segunda-feira, 15 de junho de 2015

BÍBLIA - Por Richard Simonetti






1 –    A Bíblia é a palavra de Deus?
É a palavra dos homens, eventualmente sob inspiração de Espíritos Superiores, que orientavam em nome de Deus.

2 –    E a legislação mosaica?
                     Moisés legislou para o seu tempo. Os 613 mandamentos que ele atribuiu a Deus, 248 positivos, o que fazer, e 365 negativos, o que não fazer, dizem respeito às disciplinas que ele impunha ao povo judeu. Digamos que há ali algo do Céu e muito da Terra, algo de divino e muito de humano. Além do mais, Moisés não conseguiu superar seus próprios condicionamentos. Agia com braço de ferro, determinando sentenças de morte até para quem desrespeitasse a proibição de trabalhar no sábado, contrariando o não matarás, da Tábua da Lei (Dt, 5:17), que ele mesmo redigira.

3 –    No livro Gênesis está a história da Criação. Até que ponto podemos considerar o que ali vai relatado como expressão da realidade?
                     Trata-se de uma fantasia, uma bela história da carochinha. Um dos equívocos lamentáveis da teologia medieval foi eleger a experiência do povo judeu, retratada no Velho Testamento, com todas as suas mitologias e fantasias, como berço da Humanidade. Milênios antes da cultura judaica tivemos inúmeras outras, destacando-se a China, a Índia, o Egito, a Babilônia… Qualquer delas poderia, com mais propriedade, até por direito de antiguidade, ser situada como o princípio da história humana.






4 –    Moisés se destaca no Velho Testamento, tanto quanto Jesus, no Novo Testamento, como as figuras principais. Que importância o Espiritismo atribui a ambos?
                     Moisés falou para um povo, para uma época. Jesus falou para a Humanidade, para todos os tempos. A revelação de Jesus tem um caráter universalista e perene, porquanto, sendo o mais perfeito Espírito que transitou pela Terra, como destaca a questão 625, de O Livro dos Espíritos, era inspirado pelo Criador. Nesse aspecto podemos dizer queem Jesus a palavra de Deus.

5 –    Jeová, o Deus do Velho Testamento, é o mesmo Deus proposto por Jesus?
                     São tão diferentes que seria preciso renunciar inteiramente ao bom senso para imaginar que possam ser a mesma divindade. O Jeová de Moisés é um deus mitológico, violento e cruel, que se vinga até a quarta geração daqueles que o ofendem, e determina que os judeus, em terra inimiga, passem a fio de espada tudo o que tem fôlego, envolvendo seres humanos, aves, peixes, animais… O Deus revelado por Jesus é o pai de amor e misericórdia, que trabalha incessantemente pela felicidade de seus filhos; que festeja o filho pródigo que retorna, e recomenda que jamais nos envolvamos com a violência, ou respondamos ao mal com o mal.

6 –    O que você considera mais importante, no Velho Testamento?
                     A Tábua dos Dez Mandamentos, que expurgada da ingerência do próprio Moisés, resume o que não devemos fazernão matar, não roubar, não mentir, não trair, não cobiçar… Temos , em síntese, a Revelação da Justiça, a demonstrar que nossos direitos terminam onde começam os direitos do próximo.

7 –    Qual a postura de Jesus em relação ao Velho Testamento?
                     Jesus revogou o que era de caráter humano, e ratificou o que era de inspiração superior. Quando inicia suas observações dizendo tendes ouvido o que foi dito aos antigos, está se referindo a Moisés. E quando afirma: eu porém, vos digo, está modificando a legislação mosaica para uma visão de caráter universalista e perene.





8 –    Considerada essa postura de Jesus, o que ele destaca no Velho Testamento?
                     O amor a Deus acima de todas as coisas, registrado em Deuteronômio (6:5) e ao próximo como a nós mesmos, em Levítico (19:18). Quando o Mestre proclama que ali estão a Lei e os Profetas, deixa bem claro que os dois mandamentos sintetizam o que de melhor há no Velho Testamento. E cultivando o amor fatalmente observaremos a justiça preconizada nos Dez Mandamentos, porquanto o amor, como destaca Paulo (1Co, 13:4-6),…é paciente e benigno. Não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece. Não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.




Richard Simonetti, 81 anos, escritor, espírita, palestrante, um dois maiores divulgadores da doutrina espírita no Brasil, escreve sobre o espiritismo em vários sites, blogs, colabora com o nosso onde semanalmente nos envia suas reflexões, na internet tem uma página autorizada no Facebook Richard Simonetti, e recebe e-mails sobre este texto, e todos que aqui publicou pelo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário