quinta-feira, 25 de abril de 2019

A VIAGEM ESPÍRITA DE 1862 - POR ALLAN KARDEC






Em sua sabedoria e conhecimento, equilíbrio, sobretudo equilíbrio ao analisar tudo e a todos, referente a Doutrina Espírita, Allan Kardec, nos anos de  1860, 1861, 1862, 1864 e 1867, fez viagens para divulgar, e aprender sobre o Espiritismo, a divulgação dizia o codificador, é um dos atos mais importantes desta doutrina, no ano de 1862, Kardec viajou pelo interior da França e da Bélgica, com observações que até hoje são pertinentes.
Kardec ouviu oposição, críticas, opiniões, e a partir desta experiência abriu diálogo com quem merecia, explicando o que os Espíritos haviam lhe revelado, o que era sua pesquisa, o que era o Espiritismo de verdade, algo que até hoje 2019 anos depois, muitos não sabem.
Nem praticantes, professores, e donos da informação, conseguem entender o que foi relevado á Allan Kardec, para que ele começasse a organização.
No Brasil sobretudo depois da morte de Chico Xavier, o MEB (Movimento Espírita Brasileiro) se esqueceu de Allan Kardec, salvo raras exceções, o que lhe foi ensinado, pelos espíritos, o que lhe foi concedido saber par dividir, com todos os senhores, e senhoras, vamos então á 1862, a algumas observações, daquela viagem de divulgação, e aprendizado de Kardec, e na sua calma e sabedoria, veja o que ele falava, e tente colocar nos dias atuais.
Senhoras e Senhores, Allan Kardec....





Há um ponto sobre o qual creio dever chamar toda a vossa atenção. Quero falar das surdas manobras dos adversários do Espiritismo que, depois de tê-lo atacado abertamente e em vão, procuram atingi-lo pelas costas. E uma tática contra a qual é preciso que estejais prevenidos. 

Como sabeis, combateram o Espiritismo por todos os meios possíveis; atacaram-no em nome da razão, da Ciência, da religião. Nada deu certo. Tentaram despejar-lhe o ridículo a mancheias, mas o ridículo deslizou sobre ele como a água sobre o mármore. Não foram mais felizes com a ameaça e a perseguição; se encontraram alguns caniços, também se defrontaram com carvalhos que não puderam dobrar, nem conseguiram abalar nenhuma convicção. Acreditais que seus inimigos já se renderam? Não! Restam-lhes ainda dois meios, os últimos que, esperamos, não lhes servirão melhor, graças ao bom senso e à vigilância de todos os verdadeiros espíritas, que saberão preservar-se dos inimigos internos como foram capazes de repelir os de fora. 

Não tendo podido lançar o ridículo sobre o Espiritismo, invulnerável sob a égide de sua sublime moral, tentam agora ridicularizar os espíritas, isto é, provocar atos ridículos da parte de certos espíritas ou que como tais se apresentam, responsabilizando a todos pelos atos de alguns. O que desejariam, sobretudo, era poder vincular os nomes de espírita, Espiritismo e médium aos de charlatães, prestidigitadores, necromantes e ledores de sorte, e não lhes será difícil encontrar comparsas complacentes para os ajudar, empregando sinais místicos ou cabalísticos para justificar o que ousaram afirmar em certos jornais: que os espíritas se entregam às práticas da magia e da feitiçaria, e que suas reuniões são cenas repetidas do Sabá. À vista de um cartaz de saltimbanco, anunciando representações de médiuns americanos ou outros, como anuncia o Hércules do Norte, eles se regozijam e gritam dos telhados que o respeitável Espiritismo está reduzido a exibir-se nos teatros de feiras. 

Por certo os verdadeiros espíritas jamais lhes darão essa satisfação, e as pessoas razoáveis saberão sempre estabelecer diferenças entre o sério e o burlesco, o que não significa que não devam precaver-se contra toda incitação que pudesse dar lugar à crítica. Em semelhante caso, é preciso evitar-se até mesmo as aparências. Um ponto capital que dá um desmentido formal a essas alegações da maledicência, é o desinteresse. Que dizer de pessoas que fazem tudo por nada e por devotamento? Como tratá-los de charlatães, se nada exigem? Como poderão dizer que vivem do Espiritismo, como outros vivem da sua profissão? que, conseqüentemente, não têm nenhum interesse na fraude, já que sua crença, ao contrário, é uma oportunidade para sacrifícios e abnegação? que não buscam nem honras, nem lucros? Repito-o: o desinteresse moral e material será sempre a resposta mais peremptória a dar aos detratores da Doutrina. Eis por que eles ficariam muito satisfeitos se pudessem encontrar pretextos para subtrair-lhes esse prestígio, ainda que tivessem de pagar a algumas pessoas para representarem uma comédia. Agir de outra forma será, pois, fornecer-lhes armas. Quereis a prova? Eis o que se lê num artigo do Courrier de l'Est, jornal de Bar-le-Duc, e que tiveram o cuidado de transcrever no Courrier du Lot, jornal de Cahors, e em várias outras folhas que só esperam a ocasião para poder criticar-nos: 

"...O Espiritismo tem por partidários três classes bem distintas de indivíduos: os que dele vivem, os que com ele se divertem e os que nele crêem. Magistrados, médicos, gente séria, têm assim suas pequenas imperfeições, inocentes para eles, mas muito menos para a classe dos indivíduos que vivem do Espiritismo. Os médiuns formam hoje uma categoria de industriais não registrados e que, no entanto, fazem comércio, um verdadeiro comércio, como passarei a vos explicar...'''' 

Segue um longo artigo temperado de piadas pouco espirituosas, descrevendo uma sessão a que o autor assistiu e na qual se encontra a passagem seguinte, referente a uma mãe que pedia uma comunicação de sua filha: "E a mesa se dirigiu para a infeliz mãe, que se contorcia em espasmos nervosos. Quando se refez de , sua emoção, lhe deram uma cópia da mensagem; o preço: vinte francos, o que não é excessivo, já que se trata das palavras de uma filha adorada!" 

A se dar crédito ao autor do artigo, a sessão não se desenvolveu de maneira a exigir muito respeito e recolhimento, pois ele acrescenta: 

"O senhor que interrogava os Espíritos não me pareceu tão digno quanto o comportava a situação dos interlocutores; não dava mais importância às suas funções do que se estivesse desossando um pernil de carneiro na mesa de um albergue de Batignolles." 

O mais deplorável é que tenha podido dizer que viu estabelecerem preços para as manifestações; mas não podemos senão lamentá-lo por julgar uma obra por sua paródia. Aliás, é isso que faz a maioria dos críticos; depois dizem: já vi. 

Esses abusos, como disse, são exceções, e exceções raras; se falo disto com insistência, é porque são fatos que dão ensejo à maledicência, quando não decorrem de calculada malevolência. Ademais, eles não poderiam propagar-se em meio a uma imensa maioria constituída por pessoas sérias, que compreendem a verdadeira missão do Espiritismo e das obrigações que ele impõe; sua essência comporta a dignidade e a gravidade; é, pois, para eles um dever declinar qualquer solidariedade com os abusos que o pudessem comprometer e deixar claro que não se fariam campeões de tais fatos, nem diante da justiça, nem perante a opinião pública. 

Mas este não é o único escolho. Eu disse que os adversários têm uma outra tática para alcançar seus fins: semear a desunião entre os adeptos, atiçando o fogo das pequenas paixões, dos ciúmes e dos rancores; fazendo nascer cismas; suscitando causas de antagonismo e de rivalidade entre os grupos, a fim de fragmentá-los. E não creiais que sejam os inimigos confessos que agirão assim; estes se resguardarão! São os pretensos amigos da Doutrina e, muitas vezes, os aparentemente mais calorosos; muitas vezes mesmo, com habilidade, farão que amigos verdadeiros, mas fracos, tirem castanhas do fogo com as próprias mãos, amigos que eles ludibriaram e que agirão de boa-fé e sem desconfiança. Lembrai-vos de que a luta não acabou e que o inimigo está ainda à vossa porta; permanecei alerta, a fim de que ele não vos pegue em falta. Em caso de incerteza, tendes um farol que não vos pode enganar: a caridade, que nunca é equívoca. Considerai, pois, como sendo de origem suspeita todo conselho, toda insinuação que tendesse a semear entre vós os germes da discórdia, e a vos desviar do reto caminho que vos ensina a caridade em tudo e por todos. 





Não seria desejável que os espíritas tivessem uma senha, um sinal qualquer para se reconhecerem quando se encontram? 

Os espíritas não formam nem uma sociedade secreta, nem uma afiliação; não devem, pois, ter nenhum sinal secreto para serem reconhecidos. Como nada ensinam e nada praticam que não possa ser conhecido por todo mundo, nada têm a ocultar. Um sinal, uma senha, poderiam, aliás, ser usados por falsos irmãos, e nem por isso serieis mais adiantados. 

Tendes uma senha que é compreendida de um extremo a outro do mundo: é a da caridade. Esta palavra é fácil de ser pronunciada por todos, mas a verdadeira caridade não pode ser falsificada. Pela prática da verdadeira caridade reconhecereis sempre um irmão, ainda que não seja espírita, e deveis estender-lhe a mão, porquanto, se ele não partilha de vossas crenças, nem por isso deixará de ser para vós menos benevolente e tolerante. 

Um sinal de reconhecimento é, aliás, tanto menos necessário hoje quanto o Espiritismo não se oculta mais. Para aquele que não tem coragem de afirmar sua opinião, ele seria inútil, pois que dele não se serviria; para os outros, dão-se a conhecer falando sem temor. 





Algumas pessoas vêem no Espiritismo um perigo para as classes pouco esclarecidas, que, não o podendo compreender em sua pura essência, poderiam desnaturar-lhe o espírito e fazê-lo degenerar em superstição. Que lhes responder? 

Poder-se-ia dizer outro tanto das coisas mais úteis. Se fosse possível suprimir tudo quanto se pode fazer mau uso, não sei bem o que restaria, a começar pela imprensa, com o auxílio da qual se podem espalhar doutrinas perniciosas, pela leitura, pela escrita. Poder-se-ia até perguntar a Deus por que deu língua a certas pessoas. Abusa-se de tudo, mesmo das coisas mais santas. Se o Espiritismo tivesse saído da classe ignorante, ninguém duvida que a ele se teriam misturado muitas superstições; mas ele nasceu na classe esclarecida, e só depois de aí se ter elaborado e depurado foi que penetrou nas camadas inferiores, a elas chegando desembaraçado, pela experiência e pela observação, sem qualquer mistura prejudicial. O que poderia tornar-se realmente perigoso para o vulgo seria o charlatanismo. Por isso, todo cuidado é pouco em combater a exploração, fonte inevitável de abusos, por todos os meios possíveis. 

Não estamos mais no tempo dos párias para as luzes, quando se dizia: isto é bom para uns, isto é bom para outros. A luz penetra na oficina e até na choupana, à medida que o sol da inteligência se eleva no horizonte e lança seus raios mais ardentes. As idéias espíritas seguem o movimento; estão no ar e ninguém tem o poder de detê-las; basta dirigir o seu curso. O ponto capital do Espiritismo é o lado moral; é aí que devemos envidar todos os nossos esforços para fazê-lo compreendido; e, coisa notável! é assim que ele é considerado agora, mesmo nas classes menos esclarecidas. Por isso seu efeito moralizador é manifesto. Eis um exemplo entre milhares: 

Durante a minha estada em Lyon, assistindo a uma reunião espírita, um homem, por cujas roupas identifiquei um trabalhador, levantou-se no fundo da sala e disse: "Senhor, há seis meses eu não acreditava em Deus, nem no diabo, nem em minha alma; estava convencido de que quando morremos tudo se acaba; não temia as penas futuras, pois me parecia que tudo se findava com a vida. Devo dizer-vos que não orava, e que desde a minha primeira comunhão não voltei a pôr os pés numa igreja; além disso, eu era violento e exaltado. Enfim, nada temia, nem mesmo a justiça humana. Há seis meses, assim era eu. Foi então que o Espiritismo chegou; lutei durante dois meses; mas li, compreendi e não pude me furtar à evidência. Uma verdadeira revolução operou-se em mim. Hoje já não sou o mesmo homem; oro todos os dias e vou à igreja. Quanto ao meu caráter, perguntai aos meus camaradas se mudei! Outrora eu me irritava com tudo: um nada me exasperava; agora estou tranqüilo e feliz, bendizendo a Deus por me ter enviado a luz." 

Compreendeis do que é capaz um homem que chegou a ponto de não temer sequer a justiça humana? Negarão o efeito salutar do Espiritismo sobre ele? E há milhares como ele. Por mais iletrado que seja, não deixou de o compreender; é que o Espiritismo não é uma teoria abstrata, que só se dirige aos sábios; fala ao coração e, para compreender a linguagem do coração, não há necessidade de diploma. Fazei-o penetrar por este caminho, na mansarda e na choupana, e ele fará milagres.





Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivali, nasceu em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804. Filho do juiz Jean-Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Buhamel, descendentes de antigas famílias católicas de Lyon, foi criado no protestantismo. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e desde jovem mostrou inclinação para o estudo das ciências e da filosofia. Foi levado para a o famoso Instituto de Educação Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, onde estudou até formar-se pedagogo, em 1824.



OBRAS BÁSICAS NÃO BASTA LER, É PRECISO ESTUDAR.




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