"v.-5-
E disseram os apóstolos ao Senhor: aumenta-nos a fé. -6- E o Senhor respondeu:
Se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a este sicômoro:
Arranca-te e transplanta-te no mar; e ele vos obedeceria. –7- Qual de vós,
tendo um servo ocupado na lavoura ou guardando gado, lhe dirá, quando ele
voltar do campo: Vem já sentar-se à mesa? –8- Antes lhe dirá: Prepara-me a
ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; e depois comerás tu e
beberás? -9- Porventura agradecerá o servo, por ter este feito o que lhe havia
ordenado? -10- Assim também vós, depois de haverdes feito tudo que vos foi
ordenado, dizei: Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer". (Lucas,
Cap. XVII, vv.5-10)
INTERPRETAÇÃO
Que o
Sublime Rabi vos ilumine para todo o sempre!
Queridos
irmãos, queridas irmãs! Naquela tarde, quando os últimos raios do sol
desapareciam no horizonte, estavam eles exaustos. Tiveram um dia de muito
trabalho e o Senhor, sentando-se numa pedra, olhava o horizonte, onde já se
desenhavam as figuras do santo sacrifício.
Surgiam
as primeiras ameaças e os discípulos, percebendo que algo se passaria com o
Mestre querido, sentiram-se visitados pela dúvida, porque a dúvida nada mais é
do que a falta de fé e a fé é a confiança plena nos desígnios celestiais.
Estavam eles tristes, cabisbaixos;
um grupo de soldados os havia ameaçado e eles temiam pela vida do meigo Rabi e,
então, fizeram-Lhe a pergunta: Como poderemos aumentar a nossa fé?
E o Mestre, olhando para o
sicômoro grande, com as raízes profundas que a todos aparentava uma solidez
perfeita e que diversos braços teriam de usar a sua força para abatê-lo, vê ali
a resposta para os seus amados discípulos.
Se eles tivessem uma confiança
muito grande, não reconheceriam força nenhuma capaz de diminuir a sua fé e ela
seria tão completa que a uma simples ordem, o sicômoro se transplantaria e
seria atirado ao mar.
Meus irmãos, minhas irmãs,
infelizmente, na Terra, o que mais existe é a dúvida e o egoísmo, porque todos,
ao fazerem uma pequenina ação, que julgam boa, desejam, na mesma hora, a
recompensa.
Esquecem-se eles de que, ao
ingressarem no corpo material, trazem consigo uma pesada tarefa e se
comprometeram somente a servir, servir bem, com humildade e com amor.
Mas o que acontece? A criatura se
julga merecedora de todas as graças, não só materiais, como espirituais e o sublime
Peregrino exemplificando a seus discípulos, de forma a fazê-los entenderem,
citou o exemplo do senhor e de que, apenas pelo fato de os seus servos
cumprirem as suas obrigações não mereciam elogios, porque para isso foram
pagos.
Como, então, a humanidade deseja
recompensas extras? Já não tiveram oportunidade de galgar novo degrau, através
de novas encarnações? Porque exigir mais, se eles apenas cumpriram os seus
deveres?
Quando executamos apenas aquilo a
que nos comprometemos, quando não damos além do nosso esforço, quando estamos
integrados apenas no objetivo de cumprir o nosso mandato, nada estamos fazendo
de extraordinário. Estamos cumprindo apenas os nossos deveres, as nossas
obrigações e por que o Senhor nos iria salientar dos demais, se nada fizemos de
relevantes serviços?
Por que exigir imediata
recompensa, se estamos fazendo apenas o que prometemos fazer?
Chamo a atenção daqueles que, no
plano espiritual, pediram os dons da mediunidade. Se viestes como intérprete de
espíritos esclarecidos, se viestes com os dons da audição ou da vidência, se
através de vossas mãos, de vossos pensamentos ou dos passes podeis aliviar os
vossos irmãos, não vos envaideçais.
Se fostes agraciados com estes
dons, é porque assim prometestes para mais rapidamente saldardes os vossos
pesados débitos.
Porque deixar que a vaidade cresça
dentro de si?
Por que se sentir superior aos
vossos irmãos e por que duvidar da participação dos espíritos que servem a
Jesus e se julgam apenas eles com capacidade e com mentalidade de fazer obras
belíssimas, de estender as mãos, de aliviar as dores?
Falta a estes o conhecimento da
fé, porque para bem servir ao Senhor é preciso se dar sem restrições; é preciso
confiar sem perguntar qual será o resultado. É ter dentro de si tal confiança
que na hora de atender a uma criatura doente se sinta pequenina e humilde, mas
sinta a grandeza do Senhor sempre presente.
Nós poderemos ser pequeninos, mas
o Senhor é imensurável na sua bondade, no seu amor.
Se duvidarmos, não estaremos
duvidando de nós, porque reconhecemos sempre que somos aquele grãozinho de
mostarda pequenino, mas que, se banhado pela luz de Deus, se orvalhado pela fé,
aumentará os seus ramos, oferecendo como graça ao Senhor, as suas sementes.
É necessário, pois, que não
duvideis do Pai.
Se houver sinceridade dentro de
vós, se desenvolverdes esforço próprio para afastar os pontos negativos e, em
oração, elevardes os vossos pensamentos, podeis estar certos de que o Senhor
estará convosco, abençoando as vossas boas intenções, dulcificando as vossas
palavras e fortalecendo a vossa fé.
Quanto mais descerdes, quanto mais
renunciardes em favor de vossos irmãos menores, tanto mais estareis crescendo
para as graças de Deus.
Não duvideis do Pai. Lembrai-vos
de que é por Sua ordem que estais na Terra.
É pelo Seu consentimento pleno de
amor que estais na estrada da vida, indo ao encontro dos que vos ofenderam e,
pedindo perdão aos que ofendestes; abraçando-vos mutuamente neste amor fraterno
que une num só rebanho os servos do Senhor.
Que a paz de Deus vos ilumine e,
quando sentirdes o frio da dúvida, lembrai-vos do Mestre e, implorando a sua
ajuda, recebereis o calor de sua misericórdia.
Graças a Deus!
(Extraído do livro: As Divinas Parábolas – Autor: Samuel
(Espírito), médium: Neusa Aguiló de Souza – Centro Espírita Oriental “Antônio
de Pádua”, Recife, PE – 1982, p. 109-112).
JULIO FLÁVIO ROSOLEN é Espírita, participa da Sociedade
Espírita Casa do Caminho (SECCA), em Piracicaba, Estado de São Paulo, é Coronel
(da Reserva) do Corpo de Bombeiros e colabora com o nosso Blog.
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