levar além de um certo número de tentativas, ouso pedir-lhes pessoalmente, assim como a todos os meus colegas, de ter a bondade de suplicar ao Onipotente que permita aos bons Espíritos assistir-me com seus conselhos benevolentes, em particular São Luís, nosso presidente espiritual, com a finalidade de me guiar na escolha e sobre a época de uma reencarnação; pois, desde já, isso me ocupa muito; temo enganar-me sobre minhas forças espirituais, e pedir a Deus, cedo demais, e presunçosamente demais, um estado corporal no qual eu não poderia justificar a bondade divina, o que, em vez de servir para meu avanço, prolongaria minha estada na terra ou em outro lugar, no caso de eu falhar.”


Para nos conformarmos ao seu desejo de ser evocado o mais cedopossível depois de sua morte, fomos à casa mortuária com alguns membros da Sociedade, e, na presença do corpo, a conversa seguinte ocorreu uma hora antes da inumação. Tínhamos aí um duplo objetivo, o de cumprir uma última vontade, e o de observar uma vez mais a situação da alma num momento tão próximo da morte, e isso num homem eminentemente inteligente e esclarecido, e profundamente penetrado das verdades espíritas; tínhamos que constatar ainfluência dessas crenças sobre o estado do Espírito, a fim de perceber suas primeiras impressões. Nossa expectativa não se enganou; o Sr. Sanson descreveu com perfeita lucidez o instante da transição; ele se viu morrer e se viu renascer, circunstância pouco comum, e que se devia à elevação de seu Espírito.




(Câmara mortuária, 23 de abril de 1862.)




1. Evocação. - Venho ao vosso apelo para cumprir minha promessa.


2. Meu caro senhor Sanson, é para nós um dever e um prazer evocar-vos o mais cedo possível depois de vossa morte, assim como desejastes. – R. É uma graça especial de Deus que permite ao meu Espírito poder se comunicar; agradeço-vos vossa boa vontade; mas estou fraco e tremo.


3. Estáveis tão doente que podemos, penso eu, perguntar-vos como estais agora. Ainda sentis dores? Que sensação experimentais comparando vossa situação presente com a de há dois dias? – R. Minha posição é bem feliz, pois não sinto mais nada de minhas antigas dores; estou regenerado e novo em folha, como dizeis aí. A transição da vida terrestre à vida dos Espíritos tinha no início tornado tudo incompreensível para mim, pois ficamos às vezes vários dias sem recuperar nossa lucidez; mas, antes de morrer, fiz uma prece a Deus e lhe pedi para poder falar com aqueles que amo, e Deus ouviu-me.


4. Ao fim de quanto tempo recuperastes a lucidez de vossas ideias? – R. Ao fim de oito horas; Deus, repito-vos, me dera um sinal de sua bondade; ele me julgara suficientemente digno, e nunca poderei agradecer-lhe o bastante.


5. Estais bem certo de não ser mais do nosso mundo, e em que o constatais? – R. Oh! Decerto que não, não sou mais do vosso mundo; mas estarei sempre perto de vós para vos proteger e apoiar, a fim de pregar a caridade e a abnegação que foram os guias da minha vida; e depois, ensinarei a fé verdadeira, a fé espírita, que deve reerguer a crença do justo e do bom; estou forte e muito forte, transformado, numa palavra; vós não reconheceríeis mais o velhote enfermo que devia esquecer tudo, deixando longe de si todo prazer, toda alegria. Sou Espírito; minha pátria é o espaço, e meu futuro, Deus, que irradia na imensidão. Gostaria muito de poder falar com meus filhos, pois lhes ensinaria tudo aquilo que eles sempre tiveram a má vontade de não acreditar.


6. Que efeito vos faz experimentar a visão de vosso corpo, aqui ao lado? – R. Meu corpo, pobre e ínfimo resto mortal, tu deves ir para o pó, e eu guardo a boa recordação de todos aqueles que me estimavam. Olho essa pobre carne deformada, morada do meu espírito, prova de tantos anos! Obrigado, meu pobre corpo! Purificaste meu Espírito, e o sofrimento dez vezes santo deu-me um lugar bem merecido, visto que encontro imediatamente a faculdade de vos falar.


7. Conservastes vossas ideias até o último momento? – R. Sim, meu Espírito conservou suas faculdades; eu não via mais, mas pressentia; toda a minha vida se desenrolou diante da minha recordação, e meu último pensamento, minha última prece foi poder falar-vos, o que estou fazendo; e depois pedi a Deus que vos protegesse, a fim de que o sonho da minha vida

fosse realizado.


8. Tivestes consciência do momento em que vosso corpo deu o último suspiro? O que se passou convosco nesse momento? Que sensação experimentastes? – R. A vida se rompe e a visão, ou melhor, a visão do Espírito se extingue; encontra-se o vazio, o desconhecido, e, levado por não sei qual prestígio, encontramo-nos num mundo onde tudo é alegria e grandeza. Eu não sentia mais, não me dava conta, no entanto uma felicidade inefável me plenificava; não sentia mais o peso da dor.


9. Tendes conhecimento... (do que me proponho a ler sobre vosso túmulo?)


Observação: Mal as primeiras palavras da pergunta foram pronunciadas e o Espírito responde antes de acabar. Ademais, ele responde, e sem pergunta formulada, a uma discussão que se levantara entre os assistentes, sobre a oportunidade de ler essa comunicação no cemitério, devido às pessoas que poderiam não compartilhar essas opiniões.


R. Oh! Meu amigo, eu o sei, pois vos vi ontem, e vejo-vos hoje; minha satisfação é bem grande!...Obrigado! obrigado! Falai, a fim de que me compreendam e que vos estimem! Não temais nada, pois respeita-se a morte; falai portanto, a fim de que os incrédulos tenham fé. Adeus; falai; coragem, confiança, e que meus filhos possam se converter a uma crença reverenciada!

J. SANSON.


Durante a cerimônia do cemitério, ele ditou as palavras seguintes:


Que a morte não vos apavore, meus amigos; ela é uma etapa para vós, se soubestes bem viver; ela é uma bem-aventurança, se houverdes merecido dignamente e cumprirdes bem vossas provas. Repito-vos: Coragem e boa vontade! Não atribuais senão um valor medíocre aos bens da terra, e sereis recompensados; não se pode gozar demasiado, sem privar outros do bem-estar,e sem se fazer moralmente um mal imenso. Que a terra me seja leve!II




(Sociedade Espírita de Paris, 25 de abril de 1862.)




1. Evocação. – R. Meus amigos, estou perto de vós.


2. Estamos muito felizes pela conversa que tivemos convosco no dia do vosso sepultamento, e visto que vós o permitis, ficaremos encantados de completá-la para nossa instrução. – R. Estou completamente preparado, feliz que penseis em mim.


3. Tudo aquilo que pode nos esclarecer sobre o estado do mundo invisível e fazer-nos compreendê-lo é um alto ensinamento, porque é a ideia falsa que se faz dele que conduz quase sempre à incredulidade. Não fiqueis então surpreendido com as perguntas que poderemos dirigir-vos. – R. Não ficarei espantado, e espero vossas perguntas.


4. Vós descrevestes com uma luminosa claridade a passagem da vida à morte; dissestes que no momento em que o corpo dá o último suspiro, a vida se rompe, e a vista do Espírito se extingue. Esse momento é acompanhado por uma sensação penosa, dolorosa? – R. Sem dúvida, pois a vida é uma sucessão contínua de dores, e a morte é o complemento de todas as dores; daí um dilaceramento violento, como se o Espírito tivesse de fazer um esforço sobre-humano para escapar de seu invólucro, e é esse esforço que absorve todo nosso ser e lhe faz perder o conhecimento do que ele se torna.


Observação: Esse caso não é geral. A experiência prova que muitos Espíritos desmaiam antes de expirar, e que naqueles que chegaram a um certo grau de desmaterialização, a separação se opera sem esforços.


5. Sabeis se há Espíritos para os quais esse momento é mais doloroso? Ele é mais penoso, por exemplo, para o materialista, para aquele que acredita que tudo acaba nesse momento para ele? – R. Isso é certo, pois o Espírito preparado já esqueceu o sofrimento, ou melhor, ele está habituado a ele, e a quietude com a qual vê a morte impede-o de sofrer duplamente, porque sabe o que o aguarda. A pena moral é a mais forte, e sua ausência no instante da morte é um alívio bem grande. Aquele que não crê parece-se com o condenado à pena capital e cujo pensamento vê a faca e o desconhecido. Há semelhança entre essa morte e a do ateu.


6. Há materialistas bastante endurecidos para crer seriamente, nesse momento supremo, que vão ser mergulhados no nada? –


R. Sem dúvida, até a última hora há os que creem no nada; mas, no momento da separação, o Espírito tem um retorno profundo; a dúvida toma conta dele e tortura-o, pois ele se pergunta o que se vai tornar; ele quer perceber algo e não pode. A separação não se pode fazer sem essa impressão. Observação: Um Espírito nos deu, numa outra circunstância, o seguinte quadro do fim do incrédulo:


“O incrédulo endurecido experimenta nos últimos momentos as angústias desses pesadelos terríveis onde se está à beira de um precipício, prestes a cair no abismo; fazem-se inúteis esforços para fugir, e não se pode andar; quer-se agarrar-se a algo, alcançar um ponto de apoio, e sente-se escorregar; quer-se chamar e não se consegue articular nenhum som; é então que se vê o moribundo torcer, crispar as mãos e dar gritos abafados, sinais certos do pesadelo do qual é presa. No pesadelo comum, o despertar tira-vos da agitação, e vós vos sentis felizes por reconhecer que era só um sonho; mas o pesadelo da morte se prolonga frequentemente por muito tempo, até anos, além da morte, e o que torna a sensação ainda mais penosa para o Espírito, são as trevas em que por vezes ele está mergulhado.”


7. Dissestes que no momento de morrer não víeis mais, mas que pressentíeis. Não víeis mais corporalmente, isso se compreende; mas, antes que a vida se extinguisse, entrevíeis já a claridade do mundo dos Espíritos?


– R. É o que eu disse anteriormente: o instante da morte dá a clarividência ao Espírito; os olhos não veem mais, mas o Espírito, que possui uma visão bem mais profunda, descobre instantaneamente um mundo desconhecido, e aparecendo-lhe subitamente a verdade, dá-lhe, momentaneamente é certo, ou uma alegria profunda, ou uma dor inexprimível, segundo o estado de sua consciência e a recordação de sua vida passada. Observação: Trata-se do instante que precede aquele em que o Espírito perde conhecimento, o que explica o emprego da palavra momentaneamente, pois as mesmas impressões agradáveis ou penosas continuam ao despertar.






8. Tende a bondade de nos dizer o que, no instante em que vossos olhos se reabriram à luz, vos impressionou, o que vistes. Tende a bondade de nos descrever, se for possível, o aspecto das coisas que se ofereceram a vós.


– R. Assim que pude voltar a mim, e ver o que tinha diante dos olhos, estava como ofuscado, e não me dava conta, porque a lucidez não volta instantaneamente. Mas Deus, que me deu um sinal profundo de sua bondade, permitiu que eu recuperasse minhas faculdades. Vi-me rodeado de inúmeros e fiéis amigos. Todos os Espíritos protetores que vêm nos assistir, me rodeavam e me sorriam; uma felicidade sem igual os animava, e eu mesmo, forte e de boa saúde, podia, sem esforço, me transportar através do espaço. O que eu vi não tem nome nas línguas humanas.


Virei, ademais, falar-vos mais amplamente de todas as minhas venturas, sem ultrapassar porém o limite que Deus exige. Sabei que a felicidade, tal como a entendeis entre vós, é uma ficção. Vivei sabiamente, santamente, no espírito de caridade e de amor, e tereis preparado para vós impressões que vossos maiores poetas não saberiam descrever.


Observação: Os contos de fadas estão sem dúvida cheios de coisas absurdas; mas não seriam eles, em alguns pontos, a pintura do que acontece no mundo dos Espíritos? Não se parece o relato do Sr. Sanson com o de um homem que, adormecido numa pobre e obscura cabana, despertasse num palácio esplêndido, no meio de uma corte brilhante?

III
9. Com que aspecto os Espíritos se apresentaram a vós? Com o da forma humana?


– R. Sim, meu caro amigo, os Espíritos nos haviam ensinado na terra que eles conservavam no outro mundo a forma transitória que tinham tido na terra, e é a verdade. Mas que diferença entre a máquina informe que se arrasta penosamente com seu cortejo de provas, e a fluidez maravilhosa do corpo dos Espíritos! A feiura não existe mais, pois os traços perderam a dureza de expressão que forma o caráter distintivo da raça humana. Deus beatificou todos aqueles corpos graciosos, que se movem com todas as elegâncias da forma; a linguagem tem entonações intraduzíveis para vós, e o olhar tem a profundidade de uma estrela. Tentai, pelo pensamento, ver o que Deus pode fazer na sua onipotência, ele que é o arquiteto dos arquitetos, e tereis uma fraca ideia da forma dos Espíritos.


10. Quanto a vós, como vos vedes? Reconheceis em vós uma forma limitada, circunscrita, embora fluídica? Sentis em vós uma cabeça, um tronco, braços, pernas? – R. O Espírito, tendo conservado sua forma humana, masdivinizada, idealizada, tem, sem contradita, todos os membros de que falais. Sinto em mim perfeitamente pernas e dedos, pois podemos, por nossa vontade, aparecer-vos ou pressionar-vos as mãos. Estou perto de vós e apertei a mão de todos os meus amigos, sem que eles tivessem tido consciência disso; nossa fluidez pode estar em toda parte sem obstruir o espaço, sem dar nenhuma sensação, se for esse o nosso desejo. Neste momento, vós estais de mãos cruzadas e eu tenho as minhas nas vossas. Digo-vos: eu vos amo, mas meu corpo não ocupa lugar, a luz o atravessa, e o que chamaríeis um milagre, se ele fosse visível, é para os Espíritos a ação contínua de todos os instantes.


A visão dos Espíritos não tem relação com a visão humana, assim como seu corpo não tem semelhança real, pois tudo é alterado no conjunto e no fundo. O Espírito, repito-vos, tem uma perspicácia divina que se estende a tudo, visto que pode adivinhar mesmo vosso pensamento; também pode, apropriadamente, tomar a forma que melhor pode trazê-lo de volta às vossas recordações. Mas, de fato, o Espírito superior que acabou suas provas, gosta da

forma que pôde conduzi-lo para perto de Deus.


11. Os Espíritos não têm sexo; no entanto, como ainda há poucos dias é reis homem, tendes em vosso novo estado mais da natureza masculina que danatureza feminina? Acontece o mesmo a um Espírito que tivesse deixado seu corpo há muito tempo?


– R. Não fazemos questão de ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus cria-os à sua vontade, e se, para seus desígnios maravilhosos, ele quis que os Espíritos se reencarnem na terra, ele precisou acrescentar a reprodução das espécies pelo macho e a fêmea. Mas, vós o sentis, sem que seja preciso nenhuma explicação, os Espíritos não podem ter sexo. Observação: Sempre foi dito que os Espíritos não têm sexo; os sexos não são necessários senão para a reprodução dos corpos; pois não se reproduzindo os Espíritos, os sexos seriam para eles inúteis. Nossa pergunta não tinha o objetivo de constatar o fato, mas devido à morte recente do Sr. Sanson, queríamos saber se lhe restava uma impressão de seu estado terrestre. Os Espíritos purificados dão-se perfeitamente conta de sua natureza, mas entre os Espíritos inferiores, não desmaterializados, há muitos que creem ser ainda o que eram na terra, e conservam as mesmas paixões e os mesmos desejos; estes últimos se creem ainda homens ou mulheres, e eis porque há os que disseram que os Espíritos têm sexos. É assim que certas contradições provêm do estado mais ou menos avançado dos Espíritos que se comunicam; o erro não é dos Espíritos, mas daqueles que os interrogam e não se dão ao trabalho de aprofundar as questões.


12. Que aspecto vos apresenta a sessão? É ela para vossa nova visão o que vos parecia durante a vida? As pessoas têm para vós a mesma aparência? Tudo é igualmente claro, igualmente nítido? – R. Bem mais claro, pois posso ler no pensamento de todos, e estou bem feliz pela boa impressão que me deixa a boa vontade de todos os Espíritos reunidos. Desejo que o mesmo entendimento possa existir não só em Paris, pela reunião de todos os grupos, mas também em toda a França, onde grupos se separam e se invejam, impelidos por Espíritos trapalhões que gozam com a desordem, enquanto o Espiritismo deve ser o esquecimento completo, absoluto do eu.


13. Dizeis que ledes em nosso pensamento; poderíeis fazer-nos compreender como se opera essa transmissão de pensamento?


– R. Isso não é fácil; para vos dizer, vos explicar esse prodígio singular da visão dos Espíritos, seria preciso abrir-vos todo um arsenal de agentes novos, e seríeis tão sábios quanto nós, o que não é possível, visto que vossas faculdades são limitadas pela matéria. Paciência! Tornai-vos bons, e chegareis lá; não tendes atualmente senão o que Deus vos concede, mas com a esperança de progredir continuamente; mais tarde sereis como nós. Tentai então morrer bem para saber muito. A curiosidade, que é o estimulante do homem pensante, vos conduz tranquilamente até a morte, reservando-vos a satisfação de todas as vossas curiosidades passadas, presentes e futuras.


Enquanto se espera, dir-vos-ei para responder bem ou mal à vossa questão: O ar que vos rodeia, impalpável como nós, leva o caráter de vosso pensamento; o hálito que exalais é, por assim dizer, a página escrita de vossos pensamentos; eles são lidos, comentados pelos Espíritos que se chocam convosco incessantemente; eles são os mensageiros de uma telegrafia divina a que nada escapa.

A morte do Justo.

Após a primeira evocação do Sr. Sanson, feita na Sociedade de Paris, um Espírito deu, com esse título, a comunicação seguinte:


A morte do homem do qual vos ocupais neste momento foi a do justo; ou seja, acompanhada de calma e de esperança. Como o dia sucede naturalmente à aurora, a vida espírita sucedeu para ele à vida terrestre, sem abalo, sem dilaceramento, e seu último suspiro se exalou num hino de reconhecimento e de amor. Quão poucos atravessam assim essa rude passagem! Quão poucos, após a embriaguez e os desesperos da vida, concebem o ritmo harmonioso das esferas! Assim como o homem saudável, mutilado por uma bala, ainda tem dor nos membros dos quais está separado, assim a alma do homem que morre sem fé e sem esperança, se dilacera e palpita escapando do corpo, e lançando-se, inconsciente de si mesma, no espaço.


Rezai por essas almas perturbadas; rezai por tudo o que sofre; a caridade não se restringe à humanidade visível: ela socorre e consola também os seres que povoam o espaço. Tivestes a prova tocante disso pela conversão tão súbita desse Espírito enternecido pelas preces espíritas feitas no túmulo do homem de bem, que deveis interrogar, e que deseja vos fazer progredir no santo caminho. *


O amor não tem limites; ele preenche o espaço, dando e recebendo sucessivamente suas divinas consolações. O mar se desdobra numa perspectiva infinita; seu limite último parece confundir-se com o céu, e o Espírito fica deslumbrado pelo magnífico espetáculo dessas duas grandezas. Assim o amor, mais profundo do que as vagas, mais infinito do que o espaço, deve reunir-vos a todos, vivos e Espíritos, na mesma comunhão de caridade, e operar a admirável fusão do que é finito e do que é eterno.



GEORGES.


________________________________________

*Alusão ao Espírito de Bernardo, que se manifestou espontaneamente no dia das exéquias do Sr. Sanson. (Ver a Revista Espírita de maio de 1862, p. 132.)

Obervações da redação: Todo o texto foi retirado de o Céu e o Inferno de Allan Kardec obra básica da doutrina espírita, e livro pouco estudado nas casas espíritas do Brasil, o tema evocação, é um tema sério e importante, que todos devem estudar, e sem passar pelo Livro dos Espíritos, Livro dos Médiuns e o Céu e o Inferno é díficil entender os fatos.


Os emails comentando o assunto podem ser enviados a davidchinaglia@gmail.com







Nota: Presidente da Sociedade Espírita de Paris, em 1862 citado no trecho era Allan Kardec que conhecia o falecido que foi quem ditou o texto e respondeu as perguntas.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A VESTE NO GUARDA-ROUPA - POR RICHARD SIMONETTI




As cenas mais fortes dos filmes de horror, aquelas “de arrepiar”, mostram, geralmente, urnas funerárias e cadáveres.
Os cineastas que exploram o medo mórbido e atávico da criatura humana em relação à morte, para atender os que cultivam o insólito prazer de levar sustos, ver-se-ão na contingência de escolher outros temas, à medida que compreendermos que o caixão fúnebre é apenas uma caixa de madeira forrada de pano e que o cadáver nada mais é que a vestimenta carnal de alguém que, após o estágio terrestre, regressou ao mundo de origem − o Plano Espiritual.
Seria ridículo sentir arrepios ao contemplar um guarda-roupa ou, dentro dele, o traje de um familiar ausente.
No entanto, é exatamente isso que ocorre com muita gente em relação à morte.
Conhecemos pessoas que, sistematicamente, recusam-se comparecer a velórios, refratárias a contatos com caixões e defuntos, mesmo quando se trate de familiares, dominadas por indefiníveis temores.
Provavelmente têm traumas relacionados com ocorrências trágicas no pretérito.
Para a grande maioria, entretanto, o problema tem origem na forma inadequada de encarar a grande transição, principalmente por um defeito de formação na idade infantil.
Lembro-me de que nos meus verdes anos, várias vezes fui levado a beijar familiares mortos, o que fazia com constrangimento, avesso ao contato de meus lábios com a face fria, descorada e rígida de alguém que eu conhecera pleno de vida, com quem convivera e que agora se quedava, inerte, solene, sombrio...
E me deixava contagiar pelas lágrimas de desespero e doridas lamentações dos menos comedidos, sedimentando em minha cabeça a ideia de que a morte é algo de terrível e apavorante, uma infeliz imagem que somente na idade adulta, com o conhecimento espírita, consegui superar.
É preciso muito cuidado com as crianças, habituando-as à concepção de que somos seres espirituais imortais, usando uma veste de carne que um dia deixaremos, assim como se abandona um traje desgastado, após determinado tempo de uso.
É dessa forma que o corpo sem vida deve ser mostrado à criança, quando se disponha a vê-lo, explicando-lhe, em imagens singelas, de acordo com seu entendimento, que o vovô, a titia, o papai ou qualquer familiar desencarnado, foi morar em outro lugar, onde terá roupa nova e bem melhor.
Igualmente importante é o exemplo de serenidade e equilíbrio dos adultos, oferecendo aos pequenos uma visão mais adequada da morte, situando-a como a separação transitória de alguém que não morreu.
Apenas partiu.

                                         ***

         Richard Simonetti responde a perguntas, com som e imagem, pela www.radioceac.com.br às 6as. feiras, das 15 às 16,30


Richard Simonetti, 81, espírita, escritor, dirigente espírita, palestrante, um dos maiores divulgadores da Doutrina Espírita no Brasil,de acordo com a codificação de Allan Kardec, tem canais no You Tube, em Facebook, e colabora com este blog semanalmente. 


terça-feira, 17 de outubro de 2017

REVISTA ESPÍRITA, EDIÇÃO DE JULHO DE 1858 - ALLAN KARDEC


DISSERTAÇÃO MORAL DITADA PELO ESPÍRITO DE SÃO LUÍS AO SR. D... 


São Luís nos havia prometido uma dissertação sobre a inveja, para uma das sessões da Sociedade. O Sr. D..., que começava a desenvolver a mediunidade e que ainda duvidava um pouco, não da doutrina, da qual é um dos mais fervorosos adeptos, compreendendo-a na sua essência, isto é, do ponto de vista moral, mas da faculdade que se lhe revelava, evocou São Luís em particular e lhe dirigiu a seguinte pergunta:

─ Poderíeis dissipar minhas dúvidas, minha inquietação, relativamente à minha faculdade mediúnica, escrevendo por meu intermédio a dissertação que prometestes à Sociedade para terça-feira 1º de junho?

─ Sim. Fá-lo-ei de bom grado, para te tranquilizar.

Então foi ditado o trecho adiante. Salientamos que o Sr. D... se dirigia a São Luís com o coração puro e sincero, sem segundas intenções, condição indispensável a toda boa comunicação. Não era uma prova que fazia. Apenas duvidava de si mesmo e Deus permitiu que fosse atendido, para lhe dar meios de tornar-se útil. Hoje, o Sr. D... é um dos médiuns mais completos, não só pela grande facilidade de atuação, como por sua aptidão em servir de intérprete a todos os Espíritos, mesmo os das mais elevadas categorias, os quais por seu intermédio se exprimem facilmente e de boa vontade.

São essas, sobretudo, as qualidades que devemos procurar nos médiuns e que podem sempre ser adquiridas com paciência, vontade e exercício. O Sr. D... não necessitou de muita paciência; dispunha da vontade e do fervor, aliados à aptidão natural. Poucos dias bastaram para levar sua faculdade ao mais alto grau. Eis o ditado que recebeu sobre a inveja:

“Vede este homem. Seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrena chega ao auge: inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seus semelhantes; seu coração está devastado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita. Ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que alimenta e que lhe sugere incessantemente os mais fatais pensamentos: “Terei essa volúpia, essa felicidade? Tenho tanto direito a isto quanto aqueles; sou um homem como eles, por que seria eu deserdado?”

Ele se debate na sua impotência, vítima do horrível suplício da inveja, feliz ainda se essas ideias funestas não o levam às bordas de um abismo. Entrando nessa via, a si mesmo pergunta se não deve obter pela violência aquilo que julga ser-lhe devido; se não irá expor aos olhos de todos o terrível mal que o devora. Se esse infeliz tivesse olhado somente para baixo de sua posição, teria visto a quantidade daqueles que sofrem sem um lamento e ainda bendizem o Criador, porque a desgraça é um benefício de que Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar até o seu trono eterno.

Fazei das obras de caridade e de submissão, as únicas que vos podem dar entrada no seio de Deus, a vossa felicidade e o vosso verdadeiro tesouro na Terra. Essas obras no bem farão a vossa alegria e a vossa felicidade eternas. A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males, que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os homens de boa vontade que virão depois de vós. Amém.”


Allan Kardec editou a revista espírita, outra grande obra da sua divulgação, com vários ensinamentos, e passagens alguns que constam de seus livros outros que deveriam ser estudados em centros espíritas do Brasil, pois até hoje aqui, foram ignoradas em sua maior parte, destas páginas podemos tirar ensinamentos preciosos mesmo em 2017.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES - POR RICHARD SIMONETTI





O ato de abençoar implica em desejar o bem de alguém.
Assim como a oração, o alcance da bênção depende de nosso envolvimento com ela, dos sentimentos que mobilizamos.
O pai que, displicentemente, abençoa o filho que vai dormir, sem desviar a atenção do programa de televisão, não vai além das palavras.

Já a mãe diligente, que leva a criança ao leito, conversa com ela, conta-lhe uma história e a beija carinhosamente, põe a própria alma ao abençoá-la, envolvendo-a em poderosas vibrações de amor, com salutar repercussão em seu sono.
Ao contrário da bênção, amaldiçoar é desejar o mal de alguém.
Que vajas bien, que te pise el tren.

O fato de desejarmos que uma pessoa seja atropelada por um trem, como sugere este chistoso ditado espanhol, não implicará, evidentemente, nesse funesto acontecimento. Não possuímos poderes para tanto, nem Deus o permitiria. Mas podemos perturbar nosso desafeto.

A maldição é um pensamento contundente, revestido de carga magnética deletéria, passível de provocar reações adversas no destinatário – nervosismo, tensão, irritabilidade, mal-estar…
Se, porém, o amaldiçoado é uma pessoa bem ajustada, moral ilibada, ideias positivas, sentimentos nobres, nada lhe acontecerá. Simplesmente não haverá receptividade para nossa vibração maldosa.

O mesmo ocorre em relação ao ato de abençoar. Os pais desejam muitas bênçãos para seus filhos. Que sigam caminhos retos; que sejam aprendizes aplicados; que se realizem profissionalmente; que cultivem moral elevado; que sejam felizes...

Ainda que se situem por poderosos estímulos, suas bênçãos pouco representarão se os filhos preferirem caminhos diferentes.
Nem por isso devem deixar de abençoá-los. Suas bênçãos inibirão os impulsos mais desajustados dos filhos, trabalharão suas consciências adormecidas e acabarão por despertar neles  impulsos de renovação, quando a vida lhes impuser suas amargas lições.

Bênçãos e maldições são como bumerangues, aqueles brinquedos australianos, em forma de arco, que retornam às nossas mãos quando os atiramos.
Se amaldiçoarmos alguém, odientos, o mal que lhe desejamos voltará, invariavelmente, para nós, precipitando-nos em perturbações e desequilíbrios. Somos vitimados por nosso próprio veneno.
Em contrapartida, aquele que abençoa alimenta-se de bênçãos, neutralizando até mesmo vibrações negativas de eventuais desafetos da Terra ou do além.
Jesus conhecia como ninguém esses princípios. Por isso, antecipando que os discípulos enfrentariam muitas hostilidades na difusão do Evangelho, recomendava-lhes:

“Quando entrardes numa casa, dizei:
A paz esteja neste lar.

Se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz."
Temos aqui preciosa orientação. Observando-a, ainda que, onde formos, as pessoas estejam pouco dispostas a entronizar a paz, ela não se ausentará de nosso coração.

Nem sempre os beneficiários de nossas iniciativas, quando cultuamos a vocação de servir, mostram-se reconhecidos.
Que isso jamais nos iniba. O ato de servir tem suas próprias compensações. Exercitando-o, a distribuir bênçãos de auxílio, habilitamo-nos às bênçãos de Deus.


Richard Simonetti, 81, espírita, escritor, há mais de 60 anos divulgando a doutrina espírita no Brasil e no Mundo, é colaborador deste blog.