Sociedades e leis evoluem com o
tempo. Em algumas épocas, marcantemente influenciados pelo desenvolvimento
individual e pela disseminação de conceitos e propostas, se percebe uma maior
suscetibilidade ao processo construtivo e progressivo. Alteram-se os costumes e
destes à reestruturação das normas o passo é natural e consequente. A nova
ordem social, assim, instaura-se pouco a pouco, produzindo efeitos, em
contrapartida, nos próprios homens e agrupamentos sociais que os criaram ou desenvolveram.
A encarnação de criaturas dotadas de
um maior nível evolutivo e, comprometidas com tarefas específicas, em distintas
áreas de atuação, assumem missões junto às coletividades, fomentando a
veiculação de ideias e a realização de ações em benefício de destacados
contingentes populacionais. São exemplos: atividades assistenciais, projetos de
preservação do meio-ambiente, comitês de cidadania, entre outros, proporcionando
o acesso à informação e o benefício específico e individualizado.
A proposta filosófica da Doutrina
Espírita encampa a difusão do serviço ao semelhante, calcado na palavra-ação CARI DADE. Esta, por sua vez, já na cátedra de Jesus
de Nazaré, abandona o conceito de esmola (distribuir o excedente) para atingir
a benemerência e a beneficência, perspectivas em que cada um contribui dentro
de sua área de especialidade, com base em capacidades e/ou habilidades
desenvolvidas, no serviço para o semelhante. Dissocia-se, assim e, em consequência,
a velha cátedra do “fazer espiritismo somente entre os limites físicos da Casa
Espírita”, de uma nova postura comportamental e edificadora do espírita, que
concretiza o envolvimento de todos, nas comunidades, contribuindo para as
mudanças e à redução da exclusão social.
Deixar de lado os interesses prosélitos
de “fazer adeptos” ou engrossar fileiras, lotando instituições e alcançando
contingentes numéricos expressivos e trabalhar pela real difusão da mensagem
espiritista sem imposição de credo, sem arregimentação de adeptos, sem violação
de consciências ou violência de qualquer tipo, muito menos a que resulta de uma
possível coação moral. É hora de dar um basta às ameaças e às prescrições do
“como proceder”, bem como aos dedos apontados para aqueles que não se moldam a
padrões de conduta que idealmente são concebidos e apresentados por alguns, com
base nos ensinos espíritas, olvidando a diretriz que é a da liberdade
incondicional, o livre-arbítrio nos procedimentos usuais – na carne e fora
dela.
Se das consciências aclaradas
desponta a viabilização de propostas reais de crescimento coletivo, com a
ampliação de direitos e garantias e à socialização dos bens materiais, é preciso
que os espíritas sejam agentes competentes para fomentar as mudanças de
paradigmas nas associações e instituições humanas em que os mesmos estiverem
inseridos. A nova ordem social que se consolida, todavia, não se opera sem
traumas ou rupturas. Esta nova massa, então, deve estar constituída de muitos
espíritas, não os de carteirinha ou os que apenas ocupam cargos gerenciais em
instituições espíritas, mas, verdadeiramente, todos os que, diante a verossímil
proposta qualitativa de reengenharia de nosso mundo material, a partir do
paradigma espírita-espiritual, levam as mãos ao arado que sulca a terra no
preparo do lançamento de novas sementes na edificação da Nova Era, sem deixar
que as mesmas restem ofuscadas entre espinhos, ou repousem em terreno ainda
arenoso e pouco favorável. No replantio de hoje, inspiramo-nos naquele
Galileu...
Façamos a nossa parte, lembrando
Bezerra, no labor que é “urgente, mas sem pressa”. Quiçá nossa tarefa, em dias
presentes, possa ser abençoada e competentemente exercida. Engajemo-nos, pois,
na construção de uma nova ordem social,
espiritualizada e plena de felicidade!
Marcelo Henrique, é professor, advogado, espírita, escritor, palestrante, colabora com este blog, divulga a doutrina espírita, de acordo com a codificação de Allan Kardec.
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