Inspirando-se
provavelmente no filósofo grego Teofrastos (372-288 a.C), que proclamava ser
muito caro o tempo, Benjamin Franklin (1706-1790) criou a máxima Time is money (Tempo é dinheiro), muito
valorizada pelas pessoas que vivem em função dos bens materiais, empenhando
seus dias a esse mister.
Tal
concepção tornou-se típica da mentalidade empresarial, particularmente entre os
norte-americanos. Perder tempo para eles é jogar dinheiro fora.
Mas
é uma injustiça ao grande estadista americano, esse homem extraordinário que
seus contemporâneos chamavam “apóstolo dos tempos modernos”, situá-lo como
alguém interessado em empenhar seu tempo em favor do “vil metal”.
O
móvel de suas ações, muito acima de meros interesses imediatistas, era o saber,
não por mero diletantismo, mas como um instrumento valioso em favor do bem
comum.
Menino
pobre, alfabetizou-se sozinho e, empenhado em aprender sempre, foi apreciado escritor, próspero editor, inventor genial (criou o pára-raios) e
admirável estadista (participou com
Thomas Jefferson e Samuel Adams da redação da declaração de
independência dos EE.UU e integrou a assembléia que redigiu a avançada
constituição norte americana).
Um
detalhe interessante: foi reencarnacionista, e o epitáfio que preparou para sua
sepultura, fazendo referência a uma de suas atividades, diz bem sobre o
assunto:
O corpo de Benjamin Franklin, tipógrafo,
como a capa de um livro velho, seu conteúdo despedaçado e despido de seu título
e de seus dourados, aqui jaz, alimento para os vermes.
Mas o trabalho
não será perdido, pois, como ele acredita, aparecerá mais uma vez, em nova e
mais elegante edição, revista e corrigida pelo autor.
Por tudo o que fez, pelo aproveitamento integral de seus 84
anos muito bem vividos, Benjamin Franklin deixa bem claro que ao proclamar time is money está recomendando que devemos ver no tempo uma
moeda que não deve ser jogada fora, porquanto é com ele que “compramos”
cultura, conhecimento, virtude, sabedoria…
***
As
moedas têm dois valores:
Extrínseco,
nominal, aquele que nela inscrevemos. Há moedas de um, cinco, dez, vinte e
cinco e cinquenta centavos, bem como de um real, circulando no Brasil.
Intrínseco,
substancial, representado pela peso do metal usado. Por isso mesmo não se pode
usar o ouro para cunhar uma moeda de dez centavos. Ainda que minúscula, seu
valor intrínseco seria muito maior. Ela simplesmente desapareceria de
circulação, porquanto as pessoas a derreteriam para vender o ouro.
Algo
semelhante ocorre com o tempo.
O
valor extrínseco, nominal, de uma hora é o mesmo para todos nós.
Mas
o valor intrínseco, real, depende do que dela estivermos fazendo.
O
eficiente professor ministra uma aula.
Seu
valor extrínseco é o mesmo para todos: 60 minutos de aprendizado.
Mas
o valor intrínseco, íntimo dessa hora, só pode ser avaliado individualmente.
O
aluno distraído, desatento, desinteressado, pensamento longe, joga fora esses
sessenta minutos, perde tempo.
O
aluno atento, interessado, participativo, disposto a trocar idéias com o
professor e fazer anotações, estará aproveitando integralmente o ensejo,
“comprando” com essa hora conhecimentos
que enriquecerão seu patrimônio cultural e intelectual.
***
Um
século marca extrinsecamente o tempo de uma vida, considerada a programação
biológica da raça humana, o período de preparo para a reencarnação e de
readaptação à vida espiritual.
Num
século poderemos adquirir valores imperecíveis de virtude e conhecimento que,
segundo Jesus, as traças não roem nem os ladrões roubam.
Mas,
se não tivermos cuidado, um século poderá representar para nós apenas a
lamentável semeadura de vícios e paixões, desatinos e desajustes, com colheita
obrigatória de sofrimentos e dores.
O
apóstolo Paulo, o admirável arauto da Boa Nova, era bastante enfático a esse
respeito:
Não vos iludais. Deus não se deixa escarnecer. Tudo aquilo que
o Homem semear haverá de colher. (Gálatas, 6-7)
Tudo
o que fazemos volta para nós, tanto o bem quanto o mal, segundo os princípios de
Causa e Efeito que nos regem.
Só
há uma exceção.
O
tempo.
Se
não aproveitado é patrimônio dilapidado na contabilidade divina, a empobrecer o
futuro.
Por falar
nisso, leitor amigo, uma perguntinha:
O que tem feito você de seu tempo?
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