sábado, 31 de agosto de 2013

A FÉ RACIOCINADA - Por Alex Bonafini

Eis por que vos digo: Não vos inquieteis por saber onde achareis o que comer para sustento da vossa vida, nem de onde tirareis vestes para cobrir o vosso corpo. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?
Olhai as aves do céu: elas não plantam, não colhem, nem amontoam em celeiros; mas, vosso Pai celestial as alimenta. Não sois muito mais do que eles? - e qual, dentre vós, o que pode, com todos os seus esforços, aumentar de um côvado a sua estatura?
Por que, também, vos inquietais pelo vestuário? Observai como crescem os lírios dos campos: não tecem, nem fiam; - entretanto, eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. - Ora, se Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira a erva dos campos, que existe hoje e amanhã será lançada na fornalha, quanto maior cuidado não terá em vos vestir, ó homens de pouca fé!
Não vos inquieteis, pois, dizendo: Que comeremos ou o que beberemos? Ou de que nos vestiremos? - como fazem os pagãos, que andam à procura de todas essas coisas; porque vosso Pai sabe que tendes necessidades delas.
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. - Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal.(MATEUS, cap. VI, vv. 19 a 21 e 25 a 34.)






1) O QUE É A FÉ?:
Fala-se muito da fé, muitos asseveram que a tem. Outros dizem que ela tem de ser inabalável, que não pode ser cega. Afinal, o que é ter fé?
Em Hebreus 11:1, talvez exista o significado mais completo: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”.
A fé é a convicção de que algo que se espera acontecerá.
Resultante da maturidade psicológica e espiritual do ser, é a certeza que traz a calma e a mansidão, sem trazer o comodismo asfixiante, alienando quem a tem.
Assevera Kardec: “A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer.”
A fé possui graduações, que foi explicada de forma profunda por Jesus em A Parábola do Semeador, onde utiliza-se do simbolismo dos terrenos diversos em relação a fé de cada um.



Existe a fé cega, que coloca a crença acima da razão, obliterando os sentidos, mais prejudicando que beneficiando quem dela faz uso e quem a recebe como verdade absoluta.
Por outro lado, existe a fé vacilante, que em realidade não poderia ser chamada de fé, haja vista ter como característica dominante a falta de convicção naquilo que se pensa, que se diz ou que se faz, logo conclui-se que não é fé, sendo essa falsa fé a mais comum entre os diversos crentes.
Enfim, existe a fé robusta, raciocinada, que coloca a razão acima das crenças pessoais, averiguando sua lógica, transformando-a em sentimento inquebrantável, inabalável.
Torna-se necessário fazer uma distinção entre a fé divina e fé humana.






2) A FÉ HUMANA E A FÉ DIVINA:

A fé é humana quando é o mecanismo de confiança em algo que se possa alcançar referente às necessidades materiais.
O homem de ciência que desenvolve algum experimento, tecnologia e ou medicamento, tem fé que alcançará seu escopo. Acredita que chegará ao seu objetivo. São missionários pois levam aonde estão o progresso e benefícios incontáveis. Mas só conseguem, pois acreditam.



Thomas Alva Edison é o maior exemplo da fé humana. Vindo de uma infância de dificuldades, se esforçou e tendo fé em suas próprias forças, se tornou num dos mais importantes inventores de todos os tempos. Patenteou nada mais, nada menos que 2332 inventos, entre eles o contador automático de votos, o fonógrafo e a lâmpada incandescente. Disse a respeito de seus fracassos no desenvolvimento de seus inventos:  
“Eu não falhei. Eu descobri 10.000 formas que não funcionam.”
A fé divina é aquele que é inerente ao homem. Ele a traz em seu íntimo, como verdade absoluta, subconscientemente, fruto de seu desenvolvimento espiritual. É aquela que crê em um ser superior, pois nunca houve uma nação atéia. Todas criam em algo ou alguém. Traz a fé no futuro, traz esperança e consolação, nos fortalece nas dificuldades, nos consola nas dores mais profundas. Alça a alma imortal a

níveis superiores e diz de forma silenciosa que somos filhos de Deus, herdeiros do universo.





3) O PODER DA FÉ:


Disse o Cristo, com propriedade, que aquele que tem fé, pode mover montanhas. Em seu encontro com o centurião vemos o seguinte: "Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião e rogou-lhe: Senhor, o meu criado az em casa paralítico, padecendo horrivelmente. Disse-lhe: eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; mas dize somente uma palavra e o meu criado há de sarar. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Jesus ouvindo isto admirou-se e disse aos que o acompanhavam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. E digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente, e hão de sentar-se com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos Céus; mas os filhos deste reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e como crêste, assim te seja feito. E naquela mesma hora sarou o criado."
Qual médico, diria Eu irei curá-lo? Via de regra dizem: Eu irei tratá-lo! Esse é o poder da fé. Fé inquebrantável. Fé com obras. Fé que transforma.
O médium com fé, é instrumento predileto dos imortais, capaz de obras engrandecedoras. Na psicografia e na psicofonia dá a se conhecer pela segurança do intermediário, pela lucidez e pelos resultados, posto que instrumento, sem fé, impede a mensagem ou pelo menos a oblitera, desde que responsável pela sua divulgação.
O passista sem fé é improdutivo. Aquele que tem fé, pode realizar maravilhas que consideraríamos como milagres. Vede Jesus.
O esclarecedor tem fé em suas palavras e na sua intuição, sabendo que terá capacidade para conduzir o sofredor para o caminho melhor.
O mestre tem fé que mudará o destino do aluno. O orador que transformará a vida do público que n'ele tem fé.


Porém uma coisa é ter fé. Outra bem diferente é tê-la e colocá-la à disposição do mecanismo da vida, tornando-se um seareiro da Vinha do Mestre. Vejamos o que diz Thiago
:
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Por ventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. E algum de vós lhe disser: ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derem as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém : tu tens a fé, e eu tenho as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”
Essa é a fé verdadeira, que faz acontecer. A fé altruísta, que trabalha pelo progresso e pela consolação.
A fé morta, de boca e sentimento, que não se materializa, é fé egoísta, que não visita a doença em seu leito, mas que a imagina e acredita que alguém ou o Criador possam fazê-la, menos o próprio crente. Não é melhor arregaçar as mangas e trabalhar, acreditando?







4) A FÉ INABALÁVEL, MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE:


Asseverou Kardec: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Pois desde que temos a fé lúcida, baseada em verdades, não em dogmatismos ou regras criadas e impostas com o escopo de dominância, estamos de posse da verdade una, aquela que torna-se inquebrantável em todas as épocas e em meio a todos os povos. É regra básica em qualquer um dos sóis criados por Deus, nosso Pai.
Dizem uns: Se Deus quiser! Os que assim se expressam colocam em Deus a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de sua empreitada. Frase retrógrada e que muitos falam sem pensar.
Outros dizem: Deus sabe o que é melhor para nós! E nós sabemos? Trabalhamos pelo melhor? Nos qualificamos para darmos nosso melhor ou colocamos nas mãos de Deus esquecidos que Ele nos deu uma virtude maravilhosa: o livre-arbítrio.



O verdadeiro crente é aquele que crê no Pai, em Suas leis eternas, e que trabalha com afinco para mudar o mundo, crente que o Criador incriado o secundará em seus labores elevados.
Sendo fé inabalável, propicia a esperança, pois que crê e aquele que crê não se perde em tormentos e perturbações.
E, automaticamente, sendo esperança, pode se dar, pois ninguém pode dar o que não tem e, desde que entregamos a esperança e a fé a alguém, especialmente com obras, estamos materializando o amor, transformando-o em caridade.
A falta de fé produz os transtornos, as dores diversas, os crimes e as desgraças, que são frutos sazonados da vacilação e da dúvida. Provoca a ansiedade e a angústia, mães da violência e do terror. A fé por outro lado acalma e engrandece, tornando seu portador dono de si mesmo, crente em suas forças e na sua filiação divina.
Que sejamos a figueira com frutos, para que não venhamos a secar sem ter tido o privilégio de sanar a fome de alguém, pois, em verdade, a árvore é reconhecida pelos seus frutos.
Alex Bonafini, espírita, médium pesquisador, é palestrante 
dirigente espírita na União Espírita de Piracicaba e seguidor
da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, é 
colaborador deste BLOG.

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