A Natureza é a grande mestra. Só ela contém a verdade, e todo aquele que saiba vê-la, com olhar filosófico, desvendar-lhe-á os secretos tesouros ocultos aos ignorantes. As leis que regem a evolução proteiforme da matéria física ou vivente atestam que nada aparece súbita e perfeitamente acabado.
O sistema solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as ciências, longe de traduzirem rebentos espontâneos, são antes o resultado de longa e gradual ascensão, a partir das mais rudimentares formas até às modalidades hoje conhecidas.
Lei geral e absoluta, dela não poderia aberrar a alma humana constituir uma exceção. Essa alma, vemo-la, passa na Terra pelas mais diversas fases, desde as humílimas e incipientes concepções dos silvícolas, até as esplêndidas florações do gênio nas nações civilizadas.
Deverá nosso exame retrospectivo deter-se aí? Deveremos crer que essa alma, que manobra no homem primitivo um organismo tão complicado, tenha podido, de súbito, adquirir propriedades tão variadas e tão bem adaptadas às necessidades do indivíduo?
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O compacto texto acima é do escritor francês Gabriel Dellane. Peço ao leitor ler novamente e com bastante atenção. Ele mostra o real aspecto das sucessivas transformações que vemos a natureza realizar, inclusive em nosso próprio corpo. É o que também ocorre conosco como individualidades, não restrito à questão do corpo e suas naturais transformações, mas refiro-me às transformações morais, intelectuais, emocionais, psicológicas e do permanente aprendizado advindo das experiências sucessivas que nos aprimoram.
Uma transformação real, na conquista de virtudes e no aprimoramento intelectual ou na segurança psicológica e emocional é impossível durante os poucos anos de uma única existência, por mais longa que seja.
Carregamos conosco ainda, como seres humanos, traumas e carências, manias e imperfeições morais que são as causadoras das perturbações individuais e seus lamentáveis desdobramentos e do caos social que mostra violência, corrupção e insegurança.
Considerando a sabedoria, bondade e perfeição do Criador, nossa condição de seres imortais e a necessidade real de continuarmos aprendendo, não é mais lógico pensar numa continuidade natural das experiências de aprendizado?
Como disse o autor francês, como adquirir de súbito virtudes e conhecimentos que não integram nossa personalidade? A própria lógica e o bom senso indicam que é na continuidade do tempo que isso se fará. Como o tempo é infinito, ele trará essas oportunidades em épocas que naturalmente se renovarão. É só raciocinar mais um pouco. Se a própria dinâmica de vida e seus acontecimentos já é assim, nas transformações gradativas, porque seria diferente com as individualidades?
É preciso dar tempo ao tempo...
E pela mesma razão começamos a compreender causas e consequências, causa e efeito de tantas situações, encontros, reencontros, desajustes e impedimentos de toda ordem que ora se apresentam e que outra não é a causa senão a estreita relação entre as experiências vividas pelo mesmo ser, em épocas, lugares e situações totalmente diferentes. Por isso também a prudência hoje para evitar arrependimento e lágrimas nos dias que inevitavelmente virão. É muito melhor agir hoje com discernimento, bondade e bom senso do que colher amanhã os resultados dos descuidos de hoje.
Orson Peter Carrara, é espírita, escritor, dirigente espírita, palestrante, um dos maiores divulgadores da Doutrina Espírita de acordo com a codificação de Allan Kardec, estes assuntos e outros podem ser tratados pelo seu e-mail orsonpeter92@gmail.com e pela sua página no Facebook Orson Carrara.
Desde 2013, o palestrante e escritor, colabora com este blog.
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