Eu só quero que o dia termine bem! Esta é uma conhecida frase, presente em músicas do cancioneiro popular e em figuras que circulam nas redes sociais. Ela representa que, idealmente, após as tempestades da vida deve vir a bonança, a calmaria. Ou em outras palavras, mesmo que a situação esteja “ruim”, ela pode se modificar e ficar “melhor”.
Há os que adaptem essa expressão para “Eu só quero que tudo termine bem”. Neste caso, diante de dilemas existenciais, de lutas ou disputas, de situações em que haja os naturais conflitos humanos, interpessoais, é justo e lídimo esperar pela paz.
Há uma outra frase, também, que é importante para o contexto desta missiva: “Se queres a paz, te prepara para a guerra” (provérbio latino “Si vis pacem, para bellum” – Publius Flavius Vegetius, no quarto ou quinto século da Era Cristã). Não é necessário que seja um evento bélico, com armas cada vez mais sofisticadas e letais. O conflito pode ser ideológico, intelectual, interpretativo. E este tipo é o que mais ocorre em nossos dias. Uma disputa – que pode ser de egos, também – entre “verdades”.
E onde há conflitos? Em qualquer lugar. Basta ter-se, no mínimo, duas pessoas. Há quem diga, ainda, que pode haver conflito – e há – com, apenas, uma pessoa. Mas aí tal “disputa” será entre os componentes do próprio Espírito, o eu, o ego, o alter ego, já ensinam a Psicologia e a Psicanálise. Contudo, não é nosso objetivo tratar dos confrontos íntimos na busca pela “melhor opção” de viver. Ocupemo-nos das relações interpessoais.
Se os conflitos dependem da existência, dual ou plural, de indivíduos e, portanto, por esta premissa, eles são circunstanciais e revestem-se de características conforme o locus, o cenário e o ambiente em que as pessoas estiverem partícipes, pode-se afirmar com objetividade e consistência que, também nas organizações espíritas existem conflitos.
Não? Tem certeza? Você nunca viu ou participou de um?
Que organização é esta, espírita, de que você faz parte? Conte-nos! Queremos descobrir e conhecer. Talvez possa ser um oásis no meio dos desertos humanos. Talvez seja um “pedacinho do Céu” na Terra, para lembrar o poeta, ainda que, francamente, o “conceito espírita” de Céu não seja o firmamento das demais religiões. Opa, demais? Como assim? É o Espiritismo uma religião?
Calma, calma, não é o “mote” deste ensaio tratar sobre a configuração (ou não) religiosa do Espiritismo Brasileiro. Fica para uma próxima!
Então, voltemos ao alvo de nossos escritos: o centro espírita! Esta “menor célula” de agrupamento do chamado “movimento espírita”. Para lembrar o Codificador, seriam “núcleos familiares de espiritismo”, formados por pessoas que mantêm, entre si, relações de afetividade, conviviabilidade e colaboração, permanentemente. Certo?
Veja bem...
Narizes um pouco torcidos... Olhares arregalados... Sorrisos amarelos... Dar-se de ombros... Não é bem assim! Realmente, não é BEM assim. Nem é assim. Mas poderia ser assim, não?
Pessoas são pessoas. Seres humanos. Individualidades espirituais. Cada qual com suas distintas bagagens (aquela mochila que trazemos, invisível, às costas e que aglutina cada uma das experiências encarnatórias que tivemos, além, é claro, daquele período de permanência no Plano Invisível, a Erraticidade, o local onde vivem os espíritos errantes.
Calma! Eu não vou falar de nenhum “mundo” extrafísico, nenhuma “colônia” espiritual, para não causar embaraços aqui ou ali, nem afastar o público da leitura e compreensão deste artigo. Não mesmo!
Os Centros Espíritas são o conjunto destas individualidades. Ali, desfilam, diariamente, as personalidades espirituais que se revestem, inicialmente, da conformação física e psicológica da atual encarnação, resultante da formação familiar, da instrução formal (educação), das atividades profissionais, das participações em outros grupos, etc. Mas, também, o somatório de virtudes, caracteres, elementos de natureza espiritual, considerando, assim, o conjunto de todas as experiências vivenciadas pela Alma (Espírito).
Natural é, portanto, que, aliando uma à outra contingência, tenhamos almas bastante experientes no trato convivial – ainda que, em função dos próprios comportamentos que diferenciam, entre si, as mulheres e os homens da nossa época, nem todos tenham “tato” na convivência, não é mesmo? Há seres muito embrutecidos, em todos os sentidos, e outros que, inobstante a cultura educacional e profissional, ainda possuem vestígios de barbárie e incompreensão “explícitas”.
E tudo isso “junto e misturado”. Tudo isso convivendo proximamente, na reunião doutrinária, na de estudos, no trato com crianças, adolescentes e jovens, nas ações sociais e... Taram! Na reunião de estudo e “aprimoramento” (educação) da Mediunidade!
Que as máscaras caiam, senhores! Nestes exercícios de participação coletiva, independente das tarefas realizadas, é natural que as pessoas passem a se conhecer, não é mesmo? E, em se conhecendo (mais e melhor) surgirão, naturalmente, os... Conflitos!
E, como assaz acontece em todas as outras agremiações humanas, que a civilização aprimorou afastando os agrupamentos primitivos onde a força física era preponderante para “solucionar” os conflitos, surgem outros elementos de materialização do poder. A intelectualidade, o poder de persuasão, a habilidade de convencimento, entre outros. Mas, também, um outro fator, que, por vezes, não “obedece” a esses pilares organizacionais, acima citados. A hierarquia. O poder. A distribuição de cargos, posto que cada organização também obedece aos regramentos jurídicos vigentes e, portanto, precisa estar formalizada do ponto de vista da separação (segregação) de funções e da definição de “quem manda e quem obedece”. Para não sermos tão severos e não falarmos em “autoridade repressora” (mas que existe, eu sei e você sabe!), vamos dizer que, para fins de melhor programação e execução de tarefas, há os que definem e orientam o como deve ser feito.
O poder – temporal – é, portanto, manifesto e presente. Ele está “em toda a parte” e seus efeitos são erga omnes (ou seja, para todos). Diz o adágio popular: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. E, neste contexto, a autoridade local é derivada do consenso ou do poder de escolha, que obedece, em regra, a padrões de democracia representativa, com os associados podendo se candidatar, formar chapas e disputar eleições, periodicamente.
Estabelecidas tais premissas, vamos tratar, agora, do avestruz. Sim, essa simpática ave, a maior dentre as espécies desta classe biológica, originária da África em nosso planeta. Entre as características expressivas deste animal está o fato de que elas têm o hábito de esconder a cabeça na areia, ao primeiro sinal de perigo.
Perigo... Palavra interessantíssima...
Existiriam avestruzes espíritas? Boa pergunta...
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