terça-feira, 22 de abril de 2014

O ESPÍRITA E AS AMIZADES INTERESSEIRAS - POR PEDRO CAMILO







Precisamos acabar com um tipo de comportamento farisaico que tem se tornado muito comum dentro do Movimento Espírita: o das “amizades interesseiras”.

Ele é identificado na conduta de companheiros que, desligados da proposta de transformação interior a que o Espiritismo nos convoca e em estreita sintonia com seus sentimentos de vaidade, orgulho, egoísmo e desejos de poder, conduzem-se procurando, nos demais confrades, não o convívio sadio e sincero de irmãos que se buscam pela comunhão de ideais, e sim as possibilidades de destaque e de penetração neste ou naquele arraial, para “conquistarem mais espaço” para seus “nomes” e “trabalhos”.

Infelizmente, surpreendemos tais condutas em todo tipo de adepto do Espiritismo, desde o simples frequentador da Casa Espírita, que vaidosamente quer ser visto e falado como “o amigo do médium, do dirigente ou do expositor”, até àqueles que deveriam, por sua posição de maior visibilidade, servir de exemplo positivo, tais como expositores, médiuns e escritores. Na verdade, acabam transformando as oportunidades de serviço em caminhos para satisfação dos seus próprios egos, esquecidos de que, tal como os fariseus do tempo de Jesus, já encontrarão, no aplauso e na bajulação inocente dos incautos que vivem perdidos por aí, o prêmio que bem poderia ser outro, caso se buscasse o silêncio e a discrição.





São companheiros que, de um lado, pretendem ser vistos e reconhecidos caminhando junto a nomes famosos, sem se preocuparem, porém, em aprender aquilo que é dito e exemplificado por eles. Ocupam-se demais com uma exterioridade oca, desprovida de propósito, perdendo grandes oportunidades de realização no bem e de transformação de si mesmos.

De outro lado, vemos quem identifique, na tarefa espírita, um palco para desfilar seus atributos de oratória, escrita ou mesmo mediúnicos, como se devessem ocupar tais espaços para amenizar ou compensar suas frustrações existenciais. Assim, vivem a manipular pessoas e Instituições, na expectativa de “colonizarem” novos “públicos-alvos” e novos "palcos" com suas performances e peripécias argumentativas, artísticas ou paranormais, como se o objetivo de tais tarefas não fosse o crescimento pessoal e como se devessem, a todo custo, cavar um reconhecimento que acaba sendo forçado e visivelmente imerecido.







Coisas assim não nos devem surpreender. Afinal de contas, espírita também é gente, e o fato de termos esta ou aquela posição de destaque não nos torna melhores nem piores do que ninguém. E mesmo esse problema não é privilégio nosso, sendo surpreendido em todo canto onde haja gente e interesses escusos, inclusive em outros meios religiosos.

Ao traçar essas linhas, não nos movemos pelo desejo de acusar a quem quer que seja, mas de oportunizar a nós mesmos essa importante reflexão: até que ponto temos buscado e sido buscados pelo desejo sincero de estar com o outro, pela amizade pura e desinteressada, e a partir de que momento tudo isso pode se transformar em puro jogo de cena, movido pela vaidade e pelo egoísmo nossos de cada dia?



Que Jesus nos abençoe nessa difícil tarefa de distinção e resinificação.





  Pedro Camilo, é escritor, palestrante, um dos biógrafos de Ivonne Pereira, pesquisador, divulgador da doutrina espírita nos preceitos de Allan Kardec, é da Bahia, viaja pelo Brasil apresentando suas obras, autor de livros fantásticos, vem num crescendo na oratória espírita, levando grandes públicos a seus eventos, é colaborador deste blog, no Facebook tem sua página como figura público Pedro Camilo. 


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