Deus criou o homem ativo, inteligente e livre, E o fez artífice de seu próprio destino.
Abriu diante dele dois caminhos que pode seguir:
Um vai para o mal e o outro para o bem. O primeiro dos dois é doce em aparência;
Para segui-lo não é preciso nenhum penoso esforço:
Sem estudo nem cuidados, viver na indolência, Aos seus instintos brutais deixar um livre vôo,
Eis tudo o que é preciso. - O segundo, ao contrário,
Quer constantes esforços, um trabalho nobre, E os cuidados vigilantes, e a procura austera,
A razão liberta e o instinto contido.
O homem, livre em sua escolha, pode tomar o primeiro, Corromper-se na ignorância e na imoralidade;
Preferir ao dever a paixão grosseira, À razão, o instinto e a brutalidade.
Ou então pode, ouvindo com interesse dócil
A voz que lhe diz: ”Fostes feito para crescer, Para progredir e não para ficar imóvel."
No segundo entrar cheio de um nobre desejo.
Segundo o que decide ver seu destino, Sombrio se desenrolar sob seu olhar desvairado,
Ou então lhe sorrindo como a noiva, Sorri ao homem feliz a quem o seu coração é devido.
Mas se fazeis o mal, podereis neste mundo - A riqueza adquirir, os títulos, as honras;
Mas a calma da alma, e essa alegria profunda - Que nasce dos santos desejos e alegra os corações
Desaparecerão para sempre; e do remorso pungente, Vos perseguirá a voz no meio dos festins,
Misturando para perturbá-los sua nota discordante, Aos vossos cantos de triunfo, aos vossos alegres estribilhos.
Depois, quando tiver soado para vós a hora fatal,
Quando o Espírito se livra do corpo que o enclausurava, Entrará de novo na esfera moral
Onde a verdade brilha e o erro desaparece, Onde o sofisma impuro, a frouxa hipocrisia, Não acham nunca acesso, onde tudo é luminoso, Fantasma acusador, vosso culposo caminho surgirá diante de vós para vos seguir em todos os lugares.
Vossos crimes tornar-se-ão vossos carrascos, e vós, rico, Sentir-vos-eis nu; poderoso, abandonado;
Fugireis espantados, tremendo como a corça.
Foge diante do caçador em sua perda obstinado.
Talvez que ébrio, então, de orgulho e de sofrimento, A Deus soltareis um grito blasfemador,
Acusando-o de vossos males; mas vossa consciência Poderosa elevará este outro grito vingador:
"Cessa de blasfemar, homem, em tua demência.
Quando Deus te criou livre, ativo, inteligente, Só para ti no mundo limitou seu poder,
E de tua própria sorte te fez o artífice.
Tua vontade basta para transformar em alegria, O mal que sentes. Contempla, radioso, Aquele que do dever segue o santo caminho, Que luta, que vence, e que conquista os céus.
Por preço do mesmo esforço, a mesma recompensa, Te espera. - Por que te lamentar então? Reconsidera-te.
Desse Deus justo e bom implora a assistência; Trabalha, luta, ora, e o céu está em ti."
Nota do articulista: Transcrição na íntegra extraída da Revista Espírita (edição IDE, tradução Salvador Gentille), de Allan Kardec, edição de março de 1863, assinada por Um Espírito Protetor e recebida no Grupo Espírita de Paulo, médium Sr. T...)
Orson Peter Carrara, é espírita, palestrante, escritor,
pesquisador e divulgador da Doutrina Espírita dentro
da codificação de Allan Kardec, é colaborador deste
Blog.
Orson Carrara (Facebook)
orsonpeter92@gmail.com (e-mail de contato, palestras, perguntas)
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