Todo estudante, que não se aventura pelas trilhas inseguras do “ouvir dizer”, todo aquele que se pauta pela responsabilidade no estudo perseverante e grave da obra codificada, tem, por assim dizer, menos propensão a ser enganado ou mesmo de compreender errado o que a Doutrina dos Espíritos lhe trás, como conteúdo facilitador de sua própria modificação. Mesmo assim, há vezes em que as ebulições dos “modistas do movimento espírita”, fazem tal alarido que seus adeptos, ineptos e incoerentes, conseguem haurir alguns adeptos, estes incultos e ignorantes da seara espírita. Peço aos amigos leitores, prudência e perspicácia, no julgar destes adjetivos que usei acima, visto que, a tônica do açodamento, faz com que se use do preconceito para o entendimento do que se quis passar. Têm minhas palavras, somente o condão de explicitar que um ser inculto é aquele que não objetivou esforços em busca de se assomar da cultura, sobre uma classe de pessoas, sobre um tipo de cometimento próprio de uma raça, quer mesmo sobre qualquer das doutrinas existentes, inclusive e principalmente a nossa, a Doutrina Espírita. Também o vocábulo ignorante se presta a apontar, aqueles que não conhecendo sobre os mesmos pontos acima descritos, deles não os conhecem e por isso recebem o designativo de ignorantes, logo, o ignorante não é como muitos pensam, um imbecil, que quer dizer sobre adoecimento, nem um grosso, que tem a ver com educação e não com erudição, assim, ignorar, repercute explicar, que se preste somente a não saber, sobre isso ou aquilo. Feitas as devidas explicações que reputo fossem pertinentes, passemos então a crítica que vocês deverão fazer deste pequeno estudo, que reflete não só minha preocupação sobre o ponto “Fluidos”, constante em “A Gênese” mas, também a necessidade não menos exponencial, em importância a de demonstrar a incoerência de algumas colocações que encontramos em apostilas que num afã de fazerem o melhor, no que tange a facilitar o entendimento da doutrina, abordam o tem sob o luzir do conhecimento de Espíritos outros, que não os Reveladores, se esquecendo que estes não têm sob suas opiniões pessoais, o condão validador do C.U.E.E. nem o caráter da Revelação Espírita, conforme indicação inscrita ao item dois da introdução ao “Evangelho Segundo o Espiritismo.” Isto posto passemos ao estudo. Em A Gênese: Capítulo XIV – Os Fluidos: - O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas.
O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes. - Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os mundos. Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado em comparação com a Terra, como um orbe onde a vida corpórea não apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais quintessenciada do que aqui. Ora, assim como não poderíamos existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com o perispírito terrestre que os reveste. Emigrando da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar. - A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito.
Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel prazer, pelo que não podem passar, a vontade, de um mundo para outro.(¹) Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.
(¹)Há um grupamento de pessoas, que abandonaram a doutrina, mas que vendo um campo fértil ao lucro fácil, por uma espécie de literatura paralela e descompromissada com os fundamentos doutrinários, vem por afirma que se o Espírito encarnado quiser, pode “se desdobrar”, e ir a qualquer lugar, mesmo a mundo s mais adiantados. A afirmação em si, se tomada pelo confronto com as disposições doutrinarias, não faz nenhum estrago, porém como entre os do movimento espírita muitas há que não estudam e que por malsã preocupação para com os modismos, trás ao meio do movimento, essas informações, que de tanto derem repetidas acabam por serem tidas como verdades. Na verdade não passam de corruptelas da verdade assinalada pela obra legada por Kardec, não guardando desta, no entanto, nem a mais pálida figura. Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre. É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se aos habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes. Tais Espíritos trazem consigo, não o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões donde vieram e que, em pensamento, eles vêem. São videntes entre cegos.(²) (²)Naturalmente, a explicação dos Espíritos dá-se, evidenciando não a classe dos Puros Espíritos, posto que essa “categoria mais elevada” da qual eles alertam, é a que foi titulada mais acima, linhas antes, ou seja, a dos Espíritos Superiores. Os Espíritos chamados a viver em certo meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna. O Espírito produz aí, sempre por comparação e não por assimilação, o efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas que sua natureza pode assimilar. O envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.(³) (³) A par de tantos “apelidos que alguns já colocaram no perispírito, o de “Corpo Espiritual”, é o que menos lhe cai bem, já que sendo apenas do Espírito, um apêndice que lhe proporciona interação com o mundo físico e como se sutiliza, conforme se moraliza o Espírito, melhor seria, que ao se escolher não o chamar de perispírito, o chamássemos de, com menor erro, “corpo moral do Espírito.” O meio está sempre em relação com a natureza dos seres que têm de nele viver: os peixes, na água; os seres terrestres, no ar; os seres espirituais no fluido espiritual ou etéreo, mesmo que estejam na Terra.
O fluido etéreo está para as necessidades do Espírito, como a atmosfera para as dos encarnados. Ora, do mesmo modo que os peixes não podem viver no ar; que os animais terrestres não podem viver numa atmosfera muito rarefeita para seus pulmões, os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão dos fluidos mais etéreos. Não morreriam no meio desses fluidos, porque o Espírito não morre, mas uma força instintiva os mantêm afastados dali, como a criatura terrena se afasta de um fogo muito ardente ou de uma luz muito deslumbrante. Eis aí por que não podem sair do meio que lhes é apropriado à natureza; para mudarem de meio, precisam antes mudar de natureza, despojar-se dos instintos materiais que os retêm nos meios materiais; numa palavra, que se depurem e moralmente se transformem. Então, gradualmente se identificam com um meio mais depurado, que se lhes torna uma necessidade, como os olhos, para quem viveu longo tempo nas trevas, insensivelmente se habituam à luz do dia e ao fulgor do Sol.(⁴) (⁴)Este ensinamento, encontrado a meio do capítulo XIV de A Gênese, “OS Fluidos”, demonstra com o aval do C.U.E.E. a impossibilidade de um Espírito menos evoluído, “ir trabalhar”, em regiões mais etéreas, ou mesmo, “ajudar a levar”, outro Espírito também da mesma hierarquia, para ser tratado em outro local mais evoluído, o que derroga todas as “verdades” prometidas pela Apometria. Mais ainda, joga por terra as afirmativas levianas de que algumas pessoas, fazem sobre a emancipação da alma em estado consciente, ou seja, sobre a Projeciologia consciente. Esta além de tratar-se de qualidade anímica especialíssima, não dá qualidades morais ao Espírito que os faça poderem entrar em mundos superiores ao seu. Sobre a transmissão de energias ou magnetismo: Tem conseqüências de importância capital e direta para os encarnados a ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem os Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o grau da perfeição moral destes. Fora impossível fazer-se uma enumeração ou classificação dos bons e dos maus fluidos, ou especificar-lhes as respectivas qualidades, por ser tão grande quanto a dos pensamentos a diversidade deles. Os fluidos não possuem qualidades sui-generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio(⁵), como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos. Também carecem de denominações particulares. Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem. Notem mesmo esse excerto que aqui coloco: O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes. (⁵) Estes itens que se expõe nesse momento, trazem a baila um “artigo de fé” Espírita, quase um dogma para alguns, que depositam no passe, a certeza de que por ele se operem curas até do câncer, uma afirmação não verdadeira, que começa errada porque promete cura que a doutrina não prevê.
Se bem pode o magnetizador, ou seja, aquele que impõe as mãos, trabalhar, sem nem pensar em trazer a si o concurso dos bons Espíritos, quando se trata do “Passe Espírita”, que não foi invenção nem dos Espíritos Reveladores, nem do codificador, haveremos de pensar na transmissão dos fluidos, e já ao começo destes itens, descobrimos que tais fluidos, que não possuem qualidades sui-generis, têm-nas modificadas pela qualidade, boa ou má dos eflúvios ambientais existentes no meio. Ora, por não serem os homens senão Espíritos encarnados, a qualidade de seus pensamentos, matizados de ódio, inveja, ou de bondade e elevação moral, podem modificar para o bem ou para o mal a natureza dos fluidos emitidos pelo magnetizador. Não há milagres, não existem sortilégios, o passista não é um semi-deus, é apenas uma pessoa que se doa, e que deve se manter sempre em posição alteada de pensamento e moral ilibada para que a qualidade de seus eflúvios fluídicos, seja sempre do melhor matiz. Essa posição mental/moral, não é por mais que se pense, apanágio do passista, ela deve ser a que esteja em maioria não só na Casa Espírita, na hora do passe, mas em qualquer hora do dia, posto que é no dia a dia, que exemplificamos nossa transformação. O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral, fato este que só o Espiritismo podia tornar compreensível.(⁶) O homem o sente instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas, onde sabe que pode haurir novas forças morais, podendo-se dizer que, em tais reuniões, ele recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do pensamento, como recupera, por meio dos alimentos, as perdas do corpo material. É que, com efeito, o pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais e, conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira tal que o homem precisa retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior. (⁶)Somente a doutrina Espírita poderia, dentre as doutrinas Espiritualistas, promover esse aprendizado sobre tema tão importante. Sabermos que o pensamento atua sobre o meio, é muito vago, nesse sentido foi que os Espíritos Reveladores, sabendo chegados os tempos, em Kardec depositaram a confiança em ver bem traduzidas suas palavras e ensinos. É dessa maneira que a doutrina se propaga, e por isso a importância de existir, um meio de validar as colocações dos espíritos.
A análise, a observação atenta, o enforque trazido da ciência dirá mundana, todos estes misteres, enfim, só poderiam coexistirem se houvesse, para certificá-los, e da parte dos Espíritos Superiores, um elemento que trouxesse, do mundo espiritual o consenso destes, sobre toda a exposição. Pois bem, esse elemento existe e vem disposto no item dois da introdução a obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, sob o título, de “Autoridade da Doutrina Espírita”, “Controle Universal do Ensino Espírita”. Já a me despedir dos amigos, deixo aos amigos a bibliografia deste pequeno estudo. Muita paz.
BIBLIOGRAFIA - Kardec Allan A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo – Capítulo XIV – Os Fluidos – Apostila IDE-JF/CVDEE baseado no COEM do Centro Espírita Luz Eterna (Paraná)
Moura Rêgo, é advogado, espírita e palestrante, um dos pesquisadores e divulgadores mais respeitados do Rio de Janeiro, participa da Chats Nacionais, debatendo e ensinando a doutrina sob a codificação de Allam Kardec, a partir de hoje é colaborador do blog espiritistmo Piracicaba.
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Nota do editor: Alguns encontros espíritas tem hora e tempo marcado, estamos trazendo vozes que se afastaram do Movimento Espírita Brasileira, líderes que formaram opiniões em todos os Estados, alguns que estiveram em momentos chaves da história da doutrina nestes últimos 50 anos, Moura Rêgo, vem se juntar a um time que já tem Nubor Orlando Facure, Paschoal Nunes, Alamar Régis Carvalho, Marcelo Henrique, Julio Rosolém, Pedro Camilo, Divaldo Pereira Franco, José Medrado, Orson Peter Carrara, e que acaba de acertar com Carlos Imbassahy que vai nos escrever direto dos Estados Unidos, também chega Roosevelt Thiago, para somar a estes nomes tradicionais, e os novos que lutam para manter a doutrina nos preceitos de Kardec, como Alex Bonafini, Rogerio Sarmento, que já escrevem ao meu lado aqui, que a espiritualidade amiga continue trazendo estes guerreiros do passado desta doutrina já que estamos divulgando, aguardamos ainda o Jorge Rizzini, o Sergio Aleixo, Richard Simonneti, já convidados, e que devem se pronunciar esta próxima semana.
Nossa missão aqui, é dar espaços aos Guerreiros da doutrina como eu chamo, aqueles que já estão se aposentando outros aposentandos, nesta hora grave do MEB (Movimento Espírita Brasileiro), hora de reconstruirmos esta amada doutrina tão dividida entre espíritas e espiritualistas....
David Chinaglia
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