terça-feira, 31 de janeiro de 2017

HISTÓRIAS DE UMA UTI - POR DAVID CHINAGLIA





Estimados seguidores deste blog, amigos da doutrina espírita, estamos longe do entendimento seja o que ensinam as religiões, ou a nossa amada doutrina espírita, existem grandes equívocos no que se refere a ser importante ao ser humano.

No final do ano passado num hospital vivi momentos de aprendizado como ser humano, e como espírita sobre o que realmente importa na vida.
Estava acompanhando o tratamento de uma pessoa importante em minha vida, e fomos surpreendidos por enfrentamento de passar dias numa Unidade de Terapia Intensiva.

Isto como sabem na maioria dos lugares não é permitido acompanhante, o que pessoalmente acho um erro em pessoas de idade, porém fui buscar informações fora a contaminação para isto.

Existem projetos em alguns Hospitais particulares que numa unidade destas deixam UMA PESSOA FICAR em caso de possibilidade de ajudar a recuperação de pacientes, é um projeto piloto, onde membros são escolhidos a dedo e poucos querem arriscar, em 97% dos hospitais, UTI para parentes e amigos só duas horas por dia em dois momentos de uma hora, ou mesmo apenas uma hora dia o que tornam o esperar de filhos, netos, esposos,esposas, e amigos um dos maiores dramas de vida.

Que experiência poderíamos ter num lugar destes?, onde médicos falam pouco, enfermeiros e enfermeiras se tornam guerreiros de famílias e as vezes se tornam, sim o que restou de um ser humano, de família.
Num local onde se luta pela vida, mas, onde se pode sentir a morte andando pelos corredores, quanto maior o hospital, maior é o risco, e enfrentar a morte é para poucos.
Quando vamos ao enfrentamento destas situações, conhecemos outros momentos, alguns muito doídos os nomes aqui estão trocados, para poupar a nós e os envolvidos, assim como o nome verdadeiro da instituição.

Na cama 000 a paciente Vera de 75 anos dera entrada com um AVC que ocorrerá em seu apto, na sua cidade, socorrida pela acompanhante, senhorita Cláudia, de uns 40 anos de idade, que acabou pela crise do País se tornando profissional de idosos embora fosse professora.

Cláudia cansada, visitava todos os dias, logo pensei se tratar da filha de Vera, ao que ela logo me interpelou, "não a filha e o filho moram longe, não vem nem visitar, pagam tudo e não querem passar este momento, ela dificilmente sobreviverá, mas, tirando o Natal todos os dias dela é ao lado meu e de outra profissional."
Filha de imigrantes Vera veio para o interior, casou, ficou viúva, teve dois filhos, quatro netos, a aposentadoria lhe permitiu uma vida confortável até aos 65 anos, quando veio morar em outra cidade.

Ao saber dos relatos de solidão daquele senhora ficava me perguntando e os filhos? e os netos? irmãos, todo mundo administrava o amor pela internet ou pelo celular, umas 2 vezes por mês, e agora na sua hora final ninguém, Cláudia fora paga para ser a representante da família nos informes, e nas autorizações uma mulher que conviveu apenas 3 anos era agora, sua única chance de compania, amor e consolo na luta pela vida, e na passagem para a vida além da vida.
Teria sido Vera um monstro de mãe e avó? não era das mais votadas pelo que nos contou a acompanhante, porém se formos ao evangelho veremos em vários deles a mesma resposta cuidai e vossa mãe e vosso pai, ali nem Jesus, nem os apóstolos dizem "se eles forem bons e maravilhosos", portanto é sim obrigação de cada um cuidar afetivamente quando não pode prover, e fazer de tudo para que pai, mãe, avós, tenham uma vida com qualidade e na hora final um acompanhando, afinal caridade começa em casa na família.

Sim tenho que citar isto porque algumas pessoas vão ao centro, ajudam na sopa, doam roupas, mas sequer conseguem tolerar sua mãe, seu pai, ou madrasta ou avós, a caridade começa na família prova maior de todos nós.
Será de acordo com o dermos que receberemos, porém nem sempre é assim como vimos no caso de Vera que ficou 10 dias e faleceu solitariamente, e sua última companheira foi a única pessoa que a acompanhou até o velório onde ai sim, lá estavam os filhos e alguns netos.
Ser filho do deposito bancário é fácil, saber as necessidades, conviver, ajudar, dar perdão e amor, sem querer a razão, isto sim é prova maior, e estar ali, sem remorsos ou culpa.

Não devemos julgar, mas, histórias como esta acontecem e muitas, e são as mesmas pessoas que vão a igreja rezar, vão ao centro tomar passe, pedir ajuda, e esquecem dos seus, sejam qual for o motivo, a vida nos dá escolhas, e certamente família não, sempre poderemos escolher amigos, diz o espiritismo que a família é escolhida, uma regra nem sempre observada.
Vemos filhos odiando pai, amando mãe, ou pai de outra forma, história complexas que convivi em centros que passei e pude autenticar famílias em verdadeiras guerras, por se tratarem de inimigos do passado rompendo o tempo para recuperar e resgatar os erros de outrora.

Se a oportunidade foi perdida, de perdoar, de se reencontrar nem sempre será dada uma nova encarnação, mas certamente os juros nesta, será como a famosa música, do cobertor de pai.
Importante que analisemos aqui o resumo de Jesus, ONDE ESTÁ O AMOR? no dinheiro enviado? certamente que o dinheiro não era o mais importante, ajudava, mas não comprava atenção, viagens, risos, que fariam de Vera uma viajante se despedindo com saudades, dos seus e da vida que levou.
Alguns detalhes dados pela acompanhante são de muita crueldade e de falta de perdão de ambos os lados, só que somente na chegada da idade final filhos e netos irão compreender que era mais fácil ter perdoado e seguido a jornada.

Temos desencontros na vida claro, jamais devemos esquecer de nossos pais, até pelo simples fato, que sem eles bons ou ruins, não teríamos a vida, aquele velho refrão de filho: "não pedi para nascer", todos espíritas sabem que é mentira já que no plano espiritual o mais importante é ter a oportunidade de voltar, já que sabemos que em 90 anos não dá para se recuperar de 400 mal vividos.
Se cada um em média está na quinta encarnação, e a partir da informação do plano espiritual que a atual é a nossa melhor, basta refletir no que somos com nosso travesseiro para ver o que eramos na vida passada.
Aquele sonho de cigana, que todos foram reis, rainhas princesas, chave para se tomar um bom dinheiro do consultor de vida passada, nem sempre é verdade.

Será que o amigo ou amiga conhece alguém que fala: "na vida passada eu matei, eu roubei, e fui mendigo, bêbado ou prostituta?"...

Ninguém fala do que foi se não achar que foi grande, e ninguém hoje é menos do que fora no passado, salvo segundo alguns reencarnações de aprendizado, passar a situação que provocou.
Poderia ter escolhido aquela outra do Sr. João na cama 001 da mesma UTI,que cometera suicídio ao tomar medicamentos com álcool mesmo que involuntário era suicido, e uma família que mais brigava na recepção, as vezes ao lado do doente do que lhe consolava, UTI é lugar de aprendizado para alguns, tribunal para outros ou simplesmente amostragem do porque algumas pessoas não mudarão nesta encarnação.
Ao vermos isto, se nossa própria dor com ente querido ou as vezes com a gente não nos ensinar nada mais nos ensinará que fora da caridade não há salvação, e a maior caridade é o perdão que podemos dar aos amados e sobretudo a nós mesmos.
Quando estiver numa UTI ore pelo seu, mas lembre de orar pelas pessoas que estão do lado, e que muitas vezes não possuem mais do que a equipe médica, ou por seus erros, ou por seus ingratos.
Da mesma forma que viveremos com causos terríveis de abandono de amor, e de falta de perdão, veremos famílias, orando, chorando, pedindo, alguns não irão chorar, terão a certeza que fizeram o que podiam, se o paciente sair andando a prova para ambos continuará e o aprendizado também se o caixão sair do parente visitado a certeza que fez ele ser tão leve que com um dedinho se carrega, se diz : "fiz a minha parte, se não como devia como podia, porém com amor".

O que devemos levar do nosso relacionamento familiar que o maior erro que cometemos é querer tirar a dor de alguém pois somente na dor algumas pessoas aprendem, outras nem com ela, pois são tão egoístas que pensam somente em si, no que fez, no que sofreu, quando o único sofredor na maioria das vezes é o paciente.
Reflita, antes de chegar a uma UTI seja como paciente, ou como familiar, parente ou amigo, que parte vai lhe caber na sua história, e agradeça sempre se puder ficar bom, como disse um médico morrer dormindo ou sentado num centro espírita é um merecimento para poucos.

Não espere demais de filhos e filhas, porém lembrar os pais, são para nós o iniciar, quando se vão perdemos o porto de para onde voltar, e saberemos que o trem da vida está a caminho e que um dia iremos reencontra-los, agora se será no amor, ou no conflito caberá a cada um de nós.




David Chinaglia, é espírita, escritor, palestrante, editor deste blog, e seguidor da doutrina com base na codificação feita por Allan Kardec




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