sábado, 19 de abril de 2014

CIENCIA E RELIGIÃO SEGUNDA PARTE - POR NUBOR ORLANDO FACURE




 A relação entre Ciência e Religião no decurso da história humana esteve sempre cheia de contradição e conflitos. Dos dois lados ocorreram proposições e disputas irreconciliáveis. A Ciência estabelece sua Verdade particular e não arreda o pé do que estabelece como Lei. A maioria das religiões decreta dogmas e se recusa a repensar as contradições que eles evidenciam. As religiões institucionais chegaram a perturbar o desenvolvimento científico por séculos e, não raramente, destruiu suas obras, perseguiu ou eliminou os personagens que ousaram contestar seu poder. Por outro lado, representantes da Ciência, postulando princípios materialistas, estão atrasando a humanidade, comprometendo seu desenvolvimento espiritual e não sabemos por quanto tempo ainda. O caminhar da Ciência nos permitiu acumular conhecimento a partir da observação, da experiência e às custas da inteligência humana que nos propiciou a razão para compreendermos o mundo. Com esta inteligência aprendemos a fragmentar nossos problemas em suas partes menores para saber como as coisas funcionam. Este método de análise nos permitiu realizar as grandes descobertas e usufruir das invenções que o gênio humano produziu. A produção tecnológica tornou-se tão volumosa que criou uma sociedade totalmente dependente dela. A cultura da tecnologia é tão eficiente que conseguiu criar artificialmente várias “necessidades” para que depois seu produto seja consumido por se tornar indispensável. É bem provável que o homem atual não consiga mais sobreviver da caça e da pesca por seu próprio esforço. Basta ver, por curiosidade, que o computador, o automóvel, a televisão e o celular são instrumentos totalmente incompetentes tanto para caçar como para pescar. O homem conseguiu produzir instrumentos que o fazem ir mais depressa, enxergar mais longe, erguer-se às alturas, comunicar-se à qualquer distância, livrar-se de inumeráveis perigos, destruir toda sua espécie, revelar as sub-partículas da matéria, mas, toda esta tecnologia não resolveu suas contradições, seu vazio interior, sua falta de paz, sua incerteza diante do amanhã e ainda não sabe responder que partícula criou a vida, o que é a sua consciência, de que é feito a sua mente e qual é o destino que a evolução lhe reserva . A Ciência ainda não se convenceu de que ela não é o único ponto de vista capaz de explicar nossa presença no mundo. Nossa participação nos seios das Religiões foi também mesclada de ganhos expressivos ao lado de retrocessos inconseqüentes. Os princípios que deveriam libertar nossa consciência foram usados para escravizar e oprimir. Enquanto a Ciência se enriquecia com as descobertas, as religiões se construíam com as “revelações”. Os métodos de uma não se harmonizavam com os da outra. Era temerário conjecturar com a força da experimentação qualquer uma das “verdades” defendidas pela fé. Mesmo que fosse visível o absurdo ou a contradição. Por outro lado, embora rejeitando toda mudança de paradigma que em diversas ocasiões a Ciência propunha, a religião ainda se vale da assinatura da “confirmação científica” para aceitação maior dos fatos que pressupõe representar seus “milagres”. É a contradição da fé, quando ela não tem bases racionais. A Religião e a Filosofia A Ciência pressupõe que para todo efeito existe uma causa e que esta pode ser constatada pelas suas formulações racionais ou experimentais. A Filosofia, por outro lado, abre um leque de discussões envolvendo múltiplas interpretações que podem apresentar cada uma, a versão da sua verdade particular. Não é de se estranhar, portanto, que as instituições religiosas tivessem mais facilidade em harmonizarem-se com o saber filosófico, escolhido conforme a conveniência da ocasião. O conhecimento científico exige, continuamente, mudanças de interpretação e nos choca com os seus avanços, irritando o espírito conservador das igrejas humanas. A nossa História não tem registros suficientes sobre o conteúdo das Religiões de inúmeros povos que na antigüidade floresceram na glória das suas conquistas e desapareceram deixando pouco mais que traços nas ruínas dos seus templos sagrados. Por isso, a cultura ocidental que nos instrui, está fortemente impregnada apenas da herança que os sábios da Grécia antiga nos deixaram. Vale a pena revermos alguns trechos desta filosofia que oportunamente serviu de apoio para posições dogmáticas da Igreja, por mais de um milênio.





 Aristóteles – No campo da biologia ele fez descrições extraordinárias, acredita-se que tenha escrito mais de 400 livros. Conta-se, que Aristóteles dispunha de mais de mil auxiliares que coletavam as espécies de plantas e animais que colecionava para descrever. Com este material ele elaborou uma “escala da natureza” na qual estabeleceu uma hierarquia destacando o Homem como um ser superior e os outros animais ocupando um nível inferior na escala. Aristóteles admitia a geração espontânea para certos animais, como os peixes que se desenvolviam nas poças d’água resultantes da seca do rio Nilo. Esses dois princípios, o da hierarquia colocando o Homem no topo das criaturas e o da geração espontânea, estavam bem de acordo com o modelo criacionista de referência bíblica defendido pela Igreja. O saber produzido por Aristóteles era fundamentalmente baseado na observação. Este método deu certo na biologia, enquanto, na física, as opiniões de Aristóteles, sem a comprovação experimental, podem ser vistas hoje como desapontadoras. Mesmo assim, elas dominaram o cenário cultural de toda a Idade Média prestando-se adequadamente aos propósitos da Igreja. Aristóteles aceitava a idéia vigente de que a Terra, o Ar, o Fogo e a Água constituíam os elementos primitivos a partir dos quais todos os outros derivavam. Ele admitia que as propriedades das coisas podiam ser explicadas em termos de serem secas, quentes, úmidas ou frias. Este conceito produziu intensa repercussão na Medicina da época que relacionava as doenças com estas mesmas propriedades. Para Aristóteles, o céu era feito de elementos que não mudavam nunca. Este céu estável e configurado com um material divino era muito adequado a doutrina da Igreja que pregava a existência de um céu onde a felicidade seria gozada pela eternidade. Quando Giordano Bruno, um sacerdote italiano, passou a ensinar para seus alunos que tudo que existe provem de uma “substância única”, ele foi afastado de sua funções, aprisionado por quase uma década e queimado vivo em praça pública pelas chamas da inquisição. Aristóteles admitia, também, que os astros do firmamento realizavam um movimento circular ao descreverem suas órbitas. O círculo era tido por ele como a figura perfeita. Estando o céu e o movimento circular ligado a perfeição, não é de se estranhar a dificuldade que tiveram Nicolau Copérnico e Galileu Galilei para renunciarem a idéia de uma órbita circular para os astros que povoavam este céu, manifestando a perfeição de seu Criador. Quando Johannes Kepler em 1618 publicou seu trabalho sobre o “movimento planetário,” comprovando as órbitas elípticas para os planetas, ele estava desfazendo parte de um gigantesco edifício no qual a Igreja se sustentava. Por causa disto, Kepler acreditava que seu livro jamais seria lido ao trocar os círculos pelas elipses. Ele teria dito que talvez esperasse um século por um leitor, assim como Deus esperou 6 mil anos (idade presumida para a Terra nesta ocasião) por um observador. É extremamente curiosa a explicação que Kepler descreveu para compreender a órbita elíptica de Marte. Ele diz que se sentia transportado para o espaço, numa posição privilegiada que lhe permitia vislumbrar a posição do sol e a trajetória de Marte em relação à Terra e ao sol. Situado na Terra, o observador tem a impressão de ver os planetas indo ora para frente ora para traz. É muito ilustrativa a experiência de quem está dentro de um trem veloz que ultrapassa outro mais lento. Tem-se a impressão de que o trem que ficou para traz está se afastando de marcha ré. Só um observador que se situasse do lado de fora veria os dois trens indo na mesma direção embora com velocidades diferentes. Esta foi a posição de Kepler deslocado para o espaço sideral observando a Terra e Marte contornando o sol com velocidades diferente. Talvez este seja um belíssimo exemplo de desdobramento espiritual produzindo ciência. Na doutrina aristotélica, os astros no céu seriam invariáveis e os objetos situados abaixo da lua sofreriam suas mudanças a partir de “tendência” que lhes são características. Assim, a “tendência” do fogo é subir, da água é descer e ficar na superfície da Terra e o ar tende a ficar acima da Terra e abaixo do fogo. Observando a queda de uma pedra e de uma folha, Aristóteles afirmava, sem testes práticos, que um objeto duas vezes mais pesado que outro cai duas vezes mais depressa que o mais leve. Ele não fez qualquer referência a uma possível força que pudesse agir atraindo os objetos. Uma pedra jogada para cima voltaria para a Terra por estar presa a ela por um fluido ou éter. Os movimentos das marés eram atribuídos à “tendência” da água em se acomodar sobre a Terra. Foi só depois que Newton nos revelou a força da gravidade que este fenômeno foi esclarecido. Kepler acreditava na existência de forças magnéticas que atuariam produzindo os movimentos do mar. Galileu tentou convencer ao Papa Urbano VIII de que o vai vem das marés era provocado pelo movimento de rotação da Terra. Este, por sua vez, insistia com Galileu, que os movimentos das marés ocorriam porque Deus tinha poderes para querer que as águas se movessem assim. Galeno – Ninguém exerceu influência na Medicina tão marcante e duradoura quanto Galeno. Ele trabalhou em Roma entre o primeiro e o segundo século da era cristã e seus livros foram seguidos à risca por toda a Idade Média. Não resta dúvida que sua maneira de ver os fenômenos clínicos e sua capacidade de relatar a anatomia e experimentar com a fisiologia dos animais era um avanço extraordinário para a época. Os princípios que admitia para explicar o funcionamento do organismo incluíam a existência de um “espírito” vital, situado no coração e que mantinha a vida. Este princípio seguia pela circulação até ao cérebro onde se transformava em “espírito” animal que nos permitiria perceber as sensações e elaborar os movimentos do corpo. E, finalmente, o “espírito” natural, situado no fígado que realizava a transformação dos alimentos e a produção do sangue. A existência de elementos imateriais, os “espíritos” ou “pneumas” no dizer de Galeno, que mantinham a vida e dominava nossas sensações e movimentos era aprovada e estimulada pelo pensamento da igreja medieval. Era a Alma, este ser “espiritual” que nos representa, quem administrava nosso livre-arbítrio permitindo as sensações e os movimentos. Os inúmeros erros de interpretações e descrições anatômicas, constantes nos tratados de Galeno, só foram corrigidos gradativamente, com o desabrochar do renascimento e as custas do sacrifício da própria vida de abnegados estudiosos que ousaram desafiar o peso do poder que a inquisição exercia na época. O vitalismo foi aos poucos perdendo espaço para os mecanicistas cujas experiências foram revelando o funcionamento do organismo através da química da digestão, das trocas gasosas na respiração, dos impulsos elétricos produzindo movimento e do metabolismo no interior das células. A idéia de um ser imaterial para processar a vida foi gradativamente escorraçada da Medicina. A Ciência, quando matou a Alma afastou-se definitivamente da religião. O choque cultural do Renascimento. Separando Ciência de Religião. Galileu – A contribuição de Galileu foi tão inovadora que o que chamamos hoje de Ciência, pode-se dizer que se iniciou com os seus trabalhos. Ele introduziu a matemática na interpretação dos fenômenos físicos e iniciou a experimentação como método de estudo na observação destes fenômenos. Conseguiu interpretar corretamente as leis do movimento e da queda dos corpos, surpreendendo a observação corriqueira quando provou que os corpos caem com a mesma velocidade independente do seu peso. Aquela pedra e aquela folha que Aristóteles viu caírem em tempos diferentes, atingiu o chão com a mesma velocidade sob o controle experimental de Galileu. Observando o balançar do candelabro da igreja que freqüentava ele conseguiu imaginar a construção de um pêndulo para medir o tempo com a precisão que as suas experiências exigiam. Reduzindo o atrito no corrimão da escada de sua casa conseguia fazer deslizar os objetos que lhe permitiam medir o tempo com uma interferência menor sobre o movimento de queda. Galileu envolveu-se numa contenda histórica com o Papa Urbano VII ao publicar o seu “diálogo sobre os dois sistemas do mundo”. Neste livro, Galileu, defendia e comprovava com argumentos irrefutáveis que o Sol ocupava uma posição central, enquanto a Terra e os sete planetas conhecidos giravam em torno dele. A teoria heliocêntrica fora defendida por Nicolau Copérnico quase um século antes. A revolução dos corpos celestes publicada por Copérnico teve pouca divulgação por ter sido publicada em latim que já vinha caindo em desuso. Sua maior repercussão talvez se deva aos comentário de Martinho Lutero que dizia que “este tolo vai subverter toda a arte da Astronomia” . Dizia-se que Copérnico “queria por o mundo de cabeça para baixo”. Até esta época, o céu de Ptolomeu tinha plena aceitação pela Igreja ao estabelecer os princípios aristotélicos da invariabilidade do mundo dos astros acima da lua e a perfeição das órbitas circulares, mais condizentes com a suprema perfeição de Deus. Provocar uma rotura na disposição dos astros retirando a Terra do centro do Universo e imobilizando o sol, ia de encontro às afirmações bíblicas que descreviam nos Salmos a trajetória do sol de um extremo ao outro no firmamento – “sua ascensão principia em um dos extremos do céu, e seu percurso vai até ao outro” (Salmo 19). Nem Copérnico nem Galileu estudaram corretamente as órbitas dos planetas e permaneceram admitindo a órbita circular em suas trajetórias. Incluir mais este atrito com a Igreja talvez não fosse suportado pelo arrojo e o temor destes revolucionários da Ciência. Galileu construiu, engenhosamente, um telescópio rudimentar que lhe permitiu identificar a presença de luas em torno de Júpiter. Para época seria inadmissível observar mais de um movimento relacionado com um único astro, mas o olhar aguçado de Galileu lhe permitiu determinar o tempo da órbita da lua de Júpiter e comprovar o afastamento e a aproximação do planeta e suas luas em relação ao sol. Para que isto acontecesse era indispensável admitir-se a posição central do sol, com os planetas girando à sua volta. O telescópio de Galileu lhe permitiu ver as montanhas e crateras da lua, sugerindo que ela não seria tão homogênea como exigia o céu de Aristóteles e de Ptolomeu. Com a teoria heliocêntrica, com os movimentos das luas de Júpiter, as irregularidades do mundo lunar e os movimentos das marés, Galileu estava em pé de guerra com os dogmas fundamentais da Igreja. A pressão de um tribunal sob as ordens de Urbano VIII fizeram o sábio abdicar às suas idéias, mas, já não havia mais condições para que estas comprovações fossem desmentidas e sua força renovadora se espalhou por toda Europa e desde então começou a ruir a opressão da Religião sobre a Ciência. René Descartes – Este grande filósofo francês, mesmo sabendo das ameaças que pairavam sobre Galileu, foi capaz de fazer o mundo pensar uma Ciência independente das limitações exercidas pelo poder religioso da época. Não realizou a ciência pela observação ou pela experiência como Galileu, René Descartes criou no seu “Discurso do Método” as condições para se produzir Ciência. A partir da suposição de poder duvidar para depois comprovar ele elaborou o seu princípio fundamental: “penso, logo existo”. A partir daí, enunciou a divisão do mundo em dois domínios: o das “coisas físicas” e o das “coisas mentais”. Dentro deste quadro ele estabeleceu a separação entre o corpo e a Alma, o espírito e a matéria. Esta dicotomia liberou aos poucos a possibilidade de se estudar o corpo humano nas mesas de necrópsias, livre, agora, da heresia de se mutilar o corpo e comprometer sua ressurreição no final dos tempos. Ao expor suas idéias sobre o corpo humano, Descartes não abandonou o pensamento dominante na época que exigia a existência da Alma para governar suas funções. Ele imaginava que esta Alma se localizava na glândula pineal devido sua situação no meio do cérebro permitindo a integração das nossas percepções realizadas à esquerda e à direita dos nossos sentidos. Descartes deu grande importância e independência ao nosso cérebro onde ele dizia ocorrer a percepção da dor que trafegava pelos nervos a partir da nossa pele. Esta idéia revolucionária, dava à Igreja a impressão de que Descartes estava eliminando a necessidade da presença da Alma na interpretação das nossas sensações. Para a publicação do seu livro sobre o Homem, o filósofo instruiu ao seu editor que o fizesse doze anos após a sua morte, procurando evitar atritos com a autoridade Papal. Isaac Newton – Com 23 anos de idade e um raciocínio mental brilhante, o jovem Newton começou a descobrir as Leis fundamentais da natureza num período em que foi obrigado a permanecer na fazenda de sua mãe . Ele consegui reunir em 3 princípios fundamentais toda uma série de fenômenos físicos que, até então, não aparentavam ter ligações entre si. Com as leis da inércia, dos movimentos acelerados e da atração das massas provocada pela gravidade, Newton conseguiu revelar o segredo da oscilação dos pêndulos, o fluxo e o refluxo das marés, o movimento dos planetas e o mitológico fenômeno da queda da maçã. Estudando a luz através de um prisma ele consegui desdobrar a luz branca revelando a somatória de cores que a compõe. Newton afirmava que, assim como o som se transmite por ondas, a luz também, percorreria o espaço as custas de um movimento ondulatório. As leis do movimento e a mecânica dos astros revelada por Newton, o fazia supor que o Universo podia ser visto como um relógio inteligentemente criado por Deus. Ao lado de um pensador extraordinário, Newton, mantinha um comportamento religioso consciente, recusando-se a aceitar o dogma da santíssima trindade, vigente na Igreja, e mantinha envolvimento com a alquimia e a astrologia que beiravam o misticismo. Newton chegou a revelar preocupação com o dilema da criação. Imaginava a possibilidade de Deus ter criado o Universo, e ter dado corda no relógio, produzindo o movimento dos astros. A partir daí, corria-se o risco da Sua presença tornar-se desnecessária. Ele acreditava que se Deus deu a corda no relógio, ele deverá funcionar com perfeição não sendo necessárias as nossas preces para pedir qualquer mudança nas nossas vidas. Conjeturava, Newton, que certas irregularidades observadas nos movimentos dos planetas poderiam fazer o sistema solar sair dos eixos. Estava, porém, seguro de que, Deus, interviria e poria as coisas novamente em ordem. Observa-se, portanto, a mente de um homem genial envolvida com um conflito de religiosidade artificial e pequena. As descobertas de Newton não acrescentaram qualquer outro cisma de maior importância com a Igreja, como ocorrera com Giordano Bruno, Galileu e Descartes. A Ciência, no entanto, enriqueceu-se com os conhecimentos das leis físicas que regem os fenômenos fundamental do Universo e fazia-se a partir de então dispensável o enigma da criação e o dedo de Deus para por o Universo em funcionamento. Paradoxalmente estas Leis, que afastaram mais ainda a Ciência da Religião, foram descobertas por um homem extremamente religioso. A Ciência moderna São inúmeros os nomes que deveriam constar na criação dos paradigmas da Ciência na atualidade. Indiscutivelmente, Einstein e Max Planc seriam os primeiros da lista. A Teoria da relatividade e a física quântica produziram uma revolução estrondosa na interpretação do Universo. Seria muito extensa a lista de produções tecnológicas desencadeadas pelas duas Teorias e nosso propósito é deixar registrado algumas das contribuições que elas produziram no pensamento humano e sua interação com o mundo que nos cerca. Algumas revelações dos fenômenos quânticos chegam a provocar espanto pela sua enorme aproximação com os fenômenos transcendentes que os místicos de todas as épocas tem descritos em suas experiências. A física quântica é extremamente complexa e sua compreensão muito difícil, mesmo assim, com ou uso de metáforas ilustrativas, os seus princípios tem sido traduzidos para uma linguagem que o leigo vem assimilando cada vez mais. De qualquer forma, o mundo quântico abriu o conhecimento humano para além da fronteira da realidade material que nos toca. Desde então, esta solidez que aparenta existir nos fenômenos físicos que observamos, só se concretiza com a participação da nossa consciência. Os fenômenos da nossa realidade material só existem às custas do colapso que nossa onda mental faz ocorrer na energia que da substrato à esta matéria. Nosso mundo é por sua própria natureza, indeterminado e é nossa mente quem faz as opções para a forma com que ele se expresse. Isso nos leva a imaginar a possibilidade de existir outras opções, portanto outras realidades ou falando mais amplamente, admite-se existirem outros Universos para além do que nós expressamos como real. No jogo de cara ou coroa, só quando a moeda cai no chão é que fica determinado quem foi que ganhou. Nosso Universo real e predeterminado pela nossa mente já existia antes de se expressar como tal, de uma maneira indeterminada, assim como a moeda enquanto girava cara ou coroa caindo pelo ar. Este princípio nos permite afirmar que nós não procedemos do nada, sendo obrigatória a existência de um Universo indeterminado antes de nós. Segundo o princípio da incerteza, só podemos medir isoladamente a velocidade ou a localização de uma partícula subatômica. Nunca as duas medidas podem ser processavas simultaneamente. Quando decidimos por um tipo de experimento que nos informa uma das medidas, estaremos fixando a partir daí, toda uma série de eventos que resultam da opção que fizemos. Este e outros princípios quânticos sugerem que ao fazermos determinadas escolhas ficamos comprometidos com os eventos futuros que esta escolha determina. Em termos comportamentais podemos dizer que nosso futuro está previamente escrito pelas escolhas que fizermos no presente. Fica muito claro que a física quântica, queiram ou não os materialistas, trouxe uma nova leitura do espírito humano. Ela é muito próxima dos textos espiritualistas transmitidos à milênios. O nó górdio a ser desatado agora pela Ciência é o seu encontro com a consciência, não em termos filosóficos ou teológicos, mas, como figurante no palco de todos os fenômenos que a vida nos faz testemunhar. A Origem da vida e a evolução das espécies Charles Darwin – A vida é o fenômeno mais complexo que existe no Universo. Apesar disto, o texto bíblico que descreve a sua origem, optou por um simbolismo de uma simplicidade poética encantadora. O Gêneses fez de Deus um oleiro, que usou o barro da Terra e dele fez o Homem. Soprou o seu Hálito em suas narinas e lhe deu a vida. Podemos ver aí que nossa carne provém da própria Terra, mas, o Espírito é um “sopro” divino. A idéia de uma criação pronta e acabada, determinada por decisão de um Supremo Criador predominou no pensamento dominante até 1859 quando Charles Darwin publicou a “Evolução das espécies” . Agora foi a vez do homem ser retirado do centro da criação para dar lugar a uma seqüência de transformações que vai fazer sobreviver as espécies melhor adaptadas. Em 1860 o palco da Universidade de Oxford serviu de arena para o grande debate entre os criacionistas e os evolucionistas. A rejeição principal da Igreja era admitir nossa ligação de parentesco tão íntima com os macacos. Este debate até hoje ainda não se pode dar por encerrado. O pensamento retrógrado de alguns clérigos continua rejeitando a evolução como princípio fundamental para a compreensão do mundo e a vida que o povoou de formas tão diversificadas. Convém registrar que a Teoria da evolução das espécies, embora nos esclareça o porque da diversidade nas expressões da vida, não é capaz de resolver o dilema da sua origem. Darwin, nas suas anotações, sugere que a vida foi “inicialmente infundida pelo Criador em algumas formas, ou em uma única.” Sua grande dúvida era o processo de como se realizariam as variações e modificações nos organismos para subseqüentemente sobreviverem as transformações mais bem adaptadas. Embora existisse nos estúdios de Darwin um exemplar do artigo de Mendel publicado em 1865, talvez ele não o tenha lido ou como tantos outros, não conseguiu perceber o nascimento da genética e as variações produzidas pelas mutações que Mendel tinha revelado nos cruzamentos das ervilhas do jardim do seu mosteiro. Na Ciência de hoje, duas novas Teorias estão contribuindo para o esclarecimento da origem da vida. A Teoria do caos e da complexidade, que sugerem que pequenos eventos caóticos, conforme o tempo e o local em que ocorrem, podem desencadear fenômenos complexos organizados. Uma boa metáfora que nos ajuda a compreender este fenômeno, é, por exemplo, o bater de asas de uma borboleta movimentando as moléculas de ar que vão produzir uma grande tempestade. A vida que funciona como um sistema aparentemente fechado para produção entrópica de energia. Na Teoria da complexidade admite-se que um sistema fechado, que tende a se expandir de forma anárquica, desorganizada, em sendo um sistema complexo, pode por si próprio se auto-organizar. Um exemplo que nos permite compreender este fenômeno pode ser visto quando colocamos água para ferver em um vasilhame de vidro. No início a temperatura aumenta e faz vaporizar de maneira anárquica as moléculas de água que começam a subir. A seguir poderemos ver a água se aderindo nas paredes do recipiente fechado, formando de maneira organizada, inúmeras gotículas na tampa do vasilhame. Assim, pressupõem-se que o material orgânico representado pelo carbono, nitrogênio e oxigênio foi submetido a uma determinada energia que a partir de um princípio de aparente desorganização o fez sediar a vida. Resta aos cientistas identificarem quais foram e qual a natureza das forças que produziram estas transformações. A sabedoria antiga e a nova física De maneira surpreendente vários cientistas tem percebido que os enunciados da física moderna estão revelando um caminho convergente entre suas proposições e os ensinamentos dos místicos do antigo Egito, da China e da Índia. O conhecimento milenar dos sábios da antigüidade procedem da inspiração que o contato com a espiritualidade lhes permitia desenvolver. Ainda temos muitos segredos a desvendar dentro destes textos que o futuro deverá nos esclarecer. O que já podemos confrontar nos dias de hoje, conseguem revelar uma antecipação extraordinária no conhecimento do mundo e as forças que nos dirigem. Além de um saber profundo, estes textos expressam uma simplicidade poética insuperável. Diziam os místicos: Tudo está em tudo. Tudo é movimento. Toda partícula contém a história do Universo. Cortar uma folha abala uma estrela. Tudo é um. O Cosmo está no Homem. O semelhante cura o semelhante. O não visto é o visível próximo. Estão aí, registrados, os princípios quânticos que revelam a importância do homem na observação dos fenômenos, o movimento incessante dos átomos, o plasma quântico que nos une a todos, a interferência que uma vibração produz na outra, a certeza de que o vazio e o nada não existem e de que tudo no Universo provém de uma só origem primitiva. Nem todos aceitam a semelhança que existe nos dois enunciados. Para alguns, é visível que estamos abrindo um vastíssimo campo de observação que vai nos por diante das realidades espirituais. As revelações Os Espíritos deram destaque às três grandes revelações enunciadas para a humanidade. Foram expressas por Moisés, Jesus Cristo e Allan Kardec. Moisés expulsou os adoradores do bezerro de ouro, Jesus polemizou com os Doutores da Lei e disse que seus ensinos não seriam compreendidos pelos sábios e Kardec diz que o Espiritismo não é do domínio da Ciência. Temos que compreender que estes três missionários nos vieram trazer a verdadeira interpretação para a Religião e para a Ciência. Pretendemos nos limitar apenas a Allan Kardec para dar destaque as novas feições que Kardec expôs nestes dois domínios. Na Religião destacamos: O Espiritismo não constitui uma instituição religiosa e nem criou Templos ou Igrejas onde ele possa ser cultuado.




Não existe hierarquia entre os seus membros e nem sacerdotes ou autoridade que o possa representar. Seu conhecimento não se estrutura em dogmas de qualquer espécie. Não tem indulgências para serem distribuídas ou negociadas. Ninguém ocupa ou representa o lugar de Deus. Suas atividades não admitem rituais, liturgias ou sacramentos. Nenhum objeto material tem qualquer valor abençoado ou sagrado nem existem lugares privilegiados com o título de santuário. Entre seus postulados científicos destacamos para nosso estudo : O ser humano é constituído de corpo, Alma e perispírito. A reencarnação possibilita a continuidade da nossa evolução espiritual Os Espíritos desencarnados se comunicam a todo instante conosco através da mediunidade. A comunicação se processa através da sintonia mental. Tudo que existe no Universo provém de uma substância primordial chamada Fluido Cósmico Universal. O Espírito por sua vontade pode circular pelo passado e pelo futuro. Os Espíritos não precisam da luz para enxergar. Eles vêem pela vibração que todo objeto irradia. O Espírito imprime suas vibrações nos objetos que examina. Cada um de nós traz na personalidade as experiências de múltiplas vidas que percorreu.

Nubor Orlando Facure, é médico Neurologista, diretor do Instituto do Cerebro de Campinas, espírita, escritor da doutrina codificada por Kardec, amigo pessoal conviveu com Chico Xavier, como diretor da Unicamp falou do espiritismo, tem vários livros sobre suas experiência doutrinárias, é palestrante e até hoje divulgador e pesquisador  e colabora com este blog, no Facebook Nubor Orlando Facure, emails e contato pelo ifacure@uol.com.br

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