Por certo, nossos leitores se lembram do artigo publicado em setembro último, sob o título de Uma Família Espírita. As comunicações seguintes são muito parecidas com aquela. Com efeito, são conselhos ditados numa reunião íntima, por um Espírito eminentemente superior e bondoso. Distinguem-se pelo encanto e pela doçura do estilo, pela profundeza dos pensamentos e, além disso, por nuanças de extrema delicadeza, apropriadas à idade e ao caráter das pessoas a quem eram dirigidas. O Sr. Rabache, negociante de Bordéus, que serviu de intermediário, teve a bondade de autorizar a sua publicação. Só podemos felicitar os médiuns que recebem coisas semelhantes. É uma prova de que têm simpatias felizes no mundo invisível.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
Conselho de Família - Por Allan Kardec, de A Revista Espírita, 1860 -
Castelo de Pechbusque, novembro de 1859.
PRIMEIRA SESSÃO
Foi perguntado ao Espírito protetor da família, se podia dar alguns conselhos aos membros presentes. Ele respondeu:
Sim, que eles tenham confiança em Deus e busquem instruir-se nas verdades eternas e imutáveis que lhes ensina o livro divino da Natureza. Ele contém toda a lei de Deus, e os que sabem ler e compreender, seguem apenas o caminho verdadeiro da sabedoria. Que nada do que verão seja desprezado, pois cada coisa traz em si um ensinamento e deve, pelo uso do raciocínio, elevar a alma para Deus e dele aproximá-la. Em tudo quanto ferir a inteligência, procurem sempre distinguir o bem do mal: o primeiro, para praticá-lo; o segundo, para evitá-lo. Que antes de formular um julgamento, voltem sempre o pensamento para o ETERNO, que os guiará apenas ao bem, E NÃO OS ENGANARÁ JAMAIS.
SEGUNDA SESSÃO
Boa noite, meus filhos. Se me amais, procurai instruir-vos. Reuni-vos muitas vezes com esse pensamento, e ponde vossas ideias em comunhão. É um excelente meio, pois em geral só intercambiamos as coisas que julgamos boas. A gente se envergonha das más, assim, são guardadas em segredo ou só são comunicadas aos que queremos tornar cúmplices. Distinguem-se os bons dos maus pensamentos, porque os primeiros podem, sem receio, ser transmitidos a todo mundo, ao passo que os últimos não poderiam, sem perigo, ser comunicados senão a alguns. Quando vos vier um pensamento, para julgar de seu valor, perguntai-vos se podeis torná-lo público sem inconvenientes e se não produzirá nenhum mal. Se vossa consciência vo-lo autorizar, não temais, pois vosso pensamento é bom. Dai-vos bons conselhos mutuamente, e nisto só tendo em vista o bem daquele a quem os dais, e não o vosso. Vossa recompensa estará no prazer que experimentais em serdes úteis. A união dos corações é a mais fecunda fonte de felicidades. Se muitos homens são infelizes, é porque só procuram a felicidade para si mesmos. Ela lhes escapa precisamente porque julgam encontrá-la apenas no egoísmo. Digo a felicidade, e não a fortuna, porque, até aqui, esta última só tem servido como sustentáculo à injustiça, e o objetivo da existência é a justiça. Ora, se a justiça fosse praticada entre os homens, o mais afortunado seria aquele que realizasse maior número de boas obras. Se, pois, quiserdes tornar-vos ricos, meus filhos, praticai muitas ações boas. Pouco importa os bens do mundo. Não é a satisfação da carne que se deve buscar, mas a da alma. Aquela é efêmera; esta, eterna.
Chega por hoje. Meditai sobre estes conselhos e procurai pô-los em prática. Eis o caminho da salvação.
TERCEIRA SESSÃO Sim, meus filhos, eis-me aqui. Tende confiança em Deus, que jamais abandona os que fazem o bem. Aquilo que julgais um mal, com frequência só o é em relação às vossas concepções. Também, às vezes, o mal real vem apenas de um desânimo ocasionado por uma dificuldade, que a calma de espírito e a reflexão teriam evitado. Assim, refleti sempre e, como já vos disse, reportai tudo a Deus. Quando experimentais qualquer pesar, longe de vos abandonardes à tristeza, ao contrário, resisti e fazei todo esforço para triunfar, pensando que nada se obtém sem trabalho, e que muitas vezes o sucesso é acompanhado por dificuldades. Invocai o auxílio dos Espíritos benevolentes. Eles não podem, como vos ensinam, fazer boas obras em vosso lugar, nem obter algo de Deus para vós, pois é preciso que cada um conquiste, por si mesmo, a perfeição a que todos estamos destinados, mas podem inspirar-vos o bem, sugerir-vos conduta conveniente e ajudar-vos com seu concurso. Eles não se manifestam ostensivamente, mas no recolhimento. Escutai a voz da vossa consciência, lembrando-vos de meus conselhos precedentes. Confiança em Deus, calma e coragem.
QUARTA SESSÃO
Boa noite, meus filhos. Sim, é preciso continuar as sessões, até que um médium se manifeste, para substituir o que vai deixar-vos. Está cumprido o seu papel de iniciador entre vós. Continuai o que começastes, porque vós também servireis um dia à propagação da verdade que neste momento é proclamada no mundo inteiro pelas manifestações ditas dos Espíritos. Persuadi-vos, meus filhos, de que, em geral, o que se entende na Terra por Espírito, só é Espírito para vós. Depois que esse Espírito, ou alma, se separa da matéria grosseira que o envolve, para vós não tem mais corpo, porque vossos olhos materiais não mais o veem, mas continua sendo matéria para os mais elevados que ele. Para vós, minhas crianças, vou fazer uma comparação muito imperfeita, mas que, entretanto, vos poderá dar uma ideia da transformação a que impropriamente chamais morte. Imaginai uma lagarta, que vedes diariamente. Esgotado o tempo de sua existência nesse estado, ela se transforma em crisálida; passa algum tempo nesse estado e depois, chegado o momento, se despoja de seu envoltório e dá origem a uma borboleta, que voa. Ora, a lagarta, ao deixar sua natureza grosseira, representa o homem que morre. A borboleta representa a alma que se eleva. A lagarta arrasta-se no chão. A borboleta voa para o céu. Mudou de matéria, mas ainda é material. Se a lagarta raciocinasse, não veria a borboleta que, entretanto, teria saído da carapaça apodrecida da crisálida. Assim, o corpo não pode ver a alma, mas a alma, envolta em matéria, tem consciência de sua existência e o próprio materialista por vezes a sente interiormente. Então, seu orgulho o impede de concordar e ele fica com sua ciência sem crença, sem se elevar, até que, enfim, lhe chegue a dúvida. Então, nem tudo está acabado, porque nele a luta é maior, mas é apenas uma questão de tempo, porque, meus amigos, não vos esqueçais, todos os filhos de Deus foram criados para a perfeição. Felizes os que não perdem tempo pelo caminho. A eternidade é feita de dois períodos: o das provas, que poderia chamar-se de incubação, e o da eclosão, ou da entrada na vida verdadeira, que chamais de felicidade dos eleitos.
QUINTA SESSÃO
Meus caros filhos, vejo com satisfação que começais a refletir nos avisos e conselhos que vos dou. Sei que para o atual desenvolvimento de vossa inteligência há, simultaneamente, muito assunto para reflexão. Devo, porém, aproveitar a ocasião que se apresenta, pois em poucos dias esse meio não mais estará à minha disposição, e era necessário ferir a vossa imaginação, de maneira a vos sugerir o desejo de continuar as vossas sessões, até que algum de vós possa substituir o médium atual. Espero que estas poucas sessões, sobre as quais vos incito a meditar demoradamente, tenham sido suficientes para despertar vossa atenção e o desejo de aprofundar mais esse vasto assunto de investigações. Tomai como regra jamais procurar satisfazer uma vã curiosidade, mas vos instruirdes e vos aperfeiçoardes. É inútil vos preocupardes com a diferença que possa existir entre o que vos ensinarei e o que sabeis ou julgais saber. Cada vez que vos for dada uma instrução, perguntai-vos se é justa e se corresponde às exigências da consciência e da equidade. Quando a resposta for afirmativa, não vos inquieteis em saber se está de acordo com o que vos tiver sido dito. Que vos importa isto! O importante é o justo, o consciencioso e o equitativo. Tudo quanto reúne estas condições é de Deus. Obedecer a uma boa consciência; só fazer coisas úteis; evitar tudo quanto, sem ser mau, não tem utilidade, eis o essencial, pois fazer algo de inútil já é fazer o mal. Evitai escandalizar, mesmo pelo vosso aperfeiçoamento. Circunstâncias há em que a simples visão de vossa mudança pode produzir um efeito pernicioso. Assim, por exemplo, a luz do dia não poderia, sem perigo, atingir de súbito os olhos de um homem encerrado num calabouço escuro. Então, que o vosso progresso não seja entregue à investigação, senão conforme vos aconselhar a sabedoria. Aperfeiçoai vos continuamente: somente no devido tempo permitireis que isto seja visto. Aqueles para quem escrevo este conselho o compreendem, sem que eu tenha de ser mais explícito. Sua consciência lhes dirá.
Coragem, pois, e perseverança! Estas são as únicas leis do sucesso.
OBSERVAÇÃO: O último conselho não poderia ter aplicação geral. É evidente que o Espírito teve um objetivo especial, como ele próprio disse. Do contrário, poderíamo-nos enganar quanto ao sentido e o alcance de suas palavras.
Allan Kardec, sempre orientou junto aos que estudavam o espiritismo, a importância de ler a Revista Espírita, durante anos, durante seus 32 livros, as Revistas foram usadas, para pesquisa, estudo, nas décadas de 40,50,60,70, ela teve grande saída no Brasil, depois, ficou esquecida, e retornou a uso comum, em 2011, inclusive em sites, e edições mais renovadas.
Pela internet, é possível conhecer as edições no www.kardecpedia.com.br, assim como todos os livros da codificação espírita.
Kardec, e o Espírito da Verdade, uma fonte de saber, sempre a disposição, dos que desejam de fato entender a vida além da vida, e nossos compromissos na terra.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário