A cidade de Delfos, na antiga
Grécia, chamada umbigo do mundo , era exuberante centro
cultural que atingiu seu apogeu nos séculos VII
e VI a.C. Artistas , governantes
e militares influentes a visitavam,
buscando orientação .
Imagina
o leitor , talvez ,
que contatavam expoentes nos domínios de
suas atividades .
Nada disso. Consultavam o Além . É isso mesmo ! Multidões
procuravam os oráculos , locais onde
eram cultuados rituais e cerimônias que
favoreciam a manifestação dos defuntos , tomados à conta
de divindades.
O termo
oráculo define também
a resposta obtida nessas consultas. E, ainda , na acepção
mais difundida, significa intermediário ou
médium que
desvenda o futuro .
O mais famoso
estava no templo consagrado ao deus Apolo. Ali
atuavam as pitonisas , mulheres que
respondiam a perguntas na condição de intermediárias. Hoje diríamos médiuns da divindade grega . Suas afirmações, geralmente
na forma de versos
de sentido simbólico ou dúbio , eram
interpretadas pelos sacerdotes .
Os oráculos
espalhavam-se por toda
a Grécia, em práticas inusitadas para definir o destino
das pessoas . Alguns
adivinhavam interpretando a disposição de entranhas de animais
sacrificados; outros faziam a incubação : o consulente
dormia no templo e recebia as respostas em sonhos . Havia os que
usavam uma varinha mágica , os que liam as linhas
da mão , os que
consultavam os astros …
–
Santo Antônio atenderá meu pedido de casamento?
–
Ficarei livre do chefe que me atazana?
–
Encontrarei cura para o chulé?
–
Acertarei na loteria?
Consultam
especialistas em
leitura das mãos ,
das cartas , dos búzios ,
do tarô, da borra de café, do cocô de crianças… E há os médiuns ,
dotados de sensibilidade para
entrar em contato com os
mortos. Dispõem-se a desenovelar a vida dos interessados, resolvendo enigmas ,
apontando caminhos , antecipando o
futuro…
Detalhe
não considerado: os Espíritos evoluídos, capazes
de desvendar nosso
destino , cuidam de assuntos
mais importantes . Não perdem tempo
com nossas cogitações de caráter imediatista .
Os oráculos nem mesmo
são médiuns .
Dotados de alguma sensibilidade ,
percebem o que vai no íntimo das pessoas .
Por isso ,
suas informações
costumam exprimir o que
os consulentes estão pensando ou sentindo, ainda
que totalmente
equivocados.
Lembro-me
de uma senhora que
tinha dúvidas
quanto à fidelidade
de seu marido ,
imaginando-o envolvido com insinuante moradora de casa
ao lado da sua .
Consultou um médium. Este a advertiu, enfático: – Cuidado
com a vizinha !
***
Há razões ponderáveis para
cultivarmos o intercâmbio com o Além: atestar a realidade da sobrevivência ;
exercitar a caridade ,
amparando entidades sofredoras; receber ajuda espiritual , em relação a problemas
físicos e psíquicos …
A única
certeza que
os Espíritos podem nos
oferecer não constitui
novidade : todos morreremos um dia . Quanto
ao mais , até
mesmo o que
se relaciona com nossa
morte , a idade ,
o dia e as circunstâncias ,
dependem de um detalhe
fundamental :
O que
estamos escrevendo no livro de nossa vida .
Richard Simonetti é espírita, escritor, divulgador da doutrina espírita com base na codificação de Allan Kardec, há 62 anos viaja pelo Brasil e pelo Mundo, é colaborador semanal neste blog.
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