sábado, 16 de fevereiro de 2019

O MARAVILHOSO E SOBRENATURAL (da obra O que é o Espiritismo) - ALLAN KARDEC



Das obras básicas de Allan Kardec, por motivos de falta de conhecimento doutrinário, conceitual religioso, sim, 40% pelo menos dos Centros Espíritas no Brasil, são ligados fortemente a Doutrina Católica, ou mesmo, por falta absoluta de interesse, a obra O QUE É O ESPIRITISMO, pouco foi estudada, das várias editoras que li, estudei, pela tradução indico a da Editora Lake, até por ser a versão que tem J.Herculano Pires.

Este livro é uma introdução aos conceitos do Espiritismo e ao conhecimento do mundo invisível, um resumo da Doutrina Espírita, além de esclarecimentos em relação às principais dúvidas e objeções mais comuns que se levantam em relação à Doutrina Espírita.

Divide-se em 3 capítulos: o primeiro, sob a forma de diálogos com um crítico, um céptico e um padre, traz respostas àqueles que desconhecem os princípios básicos da Doutrina, bem como apropriadas refutações aos seus contraditores; o segundo capítulo expõe partes da ciência prática e experimental.

Kardec na obra não busca resumir, como muitos falaram, mas, dar ao espírita, importantes citações do que revelou o Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns, dando ao pesquisador, e ao leitor, maiores motivos para ler as obras básicas do Espiritismo.


O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL



V. — O Espiritismo tende, evidentemente, a fazer reviver as crenças fundadas no maravilhoso e no sobrenatural; ora, no século positivo em que vivemos, isto me parece difícil, porque é exigir que se acredite nas superstições e nos erros populares, já condenados pela razão. 


A. K. — Uma idéia só é supersticiosa quando falsa; mas cessa de o ser desde que passe a ser uma verdade reconhecida. 

A questão está em saber se os Espíritos se manifestam, ou não; ora, isso não pode ser tachado de superstição, antes de ficar provado que não existem espíritos. 

Direis: a minha razão não aceita essas comunicações; porém, os que crêem e que não são nenhuns mentecaptos invocam também as suas razões e, além disso, os fatos; para que lado se deve pender? O grande juiz, nesta questão, é o futuro — como tem sido em todas as questões científicas e industriais classificadas como absurdas e impossíveis em sua origem. 

Pretendeis julgar a priori segundo a vossa opinião; nós só o fazemos depois de, por muito tempo, ter visto e observado. Acresce que o Espiritismo esclarecido, como o é hoje, procura, ao contrário, destruir as idéias supersticiosas, mostrando o que há de real ou de falso nas crenças populares, denunciando o que nelas existe de absurdo, fruto da ignorância e dos preconceitos. 

Vou mais longe e digo que é precisamente o positivismo do nosso século que faz com que adotemos o Espiritismo, e que este deve, em parte, àquele a rapidez da sua propagação, antes que, como alguns pretendem, a uma recrudescência do amor ao maravilhoso e ao sobrenatural. 

O sobrenatural desaparece à luz do facho da Ciência, da Filosofia e da Razão, como os deuses do paganismo ante o brilho do Cristianismo. Sobrenatural é tudo o que está fora das leis da Natureza. O positivismo nada admite que escape à ação dessas leis; mas, porventura, ele as conhece a todas? 

Em todos os tempos foram reputados sobrenaturais os fenômenos cuja causa não era conhecida; pois bem: o Espiritismo vem revelar uma nova lei, segundo a qual a conversação com o Espírito de um morto é um fato tão natural, como o que se dá por intermédio da eletricidade, entre dois indivíduos separados por uma distância de cem léguas; o mesmo acontece com os outros fenômenos espíritas. 

O Espiritismo repudia, nos limites do que lhe pertence, todo efeito maravilhoso, isto é, fora das leis da Natureza; ele não faz milagres nem prodígios, antes explica, em virtude de uma dessas leis, certos efeitos, demonstrando, assim, a sua possibilidade. Ele amplia, igualmente, o domínio da Ciência, e é nisto que ele próprio se torna uma ciência; como, porém, a descoberta dessa nova lei traz conseqüências morais, o código das conseqüências faz dele, ao mesmo tempo, uma doutrina filosófica. 

Deste último ponto de vista, ele corresponde às aspirações do homem, no que se refere ao seu futuro; e como a sua teoria do futuro repousa sobre bases positivas e racionais, ela agrada ao espírito positivo do nosso século. 

É o que compreendereis, quando vos derdes ao trabalho de estudá-lo. (O Livro dos Médiuns, cap. II, Revue Spirite, dezembro de 1861, pág. 393, e janeiro de 1862, pág. 21.

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