Diz-se que o ser humano vive em busca de
respostas. Desde que retoma a consciência de si mesmo, em nova existência, a
encarnação se consolida e o ser passa a viver plenamente neste orbe, ele indaga
a si mesmo e aos outros (pessoas, organizações, crenças, filosofias, etc.)
acerca de questões pontuais de sua existência: o que sou, de onde vim, para
onde vou, como fui criado, além dos porquês em relação a tudo que vivencie ou
observe. Indagar, assim, é o caminho para o conhecimento, num contínuo e
incessante processo.
Quanto me tornei espírita – e já vão lá bons 38
anos – à medida que fui participando das atividades (palestras e reuniões de
estudo), vislumbrei, de início, um “universo” até então desconhecido. Usando
uma analogia comum nas lides espiritistas, foi como se tivessem tirado uma
“trave” de meus olhos, fazendo-me descortinar realidades que, conscientemente,
não me apercebia. Diversas das explicações dadas por expositores e
coordenadores de grupos pareciam ser tão “reais”, “inteligentes”, “lógicas”,
que me fizeram (e, creio, até hoje devem provocar nos outros a mesma reação): -
por que não pensei nisso antes?
Tinha eu a noção de que o Espiritismo
responderia todas as (minhas) indagações, possuiria a resposta certa para
qualquer questão, explicaria conveniente e racionalmente tudo o que pertencesse
a este mundo físico, quanto à realidade espiritual. E, por extensão, talvez,
imaginasse que, em satisfazendo todos os questionamentos, nada mais haveria a ser
indagado...
Ledo engano! A seqüência dos anos e o
envolvimento (maior) nas atividades e nas pesquisas espíritas me fez ver
justamente o contrário: o Espiritismo não tem a “obrigação” de responder a
todas as dúvidas existenciais do(s) indivíduo(s). Nem, tampouco, “resolve” as
questões mais ou menos importantes da realidade individual do ser. Ele é, do
contrário, o (um) caminho para algumas certezas e muitas outras dúvidas.
Sua função é “provocar”, fazer o ser
continuar a questionar acerca de tudo. Como aquele sábio da Antigüidade que
reconhecia suas limitações (“só sei que nada sei”), também a Doutrina dos
Espíritos oferece-nos um horizonte (até então) inexplorado e, à medida que
passamos a conhecer algo sobre dado tema, ao invés de esgotá-lo, ampliam-se
ainda mais as perspectivas de conhecimento, e novas perguntas são iminentes.
Assim, ao invés de somente “procurar” e
querer encontrar respostas na filosofia espírita, capazes de “saciar” sua fome
e sede de conhecimento, deve o indivíduo (Espírito encarnado com as limitações
diversas que a matéria impõe) estar cônscio de que quanto mais souber, quanto
mais conhecer, mais haverá a ser indagado, perscrutado, raciocinado e
entendido.
Então, desejamos que a sua presença na
Instituição Espírita e, também, o seu contato com as fontes de informação
(livros, revistas, jornais, panfletos, assim como no “universo virtual” de
sites, blogs e redes sociais) possa ser o incentivo para novas indagações,
respostas, indagações, respostas...
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