“23 – Por isso o reino dos céus
é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos. - 24
-Tendo começado a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.-
25 - Não tendo, porém, o servo com que pagar, ordenou o seu senhor que fossem
vendidos ele, sua mulher, seus filhos e tudo quanto possuía, e que se pagasse a
dívida.- 26 - O servo, pois, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Tem
paciência comigo, que te pagarei tudo.- 27 - O senhor teve compaixão daquele
servo, deixou-o ir e perdoou-lhe a dívida.- 28 - Tendo saído, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem denários; e
segurando-o, o sufocava, dizendo-lhe: Paga o que me deves. – 29 - Este,
caindo-lhe aos pés, implorava: Tem paciência comigo, que te pagarei. – 30 -
Ele, porém, não o atendeu; mas foi-se embora e mandou conservá-lo preso, até
que pagasse a dívida. – 31 -Vendo, pois, os seus companheiros o que se tinha
passado, ficaram muitíssimo tristes, e foram contar ao seu senhor tudo o que
havia acontecido. – 32 - Então o seu senhor, chamando-o, disse-lhe: Servo
malvado, eu te perdoei toda aquela dívida, porque me pediste; - 33 - não devias
tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive de ti? – 34 - Irou-se
o seu senhor e o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. –
35 - Assim também meu Pai celestial vos fará, se cada um de vós do íntimo do
coração não perdoar a seu irmão.
(Mateus, XVIII – 23, 35).
INTERPRETAÇÃO
Que
o Meigo Rabi da Galiléia ilumine vossos espíritos para todo o sempre.
Graças
à misericórdia divina, aqui estamos para continuar estudando e recordando as
sábias parábolas de que se serviu o Mestre para chegar aos corações
empedernidos da humanidade.
E
eis que, dois mil anos são passados e muito já se debateu, mas foi por tão
poucos guardados e por pouquíssimos exemplificado.
Como
sabeis, o rei poderoso é o Pai de todas as coisas. Criador do Universo.
Distribuiu Ele Seus filhos pelas diversas moradas do Seu reino. Cercou-os de
todo cuidado. Deu-lhes parte de Si próprio para que encontrassem dentro de si o
lado bom a ser cultivado e desenvolvido. E à humanidade se fez presente no orbe
terrestre.
Uma
vez integrado o homem no corpo físico, esqueceu a sua eterna morada e Aquele a
quem devia retribuir o muito que tinha recebido. O homem veio e, sem querer
agradecer as maravilhas que lhe foram concedidas, expandiu e desenvolveu o seu
lado negativo. Fez ouvidos surdos aos apelos do Senhor e, malbaratando a
fortuna de bens recebidos quando no momento de prestar contas, nada tinha para
oferecer. Ao contrário, malbaratara todas as bênçãos e, por isso, ficou ele
sendo duplamente responsável por não ter cuidado de tudo aquilo de que recebera
a incumbência de guardar, cuidar e expandir.
No
momento de se apresentar ao seu senhor, apelou para as lágrimas e, humilde,
atirou-se-lhe aos pés.
Infelizmente,
todos nós assim procedemos.
Todos
nós nos esquecemos de agradecer a Deus a Sua bondade de nos conceder outras
oportunidades para renovarmos o nosso eu espiritual, mas o Senhor é bondoso e
perdoa a Seus filhos.
O
poderoso amo, como magnânimo advogado, pela primeira culpa, absolveu o réu e
este partiu feliz. Mais adiante encontrou ele quem lhe devesse. E o que fez?
Exigiu, prendeu, maltratou, sem olhar para dentro de si mesmo porque na hora do
julgamento alheio se olhássemos com amor para dentro de nós próprios, se
ouvíssemos a voz da consciência, quantas atitudes erradas seriam impedidas,
quantos crimes não deixariam de ser executados, quantos corações não seriam
tangidos pela tolerância, se procurassem julgar não o seu irmão, mas a si
próprio?
Oh!
Humanidade! Oh! Criaturas que, por orgulho, por pretensão, apelais para as
maldades sem vos lembrardes de que todos, sem exceção, já precisaram
ajoelhar-se aos pés do Mestre para implorar o perdão dos seus pecados?
Oh!
Almas no lodaçal dos próprios vícios em que vos situais e vos sentis feridos,
não compreendeis a necessidade de expandir as bênçãos que recebestes aos vossos
irmãos que para vós apelam, que se arrastam implorando uma migalha do vosso
amor?
Parai!
Meditai!
Como
disse o meigo Rabi, podeis atirar a primeira pedra?
E
se ela fosse atirada sobre vós não haveria ela de cair, em primeiro lugar?
A
humanidade caminha, porém pensando apenas no seu eu, mas nada se passa despercebido
aos olhos divinos.
Como
sabeis, todos os atos, todos os pensamentos são pesados na balança da
espiritualidade.
Para
o Senhor, a tristeza se faz quando Seus filhos não aprendem a amar uns aos
outros, como Ele os amou.
E,
assim, esse servo ingrato, inconsciente das bênçãos recebidas, da próxima vez
que comparecer perante o Pai será julgado da mesma maneira com que julgou. Eis
que a justiça se faz. Quem cultiva o amor, distribui amor, receberá amor. Quem
despreza os seus irmãos, maltratando-os, também será maltratado.
É
necessário que compreendam, pois é comum dizer-se na Terra que o Pai é quem
distribui os castigos. Mas, meus irmãos, não é assim. Apenas recebeis a paga
dos serviços prestados.
Se
não soubestes cultivar a tolerância, a docilidade, como podereis recebê-las, se
não as plantastes?
Regate-as
com o vosso carinho, amor e boa vontade?
Todos
nós precisamos saber o que queremos e para a evolução das nossas almas é
necessário perseverança e vigilância em todos os nossos atos.
É
preciso que tenhamos boa vontade para que os erros alheios não venham influir
em nossa conduta.
Se
necessitarmos caminhar sozinhos, caminhemos, porque jamais estaremos sós. Para
o bem, para o amor, teremos sempre a companhia humilde, serena d’Aquele que, na
cruz, expirou por nós.
Ele
caminha conosco e quando, ao peso dos nossos erros, tombarmos na estrada, eis
que ele se curva para nós estendendo a Sua mão para que nos levantemos e, com
mais força, caminhemos.
Irmãos
diletos, amai os vossos irmãos!
Jamais
deixeis que a intolerância, a raiva, a ira, dominem o vosso espírito.
Quando
vos sentirdes tentado a enveredar pelo mau caminho, buscai na oração o Cristo
amigo, o Pai tolerante, que vos perdoará sempre, desde que sinta em vós a
vontade de vos corrigirdes, a certeza de que amanhã galgareis mais um degrau
com esforço, com perseverança e, sobretudo, com a bondade em vossos corações.
Não
imiteis o servo ingrato desta parábola.
Esforçai-vos
por vos manterdes fiéis ao Mestre e que, ao serdes chamados, tenhais sempre o
coração cheio de tolerância e de amor, para pagardes tudo aquilo que a bondade
de Deus vos concedeu.
Que
o divino Rabi vos ilumine e alerte as vossas consciências para bem caminhardes,
bem trilhardes a estrada de vossa evolução espiritual.
Graças
a Deus!
Bendito
e louvado seja Deus!
(Extraído do livro: As Divinas
Parábolas – Autor: Samuel, médium: Neusa Aguiló de Souza – Centro Espírita
Oriental “Antonio de Pádua”, Recife, PE – 1982, p. 39-42)
Júlio Flávio Rosolem é colaborador deste blog, espírita e membro da Sociedade Espírita Casa do Caminho de Piracicaba,médium é Coronel do Corpo de Bombeiro na reserva.
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