Perguntaram a Chico Xavier:
– Você faria uma plástica facial?
– Claro, se me fosse possível, pois assim não assustaria tanto meus semelhantes.
A resposta bem-humorada do médium nos conduz à problemática dessa especialidade médica, bastante desenvolvida na atualidade.
Técnicas modernas tornaram os procedimentos mais simples e acessíveis.
Há, porém, sob o ponto de vista espiritual, a impertinente questão:
Será lícita essa iniciativa, buscando-se a beleza física, quando o que importa é o embelezamento espiritual?
Bem, amigo leitor, costuma-se dizer que para sermos felizes devemos gostar de nós mesmos.
Obviamente, isso envolve, também, a aparência.
Razoável, portanto, que a pessoa não satisfeita com seu visual trate de melhorá-lo.
Argumentam os opositores que seria incensar a velha vaidade humana, tão prejudicial à evolução do Espírito.
Se assim considerarmos, deveremos renunciar aos cuidados com a roupa, os sapatos, os cabelos, a higiene pessoal…
Todos apreciam uma pessoa bem trajada, cabelos bem penteados, suave perfume…
Igualmente desejável boa postura, ar saudável, expressão jovial, harmonia nos traços, ausência das rugas que tanto incomodam a alma feminina.
Há profissionais que devem observar cuidadosamente esses aspectos: modelos e artistas, por exemplo, cujo trabalho exige apuro com o visual.
Condenável seria o excesso.
Vejo pessoas que se submetem a tantas recauchutagens faciais que ficam com a aparência de uma boneca de cera, pele esticada, face inexpressiva.
Ouvi, certa feita, famosa atriz já na madureza, a proclamar que jamais se submeteria a cirurgia rejuvenescedora facial, por considerar que rugas dão dignidade e respeitabilidade à velhice.
Exemplar sua postura, embora não devamos levar sua observação a extremos, suprimindo até mesmo os recursos de preservação da saúde.
Afinal, de certa forma contrariamos a Natureza quando lutamos contra a morte, buscando longevidade.
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Há a questão do carma.
A cirurgia plástica estaria interferindo na programação cerâmica.
Será?
Consideremos a herança genética.
Herdamos de nossos pais suas características físicas e não me parece que toda uma ancestralidade tenha enfiado o nariz onde não devia ou não ouviu os avisos da vida, justificando o nariz adunco ou as orelhas de abano.
Mesmo quando há legítimo problema cármico, relacionado com a aparência ou a funcionalidade física, isso não significa que não possamos corrigi-lo ou amenizá-lo.
Na contabilidade espiritual, quando se trata do pagamento de débitos cármicos, a Medicina, com seus avanços, é a própria Misericórdia Divina a nos oferecer generosos descontos, amenizando as dores do resgate.
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Consideremos, ainda, que a dor é apenas o estágio primário no processo de reajuste quando contrariamos as leis divinas e nos comprometemos no mal.
Num segundo estágio, há os prejuízos que causamos.
Um exemplo:
Num exercício de vandalismo, chuto a vitrine de uma loja, fazendo-a em pedaços. No ato corto a perna e vou parar no hospital.
Dependendo dos recursos que venha a mobilizar, inclusive cirurgia plástica, posso demorar mais ou menos na recuperação, ficar ou não com antiestética cicatriz ou limitação de movimentos, mas o resgate de minha dívida com o comerciante será o meu compromisso maior.
Somente estarei liberado quando ressarcir os prejuízos que lhe causei.
Ainda que ele não necessite dessa reparação, sentir-me-ei em débito com minha própria consciência, obrigando-me a ações compensatórias dirigidas ao bem comum.
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Podemos considerar a cirurgia plástica uma espécie de maquiagem para o homem perecível, sem nenhum efeito na economia do Espírito imortal.
Portanto, caro leitor, use-a, se o desejar, sem abusar, e lembre-se:
O bisturi melhora precariamente o visual físico.
Para melhorar o visual espiritual é preciso usar largamente outro bisturi: o empenho de renovação, extraindo mazelas e imperfeições de nossa alma, mão firme no esforço do Bem.
Richard Simonetti, 82, escritor, espírita, por mais de 63 anos divulgando a Doutrina Espírita pelo Brasil e pelo Mundo, é palestrante, tem canais na Internet, é colaborador deste blog semanalmente.
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