segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O NASCIMENTO DE JESUS - POR RICHARD SIMONETTI




         Segundo narra o Evangelista Lucas (capítulo II), Augusto César, imperador romano, decretou um recenseamento na Palestina, sob a orientação de Quirino, governador da Síria.
O principal objetivo, óbvio, era fiscal. Roma, a grande senhora que dominava o Mundo, desejava saber quantos potenciais pagadores de impostos sustentavam a riqueza e a boa vida de sua aristocracia.
         Os judeus deveriam ser recenseados em sua cidade de origem, o que provocou invulgar movimento nas estradas e nas cidades. José, que morava com Maria em Nazaré, era natural de Belém. Viu-se, portanto, na contingência de uma viagem que demandava perto de cinco dias.
         A estalagem, previsivelmente, estava lotada. O casal acomodou-se num estábulo, provavelmente na periferia. A tradição fixou o local como uma gruta e inseriu um boi e um asno, não presentes no relato de Lucas, que é extremamente lacônico.



         Informa o evangelista, com absoluta economia de palavras, no versículo 7:…e teve um filho primogênito, e o enfaixou e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
         Quanto ao mais, funcionou a imaginação. Envolver a criança em faixas era um costume hebreu que tinha por objetivo não apenas aquecer a criança, mas também limitar seus movimentos. Acreditava-se que isso garantiria braços e pernas fortes e sem problemas.
         Nesse ínterim, pastores que cuidavam de seus rebanhos, nas cercanias de Belém, foram visitados por um anjo. Este os informou de que o emissário divino, aguardado com grande expectativa pelo povo judeu, chegara finalmente. Haveriam de encontrá-lo numa manjedoura, envolto em panos. Outros anjos apareceram e, num coro celestial, entoaram em glorioso cântico, a proclamação: Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade.
         Partindo ao encontro de Jesus, os pastores o encontraram como fora indicado e lhe renderam homenagens.




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         Temos aqui, caro leitor, em breves palavras, o nascimento de Jesus, comemorado festivamente em 25 de dezembro, data magna do Cristianismo, o acontecimento mais marcante da História.
         No Natal, que significa nascimento, há um clima de esperança e fraternidade nas comunidades cristãs. Jesus parece mais próximo dos homens. O correto seria dizer que estamos mais perto dele, ante a mística natalina, a exortar a boa vontade, a vontade de ser bom.
                                               ***
         A narrativa atribuída a Lucas é bela e poética, mas a exegese bíblica sugere que não guarda fidelidade aos fatos. Começa com o recenseamento. É estranho que os habitantes da Palestina, perto de um milhão de judeus, se submetessem ao censo na cidade de seu nascimento. Por que não na localidade onde residiam, como manda a boa lógica? Dá para imaginar a confusão resultante, absolutamente desnecessária.




         Muitos exegetas afirmam que Jesus nasceu em Nazaré. A narrativa introduzida no Evangelho de Lucas teria por objetivo dar cumprimento a antiga profecia judaica, segundo a qual o enviado divino nasceria em Belém. Daí a suposta viagem no controvertido censo.
                                               ***
         Jesus foi tão importante para a História, que a dividiu o calendário: antes e depois dele. Por isso contamos os anos a partir de seu nascimento, nos dois sentidos do tempo linear.
Augusto César, por exemplo, nasceu no ano 63 a. C. (antes de Cristo), e morreu em 14 d. C. (depois de Cristo). Usa-se, também, no segundo caso, a abreviatura a. D. do latim anno Domini (no ano do Senhor).
Essa mudança ocorreu no século VI, a partir dos cálculos efetuados por Dionísio, um monge e escritor cristão que, em face das limitações de seu tempo, errou em alguns anos. Sabemos hoje que Jesus nasceu aproximadamente quatro a seis anos antes da data fixada.
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         Desconhece-se o dia exato do nascimento de Jesus. 
No século IV as autoridades religiosas optaram por 25 de dezembro, que marcava o início das festas populares da primavera, a suceder o inverno. Era a vida recomeçando após a morte simbolizada pelos meses frios. Considerava-se o nascimento de Jesus o marco do renascimento espiritual da Humanidade, assim como o dia sucede a noite e a vida sucede a morte.
         As dúvidas que envolvem o natalício do Senhor, longe de tirarem o brilho e a beleza do Evangelho, apenas demonstram que não devemos nos deter em detalhes dispensáveis.
Centralizemos nossa atenção no que há de relevante em seu nascimento, destacando o objetivo de sua missão.
         Ele veio ensinar como construir o Reino Divino, a partir do alicerce fundamental – o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.





         Em boa lógica, sob o ponto de vista humano, Jesus deveria ter nascido filho do imperador romano.
         Assim desfrutaria do necessário poder para o desempenho da grandiosa missão, impondo sua mensagem aos homens. As legiões romanas seriam a garantia do cumprimento de suas determinações.
         Nada disso aconteceu. Jesus preferiu nascer numa das mais obscuras províncias do império, à distância do poder, filho de humilde carpinteiro. Situou-se tão longe de Roma, palco dos acontecimentos marcantes da época, que a História praticamente o ignorou.
         Por que semelhante escolha? Para entender isso, consideremos o fato fundamental que distingue Jesus dos líderes religiosos em geral: ele foi o único que, em todas as circunstâncias, exemplificou sua mensagem. Viveu seus ensinamentos.
         Contemplamos assombrados, na vida dos grandes líderes religiosos, fundadores de religiões, flagrantes contradições entre o que pregavam e a realidade de seu dia a dia. A mensagem que traziam parecia maior que eles, incapazes de superar as limitações de seu tempo. Pesava em seus ombros.
         Com Jesus foi diferente. Ele foi tão grande quanto sua mensagem e a vivenciou inteiramente. Ensinava que os homens são todos irmãos, filhos do mesmo Deus, pai de amor e misericórdia. Por isso não discriminava ninguém, nem recusava a convivência com a chamada gente de má vida, proclamando que os sãos não precisam de médico.



         Ensinava que devemos fazer ao próximo o bem que gostaríamos nos fosse feito, e passou seu apostolado a atender necessitados de todos os matizes, curando enfermos do corpo e da alma.
         Ensinava que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, sempre, e jamais asilou ressentimentos ou mágoas, mesmo contra os piores adversários. Culminou por perdoar seus algozes na cruz.
E ao retornar à convivência dos discípulos, na gloriosa materialização, longe de admoestá-los por tê-lo abandonado no momento extremo, simplesmente os saudou com o carinho de sempre – a paz esteja convosco, convocando-os depois à gloriosa disseminação de seus princípios. 
         Empenhado em demonstrar, desde o primeiro momento, que o caminho para Deus passa pelo despojamento dos interesses humanos, das ambições, do comprometimento com o poder e com a riqueza, preferiu nascer filho de um humilde carpinteiro, no seio de um povo sem expressão no contexto de Roma.
         Exemplificava, assim, uma lição ainda não assimilada pela Humanidade: o valor de um homem não pode ser medido por sua origem, por sua profissão, pelo dinheiro, pela posição social, pelo poder que acumula, mas pelo seu empenho em contribuir para a harmonia e o bem-estar da sociedade em que vive, seja ele o presidente da república ou o mais humilde trabalhador braçal.


         Por isso, em qualquer tempo, sempre que nos detivermos na apreciação do nascimento de Jesus, não importa saber se as informações de Lucas são rigorosamente exatas; se Jesus nasceu em Belém ou Nazaré; se foi no ano um ou antes; se em dezembro ou noutro mês.
         Devemos avaliar, isto sim, se já iniciamos uma nova contagem do tempo em nossa vida. Se já podemos comemorar o anno Domini, aquele ano decisivo do nascimento de Jesus em nossos corações.
         É fácil saber. Considerando que sua mensagem sintetiza-se no espírito de serviço em favor do bem comum, basta avaliar quanto de nosso tempo fazemos um tempo de servir.









     
Richard Simonetti, é um dos escritores espíritas, mais amado deste País, colaborador , nascido na cidade Bauru - SP, é membro da ACADEMIA DE LETRAS daquela cidade, escritor, médium, espírita, foi um dos que mais contato teve com Chico Xavier, inúmeros livros, colabora para Jornais, editoras, revistas de divulgação, tem seu site próprio www.richardsimonetti.com.br, se tornando aos 79 anos num grande colaborador da Doutrina Espírita de acordo a codificação de Allan Kardec, no último dia 15 de Dezembro, acertou com a editoria deste blog sua colaboração semanal para os espíritas de todo o Brasil.
O autor, mantém uma página no Facebook Richard Simonetti, e estará recebendo e-mails sobre este texto e outros assuntos que a comunidade espírita e não espírita queira trocar com o companheiro de jornada.



Richard Simonetti
Richardsimonetti@uol.com.br

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