sábado, 30 de março de 2019

DR. VIGNAL - REVISTA ESPÍRITA DE 1860 - POR ALLAN KARDEC




Em Março de 1860, com fatos de Fevereiro daquele Ano, Kardec, publicava o caso do Dr.Vignal, espírito que várias vezes veremos em anotações de Kardec,.
Em tempo Dr.Vignal era um caso de espírito encarnado, que em sonho dava comunicação, fato comum, até hoje, raros também.
Trata-se de espíritos adiantados que tem este domínio, aqui um dos episódios em sessões espíritas, que Kardec coordenou com seus médiuns, você pode encontrar o conteúdo da revista Espírita na internet, um dos endereços é www.kardecpedia.com.br para adquirir sugerimos, a da Editora Lake, tradução séria e sóbria, fiel aos fatos de J.Herculano Pires.






O DR.VIGNAL...


O Dr. Vignal, membro titular da Sociedade, ofereceu-se para servir ao estudo sobre uma pessoa viva, como se fez com o Conde de R... Foi evocado na sessão de 3 de fevereiro de 1860. 
1. (A São Luís) ─ Podemos evocar o Dr. Vignal? ─ Sem qualquer perigo, pois que ele está preparado.


2. Evocação. ─ Aqui estou. Afirmo-o em nome de Deus, o que não faria se respondesse por outro.

3. ─ Embora estejais vivo, julgais necessário que a evocação seja feita em nome de Deus? ─ Deus não existe tanto para os vivos quanto para os mortos?


4. ─ Estais a ver-nos tão claramente como quando em pessoa assistíeis às nossas sessões? ─ Um pouco mais claramente.


5. ─ Em que lugar estais aqui? ─ Naturalmente no lugar onde minha ação é necessária: à direita e um pouco atrás do médium.

6. ─ Para vir de Sully até aqui, tivestes consciência do espaço transposto? Vistes o caminho percorrido? ─ Não mais que o carro que me trouxe.

7. ─ Poderemos oferecer-vos uma cadeira? ─ Sois muito bons. Não estou tão fatigado quanto vós.


8. ─ Como constatais vossa individualidade, aqui presente? ─ Como os outros. 

OBSERVAÇÃO: Ele alude ao que já foi dito em casos semelhantes, isto é, que o Espírito constata sua individualidade por meio do perispírito, que representa o seu corpo.


9. ─ Contudo, agradeceríamos se vós mesmo nos désseis a explicação. ─ O que me pedis é uma repetição.


10. ─ Já que não quereis repetir o que foi dito, é porque pensais do mesmo modo? ─ Mas está bem claro.


11. ─ Assim, vosso perispírito é para vós uma espécie de corpo circunscrito e limitado? ─ É evidente. Nem é preciso dizer.


12. ─ Podeis ver o vosso corpo adormecido? ─ Não daqui. Vi-o ao deixá-lo. Tive vontade de rir.

13. ─ Como é estabelecida a relação entre o vosso corpo em Sully e o vosso Espírito aqui? ─ Como vos disse, pelo cordão fluídico.

14. ─ Quereis descrever o melhor possível, para que o compreendamos, a maneira por que vedes a vós mesmo, abstração feita do vosso corpo? ─ É muito fácil. Vejo-me como em vigília, ou antes, pois a comparação é mais justa, como a gente se vê em sonho. Tenho meu corpo, mas tenho consciência de que é organizado de modo diferente e mais leve que o outro. Não sinto o peso, a força de atração que me prende à Terra quando desperto. Numa palavra, como vos disse, não estou fatigado. 


15. ─ A luz se vos apresenta com o mesmo tom que no estado normal? ─ Não. Esse tom é acrescido de uma luz não perceptível por vossos sentidos grosseiros. Contudo, não infirais que a sensação produzida pelas cores sobre o nervo óptico seja diferente para mim. O vermelho é vermelho, e assim por diante. Entretanto, alguns objetos que eu não via, na obscuridade, quando em estado de vigília, são luminosos por si mesmos, e são perceptíveis para mim. Assim é que a obscuridade não existe absolutamente para o Espírito, embora ele possa estabelecer uma diferença entre o que para vós é claro e o que não é.

16. ─ Vossa visão é indefinida ou limitada ao objeto ao qual prestais atenção? ─ Nem uma coisa, nem outra. Não sei absolutamente que tipo de modificações ela pode ensejar para o Espírito inteiramente desprendido. De minha parte, sei que os objetos materiais são perceptíveis no seu interior; que minha vista os atravessa. Contudo, não poderia ver por toda parte e a distância.


17. ─ Gostaríeis de vos submeter a uma pequena experiência, a título de prova, não motivada pela curiosidade, mas pelo desejo de nos instruirmos? ─ De modo algum. Isto me é expressamente proibido.


18. ─ Era para lerdes a pergunta que me chega às mãos e respondê-la sem que eu a verbalizasse. ─ Eu poderia, mas, repito, isto me é proibido.


19. ─ Como tendes consciência de que vos é proibido fazê-lo? ─ Pela transmissão de pensamento do Espírito que me proíbe.

20. ─ Então, eis a pergunta. Podeis ver-vos num espelho? ─ Não. Que vedes num espelho? O reflexo de um objeto material. Não sou material. Só posso produzir o reflexo pela operação que torna tangível o perispírito.

21. ─ Assim, um Espírito que se encontrasse nas condições de um agênere, por exemplo, poderia ver-se num espelho? ─ Certamente.

22. ─ Neste momento poderíeis julgar da saúde ou doença de uma pessoa, tão seguramente quanto em vosso estado normal? ─ Com mais segurança.


23. ─ Poderíeis dar uma consulta, se alguém vo-la pedisse? ─ Poderia, mas não quero fazer concorrência aos sonâmbulos e aos Espíritos benfeitores que os guiam. Quando estiver morto, não direi que não.

24. ─ O estado em que agora vos encontrais é idêntico àquele em que estareis depois de morto? ─ Não. Terei certas percepções muito mais precisas. Não esqueçais que ainda estou ligado à matéria.

25. ─ Vosso corpo poderia morrer, enquanto estais aqui, sem que o suspeitásseis? ─ Não. A gente morre assim todos os dias.






26. ─ Isto se compreende quanto à morte natural, sempre precedida de alguns sintomas. Suponhamos, porém, que alguém vos fira e mate instantaneamente. Como o saberíeis? ─ Eu estaria pronto para receber o golpe, antes que o braço fosse baixado.






27. ─ Qual a necessidade de vosso Espírito voltar ao corpo, se nada mais haveria a fazer? ─ É uma lei muito sábia, sem a qual, quando fora do corpo, muitas vezes hesitaríamos tanto em voltar para ele que faríamos disso um pretexto para nos suicidarmos... hipocritamente.






28. ─ Suponhamos que vosso Espírito não estivesse aqui, mas em casa, passeando, enquanto o corpo dormisse. Deveríeis ver tudo o que lá se passasse? 

─ Sim.






29. ─ Nesse caso, suponhamos que lá se praticasse uma ação má, por parte de um parente ou de um estranho. Seríeis testemunha do fato? ─ Sem dúvida; mas nem sempre livre para me opor. Entretanto, isto ocorre com mais frequência do que pensais.






30. ─ Que impressão vos daria essa ação má? Ela vos afetaria tanto quanto se fosseis testemunha ocular? ─ Às vezes mais, às vezes menos, conforme as circunstâncias.






31. ─ Experimentaríeis o desejo de vingar-se? ─ De vingar-me, não. De impedi-la, sim. 






OBSERVAÇÃO: Resulta do que acaba de ser dito e, aliás, é consequência do que já sabemos, que o Espírito de uma pessoa que dorme sabe perfeitamente o que se passa ao seu redor. Aquele que pretendesse aproveitar-se do sono para cometer uma ação má em seu prejuízo, engana-se quando crê não ser visto. Nem mesmo deveria contar sempre com o esquecimento que se segue ao despertar, porque a pessoa pode guardar uma intuição muito forte, por vezes lhe inspirando suspeitas. Os sonhos de pressentimento não passam de lembranças mais ou menos precisas do que se viu. Temos nisto mais uma das consequências morais do Espiritismo. Dando a convicção do fenômeno, pode ser um freio para muita gente. Eis um fato que vem em apoio a esta verdade. Uma pessoa recebeu um dia uma carta sem assinatura e muito descortês. Inutilmente dava tratos à bola para descobrir o seu autor. Há que admitir-se que durante a noite soube o que desejava saber, porque, no dia seguinte, ao despertar, e sem que tivesse sonhado, seu pensamento se dirigiu a alguém de quem não havia suspeitado e, depois de uma verificação, teve certeza de que não se enganara. 






32. ─ Voltemos às vossas sensações e percepções. Por onde vedes? ─ Por todo o meu ser.






33. ─ Percebeis o som? Por onde? ─ É a mesma coisa, pois a percepção é transmitida ao Espírito encarnado pelos seus órgãos imperfeitos, e para vós deve ser claro que ele sinta, quando livre, numerosas percepções que não podeis compreender.






34. (Alguém toca uma sineta). ─ Ouvis o som perfeitamente? ─ Mais do que vós.





35. ─ Se vos fizessem ouvir música desafinada, experimentaríeis uma sensação semelhante à que sentis em estado de vigília? ─ Eu não disse que as sensações são análogas. Há uma diferença, mas há percepção muito mais completa.






36. ─ Percebeis os odores? ─ Sem dúvida, da mesma maneira que ocorre com os outros sentidos. 






OBSERVAÇÃO: Assim, poder-se-ia dizer que a matéria que envolve o Espírito é uma espécie de abafador, que amortece a acuidade da percepção. O Espírito desprendido, recebendo essa percepção sem intermediário, pode captar as nuanças que escapam àquele a quem chegam através de um meio mais denso que o perispírito. Compreende-se, então, que os Espíritos sofredores possam ter dores que, por não serem físicas, do nosso ponto de vista, são mais pungentes que as dores corporais, e que os Espíritos felizes tenham prazeres dos quais as nossas sensações não podem dar uma ideia.






37. ─ Se tivésseis pratos apetitosos diante de vós, sentiríeis vontade de comer? ─ O desejo seria uma distração.






38. ─ Suponhamos que neste momento, enquanto o Espírito está aqui, vosso corpo tenha fome. Qual o efeito que a visão desses pratos produziria sobre vós? ─ Isto me faria partir para satisfazer uma necessidade irresistível.






39. ─ Poderíeis dar-nos a compreender o que se passa em vós, quando deixais o corpo para vir aqui, ou quando nos deixais para retomar o corpo? Como o percebeis? ─ Isto seria muito difícil. Entro como saio, sem o perceber, ou, melhor dito, sem me dar conta da maneira como se opera o fenômeno. Contudo, não penseis que quando o Espírito entra no corpo esteja encerrado como num quarto. Ele irradia incessantemente para fora, de sorte que, pode-se dizer, está mais frequentemente fora do que dentro. Apenas a união é mais íntima e os laços mais apertados.






40. ─ Vedes outros Espíritos? ─ Aqueles que querem que eu os veja.






41. ─ Como os vedes? ─ Como a mim mesmo.






42. ─ Vede-os aqui, ao nosso redor? ─ Em multidão.






43. Evocação de Charles Dupont (O Espírito de Castelnaudary) ─ Atendo ao vosso chamado.






44. (Ao mesmo) ─ Estais hoje mais tranquilo do que da última vez que fostes chamado? ─ Sim. Progrido no bem.






45. ─ Compreendeis agora que vossas penas não durarão para sempre? ─ Sim.






46. ─ Entrevedes o fim dos sofrimentos? ─ Não. Para minha punição, Deus não me permite ver o seu fim.






47. (Ao Sr. Vignal): ─ Vedes o Espírito que nos acaba de responder? ─ Sim. Não é bonito.





48. ─ Podeis descrevê-lo? ─ Vejo-o como foi visto, com a diferença de que não tem mais sangue nem punhal, e sua fisionomia está mais para a tristeza do que para o embrutecimento feroz que apresentava na primeira aparição.






49. ─ Desperto, tendes conhecimento do retrato que foi feito desse Espírito? ─ Sim, e além disso, estou informado.






50. ─ Vendo um Espírito, como sabeis se seu corpo está vivo ou morto? ─ Por seu cordão fluídico.






51. ─ Como julgais o moral dele? ─ Seu moral deve ser bem triste. Mas ele melhora.






52. (A Charles Dupont): ─ Ouvis o que se diz de vós. Isto vos deve encorajar a perseverar na via do progresso em que entrastes. ─ Obrigado. É o que procuro fazer.






53. ─ Vedes o Espírito do doutor, com o qual conversamos? ─ Sim.






54. ─ Como o vedes? ─ Vejo-o com um envoltório menos transparente que o dos outros Espíritos.






55. ─ Como percebeis que ele ainda está vivo? ─ Os Espíritos comuns não têm forma aparente. Este tem uma forma humana; está envolto numa matéria semelhante a uma névoa, que repete sua forma humana terrena. O Espírito dos mortos não tem mais esse envoltório, pois está desprendido dele.






56. (Ao Sr. Vignal): ─ Se evocarmos um louco, como o reconheceríeis? ─ Não o reconheceria, se sua loucura fosse recente, pois não teria tido ação sobre o Espírito, mas se fosse alienado há muito tempo, a matéria poderia ter tido uma certa influência sobre ele, do que daria sinais que me serviriam para reconhecêlo, como em vigília.






57. ─ Podeis descrever-nos as causas da loucura? ─ São apenas uma alteração, uma perversão dos órgãos, que não mais recebem as impressões de maneira regular, transmitindo sensações falsas e, por isso mesmo, gerando atos diametralmente opostos à vontade do Espírito.






OBSERVAÇÃO: Acontece muitas vezes que certas criaturas, cujo Espírito é perfeitamente são, têm nos membros e em outras partes do corpo movimentos involuntários e independentes da vontade, como os designados pelo nome de tiques nervosos. Compreende-se que se as alterações, em vez de serem no braço ou nos músculos da face, fossem no cérebro, a emissão das ideias sofreria influência. A impossibilidade de dirigir ou dominar essa emissão constitui a loucura.






58 . ─ Depois da última resposta do Sr. Vignal, o médium que servia de intérprete a Charles Dupont escreveu espontaneamente: ─ Reconhece-se esses Espíritos de loucos, quando chegam entre nós, porque eles giram em todos os sentidos, sem uma ideia firme, nem de Deus, nem das preces. Necessitam de tempo para se firmarem. Assinado: CAUVIÈRE






Como ninguém tivesse pensado em chamar esse Espírito, o Sr. Belliol perguntou se seria do Dr. Cauvière, de Marselha, do qual fora aluno. ─ Sim, sou eu, falecido há um ano e meio.






OBSERVAÇÃO: O Sr. Belliol reconheceu a assinatura do Dr. Cauvière. Mais tarde, foi possível comparar com uma assinatura original e constatar a perfeita semelhança da escrita e da rubrica.






59. (Ao Sr. Cauvière): ─ A que devemos a honra de vossa visita inesperada? ─ Não é a primeira vez que venho aqui. Hoje achei uma ocasião favorável para me comunicar e aproveitei-a.






60. ─ Vedes vosso colega Dr. Vignal, que aqui se acha em Espírito? ─ Sim, vejo-o.






61. ─ Como sabeis que ainda está vivo? ─ Por seu envoltório menos transparente que o nosso.






62. ─ Esta resposta concorda com a que acaba de dar Charles Dupont e que pareceu ultrapassar o alcance de sua inteligência. Fostes vós quem a ditou? ─ Eu podia influenciá-lo, pois aqui estava.






63. ─ Em que estado vos achais, como Espírito? ─ Ainda não reencarnei, mas sou um Espírito adiantado, embora estivesse longe, na Terra, de crer no que chamais Espiritualismo. É preciso que faça minha educação aqui, onde me acho. Mas a minha inteligência, aperfeiçoada pelo estudo, esclareceu-se de repente.






64. ─ Se concordardes, iremos fazer uma pergunta preparada para o Sr. Vignal, e pediremos a resposta de cada um de vós, com o auxílio de vossos intérpretes particulares. Como encarais agora a diferença entre o Espírito dos animais e o do homem? Resposta do Sr. Vignal: ─ Não me é muito mais fácil fazê-lo do que em vigília. Meu pensamento atual é de que no animal o Espírito dorme, está entorpecido moralmente, e de que no homem, no seu início, desperta penosamente. Resposta do Sr. Cauvière: ─ O Espírito do homem é chamado a um maior aperfeiçoamento que o dos animais. A diferença é sensível, tendo em vista que, nestes últimos, só existe no estado de instinto. Mais tarde esse instinto pode aperfeiçoar-se.






65. ─ Pode aperfeiçoar-se a ponto de se transformar em Espírito humano? ─ Pode, mas depois de ter passado por muitas existências como animais, quer na Terra, quer em outros planetas.






66. ─ Teríeis a bondade, um e outro, cada um por sua vez, de nos ditar uma pequena alocução espontânea, sobre assunto de vossa escolha?




Ditado do Sr. Cauvière





Meus bons amigos, sinto-me tão feliz por poder conversar um pouco convosco, que desejo dar-vos um conselho, não a vós que, particularmente, sois crentes, mas àqueles cuja fé ainda é vacilante, ou que não a têm e a repelem. É verdade que não posso aqui ver todos os meus confrades vivos, que não me acreditariam. Contudo eu lhes diria que, em vida, repeli teimosamente a verdade, posto a sentisse bem no íntimo. A maioria deles fazem como eu: por um falso amor próprio não querem concordar com o que por vezes experimentam. Estão errados, porque a indecisão faz sofrer na Terra, sobretudo no momento de deixá-la. Instruí-vos, pois! Sede de boafé! Em vida sereis mais felizes, assim como no mundo onde ora me encontro. Se realmente o quiserdes, virei algumas vezes conversar convosco.

CAUVIÈRE


Ditado do Sr. Vignal






Para que serve a Astronomia, e que nos importa o tempo que leva uma bala de canhão para percorrer a distância entre a Terra e o Sol? Assim raciocinam pessoas muito dignas, que não veem nas ciências outros resultados além da aplicação que pode ser feita na indústria ou para o seu bem-estar. Mas sem a Astronomia, que razão teríeis para adotar o admirável sistema que estamos desenvolvendo, em vez de um outro, trazido por Espíritos ignorantes e invejosos? 








Se, como se pensava outrora, a Terra fosse o ponto central do Universo; se os numerosos sóis que povoam o espaço não passassem de simples pontos brilhantes fixados numa abóbada de cristal, que razões teríeis para admitir o passado e o futuro do Espírito? A Astronomia, ao contrário, vem demonstrar-nos que a vida planetária que circula em torno do nosso Sol, se reflete em redor de todos os que compõem a nebulosa, da qual faz parte o nosso mundo; que todos esses planetas são organizados de maneira diferente uns dos outros e que, em consequência, neles as condições de vida não são as mesmas. Sois, então, levados a vos perguntar se Deus cria instantaneamente e para cada corpo, especialmente, o Espírito que deve animá-lo; por que razão teria achado justo criá-lo aqui, e não ali, na Terra e não em outro mundo, nesta condição e não em outra? Assim, uma lógica inflexível vos leva a admitir como expressão da maior verdade a habitabilidade dos mundos, a preexistência da alma e a reencarnação. Então a Astronomia é útil, porque vos põe em condições de receber um esboço das sublimes verdades que para vós serão desenvolvidas, por força do progresso do Espiritismo e da própria Ciência. Porque, auxiliada pela indústria, é chamada a levar-vos à descoberta de muitas outras maravilhas, além daquelas que até agora apenas pudestes entrever. De agora em diante, a Astronomia e a Teologia são irmãs, e vão marchar de mãos dadas.




VIGNAL, por Arago. 


Senhorita Indermuhle, surda-muda de nascença, 32 anos, vida.






1. (A São Luís): ─ Podemos entrar em comunicação com o Espírito da Senhorita Indermuhle? ─ Podeis.






2. Evocação. ─ Aqui estou, e o afirmo em nome de Deus.






3. (A São Luís): ─ Podeis dizer se o Espírito que nos responde é mesmo o da Senhorita Indermuhle? ─ Posso afirmar e vo-lo afirmo. Estais mais adiantados e credes que se fosse útil que outro respondesse em seu lugar, isto seria mais embaraçoso? A afirmação vos prova que ela está aqui. Cabe-vos garantir uma boa comunicação pela natureza e pelo móvel de vossas perguntas.






3-A[1]. ─ Sabeis bem onde vos encontrais agora? ─ Perfeitamente. Pensais que eu não tenha sido instruída a respeito?






4. Como podeis responder-nos aqui, se vosso corpo está na Suíça? ─ Porque não é o corpo que responde. Aliás, como bem sabeis, ele é perfeitamente incapaz de fazê-lo.






5. ─ Que faz vosso corpo neste momento? ─ Cochila.






6. ─ Está com saúde? ─ Excelente.






OBSERVAÇÃO: O irmão da Senhorita Indermuhle, que se achava presente, confirmou que realmente ela estava com saúde.






7. ─ Quanto tempo levastes para vir da Suíça até aqui? ─ Um tempo inapreciável para vós.






8. ─ Vistes o caminho percorrido? ─ Não.






9. ─ Estais surpresa por vos achardes nesta reunião? ─ Minha primeira resposta vos prova que não.






10. ─ Que aconteceria se vosso corpo despertasse, enquanto estais aqui? ─ Eu lá estaria.






11. ─ Existe um laço qualquer entre o vosso Espírito, que está aqui, e o corpo que lá está? ─ Sim. Sem isto, quem lhe advertiria que devo voltar a ele?






12. ─ Vede-nos bem distintamente? ─ Sim, perfeitamente.






13. ─ Compreendeis que nos possais ver, mas que não vos vejamos? — Mas, sem dúvida.






14. ─ Ouvis o ruído que, batendo, produzo no momento? ─ Aqui não sou surda.






15. ─ Como vos dais conta, desde que, por comparação, não tendes lembrança do ruído em estado de vigília? ─ Eu não nasci ontem.






OBSERVAÇÃO: A lembrança da sensação do ruído lhe vem das existências em que não era surda. Esta resposta é perfeitamente lógica.



16. ─ Escutaríeis música com prazer? ─ Com tanto mais prazer quão longo o tempo que isso não me acontece. Cantai algo para mim.






17. ─ Lamentamos não poder fazê-lo agora, e que não haja aqui um instrumento para vos proporcionar este prazer. Parece-nos porém que desprendendose todos os dias durante o sono, vosso Espírito deve transportar-se a lugares onde podeis ouvir música. ─ Isto me acontece muito raramente.






18. ─ Como podeis responder em francês, desde que sois alemã e ignorais a nossa língua? ─ O pensamento não tem língua. Eu o transmito ao guia do médium, que o traduz para a língua que lhe é familiar.






19. ─ Qual é esse guia de que falais? ─ Seu Espírito familiar. É sempre assim que recebeis comunicações de Espíritos estrangeiros, e é assim que os Espíritos falam todas as línguas.



OBSERVAÇÃO: Desta maneira, muitas vazes as respostas só nos chegariam de terceira mão. O Espírito interrogado transmite o pensamento ao Espírito familiar, esse ao médium e o médium o traduz, falando ou escrevendo. Ora, podendo o médium ser assistido por Espíritos mais ou menos bons, isto explica como, em muitas circunstâncias, o pensamento do Espírito interrogado pode ser alterado. Assim, no começo, São Luís disse que a presença do Espírito evocado nem sempre basta para assegurar a integridade das respostas. Cabe-nos avaliar e julgar se são lógicas e estão em consonância com a natureza do Espírito. Aliás, segundo a Senhorita Indermuhle, esta tríplice fieira só ocorreria com Espíritos estrangeiros.

20. ─ Qual a causa da enfermidade que vos afetou? ─ Uma causa voluntária.




21. ─ Por que singularidade sois seis irmãos e irmãs igualmente afetados? ─ Pelas mesmas causas que eu.



22. ─ Assim, foi voluntariamente que todos escolhestes a mesma prova? Pensamos que esta reunião na mesma família deve ter ocorrido como uma prova para os pais. É uma boa razão? ─ Ela se aproxima da verdade.






23. ─ Vedes aqui o vosso irmão? ─ Que pergunta!






24. ─ Estais contente de vê-lo? ─ Mesma resposta. OBSERVAÇÃO: Sabe-se que os Espíritos não gostam de repetir. Nossa linguagem para eles é tão lenta que evitam tudo quanto lhes parece inútil. Eis um ponto que caracteriza os Espíritos sérios. Os levianos, zombadores, obsessores e pseudo-sábios geralmente são faladores e prolixos. Como os homens a quem falta base, falam para nada dizer; as palavras substituem os pensamentos, que julgam impor pelas frases redundantes e por um estilo pedante.






25. ─ Gostaríeis de dizer-lhe alguma coisa? ─ Peço-lhe que receba a expressão dos meus sinceros agradecimentos pelo bom pensamento que teve de me fazer chamar até aqui, onde muito felizmente me acho em contato com bons Espíritos, embora veja alguns que não valem muito. Ganhei em instrução e não esquecerei o que lhe devo.










Observação:






Allan Kardec, codificou o espiritismo, sem ele, não é a base determinada, pelos espíritos, regras básicas e clássicas, que hoje são desobedecidas em alto risco por médiuns e dirigentes.


Leia e Estude a Revista Espírita, leia o Céu e Inferno, de Kardec, e busquem ali, as respostas, já que hoje usam psicografias erradas, para basear seus estudos, todas dirão alguns? não, mas estas de famosos, a maior parte é enganação, sigamos o codificador, e acreditem não ficaram olhando na estação o trem partir.



quarta-feira, 13 de março de 2019

O HOMEM DURANTE A VIDA TERRENA - ALLAN KARDEC EM O QUE É O ESPIRITISMO











Na obra esquecida, pela maioria dos centros espíritas do Brasil, cuja a melhor versão, é a de J.Herculano Pires da Editora Lake, que pode ser adquirida pelo site da Editora, encontramos um importante complemento a obra maior da Doutrina Espírita, o LIVRO DO ESPÍRITOS.

Aqui extraímos do capítulo, o Homem durante a vida terrena, e questões, feitas pelo codificador da doutrina espírita, Allan Kardec.


Em tempos de muitas discordâncias do homem que preparou o caminho a ser seguido, e que deu destaque ao portal da vida além da vida, é um livro de importante estudo, e reflexão, nos anos 60, 70, ele foi usado, mas infelizmente, modificado.
O Uso de cartilhas, apostilhas, muda o conteúdo da obra, até porque quem o faz, procura dar o seu pessoal ponto de vista, aqui vemos o codificador em suas perguntas e reflexões, com os espíritos.

Leia o livro, mas procure aqui um entendimento melhor para nossa jornada de vida.


(David Chinaglia, editor do blog)


Segue abaixo as perguntas de Allan Kardec, no referido capítulo.

116. Como e em que momento se opera a união da alma ao corpo?

Desde a concepção, o Espírito, ainda que errante, está, por um cordão fluídico, preso ao corpo com o qual se deve unir. Este laço se estreita cada vez mais, à medida que o corpo se vai desenvolvendo. Desde esse momento, o Espírito sente uma perturbação que cresce sempre; ao aproximar-se do nascimento, ocasião em que ela se torna completa, o Espírito perde a consciência de si e não recobra as ideias senão gradualmente, a partir do momento em que a criança começa a respirar; a união então é completa e definitiva.


117. Qual o estado intelectual da alma da criança no momento de nascer?
Seu estado intelectual e moral é o que tinha antes da união ao corpo, isto é, a alma possui todas as ideias anteriormente adquiridas, mas, em razão da perturbação que acompanha a mudança de estado, suas ideias se acham momentaneamente em estado latente. Elas se vão esclarecendo aos poucos, mas não se podem manifestar senão proporcionalmente ao desenvolvimento dos órgãos.


118. Qual a origem das ideias inatas, das disposições precoces, das aptidões instintivas para uma arte ou ciência, abstração feita da instrução?
As ideias inatas não podem ter senão duas fontes: a criação das almas mais perfeitas umas que as outras, no caso de serem criadas ao mesmo tempo que o corpo, ou um progresso por elas adquirido anteriormente à encarnação.

Sendo a primeira hipótese incompatível com a Justiça de Deus, só fica de pé a segunda.

As ideias inatas são o resultado dos conhecimentos adquiridos nas existências anteriores, são ideias que se conservaram no estado de intuição, para servirem de base à aquisição de outras novas.

119. Como se podem revelar gênios nas classes da sociedade inteiramente privadas de cultura intelectual?

É um fato que prova serem as ideias inatas independentes do meio em que o homem foi educado. O ambiente e a educação desenvolvem as ideias inatas, mas não no-las podem dar. O homem de gênio é a encarnação de um Espírito adiantado que muito houvera já progredido. A educação pode fornecer a instrução que falta, mas não o gênio, quando este não exista.


120. Por que encontramos crianças instintivamente boas em um meio perverso, apesar dos maus exemplos que colhem, ao passo que outras são instintivamente viciosas em um meio bom, apesar dos bons conselhos que recebem?


É o resultado do progresso moral adquirido, como as ideias inatas são o resultado do progresso intelectual.


121. Por que de dois filhos do mesmo pai, educados nas mesmas condições, um é às vezes inteligente e o outro estúpido, um bom e o outro mau? Por que o filho de um homem de gênio é, algumas vezes, um tolo, e o de um tolo, um homem de gênio?


É um fato esse que vem em abono da origem das ideias inatas;prova, além disso, que a alma do filho não procede, de sorte alguma, da dos pais; se assim não fosse, em virtude do axioma que a parte é da mesma natureza que o todo, os pais transmitiriam aos filhos as suas qualidades e defeitos próprios, como lhes transmitem o princípio das qualidades corporais. 


Na geração, somente o corpo procede do corpo, mas as almas são independentes umas das outras.

122. Se as almas são independentes umas das outras, donde vem o amor dos pais pelos filhos e o destes por aqueles?

Os Espíritos se ligam por simpatia, e o nascimento em tal ou tal família não é um efeito do acaso, mas depende muitas vezes da escolha feita pelo Espírito, que vem juntar-se àqueles a quem amou no mundo espiritual ou em suas precedentes existências. Por outro lado, os pais têm por missão ajudar o progresso dos Espíritos que encarnam como seus filhos, e, para excitá-los a isso, Deus lhes inspira uma afeição mútua; muitos, porém, faltam a essa missão, sendo por isso punidos. (Ver O livro dos espíritos, questão 379.)


123. Por que há maus pais e maus filhos?

São Espíritos que não se ligaram na mesma família por simpatia, mas com o fim de servirem de instrumentos de provas uns aos outros e, muitas vezes, para punição do que foram em existência anterior; a um é dado um mau filho, porque também ele o foi; a outro, um mau pai, pelo mesmo motivo, a fim de que sofram a pena de talião. (Ver Revista espírita, setembro de 1861, A pena de talião.)


124. Por que encontramos em certas pessoas, nascidas em condição servil, instintos de dignidade e grandeza, enquanto outras, nascidas nas classes superiores, só apresentam instintos de baixeza?

É uma reminiscência intuitiva da posição social que o Espírito já ocupou, e do seu caráter na existência precedente.

125. Qual a causa das simpatias e antipatias que se manifestam entre pessoas que se veem pela primeira vez?

São quase sempre entes que se conheceram e, algumas vezes, se amaram em uma existência anterior, e que, encontrando-se nesta, são atraídos um para o outro. As antipatias instintivas provêm também, muitas vezes, de relações anteriores.

Esses dois sentimentos podem ainda ter outra causa. O perispírito irradia ao redor do corpo, formando uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou más do Espírito encarnado. Duas pessoas que se encontram, experimentam, pelo contato desses fluidos, a impressão sensitiva, impressão que pode ser agradável ou desagradável; os fluidos tendem a confundir-se ou a repelir-se, segundo sua natureza semelhante ou dessemelhante. É assim que se pode explicar o fenômeno da transmissão de pensamento. Pelo contato desses fluidos, duas almas, de algum modo, leem uma na outra; elas se adivinham e compreendem, sem se falarem.

126. Por que não conserva o homem a lembrança de suas anteriores existências? Não será ela necessária ao seu progresso futuro?

(Vede a parte que trata do “Esquecimento do passado”.) 



127. Qual a origem do sentimento a que chamamos consciência?

É uma recordação intuitiva do progresso feito nas precedentes existências e das resoluções tomadas pelo Espírito antes de encarnar, resoluções que ele, muitas vezes, esquece como homem.

128. Tem o homem o livre-arbítrio, ou está sujeito à fatalidade?

Se a conduta do homem fosse sujeita à fatalidade, não haveria para ele nem responsabilidade do mal, nem mérito do bem que pratica. Toda punição seria uma injustiça, toda recompensa um contrassenso. O livre-arbítrio do homem é uma consequência da Justiça de Deus, é o atributo que a divindade imprime àquele e o eleva acima de todas as outras criaturas. É isto tão real que a estima dos homens, uns pelos outros, baseia-se na admissão desse livre-arbítrio; quem, por uma enfermidade, loucura, embriaguez ou idiotismo, perde acidentalmente essa faculdade, é lastimado ou desprezado.

O materialista que faz todas as faculdades morais e intelectuais dependerem do organismo, reduz o homem ao estado de máquina, sem livre-arbítrio e, por consequência, sem responsabilidade do mal e sem mérito do bem que pratica. (Ver Revista espírita, março de 1861, A cabeça de Garibaldi; Idem, abril de 1862, Frenologia espiritualista e espírita.)

129. Será Deus o criador do mal?

Deus não criou o mal; Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal.

130. O homem já nasce bom ou mau?

É preciso fazermos uma distinção entre a alma e o homem. A alma é criada simples e ignorante, isto é, nem boa nem má, porém suscetível, em razão do seu livre-arbítrio, de seguir o bom ou o mau caminho, ou, por outra, de observar ou infringir as Leis de Deus. O homem nasce bom ou mau, segundo seja ele a encarnação de um Espírito adiantado ou atrasado.

131. Qual a origem do bem e do mal na Terra e por que este predomina?

A imperfeição dos Espíritos que aqui se encarnam é a origem do mal na Terra; quanto à predominância deste, provém da inferioridade do planeta, cujos habitantes são, na maioria, Espíritos inferiores ou que pouco têm progredido. Em mundos mais adiantados, onde só encarnam Espíritos depurados, o mal não existe ou está em minoria.

132. Qual a causa dos males que afligem a humanidade?

O nosso mundo pode ser considerado, ao mesmo tempo, como escola de Espíritos pouco adiantados e cárcere de Espíritos criminosos. Os males da nossa humanidade são a consequência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos que a formam. Pelo contato de seus vícios, eles se infelicitam reciprocamente e punem-se uns aos outros.

133. Por que vemos tantas vezes o mau prosperar, enquanto o homem de bem vive em aflição?

Para aquele cujo pensamento não transpõe as raias da vida presente, para quem a acredita única, isto deve parecer clamorosa injustiça. Não se dá, porém, o mesmo com quem admite a pluralidade das existências e pensa na brevidade de cada uma delas, em relação à eternidade.

O estudo do Espiritismo prova que a prosperidade do mau tem terríveis consequências em suas seguintes existências; que as aflições do homem de bem são, pelo contrário, seguidas de uma felicidade, tanto maior e duradoura, quanto mais resignadamente ele soube suportá-las; não lhe será mais que um dia mau em uma existência próspera.

134. Por que nascem alguns na indigência e outros na opulência? Por que vemos tantas pessoas nascerem cegas, surdas, mudas ou afetadas de moléstias incuráveis, quando outras possuem todas as vantagens físicas? Será um efeito do acaso, ou um ato da Providência?

Se fosse do acaso, a Providência não existiria. Admitida, porém, a Providência, perguntamos como se conciliam esses fatos com a sua bondade e justiça? É por falta de compreensão da causa de tais males que muitos se arrojam a acusar Deus.

Compreende-se que quem se torna miserável ou enfermo, por suas imprudências ou por excessos, seja punido por onde pecou: porém, se a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo, que fez ela para merecer tais aflições, desde o seu nascimento, ou para ficar isenta delas?

Se admitimos a Justiça de Deus, não podemos deixar de admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se encontra na vida presente, deve achar-se antes desta, porque em todas as coisas a causa deve preceder ao efeito; há, pois, necessidade de a alma já ter vivido, para que possa merecer uma expiação.

Os estudos espíritas nos mostram, de fato, que mais de um homem, nascido na miséria, foi rico e considerado em uma existência anterior, na qual fez mau uso da fortuna que Deus o encarregara de gerir; que mais de um, nascido na abjeção, foi anteriormente orgulhoso e prepotente, abusou do poder para oprimir os fracos. Esses estudos no-los fazem ver, muitas vezes, sujeitos àqueles a quem trataram com dureza, entregues aos maus-tratos e à humilhação a que submeteram os outros.

Nem sempre uma vida penosa é expiação; muitas vezes é prova escolhida pelo Espírito, que vê um meio de avançar mais rapidamente, conforme a coragem com que saiba suportá-la.

A riqueza é também uma prova, mas muito mais perigosa que a miséria, pelas tentações que dá e pelos abusos que enseja; também o exemplo dos que viveram, demonstra ser ela uma prova em que a vitória é mais difícil. A diferença das posições sociais seria a maior das injustiças — quando não seja o resultado da conduta atual —, se ela não tivesse uma compensação. A convicção que dessa verdade adquirimos, pelo Espiritismo, nos dá força para suportarmos as vicissitudes da vida e aceitarmos a nossa sorte, sem invejar a dos outros.

135. Por que há homens idiotas e imbecis?

A posição dos idiotas e dos imbecis seria a menos conciliável com a Justiça de Deus, na hipótese da unicidade da existência. Por miserável que seja a condição em que o homem nasça, ele poderá sair dela por sua inteligência e trabalho; o idiota e o imbecil, porém, são votados, desde o nascimento até a morte, ao embrutecimento e ao desprezo; para eles não há compensação possível. Por que foi, então, sua alma criada idiota?


Os estudos espíritas, feitos acerca dos imbecis e idiotas, provam que suas almas são tão inteligentes como as dos outros homens; que essa enfermidade é uma expiação infligida a Espíritos que abusaram da inteligência, e sofrem cruelmente por se sentirem presos, em laços que não podem quebrar, e pelo desprezo de que se veem objeto, quando, talvez, tenham sido tão considerados em encarnação precedente. (Ver Revista espírita, junho de 1860, O Espírito de um idiota; Idem, outubro de 1861, Os cretinos.)

136. Qual o estado da alma durante o sono?

No sono é só o corpo que repousa, mas o Espírito não dorme. As observações práticas provam que, nessas condições, o Espírito goza de toda a liberdade e da plenitude das suas faculdades; aproveita-se do repouso do corpo, dos momentos em que este lhe dispensa a presença, para agir separadamente e ir aonde quer. Durante a vida, qualquer que seja a distância a que se transporte, o Espírito fica sempre preso ao corpo por um cordão fluídico, que serve para chamá-lo, quando a sua presença se torna necessária. Só a morte rompe esse laço.

137. Qual a causa dos sonhos?

Os sonhos são o resultado da liberdade do Espírito durante o sono; às vezes, são a recordação dos lugares e das pessoas que o Espírito viu ou visitou nesse estado. (Ver O livro dos espíritos, Da emancipação da alma, “sono, sonhos, sonambulismo, vista dupla, letargia” etc., questão 400 e seguintes. O livro dos médiuns: “Evocação das pessoas vivas”, item 284. Revista espírita, janeiro de 1860, O Espírito de um lado, o corpo do outro; Idem, março de 1860, Estudo sobre o Espírito de pessoas vivas.) 


138. Donde vêm os pressentimentos?

São recordações vagas e intuitivas do que o Espírito aprendeu em seus momentos de liberdade e algumas vezes avisos ocultos dados por Espíritos benévolos.


139. Por que há na Terra selvagens e homens civilizados?

Sem a preexistência da alma, esta questão é insolúvel, a menos que admitamos tenha Deus criado almas selvagens e almas civilizadas, o que seria a negação da sua justiça. Além disso, a razão recusa admitir que, depois da morte, a alma do selvagem fique perpetuamente em estado de inferioridade, bem como se ache na mesma elevação que a do homem esclarecido.

Admitindo para as almas um mesmo ponto de partida — única doutrina compatível com a Justiça de Deus —, a presença simultânea da selvageria e da civilização, na Terra, é um fato material que prova o progresso que uns já fizeram e que os outros têm de fazer.

A alma do selvagem atingirá, pois, com o tempo, o mesmo grau da alma esclarecida, mas como todos os dias morrem selvagens, essa alma não pode atingir esse grau senão em encarnações sucessivas, cada vez mais aperfeiçoadas e apropriadas ao seu adiantamento, seguindo todos os graus intermediários a esses dois extremos.

140. Não será admissível, segundo pensam algumas pessoas, que a alma, não encarnando mais que uma vez, faça o seu progresso no estado de Espírito ou em outras esferas?

Esta proposição seria admissível, se todos os habitantes da Terra se achassem no mesmo nível moral e intelectual; caso em que se poderia dizer ser a Terra destinada a determinado grau; ora, quantas vezes temos diante de nós a prova do contrário!


Com efeito, não é compreensível que o selvagem não pudesse conseguir civilizar-se aqui na Terra, quando vemos almas mais adiantadas encarnadas ao lado dele; do que resulta a possibilidade da pluralidade das existências terrenas, demonstrada por exemplos que temos à vista.


Se fosse de outro modo, era preciso explicar:

1o, por que só a Terra teria o monopólio das encarnações; 

2o, por que, tendo esse monopólio, nela se apresentam almas encarnadas de todos os graus.

141. Por que, no meio das sociedades civilizadas, se mostram seres de ferocidade comparável à dos mais bárbaros selvagens?


São Espíritos muito inferiores, saídos das raças bárbaras, que experimentam reencarnar em meio que não é o seu, e onde estão deslocados, como estaria um rústico colocado de repente numa cidade adiantada.

Observação – Não é possível admitir-se, sem negar a Deus os atributos de bondade e justiça, que a alma do criminoso endurecido tenha, na vida atual, o mesmo ponto de partida que a de um homem cheio de virtudes.


Se a alma não é anterior ao corpo, a do criminoso e a do homem de bem são tão novas uma como a outra; por que razão, então, uma delas é boa e a outra má?


142. Donde vem o caráter distintivo dos povos?


São Espíritos que têm mais ou menos os mesmos gostos e inclinações, que encarnam em um meio simpático e, muitas vezes, no mesmo meio em que podem satisfazer as suas inclinações.

143. Como progridem e como degeneram os povos?

Se a alma é criada juntamente com o corpo, as dos homens de hoje são tão novas, tão primitivas, como a dos homens da Idade Média, e, desde então, pergunta-se por que têm elas costumes mais brandos e inteligência mais desenvolvida?

Se na morte do corpo a alma deixa definitivamente a Terra, pergunta-se, ainda, qual seria o fruto do trabalho feito para melhoramento de um povo, se este tivesse de ser recomeçado com as almas novas que diariamente chegam?

Os Espíritos encarnam em um meio simpático e em relação com o grau do seu adiantamento.

Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse mais na sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado. À medida que uma geração dá um passo para frente, atrai por simpatia Espíritos mais avançados, os quais são, talvez, os mesmos que já haviam vivido no mesmo país e que, por seu progresso, dele se tinham afastado; é assim que, passo a passo, uma nação avança. Se a maioria dos seus novos habitantes fosse de natureza inferior e os antigos emigrassem diariamente e não mais descessem a um meio inferior, o povo acabaria por degenerar, e, afinal, por extinguir-se.

Observação – Essas questões provocam outras que encontram solução no mesmo princípio; por exemplo, donde vem a diversidade de raças, na Terra? — Há raças rebeldes ao progresso? — A raça negra é suscetível de subir ao nível das raças europeias? — A escravidão é útil ao progresso das raças inferiores? — Como se pode operar a transformação da humanidade? (Ver O livro dos espíritos, questão 776 e seguintes. Revista espírita, janeiro de 1862, Ensaio de interpretação sobre a doutrina dos anjos decaídos; Idem, abril de 1862, Perfectibilidade da raça negra.)


sexta-feira, 8 de março de 2019

METANEUROLOGIA, uma interface da Neurologia com a ESPIRITUALIDADE - Por Nubor Orlando Facure



Nossa Memória episódica refere-se a eventos e acontecimentos da nossa vida pessoal. Vou ao cinema e assisto a um ótimo filme. Posso contar o que vi para parentes em casa, no dia seguinte para amigos e posso discutir o seu enredo dois meses depois. O interessante é que meu relato é, uma descrição com detalhes diferentes a cada vez que conto o filme.






Minha descrição tem um texto novo a cada vez que o reproduzo. A cada evento que meus sentidos captam as informações elas são encaminhadas para as regiões do hipocampo nos dois lobos temporais. Depois, o hipocampo se encarrega de dividir os diversos itens dos cenários registrados e os distribuir por áreas diversas do córtex cerebral No filme que assisti, lembro-me de uma jovem em cadeira de rodas, de um carro vermelho e de um dia de chuva.




 



O hipocampo coloca esse episódios junto as regiões onde cenários semelhantes estão arquivados. Já foi o segundo filme que assisto com carro vermelho igual esse. É claro que o trabalho cerebral de memorização é mais complexo que esse meu exemplo com um filme agradável, mas, nos basta saber o que anotei para refletirmos sobre ocorrências interessantes "fora do cérebro" Uma visão espiritual Dois fenômenos interessantes são descritos com frequência por pacientes que atendo (sou neurologista), um deles é o "sonho lúcido" que ocorre quando a pessoa sonha com nítida percepção do cenário e suas ocorrências, com a consciência informando de que esta vivendo um sonho O segundo são as "experiências fora do corpo". Ao adormecer o paciente diz sair do corpo e vivenciar experiências em diversos ambientes, seja em casa, num hospital, num encontro com outros Espíritos, ou em atividades de socorro a necessitados A "memória espiritual" O interessante nos relatos, tanto de sonhos lúcidos como de experiências fora do corpo, são seus registro mnemônicos, sua memorização.





Tenho ouvido esses pacientes afirmarem que as percepções são muito nítidas, vivas e talvez, pela intensidade emocional que provoca, elas permanecem na memória com a mesma intensidade de quando foram experimentadas. Temos a impressão de que nossas vivência que atingem o cérebro físico são fugidias, mas, as que se passam ao nível do "corpo espiritual" (Perispírito) são gravadas por mecanismos que ainda não conhecemos e permanecem com as mesmas qualidades e intensidades para sempre Novas perspectivas Vale a pena conferir as memórias no transe sonâmbulo e nos registros hipnóticos. 






Como elas se comportam depois de uma experiência emocional Lição de casa Aprendemos nas lições espíritas que o Espírito lembra do passado com a mesma intensidade de estar vivendo o episódio no presente novamente A neurologia vem desenvolvendo muito o estudo da memória e, se juntarmos o conhecimento espírita com a neurologia, abre-se um campo de pesquisa muito interessante para confirmarmos a existência de "memórias extracerebrais".





Nubor Orlando Facure, 79, médico, cientista, espírita, escritor, pesquisador, o primeiro médico a falar em uma conferência na Unicamp SP sobre o Espiritismo, escreveu várias obras espíritas, amigo pessoal de Chico Xavier, viveu com ele 50 anos de sua jornada na terra, Nubor, tem nos dado informações do cérebro, e do espiritismo, o entendimento nosso sempre, passa pela ciência.

E-mail de contato do autor: lfacure@uol.com.br