sexta-feira, 21 de junho de 2019

ESPIRITISMO, APRENDER É PRECISO- POR DAVID CHINAGLIA










Estamos atravessando tempos difíceis no MEB(Movimento Espírita Brasileira), vemos, e recebemos relatos de mais de 450 centros espíritas do Brasil, de como andam sendo os trabalhos,as reuniões e os ensinamentos da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e me preocupa o andar do movimento e do entendimento desta doutrina.

Muitas casas esqueceram o lado prático, do ensinamento, em nome do amor e da caridade, confundindo muitos dos espíritas, e dos novos espíritas.

Esta Doutrina no Brasil, sempre foi procurada por todas as religiões, sobretudo por ter a liberdade de expressão e o direito de saber, no entanto muitas obras, pelo ego, vaidade, e orgulho, acabaram sendo escritas sem a miníma noção do que orientou Allan Kardec.

O excesso de romances, contos, e escritores que buscam apenas seu sucesso pessoal, atravessaram o sentido do verdadeiro ensinamento proposto pelo espírito da verdade á Kardec.

A doutrina foi basicamente nos dada como ciência, informação, como aprendizado, quando os espíritos superiores, liberaram depois de centenas de anos no pós Jesus, as informações a Kardec, e deram uma orientação de como contar, visava, dar uma esperança a França e ao Mundo, de que temos vida após vida, porém de sobretudo, como chegar a esta vida da melhor maneira, cumprindo melhor nossa jornada na Terra.
Que tudo que passamos no planeta Terra, nos serve de aprendizado e evolução, que este planeta, é muito além do que imaginamos, e que era a hora de sabermos a verdade, ou o começo dela, para que pudêssemos, finalmente ajustar o nosso caminhar.



Ledo engano dos espíritos, não estávamos prontos, não nos preocupamos com os avisos, de deveres, de moral, orgulho, vaidade, tão pouco aprendemos o verdadeiro sentido da vida, pelo menos não a maioria.

Se todos nós somados, fossem chamados a uma sabatina espírita, com os mais conceituados espíritos que aqui retornaram para escrever e falar, certamente menos de 10% dos que acreditam na Doutrina, iriam passar no que chamo protocolo de aprendizado.

Alguns de nós viraram professores de Deus, como costumo chamar alguns espíritas, que ensinam esta doutrina, achando que não precisam pesquisar, aprender, que o que sabem já é suficiente, que o que vale para nós é o amor e a caridade.
Alguns tentam nos impor a mesma Bíblia que levou a humanidade a cometer crimes terríveis, lembre não é um livro santo, não foi escrito por Deus, nem Jesus, foram homens, a seu vil interesse, fatos verídicos alguns, doce imaginação para manipular massas, e interesses e imposição do medo, serve como estudo, e para conhecimento do que foi a Humanidade, e relatos.
Colocar suas idéias hoje no espiritismo é fazer nos voltar a inquisição, e isto eu particularmente não o farei.





Espiritismo amados, é aprender sempre, é importante estudar, é importante conhecer o que nos levou ao erro, e a doença, só que o momento é para nos conhecer, e amigos, alguns de nós estão preocupados em curar pessoas, sem mesmo saber se isto é o que elas precisam, quando falo de cura, falo de doenças graves, pois as demais aprendi como consolo permitido.

Já cansei de escrever, de falar em palestras que fiz pelas casas espíritas, que muito do que sofremos, neste planeta, é necessário para nossa evolução, e nem todos devem ter digamos como exemplo,  um câncer reduzido, um mal curado, uma dor trazida pela doença, seja qual for, sempre aliviada, ao fazermos isto, por tudo que li, nas obras espíritas que valem a pena, estaremos mudando não só o assistido, como de pessoas no seu entorno.
A cura começa sabendo se a pessoa quer mudar o que deve te-la levado a doença grave, o que isto de fato a fez mudar, porque se não mudou, não merece e precisa da dor.
Porque isto ?

Claramente alguns de nós não mudam com palavras, com livros, então o clássico se não é pelo amor, será pela dor, que dor, no caso de doenças que peguei como exemplo estaremos fazendo? podemos fazer?
Porém dirão os doutores da lei, "mas Jesus disse que todos tem direito a ser perdoado, sim, só que o mestre pedia mudanças."

Como exemplo vamos levar depois de curar uma dúzia de pessoas, Jesus viu somente uma voltou para lhe agradecer, e sobretudo a Deus, uma, e olha que Jesus, fazia as pessoas andarem, enxergarem, as trazia da morte, Jesus fazia as pessoas se curarem de males e obsessões, demônios como citam os livros.
Agora para e pense,  só Jesus era Jesus, e não temos ele aqui, e sim alunos, aprendendo, a tentar chegar no modelo Jesus.
Então é proibido curar? não, não é isto que estou dizendo,é necessário ensinar meus amigos, a cura, só vem se a pessoa que estiver com uma doença grave, ou com graves problemas, quiser realmente mudar, senão estaremos mudando coisas, que não deviam ao meu ver serem mudadas.

Vamos a um exemplo:

Lembro sempre da frase que o amigo José Carlos de Lucca me disse em 2011, na cidade de Limeira, se referindo a um tema pessoal meu, que já revelei certa vez, no intuito de ajudar, e vou repetir aqui.

"Para mudar é preciso coragem David, e por isto parabéns pela coragem de tentar mudar."




Para mim este frase, logo após ter assistido uma mensagem de Bezerra de Menezes, teve alto significado, e se olharmos num contexto maior, é preciso ter coragem para mudar hábitos terrenos, de excesso de sexo, de apego material, ao dinheiro, para colocar a mostra erros morais, de caráter, educação, é preciso ter fé, que toda exposição, e acreditar que valerá a pena.
Cada um de nós, sabe da importância de doar amor, caridade, o amigo Nubor Orlando Facure, diz sempre:


"David, mãos a obra, temos muito trabalho, precisamos ajudar mais, é preciso lembrar mais de Jesus, e não devemos perder tempo com tantos porquês."



As vezes que conversei com Nubor, um aprendizado de vida, pessoa que chamo de "professor", embora seja médico, é antes de tudo um ser humano com raras experiências, sobretudo no campo espiritual, Nubor, viveu 50 anos com Chico Xavier, conheceu o milagre de Uberaba, assistiu pessoalmente comunicados de André Luís, Emmanuel, aos 79 anos, ele é a prova viva destes milagres, detém segredos, contatos com a vida além da vida, de alta relevância, é um dos poucos que possuem condição de falar sobre fatos, e fatos, meus amados, não se discutem.




Uma das coisas que o professor sempre me diz, é sobre a humildade, certa vez ele me uma passagem de Chico, pouco instantes de falar para pessoas, e ajudar pessoas.

Chico estava preocupado com a responsabilidade, ligado a bom espíritos, pouco antes de entrar no recinto, virou para Nubor Orlando Facure, e disse sorrindo, "reze por mim".

Nubor me contou a cerca de uns 8 anos isto, e guardei em minhas anotações, Chico, o centro da doutrina, do MEB, o líder do espiritismo no Brasil, ao se concentrar, sorriu e vira a seu amigo, humildemente, pedindo uma prece, para que ele tivesse forças, para ajudar as pessoas que ali estavam e aos espíritos.

Hoje o que mais vemos é a soberba de alguns médiuns que se acham o "novo Chico", se acham donas da verdade, donos do centro espírita, com falas, de "sou vidente", "Os espíritos me falaram", julgam, fazem panelinhas em centro espírita, e ainda querem esquecer Allan Kardec, base de ensinamento disto tudo.

Para as pessoas que andam relegando Kardec e o que ele escreveu a um segundo plano, dizendo que ele está codificado, vou dar um aviso 98% dos espíritas, não sabem de verdade ler, as obras básicas, como chamam, não entenderam e não gostam da leitura Kardec, e vou explicar o porque disto.
Se estudar, se ler Kardec como deve ser feito, irão descobrir que milagre não existe, que mudança de rumos, curas são conquistados por merecimento.

Energias não podem ser tratadas de uma forma única em nome do amor, e da caridade, se você quer ensinar, tem que saber a gravidade do que está fazendo, e assumir a responsabilidade de faze-lo certo.(aliás falaremos disto em uma próxima matéria).




Certa vez um espírito em contou que uma das maiores dificuldades de um famoso astronauta era concluir a viagem a Lua sem um computador, que tivera uma pane por alguns minutos,e fazer os cálculos mais básicos de forma rápida, quase pois a missão a perder, por não se lembrar do caminho que deveria seguir no cálculo, destinado ao computador, que ele agora teria que substituir, como assim?

Me relatou que ele em sua juventude teve dificuldades de entendimento com o desenvolvimento de uma forma clássica de raiz quadrada, e suas transformações, e que a professora não o tinha ensinado os caminhos possíveis para o cálculo exato, e por isto ele teve problemas, no tempo de execução, ou seja, por 2 minutos teve que  lembrar o caminho certo que aprendera sozinho, pois sua mestra, havia esquecido de lhe explicar algo e ele não teve a coragem para perguntar, e se precisar do resultado rápido?

Portanto no exemplo citado, ao voltar a Terra quase que a espaçonave passou reto pelo planeta, por um erro escolar de juventude, com bilhões em jogo, e vidas também, erro de quem ensinou, de não questionar, se haviam entendido, e de quem aprendeu.
O tempo no espaço não existe, mas, aqui na Terra, o tempo que ele levou para resolver algo simples, para aquele homem, poderia ter causado um grande desastre.

O que tem um cálculo ou ensinamento a ver, com o espiritismo, "se vai dirigir uma espaçonave, ou aprender e ensinar algo, tenha certeza que te ensinaram certo, e que você aprendeu certo."

E porque ? bem eu diria que assim são alguns dos professores de espiritismo, se quiserem ficar achando mais milagres, mais caridade, mais amor, do que o necessário, e se esquecerem de dar aos novos médiuns, assistidos, oradores, aos novos líderes o ensinamento certo, leia Kardec, estude Kardec.





É preciso que estas pessoas saibam que as vezes poderão curar sem poder, corrigir rotas que não podem ser corrigidas, em casos específicos de doenças, pois até no plano espiritual, ou como gostam alguns fanáticos na Bíblia, " até nos planos do bom Deus ", existem regras a serem seguidas.

Vamos falar, primeiro, dos médiuns, porque você acha que vemos, bons médiuns doentes? porque vemos atormentados, depois de tanto anos de ajuda? Do bem maior como falam alguns.
Muitas vezes, por fazerem coisas que não poderiam ter feito, atraem para si, energias, ou espíritos ligados ao caso que curou sem ter certeza, que ele havia mudado.

Quando você muda uma doença grave, um acontecimento fatal, a menos que os espíritos de maior envergadura, tenham dito que o assistido está pronto para receber a cura, quem fica com a conta em parte? Claro que é o médium, o dirigente que decidiu por ela, sem saber se o assistido merecia a presença e ajuda dos espíritos de luz que costumam curar.
*** Em tempo, como todos sabem, espíritos perturbados, também curam, ou espíritos do mal, para poder usar e enganar mais tarde.

Muitos negam isto, mas, fica, é simples, vamos a um exemplo comum:
Seu vizinho bateu o carro dele no seu, não te avisou, não pediu sua ajuda, não explicou e tenta arrumar sozinho, algo que devia ter sua presença, sua participação, para o bem viver, como você reagirá?



A mesma regra da aceitação, do entendimento da dor, é necessária nos assuntos de cura, o médium pode herdar problemas que não eram deles, sobretudo porque neste Brasil amado, a casa espírita em sua maioria usa a regra clássica que as vezes dá vontade chorar....
"Espíritos do bem, irão cuidar disto, ou o de sempre, 

"Os espíritos mal orientados estão afastados em nome de Jesus, e outras crendices destas que não ocorrem.

Na lei Universal dos dois mundos, a Lei do livre arbítrio é respeitada, e o espírito, vai embora quando quiser, se quiser, pode no máximo se afastar por dias, mas se entende de ficar, fica, e será preciso um longo trabalho como a minoria sabe para ele ir embora.

Ah! David, então não quero as honras de ser médium. Eu pergunto que honra? todos são médiuns uns mais outros menos, ninguém foi escolhido, os grandes médiuns como Chico, primeiro não era santo, a par de sua vontade por alguns anos de ser reconhecido como tal, e que se arrependeu para os mais próximos.

A mediunidade é dom dado a todos nós, alguns sabem desenvolver, outros não, uns querem aprender outros não.



Quem ensina não pode dizer estou focado nisto e naquilo, só falo sobre o foco, que foco ? Já pensou se Einstein tivesse ido somente numa direção, se tivesse olhado somente para seu trabalho, se não tivesse ouvido outros pontos de vista.

A mesma coisa cabe ao dirigente que vai dar aula, que vai ensinar cursos, aliás falando em cursos, tirando as obras básicas e a revista espírita, não a curso a dar, porque existem ainda desde 1855 muito a saber que foi mal estudado, mal reavaliado, então temos que voltar e aprender, e aprender, e aprender, Kardec,.
Como vimos no exemplo do astronauta, temos que ensinar exaustivamente, o que Kardec nos deu, o ABC e a base, porque lá na frente, e eu posso vos garantir bem lá na frente, se você de fato conhecer o que Kardec ensinou, terá uma base para novos temas.



O que vemos hoje?

Vemos casas espíritas, misturando energias, misturando doutrina, e forma do espiritismo em seu clássico modelo original, se não publicamente, para alguns que se acham escolhidos, escolhidos de que?

Estamos todos numa mesma jornada de aprendizado divida com todos, e posso garantir a par da beleza do evangelho da Bíblia, ele caberá muito pouco na praticidade do espiritismo.
Não somos uma igreja, nem somos a igreja católica, para seguir a Bíblia, temos um grande "pastor" que dizem os mais chegados, nem médium de efeitos físicos é, se diz ser intuído, intuído porque quem cara pálida.

Não precisamos de pastores, precisamos no espiritismo, de conhecimento, e eles está a minha disposição a sua disposição, de quem tiver boa vontade.

Quer ciência leia e estude a Gênese, quer saber sobre a vida além da vida, que acontecimentos ocorreram e que você pode repetir, atualizando a época, leia o Céu e o Inferno, quer entender quem é você, de onde veio, que regras terá a seguir, para fazer sua parte, leia o Livro dos espíritos, precisa de amor, carinho, e entendimento religioso, leia o evangelho segundo o espiritismo, quer saber que não somos uma franquia das igrejas, leia O que é o espiritismo, leia a revista espírita, estude, e vai conhecer a verdade e ela te libertará.

Um pouco mais acima, falei do exemplo da cura do Câncer, poderia ter dito Aids, poderia ter dito qualquer outra grave doença que matará com o tempo, mas, usei a clássica como falo sempre.



Quer curar ? tem o dom? converse com o assistido, veja se ele está fazendo por merecer, se está aprendendo, entenda o seu entorno, não saia curando, não cabe a você mudar nada.
Sobre médiuns e orientadores de obsessões, esta você pode ajudar, mas não tome partido nas questões de família, lembre o que mais ficou cravado em mim de um dos meus professores, amigo Pascoal Nunes, que disse certa vez:

 "tomou partido numa causa no atendimento fraterno, você já está errado. Ouça, mas pondere, que aquela é a versão de quem veio procurar ajuda, e nem sempre ela corresponde a verdade, por isto seja isento ao analisar uma questão, não se envolva, console, ajude, sem entrar no mérito."

Pascoal é um destes professores que eu falarei a vida toda sobre o que me ensinou, a questão, que nem ele ou qualquer outro professor está isento de erros, sofrimentos, ou qualquer outro.

Também em Piracicaba tive um outro professor, anos antes de Pascoal, o querido e inesquecível Water Acorssi, ele me disse certa vez(me chamava pelo sobrenome): 

"Chinaglia, não seja teimoso, aceite o que tem que passar, aprenda, confie, o que não for seu, será resolvido, procure sempre o bom senso e o equilíbrio, porque no espiritismo, nem sempre podemos fazer o que precisa ser feito, porque meu filho entenda, é preciso ajudar, quem deseja ser ajudado."

Muitas vezes em contato com a natureza na minha querida escola de Agronomia de Piracicaba, ao lado do professor Acorssi, meditava em suas respostas na casa espírita, e comentava quando ele permitia isto.




Meus amigos conversei muito com os espíritos que vem a mim em dias de redação, comecei este texto para falar de energias, quando retornei a ele, um dos meus amigos(Miguel) que me informou


 "Meu caro, nem tudo é como você quer, na hora que deseja, tudo tem um tempo, mudaremos o tema combinado ontem á noite, por um interesse maior."
Esta toda é a questão, senhoras, senhores,  "o interesse maior", da sua família, da sua vida, da sociedade que vive, de onde acredita, do que acredita, não podemos pensar somente em nós mesmos,.


Citei algumas vezes minhas experiências, porque este é o que posso vos dar, aprendi com um professor, "quando for falar em público, cite as suas experiências não as que tomou conhecimento na sala de ajuda, salvo devidamente autorizado."
Dada esta explicação, quero dizer que o texto longo, as vezes é necessário, nosso medidor de visitas dirá se o meu tempo, e o dos espíritos foram bem usados, lembre, nada é por acaso, aqui estou como vosso amigo, para que reflita, não existe da minha parte, sobretudo de minha parte, um saber maior, apenas estudo, leio, aprendo, ouço.





Dizem que Paulo de Tarso, coluna mestra do catolicismo, mesmo tendo sido judeu, e quase um rabino, nos tempos de Saulo, disse, "ouça tudo, aprenda tudo, no entanto decida com o seu coração."

Não sei se Saulo diria isto, Paulo que mais tarde se tornou o melhor de Saulo, sim, sei que é bem apropriado, você decide o que ler e até onde quer ir no espiritismo, mas, por favor, não acredite tanto em milagres, temos merecimento, se passar a vida inteira acreditando que vai cair de cara numa lama, com espíritos perturbados, é isto que vai acontecer.

Lembre algumas visões, e relatos de Umbral são especificamente daqueles espíritos, o que não quer dizer que sua seja igual, ou melhor.

Como todas as doutrinas, o espiritismo requer que você aceite, que você escolha o melhor, para você, temos que aprender porque estamos aqui, temos que mudar nossas atitudes erradas, as pessoas erradas que colocamos em nossa vida.


Pois a cada dia que estivermos na terra, é um dia a mais que estamos perto do plano espiritual, então aceite, para poder viver algo intensamente, você precisa estuda-lo, e por isto demos o título, de Espiritismo, aprender é preciso.




Saúde e equilíbrio é o que vos desejo,





David Chinaglia,61, é espírita, palestrante, escritor, e editor deste blog, onde colabora, os e-mails devem ser enviados para davidchinaglia@gmail.com





segunda-feira, 10 de junho de 2019

POR DE TRÁS DO NOME, O HOMEM - POR MARCELO HENRIQUE






Cerca de dois anos atrás ouvi falar das filmagens de “Kardec: a história por detrás do nome”, uma produção nacional com a direção e roteiro de Wagner de Assis (que assina conjuntamente com L. G. Bayão), tendo como personagens principais Leonardo Medeiros (Kardec) e Sandra Corveloni (Amélie-Gabrielle), filme baseado no livro “Kardec, A Biografia”, de Marcel Souto Maior. 


Ao longo destes meses, manifestei grande expectativa em torno da exibição da película, em redes de cinemas por todo o país, como ocorre agora, em português,feita por brasileiros e, notadamente, direcionada ao público que vive no Brasil. Vale lembrar que o papel de Rivail-Kardec como Codificador do Espiritismo, como “pai biológico” da Doutrina dos Espíritos, já havia sido objeto de outras produções, estas no formato documentário. O que não ocorre agora, posto que a proposta é o romance (classificado como drama e mistério), com os atores revivendo fases da vida do personagem principal – e de todos os demais que gravitam no seu entorno – baseadas no levantamento jornalístico e biográfico feito por Marcel. 

Como toda obra de ficção, embora baseada em fatos reais, há a chamada “licença poética” para a apresentação das cenas com a poesia característica, tanto de quem escreveu o roteiro, como de quem encena as distintas situações contidas na história escrita. E é esta licença que, me parece, perturbar em excesso muitos dos espíritas que dizem conhecer relatos sobre a vida e a atuação espírita (1857-1869) do professor francês. A perturbação, inclusive, alcança o status de paixão, com manifestações severas direcionadas ao filme e ao seu roteirista-diretor. 

Fui ao cinema conhecendo, de antemão, algumas destas “críticas” e comentários, tanto positivos quanto negativos acerca do enredo, porque o filme já havia sido exibido em pré-estréia e ocupa a programação das redes de salas cinéfilas desde o último dia 16 de maio, tendo sido assistido por muitos que se dizem espíritas. Mas, mesmo assim, sentei na poltrona e, após intermináveis propagandas e trailers, o filme enfim começou. 

León e Gabi são assim referenciados, reciprocamente, por praticamente toda a trama, o que confere um ar de cumplicidade e benquerência que, imaginamos todos nós que conhecemos, – ainda que alguns mais superficialmente –seja a “marca” do casal Kardec, responsável pelotrabalho espírita originário. O carinho e o amor, correspondentes, conferem especial enlevo às cenas e ao contexto de gestação, nascimento e crescimento da Filosofia Espírita em terras francesas. Gabi ganha uma condição de esteio e confidente e, também, de aconselhamento e apoio incondicional, para a epopeia de trazer ao mundo uma “revolução”, baseada nas ideias da sobrevivência e da comunicabilidade dos Espíritos. Revolução para o pensamento científico, filosófico e religioso, claro! 




Principia o filme pelas dificuldades enfrentadas pelo célebre Prof. Rivail, na cátedra em escolas francesas, diante da interferência do clero na educação, sob a concordância do imperador Napoleão III, que desembocam em seu pedido (antecipado e, até, precoce) de aposentadoria.Os dissabores daquele homem prosseguem com a dificuldade de encontrar alunos para a cátedra em sua residência, sobretudo os que pudessem pagar pelos estudos. Rivail, inclusive, retoma sua atividade de contador, para auferir rendas extras, já que a crise econômica na França da metade do Século XIX era profunda e duradoura. 

Os receios do professor em não conseguir manter sua família e a impossibilidade de continuar ajudando os mais pobres, moradores de rua dos arredores são preocupações que atormentam a sua existência, demonstrando os primeiros traços, no filme, de sua natural HUMANIDADE, que é esquecida por grande parte daqueles que se interessam pelo homem por detrás de sua missão de Codificador – ainda não iniciada, neste momento temporal, retratado nas cenas, mas, somente, adiante. Os declaradamente espíritas e os simpatizantes, assim, parecem plasmar uma atmosfera irreal, de tranqüilidade e de apoio espiritual e material para as ações cotidianas daquele expoente do ensino, notoriamente conhecido em território francês, o que não era realidade. Todavia, os alunos e as oportunidades contábeis acabam, aos poucos, surgindo. 

Em paralelo, começam a ser descritos, na narrativa, as circunstâncias que vão aproximar o magnetizador e homem de ciências, León Rivail, de uma realidade que irá modificar por completo sua existência, seus valores, suas “crenças” e suas ideologias, moldadas desde a sua formação épica no Instituto Yverdun, de Pestalozzi.Vale lembrar que Rivail se iniciou neste novo ramo de conhecimentos humanos, o Magnetismo Animal (Mesmerismo), em 1823, e chegou a se tornar experiente magnetizador, figurando ativamente nos quadros da Sociedade de Magnetismo de Paris, a mais importante da França. Destarte, os espetáculos de teatros e grandes salões, com as mesas girantes e batedoras, que respondem às perguntas da curiosidade dos públicos que pagam por tais atrações “circenses” começaram a se tornar populares. Ainda em 1854 foi que Rivail ouviu, pela vez primeira, da parte de seu colega magnetizador Fourtier, acerca das “mesas girantes”. Tais situações são tratadas com ceticismo, desconfiança e um pouco de ironia pelo cientista parisiense. Eis mais um traço potente de sua característica humana, de Espírito encarnado, a dúvida, a hesitação inicial, o questionamento constante. 

Rivail é – e a história conhecida contida nas várias biografias ESPÍRITAS sobre o nosso professor assim enquadram – abordado por conhecidos seus, em especial o amigo Didier, e aquiesce em comparecer a sessões familiares em que pessoas recebem mensagens dos mortos. E passa a trabalhar com afinco para descobrir a causa inteligente por detrás do efeito inteligente, isto é, as mensagens produzidas, inicialmente por meio da cesta de bico (psicografia indireta) e, depois, presenciando os “transes” mediúnicos de distintas mulheres: Madame Plainemaison, Julie e Caroline Baudin, e Ruth-Celine Japhet. As três são personagens destacadas na trama de Assis, retratando a importância que tiveram nos dias iniciais do Espiritismo a partir da pesquisa e do trabalho do professor. 

É neste ponto que Rivail vira Kardec, assumindo um codinome que remonta às suas vivências encarnatórias anteriores. Diante do maravilhoso, mas com explicações lógicas e racionais, Rivail-Kardec passa a conceber o sistema espírita, reúne material produzido sob seus olhos, agrega os derivados das correspondências que lhe chegam de várias partes da Europa (principalmente), e estabelece o método de seleção dos conteúdos, baliza fundamental da Doutrina: o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE). 

Um Rivail entusiasmado passa a respirar o Espiritismo praticamente 24 horas ao dia. E começa a relatar aos seus mais próximos acerca do critério de apreciação e seletividade das mensagens, descrevendo a maiêutica que utiliza para a obtenção de maiores detalhes sobre cada uma das temáticas, a partir de comunicações antes recebidas. Aprofunda, um a um, os temas e os preceitos, compondo uma base principiológica que lhe faz afastar, com base no exame lógico-racional, as mensagens assinadas até mesmo por vultos históricos, mas que desprovidas de conteúdo capaz de serem alinhadas aos elementos essenciais, bem como aquelas egressas de inteligências astutas, mas imorais, ou, então, pouco iluminadas mas gracejantes, que visavam colocar em erro a proposta espiritista. 

Quantas vezes fraquejou o homem Kardec? Muitas. E a película mostra um homem com propostas e objetivos claros, mas enfrentando obstáculos interiores e exteriores. As interiores, decorrentes de sua consciência e suas limitações – sim, todo Espírito encarnado as possui, e os espíritas muitas vezes as relevam ou olvidam, quando se trata de vultos da Humanidade – e as exteriores, derivadas seja do ceticismo materialista – presente, inclusive, na associação científica que Rivail integra e para a qual desejou apresentar seus resultados – dos ataques da imprensa sensacionalista, ou, ainda, da intolerância religiosa, auto considerada como donatária das questões espirituais, que se sentia ameaçada em seus dogmas e estruturas, pela existência de uma (nascente) doutrina que começa a tratar das questões que elas, as religiões, até então se declaravam como intérpretes. 

Kardec desafia tudo isso. Mas não sucumbe. Mensagens assinadas, por exemplo, por São Luís eram vistas com espanto e revolta pelos líderes religiosos franceses, lembrando que a autobiografia, póstuma, deste vulto havia sido proibida pelo governo. Também um atentado contra o Imperador, levou-o a decretar a Lei de Segurança Geral, em 14 de janeiro de 1858, recomendando às autoridades policiais a vigilância máxima para evitar novos ataques. Este contexto e cenário podem ter provocado, certa feita, a detenção do Professor Rivail, como encenada na película. É fato que nenhuma das biografias conhecidas salienta a condução coercitiva de Rivail ao cárcere, ainda que somente por uma ou duas noites, como está no filme. Mas ela pode, sim, ter ocorrido, tanto pela questão político-social de notória gravidade quanto em razão dos embates – com postura sempre respeitosa do professor, saliente-se – com os clérigos regionais. Afinal, à época, reuniões privadas – como as organizadas por Kardec – eram vistas com muita reserva e suspeita. 

Não é demais lembrar que, à época, Estado e Religião andavam, ainda, de braços dados e que o Papa Pio IX, desde 1846, tinha deflagrado uma campanha contra o “falso liberalismo”, direcionada a toda e qualquer iniciativa ou doutrina considerada como cristã destinadas a “tentar explicar a Bíblia”. 

Kardec ainda “duelou” pela imprensa com o representante da religião romana, o abade François Chesnel, por algum tempo, até 1859, refutando as críticas e as acusações direcionadas ao Espiritismo, primeiro como uma religião e depois como fruto de embustes, já que, para o sacerdote, as mensagens não deveriam ser dos mortos, mas dos próprios “médiuns”, que só falariam de fatos já conhecidos. Kardec, com conhecimentos do Magnetismo, do Sonambulismo e de outras expressões fenomenológicas, jamais acusou ou desqualificou as críticas, respondendo com vigor mas com elegância, desconstituindo as argumentações: “Será por efeito do sonambulismo que uma mesa responde com precisão às perguntas que lhe são feitas e até as perguntas mentais?” – questionou ele, em artigo num periódico de Paris. 

E como o momento era de afirmação da “verdade cristã” que tinha no clero romano o seu representante e algoz, Kardec fez questão de afirmar repetidamente os laços entre Espiritismo e Cristianismo, apelando para os valores morais e para as práticas de solidariedade, caridade e benevolência cristãs: “quantos incrédulos enfurecidos ele já encaminhou [...] quantas vítimas arrancou ao suicídio [...] quantos ódios acalmou, aproximando inimigos”, declarou Rivail. O abade ainda insistiu ser, o Espiritismo, uma religião e os médiuns, sacerdotes dessa nova ordem. Sem sucesso. 

Vale lembrar que, em face dos regulamentos vigentes na capital parisiense, a associação (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – SPEE), inicialmente improvisada e já reunindo duas ou mais dezenas de pessoas na Rua de Martyrs, número 8, teve de ser submetida a um processo de legalização, com muitas formalidades, em que o apoio da família Dufaux, ligada ao império, foi fundamental. A autorização só veio em 1º de abril de 1858, para funcionamento na Rua Montpensier, 12, na galeria Valois, no Palis-Royal, lugar que se converteu na tribuna de Kardec, o palco de inúmeros e sucessivos – porquanto valiosos – diálogos com o invisível, levando o Codificador a afirmar com júbilo e exaltação: “A Sociedade, cuja formação temos o prazer de anunciar, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenções e animadas do sincero desejo de esclarecimento, contou, desde o início, entre os seus associados, com homens eminentes por seu saber e por sua posição social [...] chamada a prestar incontestáveis serviços à constatação da verdade”, afirmou ele.Esses homens e mulheres eram Didier, Rose, D’Ambel, Delanne, Leymarie, Eugénie, Hue, Stephanie e Costel, além do casal Rivail-Kardec. 

Em comentários diversos, nas redes sociais, e em manifestações nos sites que divulgam notícias sobre os filme, vejo vários “espíritas muito entusiasmados” (definição preciosa e precisa do saudoso Professor Herculano Pires – tido como o “metro que melhor mediu Kardec”), a reclamarem do personagem Kardec do filme de Wagner. Acham-no frágil, temeroso, claudicante. Reclamam das cenas em que ele dialoga, seja consigo mesmo, seja com Gabi e outros de suas próximas relações, ante as adversidades que enfrentava, parecendo, inclusive, estar a ponto de desistir daquela empreitada. Esquecem-se estes “espíritas de assentos” ou de “leituras rápidas” dasvárias mensagens pontuais dirigidas a Rivail, publicadas na Codificação, dando conta da gravidade da missão e dos contornos de dificuldade a serem enfrentados, prescrevendo-lhe uma vida marcada pela sucessão de sacrifícios (do repouso, da tranqüilidade, da saúde e da própria vida).E, também, as manifestações do próprio Codificador por toda a extensão de sua vasta obra, enfocando as dificuldades e as situações adversas, relatando as estratégias que escolheu para superar embates e dissabores.Com todos estes componentes, Kardec teve chances de recusar esta nada tentadora tarefa, mas permaneceu firme. 

Vejamos uma delas: “A missão dos reformadores é repleta de obstáculos e perigos. Previno-te de que a tua é rude, pois se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranquilamente em casa”, quando questionou as Inteligências Invisíveis por que ele poderia fracassar. 

Em outra, mais enfáticos, os Bons Espíritos lhe sugerem a saída de seu confortável gabinete e ir ao “campo de batalha”: “É necessário que te mostres no conflito. Ódios terríveis serão açulados contra ti, implacáveis inimigos tramarão tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais delicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga”. 

A premonição espiritual acima transcrita se cumpriu algumas vezes – e elas são relatadas, ainda que parcialmente, no enredo cinematográfico, como também figuram nas biografias conhecidas. Ao buscar o anteparo e a oitiva de seus pares, na academia, Rivail foi humilhado e escorraçado. Em vários momentos, as médiuns, exaustas, padeceram enfermidades. As irmãs Baudin foram perseguidas na escola, tidas como bruxas e a residência da família ameaçada de depredação e quase foi incendiada, em protestos populares. E uma de suas mais produtivas colaboradoras, Ruth-Celine, foi tomada pelo orgulho e pela vaidade, desistindo de colaborar com a tarefa e acusando Kardec de querer “aparecer” mais que a obra, já que não dera destaque às médiuns no contexto da obra primeira. 

Quando precisava de solidez, tranqüilidade, concentração e paz de espírito, os solavancos dos obstáculos atormentavam-lhe a marcha.Mas não o detiveram. O enredo nos mostra um Kardec sempre apoiado na doce Gabi, enfrentando as adversidades e levantando a fronte para encarar, como prescreve a própria orientação espírita, com sua fé (no futuro), “a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade”. A fé para reunir suas economias e investir em novas publicações ou em comprar e preparar mantimentos para serem distribuídos aos pobres, moradores de rua, no frio inverno da capital francesa ou para tentar convencer até mesmo os mais desvalidos e desesperançados acerca das realidades espirituais. 

O filme então tem um de seus momentos mais marcantes e emotivos, quando o professor, no deslocamento para sua residência, percebe aquele que havia dado um exemplar de “O livro dos espíritos”, pronto para se atirar da ponte, não conseguindo convencê-lo do contrário e perguntando-lhe se havia lido o livro que lhe ofertara. O homem não responde ao questionamento e se suicida. Tempos adiante, uma comunicação espontânea, similar às tantas que recebeu e alinhou em suas obras, em especial em “O Céu e o Inferno”, o Espírito retratado naquela cena se manifesta, e lhe relata ter lido o livro, com interesse, mas que não conseguira resistir à intenção de desistir da vida. 

Kardec provavelmente aproveita esta experiência para fazer figurar em sua obra, embasada nas centenas de relatos de inteligências que abandonaram o vaso físico, ante as dificuldades e, em grande parte, não aceitando a condição que lhes impunha vergonha, a seguinte constatação: “Pelo suicídio não se escapa a um mal, mas se cai num outro mal cem vezes pior”. 

De modo expresso, é verdade, não se encontra esta correlação de fatos – o fracasso de Rivail em impedir um suicida, seu conhecido, de levar a cabo sua intenção e a mensagem que lhe chegou, após a morte daquele, às suas mãos – nas obras publicadas pelo professor, o que não significa que não possa ter ocorrido. Referida circunstância e os inúmeros relatos apresentados nas obras kardecianas, dão-nos o tom da gravidade do mesmo, a oportunidade da mensagem espiritista destinada como consolo aos que sofrem e a perspectiva da continuidade da vida, no exato prisma de aferição do “a cada um segundo suas obras”. 

Também é destaque na película um memorável evento, encenado com ares de maior dramaticidade: o Auto de Fé de Barcelona (9 de outubro de 1861), onde queimados foram mais de 300 volumes de obras espíritas, renovando as fogueiras inquisitoriais da Idade Média, tempestade, aliás, anunciada, antes, por Erasto. Assim se pronunciou, em caráter irrevogável, o bispo Palau y Termens, para obter a ação policial da retenção das obras espíritas que estavam na Alfândega espanhola: “A Igreja Católica é universal e, sendo estes livros contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles pervertam a moral e a religião de outros países”. 

A indignação de Kardec, bem retratada no filme, fê-lo apelar às autoridades judiciárias e imperiais da França, sem sucesso. Desanimado, chegou a adoecer. Mas recebeu um conselho paternal do Espírito Verdade, que o convenceu a desistir da luta que ele travava pela devolução das obras: “[...] desse auto de fé resultará maior bem do que o que adviria da leitura de alguns volumes. A perda material nada é diante da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da doutrina”. 

Enquanto os livros queimavam em praça pública, na esplanada na cidadela de Barcelona, no bairro de La Rivera, palco, aliás, da execução dos condenados à morte na cidade, o filme mostra Kardec desfalecendo com forças exauridas, entendendo que dois homens o perseguiam pelas ruas francesas e desejavam fazer-lhe algum mal. E, no desmaio, a cena o remete ao local da fogueira, de onde, em Espírito, observa a cena, com perplexidade, mas com certo alento, tanto que lhe brota um sorriso à face. A cena nos remete às instruções dos Espíritos, contidas na Codificação, descrevendo o fenômeno de projeção da consciência, também chamado de desdobramento, em que há a saída do Espírito (e da consciência, portanto) do corpo humano inerte e a manifestação do mesmo em outro ambiente, em uma dimensão extrafísica. 

Também aqui há críticas ao filme pelo fato de que, nas biografias conhecidas e nos próprios textos publicados por Kardec, em vida, assim como os que ainda foram objeto de reunião e publicação em “Obras Póstumas”, o Codificador não faz menção a tal situação. Talvez estivesse “guardando” para momento posterior, publicando-a na forma de memórias, quando fizesse alguma retrospectiva dos “fatos marcantes” do Espiritismo. Ou talvez não tenha ocorrido, mas, por certo, em pensamento e, diante da precisa orientação da Verdade, assim teria “visto” e entendido aquele episódio. 

O fato é que, depois dele e da divulgação feita pela imprensa ao fato, os pedidos de livros aumentaram e, com eles, também, muito mais correspondências contendo psicografia, sugestões de temas e perguntas de interessados foram se avolumando nas entregas do carteiro – bem demonstradas em uma épica cena da trama. 

E os solavancos e ameaças à obra kardeciana prosseguem, ainda, decorridos cento e cinqüenta anos do seu desencarne, com as descobertas históricas feitas em relação à adulteração do último dos livros fundamentais do Espiritismo, “A Gênese”, perpetradas por mãos inescrupulosas e introdutoras de conceitos pessoais.Fato este que, felizmente, as pesquisas acuradas em originais franceses, nas repartições de registro e documentação e o estudo cauteloso de especialistas, levaram ao resgate da sua edição original, oferecendo ao público espírita e simpatizante o verdadeiro Legado de Kardec. Entre os autores deste crime contra a memória de Rivail, posto que materializado três anos após o desenlace do Mestre (em 1872), estão alguns dos que se afiliavam como membros da SPEE, inclusive com funções de destaque e direção. 

Antes de encerrar, fazemos uma pequena crítica – esta sim, desapaixonada, mas conjuntural – ao trabalho de Wagner de Assis e dos que lhe assessoraram na produção final do filme. Nos créditos finais é apresentado que Kardec teria escrito cinco obras para, quem sabe, fazer coincidir com a alcunha de “Pentateuco” espírita, consideradas somente as que os espíritas em geral chamam de “obras básicas”. Kardec, na verdade, legou à Humanidade um conjunto de trinta e duas obras, entre livros, opúsculos e fascículos mensais de revistas (depois reunidas em volumes anuais), de abril de 1857 a abril de 1869, aos quais se acrescenta, ainda, o livro “Obras Póstumas”, publicado por seus sucessores. 

O filme é, então, por tudo isto, entusiasmante e emocionante. 

Primeiro porque faz com que nos transportemos à atmosfera real daqueles dias, partilhando das dúvidas e incertezas de um homem – o qual, por mais desperto, intelectual e moralmente qualificado para a missão, poderia ter recuado e, diante disto, a tarefa ser delegada a outrem – mas, igualmente, de suas virtudes e demonstrações de sabedoria, bondade e fraternidade, permitindo-nos, ainda que com grandes ressalvas, imaginar como nos comportaríamos diante das situações por ele vividas, sejam as reais, sejam as romanceadas pela criatividade do roteiro (e, também, do livro em que o mesmo se baseia). 

Segundo pelo fato de distanciar o homem Kardec do mito que é cultuado pelos próprios espíritas, mesmo aqueles que não entendem nem compreendem a extensão da grandiosa tarefa que ele desempenhou, distante da efemeridade que alguns atribuem à posição de “mero secretário” que anotava as informações advindas dos Espíritos Superiores. 

Terceiro porque demonstra que, assim como o filme, que não tem um final definitivo, pois não chega a mostrar, mesmo, o desencarne e a continuidade das atividades espíritas em solo francês, deixa no ar o continuum do próprio PROCESSO ESPÍRITA, no que fomenta em nós a necessidade de reativarmos o sistema e o método trazido por aquele homem de ciência e filosofia, ainda que a mensagem moral lhe seja, naquele tempo e hoje, o principal combustível da existência. 

A progressividade dos conceitos, retomando as informações já trazidas (1857-1869) e as novas que lhes secundam, é de imperiosa necessidade para os que se dizem espíritas neste terceiro milênio. E ela pode e deve ser aplicada, enquanto fórmula de aferição e validação, para as obras (muitas) já existentes, em que outros espíritos, isoladamente, se manifestaram a determinados médiuns, os conhecidos e os anônimos, como para um novo processo de composição, não tão solitário como o do homem León e sua esposa Gabi perpetraram por mais de uma década, mas, quem sabe, contando com uma equipe muito mais numerosa, desprovida de vaidade e de orgulho, para legar aos espíritas de hoje e os de amanhã, um material capaz de ampliar o número de interessados, simpatizantes e praticantes da MORAL ESPÍRITA, a partir dos fundamentos já expressos, e aqui repetidos, de CARIDADE, SOLIDARIEDADE e FRATERNIDADE entre os homens – espíritas ou não. 

Que tal nos disponibilizarmos a isto? 




Marcelo Henrique, é espírita, advogado, pesquisador e palestrante, escreve sobre a Doutrina Espírita nas redes sociais, e colabora conosco mensalmente.


sexta-feira, 7 de junho de 2019

NO ESPIRITISMO TODO CUIDADO É POUCO - Pelo espírito de Miguel












Neste momento de energias negativas no Brasil, de conflitos dentro do Movimento espírita, de opiniões várias sobre o que ensinou Allan Kardec, em suas obras, é preciso muita cautela, não só dos médiuns, mas, de todos os coordenadores e diretores de centros espíritas no Brasil.

O alerta não é meu, são dos espíritos superiores que nos determinam em nossas vindas ao planeta para orientarmos, quando olhamos a Terra como um todo, revolta, com ódio, com vinganças, mortes absurdas em nome do amor, assassinatos em igrejas, centros, o que temos no em torno? espíritos afins desta energia.





Quanto mais propagamos o ódio, a raiva seja por política, futebol, divisão de opiniões doutrinárias, e religião, quando mais não temos paciência, o que atraímos para perto de nós?
Claro que posso dizer a vocês, encarnados, que outros espíritos desencarnados, que estejam nesta frequência, logo e rapidamente veja o que escreve, o que fala, o que propaga em sua vida, e na sua vida neste planeta Terra.

Sim estamos todos assistindo que cada vez mais  espíritos que vibram nesta frequência, que citei, aumenta sua faixa em grandes grupos, ao ladear amigos encarnados.







A grande arma que vemos hoje na sociedade de humanos encarnados, são as redes sociais, inventada pelo homem, ela buscava dar conhecimento, estudos, fácil acesso, locomoção aos fatos no Mundo, deu, e dará.
Só que alienou boa parte da humanidade, com vaidade, ódios raivas, vinganças, ou através da sexualidade ou simplesmente do orgulho do ser humano, da vaidade, e por isto, temos que tomar cuidado com o que lemos, com o que propagamos, porque, sem dúvida as redes sociais, foram uma arma forte para o mal, e também para o bem, a escolha sempre será sua.





Jesus é o modelo e guia de todos nós, desencarnados e próximos a Terra, das senhoras e dos senhores encarnados, e sigo vos escrevendo.


Pensamentos quando na terra, são gerados a partir do que pensamos, do que lemos, a mente constrói aquilo que alimentamos, o que desejamos de oculto, do sexo, dos esportes, das notícias, da vida familiar, e nos liga obviamente com a espiritualidade em volta, nos censurar, nos vigiar, é uma forma de escolhermos, o melhor para nós, e para nossa família, Jesus nos alertava a tempos sobre ORAI E VIGIAI, o orar para para que possamos ter fé, e possamos vigiar nossos pensamentos, tudo que pensamos construímos cedo ou tarde.






A tempos dizemos que o ser humano perdeu o endereço de Deus, e na beira da morte física tenta recupera-lo, podem até conseguir, porém amigos do planeta Terra, lembrem que para tudo nesta jornada existe um preço a pagar.
O inferno ou o céu será criado por ti, na vida e após a vida, o aprendizado é aberto, hoje muito mais do que era a mais de 100 ou 200 anos, a sua chance de lidar bem com o mundo que vive, é muito maior que a de seu avô por exemplo.
Esta é sua melhor encarnação, pare e pense, como seria então sua anterior ? tirando casos especiais de resgastes de espíritos que estiveram a frente de povos, de ideais, que ficaram na história e retornam para completar ou refazer o que fizeram, em sua maioria todos evoluem desta forma que citei, hoje esta é sua melhor encarnação, logo, você tem acesso a tudo.







Liberdade sim, e acesso á tudo, logo, conexão com tudo, e no espiritismo não é diferente, a velocidade do que vem vindo do plano espiritual é a maior de todos os tempos.

Ocorre que vemos muito lixo cultural espiritual vindo, porque? pelos espíritos que estão perto de nós.
Se você está com raiva e ódio no seu entorno é isto que achará, mesmo na hora de paz, e então o que irá propor precisa ser revisto, o que vai ler, escolher, para saber,.
Procure boas energias na natureza, bons pensamentos na natureza nos ajudam e muito quando encarnados, diria procurem boas leituras, boas pesquisas, bons pensamentos, que em volta de ti, irão aparecer mais coisas boas, discutir não leva a nada mesmo que tenha razão, abdicar de uma discussão é uma evolução, não podemos perder tempo, pois a vida na terra é um instante, ou você acha uma média de 85 anos muito?

Na vida, e na morte, e no pós morte, o espírita precisa saber onde deseja chegar, que conhecimentos entende é bom, onde está mexendo, porque como na vida, no espiritismo, todo cuidado é pouco.

Como disse ao interlocutor desta carta, que autorizei publicação, e imagens para melhor entendimento, se está a sofrer demais na encarnação agradeça isto vai aliviar quando chegar aqui no plano espiritual.

Não vai absolver ninguém, já que todos tem oportunidades, muitos reencarnes de amigos nossos, parentes já estão ocorrendo em planetas com menos evolução que a Terra, outros planetas até recentemente descobertos por vocês, recebem espíritos que tiveram 8,9 chances na terra e conseguiram muito pouca evolução.

Na Terra muitos serão chamados a voltar e poucos os escolhidos para continuar, por isto, aceitem este recado, este pedido, orar é bom e ajuda, tirar momentos para isto é o ideal, mas, pensamentos, irão determinar sua evolução como pessoa, como humano, resolvendo a grande parte das questões, passamos em provas na Terra, e para lá voltamos.

Assim que chegamos aqui no plano espiritual a primeira coisa que fazemos, é nos achar tolos, as vezes idiotas, ou mesmo ficamos com raiva do quanto perdemos tempos com tolices, ajude o próximo, e as vezes o próximo está em sua família, é um amigo que nem sabe o quanto você o admira, ou quanto ele mesmo te ajudou, é um carma ou uma benesse ajuda-lo.
Digo sempre a amigos espíritos que estão comigo em jornada na Terra, nossa missão é orientar, não podemos mudar nada, o que é mudado e raros são os casos, vem de ordem superior, o que as vezes fazemos é adiar para dar mais força ao encarnado.

Por isto para seu próprio, bem melhore seus pensamentos, pois eles te dirigem, orai sempre que puder, sem exageros, busquem melhoras na moral, ajudem a família e seus amigos próximos e se ajudem, para que no futuro, posso dizer que teve uma evolução.


Saúde e equilíbrio é o que vos desejo.

Miguel.




***Psicografia recebida pelo médium,escritor, e palestrante David Chinaglia, no Centro Gabriel Dellane de Estudos Espiritas,.

David Chinaglia é espírita, escritor, radialista, palestrante espírita, e divulgador da Doutrina Espírita conforme a orientação e codificação de Allan Kardec.

contato pelo davidchinaglia@gmail.com