quinta-feira, 31 de outubro de 2013

COMO SURGIU O ESPIRITISMO IGREJISTA NO BRASIL - POR ALAMAR RÉGIS CARVALHO


Um dos grandes problemas do nosso movimento espírita é achar que as coisas ruins não devem ser ditas, que devemos ser omissos em relação a elas, conseqüentemente jogando-as para “debaixo do tapete”, como muito se diz no popular, daí resultando a desinformação das pessoas que terminam ficando sem saber como as coisas realmente ocorrem em nosso meio, nos dias de hoje, e como elas aconteceram no passado.
Daí fica todo mundo imaginando coisas e termina por formar na cabeça de muita gente uma cultura totalmente deturpada do que realmente aconteceu na história do Espiritismo.
Um monte de gente se fingindo de bonzinho nas tribunas dos centros, querendo cada um ser mais Francisco de Assis do que o outro, com aquelas bondades, humildades e “amor” que visam apenas impressionar as platéias, para que os vejam parecidos com o Chico Xavier. Quem tenta fugir disto, sofre restrições sob a argumentação do tal.
- “Não é conveniente convidar para a nossa casa, porque ele anda dizendo algumas coisas por aí, que não são muito convenientes”.
Esse tal “algumas coisas” que se referem são algumasVERDADES que incomodam a muitos, porque verdade é algo que choca. Só mesmo os “polêmicos” tem coragem de dizer certas verdades.



Mas vamos lá.
Vejo aí algumas pessoas utilizarem expressões do tipo:

- “O Doutor Bezerra de Menezes implantou o igrejismo e a idéia do espiritismo apenas religião, no Brasil. Ele é responsável por esse monte de espiritólicos que existe por aí. Foi ele quem desvirtuou o Espiritismo do modelo conforme Kardec queria”.

E dentro desta idéia, reforçam a outra que diz que Chico Xavier incrementou esse modelo, sobretudo construindo sua base doutrinária nas orientações de um padre, que é o Espírito Emmanuel. Chico, então, teria sido o co-responsável por esse processo de igrejamento.

Antes de prosseguir quero lembrar bem uma recomendação que esse tal “padre” teria dado ao Chico, assim que propôs acompanhá-lo por toda a sua encarnação, passando ensinamentos que se transformariam em obras literárias adotadas pelos espíritas:

- “Chico: Se alguma orientação que eu lhe passar deixar alguma dúvida, abandone a minha orientação em fique com Kardec”.


Isto demonstra que o tal “padre” agiu com coerência e desejou que o modelo base fosse de fato o Allan Kardec e não ele.

Essa recomendação de Emmanuel não foi dirigida apenas ao Chico, mas a todos os espíritas, e eu aproveito aqui para chamar a atenção dos “emanuelistas” e também dos “andreluizistas” que existem, aos montes, em nosso meio, para que reflitam e que prestem bem atenção nessa recomendação.

Então, continuando o que eu vinha dizendo:

Não foi o Doutor Bezerra quem iniciou o igrejismo espírita no Brasil, a coisa vem antes dele.


Deixe eu relembrar o que já passei, outras vezes, através de outros artigos.


Assim que começou a sua tarefa, Allan Kardec fundou a“Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, com objetivo de ali praticar o Espiritismo conforme o seu modelo. Observem o detalhe do nome colocado na instituição: Não foi“Centro Espírita Francisco de Assis”, “Thomás de Aquino”, “Jesus o Consolador”, “Maria de Nazaré”, “Paulo de Tarso” e muito menos “Amantes da Pobreza”, foi “Sociedade Parisiense de ESTUDOS ESPÍRITAS”.


Ele queria que ali fosse praticado um Espiritismo exatamente do jeito que ele praticou, conforme o relato da Revista Espírita, desde a sua primeira edição até a última.


Aí começaram a surgir os primeiros entendimentos equivocados logo no começo:


Porque os espíritos sugeriram a Kardec o nome de Jesus, como UM DOS maiores modelos que devemos seguir...(vejam bem: sugeriram como “UM DOS” e não como o único modelo)..., passaram a entender que, pelo fato de ter citado Jesus, necessariamente o Espiritismo teria que ser uma religião, haja vista que a cultura dominante envolveu o nome de Jesus com religião, a começar pelo Catolicismo e depois o Protestantismo, que proliferavam pela Europa.


Pronto. Muitas pessoas, já cansadas das decepções com o catolicismo e com o protestantismo, encontraram ali uma válvula de escape para praticarem aquilo que elas se se achavam dependentes, que é a religião. O ser humano faz questão de ter uma religião, tem que ter religião.


Passaram a freqüentar a Sociedade Parisiense como religião, como igreja, como rezação.


Não era o que Kardec queria, pois ele chamava muito a atenção contra aquilo.


Acontece que, como muita gente sabe, é por demais comum determinados grupos assumirem direção de instituições espíritas e ali quererem implantar o Espiritismo conforme as suas cabeças, os seus pontos de vistas e afastarem os que pensam contrário. Sei de casos, inúmeros, que já chegaram até a proibir a entrada do próprio fundador da casa, por ter idéia original diferente. Relembro com saudade o grande Oly de Castro, grande bandeirante do Espiritismo no Maranhão e no Pará, que passou por isto.


Foi o que aconteceu no tempo de Kardec; criaram uma verdadeira oposição a ele.


Começaram a achar que a doutrina já estava pronta e que não precisava evoluir em nada e muito menos acompanhar a Ciência, que bastavam as reuniões entre as quatro paredes do centro, sem nenhuma necessidade de divulgação, sob a estúpida argumentação de que espiritismo não necessitava de “vulgarização”.


Vejam bem: A palavra vulgarizar não significa diminuir, denegrir, prostituir, desmerecer e desmoralizar como entendem alguns, e sim levar ao conhecimento do grande público, de todas as populações.


Kardec pensava totalmente ao contrário.


Quando ele resolveu mandar imprimir grandes quantidades dos livros, com dinheiro dele, do bolso dele, sem ajuda de espírita nenhum, pra sair viajando pela Europa, fazendo palestras e promovendo as suas vendas, num processo de Ampla Divulgação do Espiritismo, a espiritaiada igrejeira ficou danada da vida e começou a baixar a língua nele.


Foi aí que começou a lamentável mania de qualificarem os outros como audaciosos, presunçosos, vaidosos, afoitos, apressados e de quererem aparecer, à custa da doutrina.


Ficaram com mais raiva, ainda, quando tomaram conhecimento de que o público que se reunia para escutá-lo, nas cidades por onde ele passava, crescia assustadoramente, em proporções inimagináveis na Europa da época.


Ainda mais quando descobriram que ele era APLAUDIDO DE PÉ e que filas se formavam para abraçá-lo e tomá-lo um autógrafo em um livro. Se naquele tempo existissem celulares, com certeza inúmeras pessoas gostariam de tirar fotos com ele, assim como fazem com Divaldo e vários outros expositores hoje.


Foi um verdadeiro inferno, gente, o que aconteceu. O que aquele homem sofreu na língua da maledicência espírita foi algo impressionante.


"A Sociedade de Paris se constituiu foco de continuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia, na minha presença, pelas costas me golpeavam"


Allan Kardec - 1867

As pessoas não davam limites às suas maldades e perversidades ao reagirem contra ele, chamando-o de vaidoso, presunçoso, prepotente e daí inventaram a estúpida maluquice de que ele teria ficado RICO, à custa do Espiritismo, devido ao sucesso das vendas dos livros que conseguia nas suas viagens. Repito que os livros eram impressos com dinheiro dele.


Dá, agora, para formar a idéia do porquê Camile Flamarion recusou o convite para presidir a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritos, depois que Kardec desencarnou?


O modismo das calúnias e difamações que muito vemos hoje no meio espírita, começou ali, quando o objetivo de acabar com a imagem dele sugeriu a idéia de espalhar para o público que ele era possuidor de carruagem de 4 cavalos, ricos tapetes persas em casa, etc. etc. etc.


É exatamente o que acontece nos dias atuais, quando acusam Divaldo de elitizar o Espiritismo, pelos eventos que faz, quando falam em “mercantilização da doutrina” e toda essa palhaçada que a gente vê por aí a todo instante.



Kardec chegou a se desabafar sobre essa amarga experiência que viveu e fazia anotações que ficaram guardadas nas suas gavetas. Foi dessas anotações que surgiu o livro “Obras Póstumas”, onde ele relata, sem receios e sem papas na língua, tudo o que passou. Consta que existiam outros relatos de fatos muitos mais graves e de elevado nível de imoralidade, que fizeram com ele, mas que acharam por bem não fazer constar no livro, para evitar males maiores.
É exatamente por isto que você não vê, nos centros espíritas hoje, ninguém divulgar esse livro, que não fica exposto na maioria dos centros espíritas, não é livro de estudo, e alguns dirigentes chegam a minimizá-lo, dizendo que ele não tem muita importância.
Sabe o que é isto? Falta de vergonha na cara, em muitos espíritas, já que muitos morrem de vergonha, porque nos dias de hoje continuam fazendo exatamente aquilo que fizeram com o grande Mestre.
Foi por isto que o Espiritismo não deu mais certo na Europa.
Quando ele desencarnou, em 31 de março de 1869, prevaleceram aqueles que viraram donos do Espiritismo na época.
Pra começar, acabaram com a Revista Espírita, mesmo com o enorme sucesso que ela fazia. Podem observar: a última é exatamente do ano de 1869; não é o Alamar que está inventando não.
Botaram uma pá de cal em cima de qualquer proposta de divulgação do Espiritismo e é por isto que ela continua enfrentando dificuldades nos dias de hoje.
Os detalhes da história são muitos, mas vamos parar por aqui.


E como foi a chegada no Brasil?



O Espiritismo chegou ao Brasil pelas mãos de vários, entrando em vários estados. Mas o primeiro foi na Bahia, através de Luiz Olympio Teles de Menezes, que trazia o modelo conforme Kardec.
O Luiz Olympio se correspondia assiduamente com Kardec, viraram amigos. Pra começar, ele criou aqui no Brasil, também, um jornal que se transformaria em revista, que era o“Eco de Além Túmulo”. Ele queria fazer exatamente como Kardec fazia.
Aí, já que outros também foram à França e tiveram contato com a Sociedade Parisiense de Igrejismo Espírita (é isto que se transformou), ao voltarem para o Brasil trouxeram a idéia contrária, adotada por membros de “oposição”, que militavam por lá.
Foi exatamente aí que surgiu o espiritismo igrejeiro no Brasil.
Pra começar, baixaram o cacete no Luiz Olympio. Começaram a difamá-lo, na Bahia, deram-lhe um desprezo enorme, que ele, que era funcionários dos Correios, resolveu pedir transferência para o Rio de Janeiro, achando que lá poderia desenvolver um Espiritismo Coerente, conforme Allan Kardec.
Quebrou a cara, coitado. Ao chegar ao Rio, também encontrou o espiritismo igrejeiro instalado, deram-lhe uma banana, foi também caluniado e desprezado, totalmente abandonado. Quando morreu, consta que apenas quatro pessoas conduziram o seu funeral, que eram as quatro pessoas que levaram o caixão ao cemitério, que até hoje espírita nenhum fez o menor esforço, no Rio, para historicamente identificar onde o seu corpo foi sepultado.
Pronto. Prevaleceu o espiritismo igrejeiro no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, onde vivia o Dr. Bezerra de Menezes, que era médico e político.
Quando o velho cearense começou a ter os primeiros contatos com a novidade, chamada “espiritismo”, ele viu aquele modelo, aprendeu daquele jeito e concebeu daquele jeito.
O que é que vocês queriam que ele fizesse? Como vocês queriam que ele praticasse?
Literatura era coisa rara, naquele momento, a Revista Espírita não havia sido trazida para o Brasil ainda, a não ser alguns números, através de alguns assinantes que já existiam por aqui, como existia no mundo todo, adeptos do modelo Kardec que eram calados, como são até hoje, considerados polêmicos e coisas parecidas.
Como o doutor Bezerra poderia ter informações exatas do modelo como Kardec praticava e sugeria que fosse praticado?
Proliferou o modelo igrejeiro, os primeiros dirigentes espíritas foram igrejeiros e prevaleceu esse modelo.
Agora vejam o que aconteceu, com o passar dos anos:
Os primeiros dirigentes espíritas brasileiros foram desencarnando e começaram a voltar aos centros comoMentores da Casa.
Aí entra em foco aquele outro artigo que eu escrevi, quando falei da figura “O mentor da casa espírita”.
Conforme sabemos, os desencarnados são exatamente as mesmas pessoas que aqui viveram, com os mesmos conhecimentos, a mesma cultura, o mesmo grau de escolaridade, as mesmas paixões... as mesmas tudo.
Já que o cidadão, como encarnado, aprendeu um espiritismo daquele jeito, que tipo de espiritismo vai querer ensinar, quando eleito mentor, depois de desencarnado?
O mesmo espiritismo igrejeiro, que é o que sabe, não o modelo Kardec.
E é daí que encontramos a grande maioria dos centros espíritas fazendo este modelo, sob obediência às recomendações do espírito que chamam de Mentor da Casa.
Não mudam! Não adianta a Revista Espírita, que hoje está disponível para todos espíritas, não apenas naquela tradução primeira que chegou ao Brasil, cheia de erros, mas na atual, de autoria de Evandro Noleto Bezerra, que está muito boa. Os espíritas não querem saber dela, não têm o menor interesse em procurar saber como Kardec fazia, o que tem que prevalecer é a Santa Imaculada Igreja Espírita que foi implantada, com seus dogmas imutáveis.
O que importa é o que diz e orienta o mentor da casa, que nem eles mesmos sabem quem é. Raro é o centro que se preocupa em saber quem é o tal mentor e que se dispõe a dialogar e debater com ele.
- Debater com o mentor da casa, Alamar? Você tá ficando maluco? Você só pode estar sob sério processo obsessivo, Alamar.
É assim que pensam muitos espíritas.
Para esses muitos, debater e questionar mentor da casa seria a mesma coisa que propor a católicos questionarem com a “virgem” Maria.
Então, amigos, não se pode falar sobre isto e o mais aconselhável é levar para a fogueira ou para a guilhotina, todo aquele que se atrever a querer um espiritismo conforme Kardec fez. Já que não podem queimá-los vivos, optam por qualificá-los como polêmicos, denegrindo a sua imagem para que os freqüentadores da casa não tenham acesso aos seus argumentos e idéias.
Infelizmente é este o modelo do Espiritismo que estamos tendo por aqui, que não consegue segurar muita gente, do mesmo jeito que a Europa não conseguiu mais segurar gente nos tempos passados.
Se fosse no modelo de Kardec, com certeza teríamos muito mais de 50 milhões de espíritas no Brasil, hoje. Talvez muito mais.
Será que este não é um assunto para levarmos a debate nos Congressos Espíritas?
Conclusão: Não quero que ninguém se deixe levar pela cabeça do Alamar, apenas sugiro que observem a Revista Espírita. Se o que estiver lá for exatamente o que o Alamar propõe, terá sido apenas mera coincidência.
Fica aí a idéia, então, para apreciação de todos.





Abração, e até de repente.






Alamar Régis Carvalho, é
Analista de Sistemas, Escritor, e Diretor da Antares DINASTIA.

Espírita e colaborador deste Blog.
alamarregis@redevisao.net
www.redevisão.net
www.canal500.com

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A SAÚDE DA ALMA - BASE DA SAÚDE ORGÂNICA - POR NUBOR ORLANDO FACURE


As organizações médicas de hoje definem a Saúde como um completo bem estar físico, psíquico, social e espiritual. Uma das situações mais graves por que passa a humanidade nos dias de hoje é sua doença social nos seus múltiplos aspectos. A fome, a violência urbana, a intolerância religiosa, o preconceito social com seus inúmeros matizes e toda sorte de mazelas que, freqüentemente, nos colocam uns contra os outros. Com vontade política e empenho decidido da sociedade, se lançássemos mão dos recursos tecnológicos que já dispomos, não teríamos porque conviver com tanta fome e com as inúmeras doenças que já sabemos como nos prevenir e tratar. Ainda não sabemos ser solidários uns com os outros, para distribuirmos os recursos que nos sobram, para o bem estar de todas as nações e ainda não aprendemos a reconhecer que o Homem é a causa do seu próprio sofrimento.
Quase sempre procuramos encontrar do lado de fora a origem das nossas doenças, sem olhar por dentro e perceber que foram as nossas próprias escolhas que traçaram o rumo que a vida parece nos levar. São poucos os que se empenham em abandonar os pequenos vícios, em obedecer regras biológicas que o corpo exige e ajustar seus comportamentos afetivos evitando magoar os familiares mais próximos - quando mal percebemos estamos às voltas com a úlcera, a hipertensão, a diabete ou as dores reumáticas. É urgente reconhecermos que todas as doenças, no fundo pertencem à Alma, elas são produtos indesejáveis da nossa mente, antes de se expressarem no corpo físico que as reflete.


Porém, as nossas doenças não podem ser vistas como castigo ou punição. Precisamos descobrir em todas elas uma oportunidade de recomposição das nossas energias espirituais e reconstrução do perispírito que nossa irresponsabilidade permitiu ultrajar. Aprender com o sofrimento pode ser mais doloroso mas, sabendo superar os limites que a dor nos impõe, teremos ganhos inestimáveis.
Todos nós nos posicionamos ansiosos para curar qualquer mal estar que nos afeta. Lamentamos e fazemos mil promessas de renovação diante de uma ou outra doença mais grave. Nos esquecemos, porém, que mais importante que a cura é a iluminação do espírito, seu crescimento diante da dor. As dificuldades com as doenças são provas que nos aprimoram para superar obstáculos. O aprendizado diante das doenças é extraordinário. Não propomos qualquer atitude de estoicismo para suportar resiguinadamente as dores que nos afetam. O sofrimento oferece a oportunidade de superação de autoconhecimento, é esta a lição que está subentendida nas dificuldades que as doenças nos faz percorrer.
Estamos procurando acrescentar o estudo da espiritualidade no atendimento que dispensamos aos nossos pacientes no Instituto do Cérebro. Esta análise pode seguir critérios rigorosamente científicos e contribui para mostrarmos aos doentes que está dentro dele mesmo os recursos para sua cura.
A Espiritualidade pode ser percebida pelo ser humano tanto como uma manifestação subjetiva que o faz crer em sua transcendência como uma dimensão situada além dos limites que seus sentidos sugerem.


Uma avaliação científica destes dois domínios ainda esbarra nos preconceitos religiosos e nas ilusões de teorias pseudocientíficas.
Partindo de pressupostos que estabelecem um paradigma espiritualista, devemos considerar que o ser humano é uma entidade espiritual, sua Alma é imortal e atua e dirigindo toda fisiologia do corpo físico. Esta atuação se exerce através de um corpo intermediário, denominado de corpo espiritual, o qual, estabelece sintonia vibratória com o corpo físico. A Alma pode transitar pelas dimensões do mundo espiritual mantendo uma ligação mais ou menos parcial com o corpo físico e a morte significa a rotura definitiva desta ligação. A Alma desencarnada passa a conviver no mundo espiritual com outros espíritos que a precederam no desencarne. Por sua vez, os espíritos desencarnados participam e atuam constantemente em nossas vidas conhecendo e interferindo inclusive em nossos pensamentos.
A partir destas afirmações, que consideramos fundamentais, podemos enumerar diversos campos de pesquisa que usando metodologia científica podemos investigar:


1 - A psicometria da espiritualidade
2 - As doenças espirituais
3 - As crises psíquicas
4 - Os desdobramentos patológicos
5 - A noção de uma presença




A Espiritualidade



A dimensão espiritual que está implícita na natureza humana é aceita por uns, mas, não por outros. Aquilo que permite alguém ter acesso a esta dimensão poderá não ter nenhum significado para aquele que não admite a sua existência. Cada indivíduo pode ser caracterizado, por sua religiosidade,
suas crenças particulares e práticas relativas a sua religião, sem, no entanto,
manterem um vínculo elevado com  a espiritualidade.
A vivência espiritual comumente é uma experiência subjetiva, individual, particular, que algumas vezes pode ser compartilhada com os outros. Algumas pessoas experienciam sua espiritualidade como um assunto altamente pessoal e privado, focalizando elementos intangíveis que os suprem de vitalidade e grande significado em suas vidas. Espiritualidade não envolve religião necessariamente.
Cada pessoa define sua espiritualidade particularmente. Ela deve ser vista  como um atributo do indivíduo dentro de um conceito complexo e multidimensional. Possivelmente tem alguma coisa a ver com caráter, com personalidade e com cultura.
Para uns, a espiritualidade se manifesta ou é vivenciada em um momento de ganhos materiais prazerosos tão simples como, pisar na relva descalço ou caminhar pela noite solitário, para outros, será um momento de contemplação, de meditação, uma reflexão profunda sobre o sentido da vida, uma sensação de íntima conecção com o que pensa amar ou um contacto psíquico com seres espirituais.





Psicometria da Espiritualidade


Podemos perceber que a  espiritualidade se manifesta em três domínios pelos quais poderemos sistematizar sua avaliação com critérios científicos: os domínios da “prática”, das “crenças” e o da  própria “experiência espiritual”.
Na “prática”, quando se exercita a contemplação, a meditação, a prece ou uma atividade de culto religioso. Esta participação prática pode ser individual ou em grupo. Pode ser expontânea e informal como a que cada um pode  realizar na intimidade do seu lar ou pode seguir os rituais ou a liturgia das casas de oração que as diversas igrejas construíram para o encontro com seus fiéis.
O domínio das “crenças” espirituais varia com a cultura dos povos e inclui a crença na existência de Deus, da Alma, da vida após a morte e da realidade da dimensão espiritual  para além do nosso conhecimento sensorial e intelectual. Está ligada à fé de cada um e nenhum outro pode aquilatar a sua extensão.
Por fim, no domínio da “experiência espiritual” há uma série enorme de situações que parecem sugerir “contacto direto” com a espiritualidade. Incluem-se aqui, por exemplo, aquelas vivências rotineiras, representadas pelo encontro íntimo e pessoal que cada um faz com o transcendente e o sagrado. É o diálogo interior que cada um faz com o seu Deus ou com quem o representa.  Outras “experiências” incluem aqueles quadros freqüentemente mais dramáticos, quase sempre súbitos, acompanhados de forte transformação pessoal que se seguem a um acontecimento psíquico marcante na vida. São casos de envolvimento dramático com acidentes ou situações de alto risco como uma cirurgia cardíaca nas quais o paciente sentiu a ameaça de morte eminente. De maior expressividade ainda, incluem-se , entre outros, os relatos de “experiências de quase morte” (near death experience)  e as “projeções fora do corpo físico” (out of body experience) nas quais, o indivíduo transita com sua consciência por outras dimensões, vivenciando a plenitude da vida espiritual .

A Mediunidade




Podemos afirmar que, em termos de “experiência espiritual”, nada supera a mediunidade. Entre nós, parece que a espiritualidade convive dentro de casa dirigindo cada passo de nossas vidas. Pelos nossos médiuns, os recados do outro lado tem sido tão freqüente, que as portas da morte não isolam mais nosso contacto com os que mais amamos. Estamos diante de um “campo de experimentação” extraordinário onde é corriqueira a comprovação da intercomunicação entre nós e o “outro lado da vida”.





Doenças Espirituais



Assim como a saúde tem a ver com espiritualidade, a doença também tem ligação estreita com ela. Pode-se dizer, na verdade, que toda doença tem uma razão ou uma motivação espiritual. Dentro de um critério que leva em conta a fisiopatogenia das doenças, estamos propondo os seguintes grupos de doença que se expressam como decorrentes de processos espirituais:
1 – Doenças espirituais auto-induzidas
a - Desequilíbrio vibratório
b - Auto-obsessão
2 -  Doença espirituais compartilhadas
a -  Vampirismo
b -  Obsessão
As doenças espirituais auto-induzidas são decorrentes de dois mecanismos fisiopatogênicos: A perturbação na sintonia entre o corpo físico e o corpo espiritual, produzindo sintomas decorrentes deste desequilíbrio vibratório e, a criação de idéias-formas, elaboradas pelo psiquismo doentio, que perturbam o indivíduo às custas do domínio que estas idéias fixas provocam.


Nas doenças compartilhadas ocorre a parceria ou a interferência de outra entidade espiritual. No vampirismo, esta outra entidade espiritual usufrui junto de sua vítima, dos prazeres que atitudes viciadas facilitam, como no uso de drogas, do fumo, do álcool, dos excessos alimentares e dos abusos sexuais.
Na obsessão ocorre uma interferência ou um domínio de uma entidade espiritual sobre suas vítimas, devedores ou comparsas.



Crises psíquicas



Em função de alterações, principalmente nas regiões temporais do cérebro, certos pacientes podem manifestar as chamadas crises psíquica, nas quais eles descrevem vivências subjetivas que tem estreitas ligações com o conteúdo das descrições que os místicos fazem da espiritualidade. Assim é que eles descrevem crises nas quais estão alterados para eles, o tempo, os objetos, a realidade, o pensamento e as sensações. Estas descrições são com freqüência superponíveis ao que informam os místicos quando falam sobre sus percepções sobre  o tempo, a essência dos objetos e a noção de realidade quando transitam pelas dimensões espirituais.






Desdobramentos patológicos



A narcolepsia é uma condição patológica do sono conhecida há mais de um século pelos neurologistas. Estes pacientes fazem relatos de situações vividas durante o surto de sonolência com descrições ricas dos ambientes que transitam durante estas perturbações. A neurologia clássica costuma rotular estes estados de “alucinações hipnagógicas” sem se deter em examinar mais cuidadosamente a possível “realidade” dos episódios vivenciados durante o sono destes pacientes. Na nossa avaliação eles têm muito a nos ensinar sobre as dimensões que compões a espiritualidade que nos envolve.


A noção de uma presença



Pode-se dizer que é uma constatação corriqueira a possibilidade de se perceber uma outra “presença” perto de nós. Esta sensação é freqüentemente vaga, de curta duração e na maioria das vezes não se deixa confirmar.
Situações acidentais ou de doenças tem revelado esta sensações de outra presença com mais intensidade. Assim é que pessoas que se perderam no deserto, em alto mar ou em florestas, tem relatado que num determinado momento se viram como que ajudados por “uma presença” que lhes indicava o melhor caminho a seguir. Na epilepsia, em portadores de foco nos lobos temporais, também é freqüente o relato de uma presença que se aproxima, às vezes com a idéia de dar uma proteção, momentos antes de ocorrer a perda da consciência que configura a crise epiléptica.
Creio eu, que a Medicina materialista dos dias de hoje, precisa abrir-se em busca das causas profundas do nosso sofrimento. Nenhum dos recursos da tecnologia será avançado o suficiente para nos esclarecer, onde está a justiça que distribui tanta dor para uns e poupa outros. A existência da Alma, sua imortalidade e os fundamentos da reencarnação precisam fazer parte, doravante, dos textos que preparam os médicos para o futuro.




NUBOR ORLANDO FACURE, responderá por e-mails ao contato do leitor,
ifacure@uol.com.br
O médico e espírita tem ainda uma página no Facebook
Nubor Orlando Facure

Espírita desde criança, Nubor Orlando Facure é médico, especialista em neurologia, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, e ex-professor titular de neurocirurgia da Unicamp. Pesquisador, escritor e expositor espírita, desenvolve estudos pioneiros aliando a medicina aos conhecimentos espíritas. Em 1990, instituiu na vida acadêmica brasileira o primeiro curso de pós-graduação – Cérebro/Mente, com enfoque nitidamente espiritualista, no Departamento de Neurologia da Unicamp. 




A CARNE É FRACA - POR ALLAN KARDEC


Há tendências viciosas que são evidentemente inerentes ao Espírito, pois que se ligam mais ao moral do que ao físico. Outras parecem antes resultar do organismo e por isto acredita-se que acarretam menos responsabilidade: tais são as predisposições à cólera, á preguiça a sensualidade, etc.

Hoje está perfeitamente reconhecido pelos filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões devem seu desenvolvimento à atividade do Espírito. Esse desenvolvimento é, assim, um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tenha a bossa da música, mas ele tem essa bossa porque o seu espírito é músico.

Se a ação do Espírito influi no cérebro, deve igualmente influir sobre outras partes do organismo. O espírito é assim o artífice do seu próprio corpo que ele modela, por assim dizer, apropiando-o às suas necessidades e  à manifestação das suas tendências. Assim sendo, a perfeição corporal o resultado do trabalho do espírito que aperfeiçoa o seu instrumento na medida que as suas faculdades se desenvolvem.

Por uma consequência natural desse princípio, as disposições morais do Espírito devem modificar as funções sanguineas, dando-lhes maior ou menor atividade, bem como provocar secreções mais ou menos abundantes da bilis ou de outros fluídos. É assim, por exemplo, que o glutão sente a boca encher-se de água ao ver comidas apetitosas. Não é a comida em si que pode excitar os orgãos do gosto, desde que não há nenhum conato. É pois o espírito, cuja a vontade foi despertada, que age pelo pensamento sobre esses órgãos, enquanto para outra pessoa a visão dessa comida não produz nenhum efeito.

É ainda por esta mesma razão que uma pessoa sensível verte lágrimas com facilidade. Não é a existência de lágrimas em abundância que dá sensibilidade ao Espírito, mas é a sensibilidade do Espírito que provoca a secreção abundante de lágrimas. Sob influência da sensibilidade espiritual o organismo apropiou-se a essa disposição natural do Espírito, como o do glutão se apropriou à disposição do seu espírito.

Seguindo esta ordem de idéias, compreende-se que um espírito irascível deve impulsionar um temperamento bilioso, de maneira que um homem não é colérico por ser bilioso(colérico ou genioso), mas é bilioso porque o seu espírito é colérico. Acontece o mesmo com todas as demais disposições instintivas. Um espírito fraco e indolente dará ao seu organismo uma condição de atonia(falta de força) em relação ao seu caráter, enquanto um espírto ativo e enérgico transmitirá ao seu sangue e aos seus nervos disposições bastante diferentes. A Ação do Espírito sobre o físico é de tal maneira evidente, que vemos frequentemente graves desordensorgânicas se produzirem por efeito de violentas comoções morais. A expressão comum: a emoção pôs-lhe o sangue a ferver não é tão desprovida de senso como se poderia pensar. Ora, o que poderia agitar o sangue se não o espírito por suas disposições morais?

Pode-se admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do Espírito, que é causa e não efeito. 
Dizemos em parte porque há casos em que o físico influi evidentemente sobre o moral. É quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do Espírito, como a temperatura, o clima, os vícioshereditários que influem na constituição, um mal estar passageiro, etc. O moral do espírito pode então ser afetadonas suas manifestações pelo estado patológico, sem que a sua natureza própria seja por isto modificada.

Desculpar-se dos seus defeitos com a franqueza da carne é, pois, lançar mão de um sofisma para escapar à responsabilidade. A carne só é fraca quando o Espírito é fraco, o que inverte a questão e deixa ao Espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A Carne, quenão tem pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e dotado de vontade. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos seus instintos, como um artista imprime na sua obra material o selo de seu gênio. O espírito liberto dos instintos da animalidade modela um corpo que não é mais um tirano das suas aspirações de espiritualização. É então que o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer.

A responsabilidade moral dos nossos atos na vida permanece, portanto inteiramente NOSSA. Mas a razão nos diz que as consequências dessa responsabilidade devem estar em relação com o desenvolvimento intelectual do Espírito. Quanto mais ele for esclarecido, menos desculpável será, porque com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.

Esta lei explica os insucessos da Medicina em certos casos. Desde que o temperamento é um efeito e não causa, os esforços feitos para modifica-lo, são necessariamente embaraçados pelos disposições morais do Espírito, que opõe uma resistência inconciente e neutraliza a ação terapêutica. É pois sobre a causa primeira que se deve agir, Daí, se possível, coragem ao poltrão e vereis cessarem os efeitos fisiológicos do medo.
Isto prova mais uma vez a necessidade, para a arte de curar, de levar em CONTA a ação do elemento espiritual sobre o organismo

segue...




(O texto acima foi retirado da obra o Céu e o Inferno de Allan Kardec, também conhecido como A Justiça Divina segundo o Espiritismo, este texto consta também da Revista Espírita de Março de 1869, obras da codificação da Doutrina Espírita)



Allan Kardec, codificou a Doutrina Espírita, escreveu entre os livros iniciais, e as consideradas Obras Básicas 07 Livros, foi editor chefe, e diretor da Revista Espírita, Maçon, Católico, Professor, educador referência até hoje na França onde suas técnicas ainda são utilizadas no ensino Nacional, porém  com seu nome original Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Kardec é fonte inspiradora para o verdadeiro espírita, sem ele, não existe espiritismo, foi um escolhido um missionário, que abriu todos os portais da outra dimensão, da vida além da vida.