“Ao
notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta
parábola: Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no
primeiro lugar; para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais
considerada do que tu e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o
lugar a este; e então irás envergonhado ocupar o último lugar. Pelo contrário,
quando fores convidado vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te
convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma
honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será
humilhado; mas todo o que se humilha, será exaltado.”(Lucas, Cap. XIV, vv.
7-11)
INTERPRETAÇÃO
Que
o sublime Rabi da Galiléia ilumine a todos vós, trazendo-vos a paz!
É
sempre com alegria no coração que falo do sublime Rabi a todos aqueles que,
ansiosos, aguardam esta viagem ao passado, trazendo como novas as palavras do
Mestre dos mestres.
Como
sempre, o Senhor se aproveita das pequenas coisas para dar o ensinamento que
servisse, não só aos homens daquela época, como também aos das gerações
vindouras.
Como
sempre acontecia, a população do lugar, como dos arrabaldes, ao saberem a casa em que Jesus iria pousar,
para lá acorriam; alguns com fé nos corações, outros, por mera curiosidade.
Aconteceu
que, na hora de ser servida a ceia, que constava de bolinhos de mel, bolinhos
de trigo, vinhos deliciosos, manjares e tudo o mais que aguçava o apetite, para
surpresa do dono da casa, muitos que não eram convidados ali estavam sentados,
esperando ansiosos pelos petiscos.
Ele
não sabia o que fazer, porque contava com um número reduzido de convidados e
ali estavam muito mais.
Olhava
aflito para o Mestre, mas o Senhor, como o olhar sereno, tranquilizou-o e,
aproveitando-se do momento em que criaturas disputavam estar ao seu lado,
contou-lhes, então, esta parábola.
Podemos
dizer que muitos aprenderam a lição e saíram dali meditando seriamente no que
Ele havia dito.
Estas
palavras também vieram como um hino de paz, como um incentivo àqueles que na
vida terrena são desprezados, vivendo entre os seus irmãos como um pária,
alijados, perambulando em busca de uma palavra, em busca de um consolo, de
braços carinhosos que os ajudem, de mãos dadivosas que os amparem.
Veio
Jesus tranquilizar a todos os sofredores, fazendo-lhes ver que na Terra tudo é
passageiro.
Devemos
aproveitar bem esses momentos preciosos, tirando da vida o que de melhor
podemos ter.
O
meigo Rabi sabia, ele sentia, que a humanidade longe estava de poder gozar da
verdadeira felicidade.
Aqueles
espíritos eram jovens ainda na experiência, iniciantes na vida espiritual. Eram
fracos para poderem dominar as suas próprias paixões e como assim os
reconhecesse, sentia necessidade de falar-lhes aos corações, incentivando-os
para a vida futura, prometendo-lhes um amanhã cheio de paz, amor e felicidade.
Embora
possais dizer que não existe felicidade terrena, nós podemos asseverar que,
para um espírito bem formado, para aquele que consegue levar a um bom termo a
sua missão, são dias de verdadeira glória, de verdadeira felicidade, poder no
mundo espiritual recordar, lembrando que deixou atrás de si um exemplo a ser
seguido.
O
Mestre sentiu esta felicidade.
Nenhum
dia, nenhum minuto Ele se arrependeu de à Terra ter vindo! O seu amor era tão
imenso, a sua fé no Pai era tão intensa que ele não sentia os espinhos, as
pedradas; compreendia que eles assim agiam porque não sabiam o que estavam
fazendo.
Portanto,
diletos irmãos, não vos importeis de ser os primeiros colocados. Procurai, sim,
sentir a consciência sempre tranquila do dever cumprido e, encobertos pela
humildade, aguardai a chamada do Pai Eterno, procurando sempre estar sempre
apto para o Seu convite.
Quanto
aos homens, aos lugares de destaque terrenos, não vos preocupeis por alcançá-los,
mas se para eles fordes chamados, procurai fazer jus a este lugar, procurando
desempenhar as vossas funções de maneira a vos sentirdes sempre abençoados pelo
Mestre, lembrando-vos de que, se fostes chamados, é porque necessitais de dar
uma prova de tolerância, de compreensão, àqueles que vos rodeiam.
Se,
ao contrário, por mais que vos esforçardes, viveis sempre esquecidos, nos
últimos lugares, regozijai-vos também com o Pai, porque Ele deseja de vós uma
prova de paciência, de tolerância, de convicção dos deveres e da fé.
Irmãos
queridos, nós, no mundo espiritual, vemos a cada passo a vossa intranquilidade,
a correria com que os homens vivem os seus dias, procurando desmerecer dos
companheiros para tomar-lhes os lugares.
Lembrai-vos
desta parábola para que mais tarde não vos arrependais, não choreis, pedindo ao
Senhor que renove para vós, outras oportunidades de reencarnação.
O
amor e a humildade seguem sempre juntos e se sentirdes essas sementes
maravilhosas dentro de vós, procurai tratá-las com carinho para que, com
esforço próprio e com boa vontade, possais merecer um lugar na seara de Deus,
trabalhando em benefício dos que sofrem, espalhando através de palavras amigas,
de pensamentos sadios, as bênçãos do Mestre e, assim, passo a passo, minuto a
minuto, estareis trabalhando por vossa própria felicidade.
Que
o Senhor vos abençoe para todo o sempre!
(Extraído do livro: As Divinas Parábolas – Autor: Samuel
(Espírito), médium: Neusa Aguiló de Souza – Centro Espírita Oriental “Antônio
de Pádua”, Recife, PE – 1982, p. 113-116).
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