quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

SOBRE O BATISMO - POR MARCELO HENRIQUE

 



 

Alguns temas de natureza religiosa são tangenciais ao Espiritismo e ao Movimento Espírita.

Um deles diz respeito às práticas religiosas ou liturgias. Refletem o comportamento imposto ou recomendado pelas Igrejas a seus fiéis. E o cumprimento ou a obediência às recomendações da religião são de caráter íntimo e, em alguns casos, sob supervisão das estruturas religiosas.

O questionamento sobre o batismo é muito oportuno.

E é preciso distinguir ESPIRITISMO de práticas EM instituições espíritas.

Você poderá, até, conhecer uma casa que tem a placa "espírita" que faz batismo, casamento, etc. Não é a "denominação" que será a IDENTIDADE do trabalho espírita.

O Espiritismo conforme codificou Kardec,  NÃO POSSUI NENHUM SACRAMENTO.

Ou seja, não se realizam atividades litúrgicas ou religiosas em instituições espíritas, porque elas fazem parte da conformação religiosa das igrejas.




Voltando a Jesus de Nazaré, o Batismo de João Batista NÃO ERA UMA PRÁTICA DA IGREJA JUDAICA. João, o primo de Jesus, resolveu iniciar este procedimento com a simbologia de que, após mergulhada no rio, a pessoa iniciaria uma "nova vida". Ou, pelo menos, saía da "cerimônia" com a intenção de SER MELHOR. Jesus, ouvindo falar da prática, entendeu importante se submeter a ela.

Se isto realmente aconteceu da forma como chegou aos nossos dias, não podemos atestar. Pois isto também passou a fazer parte das "homilias" e das "escrituras" das Igrejas.

Na verdade, a "renovação", isto é, a mudança interior, o compromisso em SER MELHOR, não precisa de nenhuma formalidade nem prática exterior para "validá-lo".

Então, o que é o batismo, para as igrejas que o realizam? Um símbolo, não necessariamente de mudança, renovação ou transformação, mas um CULTO, uma prática de "libertação do pecado original". E "pecado original", na crença religiosa é responder por atos cometidos pelos homens do passado, como se o "crime" passasse de geração para geração. O "crime" seria, segundo a simbologia das religiões cristãs, o desrespeito de Adão e Eva às recomendações divinas. E toda a Humanidade (pela crença religiosa) estaria "marcada" com tal "pena" e se "libertaria" da mesma, com o ato formal, público, externo, de deixar-se batizar.

O Espiritismo - e os espíritas - respeitam a crença de quem quer que seja. Tanto dos ocidentais quanto dos orientais e suas múltiplas religiões, seitas e igrejas.

Mas, não se vincula a nenhuma destas práticas, justamente porque ele, o Espiritismo, explica as diversas situações da vida sem o uso de alegorias, misticismo, simbolismos e dogmas.

Pelo menos deveria ser assim. Embora o Movimento Espírita, muitas vezes, acabe materializando todas essas práticas. Infelizmente!


Marcelo Henrique, é espírita, escritor, pesquisador, responde nas redes sociais pelo Espiritismo com Kardec, e colabora com este blog.

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