quinta-feira, 18 de setembro de 2025

NÃO SEJAMOS POLIQUEIXOSOS, FOCO NA VIDA, FÉ SEMPRE - POR DAVID CHINAGLIA





Amigas e amigos desta jornada no planeta terra, a cerca de 40 dias, recebi um diagnóstico diferenciado, e a cerca de oito anos, frequento o Hospital Guilherme Álvaro, grande hospital de Santos, com mais de 100 anos, desde sua fundação.
Lá existe uma equipe médica de referência, a par das dificuldades que o Estado e a União lhe dão, mas, os parceiros do hospital que é escola também, e os doadores, mantém a estrutura daquela casa, de forma exemplar.

Transitar por lá cuidando da minha saúde, me permitiu conhecer pessoas dos mais variados tipos, gêneros, raça, enfim, e claro das mais variadas doenças, até as que não existem, sim porque há pessoas que criam doenças para ter atenção social, familiar, pessoal, por mais incrível que pareça, são poucos, mas existem, Falam em 4%.

No entanto por lá, é possível conhecer histórias complexas de família, de pessoas, de jovens, de idosos, ou como brinco no meu caso de semi idosos, a verdade que foi olhando em volta destas pessoas que pude ver inúmeros ensinamentos de Allan Kardec.

Hoje espírita minha origem é católica, e criei o hábito de ir a capela ao final das consultas, ou exames que estou passando, como sempre fui para rezar, agradecer ao Hospital.
Agradecer aos médicos, enfermeiros, atendentes, administração, ouvidoria, seguranças, porque como todo hospital, para nós espíritas, é possível sentir a presença de companheiros desencarnados.
A pouco tempo, estes que partiram ainda estão desorientados, e nos permite uma prece a eles, seja na capela ou nos bancos do enorme jardim central, alguns médiuns que por lá se tratam, já viram até médicos do passado em visita, o que é normal dentro do sistema espiritual que existe após a vida terrena.

Fui e sou testemunha de inúmeras histórias com pacientes sobretudo, pessoas que somente depois que descobrem um câncer, passam a dar a vida uma real importância,.

Doentes de outras coisas graves também que ficam a pensar, como será a vida após a vida, e quando um ou outra me permite acabamos, nas filas de exame, ou salas pré consulta conversando.

Um dos grandes lamentos, é ausência de filhos e filhas ao lado, da maioria, outro grande lamento foi o de não saber anos antes a importância do que nos alimentamos, aliás grande causa de muitas doenças, outros lamentam não ter ouvido um diagnóstico pré que previa que aquele momento difícil era possível, e foi deixando de se cuidar, porque as filas do SUS, parecem ser intermináveis, em qualquer governo, já que é muita gente que depende da instituição.

O lado espiritual conta muito num hospital, eu pelo menos observo muito isto, a paciência dos atendentes que nem sempre é como o paciente que não tem paciência, quer, e este sente muito.
Não existe pior coisa no mundo que um doente com dores, com diagnóstico pesado, ser tratado friamente, digamos nem que seja pelo segurança, que as vezes se acha professor de Deus, mas, não podemos exigir educação e respeito de todos.

O fato é prezados leitores, que num hospital, e no caso estou citando o que acho o maior e melhor da baixada Santista, pois lá minha vida terrena já foi salva três vezes, e agora estou perto de mais uma operação grande a enfrentar, tem sim, pessoas a se olhar, conversar, explicar, as vezes até como ajudar, se você tiver um olhar para com o próximo,

A uns anos atrás um garoto com cerca de 16 anos com Leucemia, me deu uma lição, ele não está mais entre nós, estávamos na fila e eu estava impaciente com a demora, ele, calmo, magro, disse, "vim sozinho, pois meu pai tem que trabalhar, minha mãe está acamada, e minha tia só pode entrar e tever que sair para ganhar a vida num carrinho de lanches", então estou aqui lutando pela vida, ele morreu aos 18 anos, mas, naquele dia me deixou uma lição, CALMA, do outro lado do vidro do atendimento as pessoas também tem dificuldades.

Um dos melhores médicos daquele hospital diz sempre aos seus pacientes, "não seja poliqueixoso" e você deve estar se perguntando o que é isto?

Um paciente poliqueixoso é aquele que relata uma variedade de sintomas, muitas vezes sem uma causa médica clara ou que não são confirmados por exames, e que procura repetidamente diversos profissionais de saúde sem encontrar um diagnóstico ou alívio definitivo para as suas queixas. Esses pacientes tendem a ter um histórico de visitas frequentes ao sistema de saúde, expressando insatisfação com tratamentos anteriores e exigindo atenção e recursos significativos devido à natureza complexa e difusa dos seus problemas de saúde.

Vi relatos de médicos que cortaram pernas de criança de quatro anos de idade para salvar sua vida, vi relatos na UTI de um paciente que ali estava a três meses, porque a família não tinha mais como cuidar dele, e várias cirurgias depois, morreram.
Um em especial me marcou foi em 2024, pouco mais de um ano atrás eu dividi um espaço onde este senhor que vou chamar de Walter, gritava de dor, pois quando a morfina passava, havia um limite para ele já fora do normal.
No entanto Walter lutou para sobreviver em sua nona ou décima operação, não suportou, era um câncer geral no Intestino.
No outro exemplo que dei, vi naquele jovem de 16 anos com uma leucemia já avançada a espera de um doador que nunca veio, uma paciência que as vezes não via em minha pessoa.

Ali assisti jovens médicas ainda em formação, ir chorar na capela porque estavam numa equipe que perdeu um paciente legal, e que não resistiu a cirurgia, e ela foi afetada pelo lado emocional, olhei a ela conversamos, muito rapidamente e disse a ela, fé vai passar, e outros virão.

Uma vez exaltei um médico, você salva muitas vidas, e ele disse, "já mandei muita gente para o outro lado também, não sou o super homem."

Na oncologia vi médicos se irritarem por atender na emergência pacientes que não tinham câncer, achavam perda de tempo, pois neste hospital, o pronto socorro para doenças gerais, não existe mais, apenas para a oncologia.

E o que isto tem a ver com espiritismo David? tudo, amigos, porque isto nos mostra que 95% de nós temem a morte, lembro que 40% pensam nela todo dia, e 3% se matam com medo dela, antes da hora dela vir naturalmente.

O Hospital é apenas uma referência deste texto,  é preciso que todos nós, independente da crença, da religião que professamos, olhemos mais em volta, que tenhamos fé, que procuremos lamentar menos, foco que de os médicos não são Deuses, nem astronautas, dependem de exame, dependem da literatura, dependem do palpite certo, mas sobretudo da sua vontade de viver, em qualquer hospital que vá.

A morte é um processo certo, duas datas estão definidas ao longo da nossa vida, o dia do nascimento, nosso querido aniversário, e o dia da morte, esta data não sabemos,. Podemos pedir que seja uma morte sem dor, leve, se é que existe uma morte leve, porém nossos pensamentos são os que vão ditar o momento da separação do corpo.

Sua dor seja ela qual for, diminui, quando você olha em volta, outro dia estava no hospital com uma amiga e seu marido, ele triste porque a filha nem telefona para ele, nisto chegou um senhor, triste, abatido, e sentou-se ao nosso lado, sozinho.

Dali uns minutos um jovem alegre, bem vestida, vem a ele e diz, "desculpe papai, peguei muito transito, mas estou aqui."

O velho senhor agradeceu, sorriu, ela foi pegar uma água para ele, e o outro rapaz que estava conosco levantou, e disse ao Sr. José(nome fictício aqui), "é sua filha ? ele disse sim graças a Deus, o que levou meu amigo amigo a dizer.,: "parabéns o senhor foi um bom pai, eu não, a minha nem está aqui, nunca esteve, nem estará, não fui um bom pai."

fiquei pensando nisto e falei a minha esposa, será que um pai ser bom pode ser assim considerado? pela presença ou não? digo, apenas pelo simples fato da filha ou filho estar do lado? E ela disse claro que não.

Eu não conheço os protagonistas da cena acima citada, mas, ela me chamou a atenção, não existem pais santos, ou mães milagrosas, existem aqueles que mais puderam se destacar, e fizeram mais, o que não melhora a qualidade da paternidade ou da maternidade, até porque sem um pai ou mãe, não estaríamos aqui, então todos devemos a eles, nossos pais, a vida, e a Deus antes que os mais religiosos me critiquem.

Devemos honrar nossos pais, sempre que possível, mas, não devemos nos tornar um peso a eles, nem eles a nós, mas nem todos conseguem isto,.

Vou buscar Allan Kardec em o Livro dos Espíritos, leiam...

Provas da existência de Deus.
4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

“Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação. O universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.


Dirá a Leitora ou o leitor, mas era de pais que falávamos, eu completo, digamos, que sim, na verdade falamos da vida.
Aqui Kardec fala sobre a existência de Deus, nosso pai maior, aquele que precisamos ter fé que está lá, ou na verdade dentro do nosso coração, em todas as coisas, para que não entremos em desespero.


A vida de outras pessoas não são referência, o que vale é a sua vida, e você meu amigo, minha amiga, precisa manter sua fé, sua vida, lutar por ela, pois como disse o espírito que falou com Kardec, não há efeito sem causa.


E causa de sua vida não estar como deveria estar no seu entender, se você refletir, com calma e isençao, descobrirá, é sua responsabilidade.

Eu digo sempre que homem, mulher, ou qualquer gênero nenhum nos fazem mal, somos nós mesmos, que escolhemos amigos, companheiros e companheiras certas ou erradas, vivemos sonhos, esperando demais até de nossos filhos, 50% do que está errado em seu entender num filho seu, é você, quem fez, quem educou, então aceita que vida fica mais leve a partir daí.


Procure confiar sempre, na sua fé, tenha bons pensamentos, acreditando em Deus, ficará mais fácil passar pelos momentos duros, que passam, seja de saúde, de família, de dinheiro, ou qualquer outro efeito material,.

Olhe mais a sua volta, veja problemas, mais complicados que o seu, mais complexos que os seus, sim você não tem nada com isto, porém se está ruim, pode ficar pior.



Foco nos seus objetivos, a vida amados é apenas um instante, prossiga e aproveite o hoje, o ontem se foi e nunca mais voltará, e o dia de amanhã jamais saberemos o que está destinado, a não ser o que plantamos hoje, tenha paciência com você e com as outras pessoas, que as vezes estão apenas esperando um sorriso, uma ligação sua, para seu dia ficar especial, porém, ele o dia,
será da forma que você desejar, mantenha o rumo, com fé e esperança e aguarde, tudo ficará bem.






David Chinaglia, 67 anos, radialista, jornalista, pesquisador, espírita de acordo a codificação e ensinamentos de Allan Kardec, escreve e edita este blog criado por Rogério Sarmento desde 2011, com amigos da doutrina que falam sobre ela, e a vida.
Recebe e-mails pelo davidchinaglia@gmail.com







segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Santidade High Tech: Carlo Acutis e a estratégia episcopal da permanência - Por Marcelo Henrique


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O exemplo da Igreja Católica com a canonização de Carlo Acutis sinaliza para o meio espírita um divisor de águas.

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Preliminares

Introdutoriamente, devo dizer que sou um pesquisador e escritor espírita, com praticamente quatro décadas e meia de estudo e prática da Filosofia Espírita. Neste sentido, em primeiro plano, todo e qualquer tema afeto à Espiritualidade é do meu interesse, independente da fonte ou do ambiente filosófico ou religioso em que seja o mesmo correlato.



Ato contínuo, já escrevi muitas vezes sobre temáticas religiosas e, em especial, acerca de fatos, personagens e episódios da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) e suas signatárias em todo o mundo. Já dissertei sobre os papas João Paulo II e Francesco, por exemplo, além de ter dissertado sobre o atual, Leão XIV. Também compus ensaios sobre destacados vultos do Cristianismo, além de Yeshua (Jesus de Nazaré), como, por exemplo, Antônio de Pádua, Francisco de Assis, Tereza de Jesus, Santa Paulina, Frei Galvão, entre outros.



Entendo, ainda preliminarmente, que os “santos” da Igreja são humanos dotados de um poder especial, que a religião cristã chama de “graça”, e que o Espiritismo conceitua como Mediunidade. Assim sendo, esta última, a faculdade mediúnica, natural aos encarnados e prodigioso instrumento de intercâmbio entre os dois planos ou mundos, o físico e o espiritual, nos possibilita entender melhor a distância que há entre o natural e o sobrenatural.



Na História da Humanidade, desde os primórdios, as sociedades tentaram compreender melhor os fatos que fugiam às triviais explicações do momento e, neste contexto, já que as Ciências se autodeclararam incompetentes para tratar de “artigos de fé”, as religiões – desde as ancestrais às contemporâneas – assumiram o protagonismo para explicar (dogmaticamente) fenômenos ou situações, ou dar respostas em termos de crença aos fiéis.



Os santos e sua importância

Devemos destacar que os “santos” (mulheres e homens “de Deus”) são figuras exponenciais ao chamado mundo cristão. Convenciona-se dizer que sua presença, seus feitos e a adoração dos cristãos sobre os mesmos – vale lembrar que os templos católicos em geral homenageiam um ou mais deles em seus “nomes”, como a Igreja Santo Antônio de Pádua que tive a alegria de frequentar durante uma década, bem no centro da capital de Santa Catarina, Florianópolis.



Diz-se que os santos e a devoção em torno deles “renova a fé cristã” e motiva os adeptos a se atentarem para as prescrições religiosas contidas em mandamentos e sacramentos, por exemplo. De outra sorte, ao serem mencionados os fatos da existência do Santo, se aproxima o mesmo dos próprios seres “comuns”, as mulheres e homens que, convertidos ao Cristianismo, buscam alcançar uma condição melhor nesta vida e na futura (almejando, neste caso, habitar o “Céu” da religião).



É comum, assim, que os fiéis tenham santos particulares, e se considerem protegidos ou abençoados pela santidade e, neste sentido, creditam a esse vínculo o sucesso e a felicidade alcançadas. Um elemento motivacional, que é, aliás, muito comum em diversos quadrantes da vida contemporânea, como, em especial, a vida profissional ou pessoal. O santo ou a santa, assim, bem pode ser uma espécie de “coach” invisível que nos guia em nossos passos.



O influenciador de Deus

Eis o codinome, o epíteto, a alcunha dada pelos crentes católicos a Carlo Acutis – o personagem que nos motivou a escrever este ensaio. Ou, também, o primeiro santo católico millenial, porque esta expressão remete aos nascidos entre os anos 80 e 90. Acutis nasceu em 3 de maio de 1991.



Carlo foi um jovem que faleceu em virtude de complicações decorrentes de uma leucemia, aos 15 anos de idade, em 12 de outubro de 2006. Coincidiu, portanto, com o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.



No dia 7 de setembro último, Acutis foi canonizado pelo papa Leão XIV, em uma cerimônia ocorrida na Praça São Pedro, após ter sido beatificado em 2020. Vale dizer que o processo já estava concluso no pontificado de Francesco (Jorge Bergoglio), mas não foi efetivado em função da piora no estado de saúde do papa anterior, que levou, inclusive à sua morte, em 21 de abril do corrente ano.



O influenciador de Deus simboliza a condição do garoto ter usado a tecnologia para evangelizar, já que aprendeu programação para criar sites para a divulgação da fé católica. Segundo suas biografias, o garoto, herdeiro de empresas sólidas na área financeira e de seguros, optou por seguir a fé católica, dedicando-se à Eucaristia e à Evangelização, preferindo a riqueza espiritual à material [1]. Assim sendo, por isso, Carlo já é o “padroeiro da Internet”.



Flagrante, portanto, e humanizada a Santidade High Tech de Carlo Acutis.



A vida do jovem era similar aos de sua idade e geração, comum aos adolescentes dos anos 2000. Tinha amigos, frequentava os ensinos fundamental e médio, mas, segundo declarou sua mãe, Antonia Salzano, sua “qualidade extraordinária [...] foi ter aberto o coração para jesus e colocando Jesus em primeiro lugar na vida” [2].



O corpo do jovem foi trasladado para uma igreja na cidade de Assis (Itália), conforme seu desejo, onde foi coberto por um molde de cera para manter e reproduzir sua aparência física, estando trajado por roupas simples, iguais às que ele usava rotineiramente: blusa esportiva, calça jeans e tênis.



A santidade e a mediunidade

A Igreja Romana possui seus ritos para a admissão da beatitude e da santidade. Nos processos em questão, são avaliados os “milagres”, isto é eventos “sobrenaturais” que representam curas de enfermidades, geralmente. Para tanto, situações distintas envolvendo o nome do jovem e os pedidos de intercessão do mesmo para que melhoras da saúde física de doentes ocorressem foram analisadas pelo Vaticano, que confirmou as ocorrências.



As questões que fazem parte da retórica cristã-católica, no que concerne à oficialização da santidade são, para nós, espíritas, explicadas e entendidas em sua plenitude. Evidentemente, não só em termos do presente artigo, como em relação a todas as demais situações e circunstâncias presentes na cristandade merecem, de nós, espíritas, consideração e total respeito.



Nosso intuito, outrossim, é o de demonstrar que os fatos que são considerados como milagres são, na verdade, peculiares à natureza humana e pertencem, não ao cenário sobrenatural, mas ao natural. E, neste contexto, a mediunidade é o instituto genuinamente kardecista que deve ser invocado.



Há, para o Espiritismo, a continuidade da vida e a manutenção dos laços que vinculam os seres entre si. Também a “passagem” para a invisibilidade após o fenômeno morte repercutem na continuidade dos interesses (humanos) nos indivíduos que foram para o “outro plano” ou a “outra dimensão”. Em outras palavras, mantêm os seres suas afinidades, proximidades, gostos, vinculações e afetos, preocupando-se, portanto, seja com os mais caros, seja com outras pessoas e, até, com a humanidade em geral, sobretudo em causas sociais.



No caso das curas de enfermidades físicas, não se descarta a ação da “mediunidade de cura”, que é a manipulação espiritual de fluidos, por parte de um desencarnado (Espírito) por meio de um encarnado (médium). Mas é necessário entender a questão mais amplamente, considerando que, além da “medicina do Além” a ciência material (clínica) também pode contribuir para a minimização dos efeitos das enfermidades e, em alguns casos, o recrudescimento ou o desaparecimento da moléstia. Então, é possível cogitar de uma ação conjunta entre os dois “planos”, físico e espiritual, para a consecução do “milagre”, isto é, a cura.



A lição que a canonização nos deixa

A Igreja Romana dá uma clara demonstração de sua atualidade e da preocupação com os tempos contemporâneos, considerada, inclusive, a diminuição dos fiéis e o crescimento das igrejas neopentecostais e do islamismo no mundo.



O Catolicismo dá um recado claro para o rejuvenescimento da mensagem cristã, já que se apoia nas ações do jovem Carlo em dois flancos: 1) a condição de jovem, um indivíduo de vida comum similar aos dos demais adolescentes do nosso tempo; e, 2) o uso da internet, das ferramentas cibernéticas, das redes sociais para a difusão da mensagem com teor cristão, na linguagem adequada ao público a que se destina.



Eis, aí, o que está grafado no título deste ensaio: a estratégia episcopal da permanência.



Neste sentido, há duplo acerto porque a identificação do jovem com seus pares e suas demandas é um sinal evidente da sinergia e proporciona o engajamento que é a marca comum das redes sociais na atualidade. E, de outra sorte, a utilização da internet como meio de difusão da espiritualidade cristã representa uma amplitude direcionada a quem, por diversas mídias ou redes, também é “consumidor” destes produtos virtuais.



Olhando para eles, os católicos, sentimos um pouco de “inveja”, mas, como diz o dito popular, uma “inveja boa”, direcionada ao desejo de copiar as boas iniciativas e de poder ser igual (ou parecido) um dia. Justamente neste momento em que os resultados do Censo2022 recentemente divulgados (e já abordados aqui em nosso portal [3]) apontam para uma significativa redução do número de adeptos declarados do Espiritismo. Mas não somente isso...



Nós que atuamos no meio espírita somos testemunhas de um problema que vem desde a virada do milênio e tem se agravado: o conservadorismo espírita que se manifesta em vários aspectos, desde a dogmatização de conceitos, passando pela restrição aos modos de ser e de se manifestar, a postura rígida e flagrantemente sisuda, a limitação do direito de expressão e da criatividade dos adolescentes e jovens, além, é claro, a adoção de uma linguagem ultrapassada, com ênfase a uma reforma íntima que se constitui como obrigação e o desejo de habitar em lugares celestiais, como colônias espirituais.



A mensagem espírita precisa ser reavivada enquanto expressão da liberdade espiritual, na linguagem de cada ser ou grupo e com as peculiaridades que a ambiência planetária nos proporciona. Em outras palavras, os espíritas precisam “viver a vida no mundo físico”, aproveitando as situações condizentes à existência material, e não ficarem concentrados no porvir, numa hipotética vida espiritual.



Se é fato de que os espíritas não cultuam santos nem têm sacramentos e liturgias, é muito numeroso o quantitativo de espíritas que cultua “santos espíritas” (médiuns, palestrantes e os próprios Espíritos que ditam mensagens pela psicografia), estabelecendo um distanciamento equivocado entre seres que, por habitarem a mesma morada física (no caso o planeta Terra) se encontram, todos, mais ou menos, na mesma situação espiritual (em termos de progresso), salvo raras exceções. Todos, portanto, seres falíveis, em processo de despertamento e esclarecimento espiritual. Assim, a atitude católica de “santificar” um personagem comum, que teve uma vida juvenil igualmente simples e similar aos demais jovens, vai na contramão da postura dos espíritas, que buscam cultivar a santidade de determinados personagem, cunhando-os de Espíritos Superiores ou Espíritos Puros.



Juventude, Internet, Redes Sociais, Simplicidade, Autenticidade, Fraternidade, Alegria, Riso e Congraçamento: estas deveriam ser, inegavelmente, as marcas da nossa sociedade neste Terceiro Milênio, aproveitando as facilidades que a contemporaneidade nos fornece, sobretudo a condição de nos comunicarmos com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo e instantaneamente.



Nos parece que outro jovem, lá em Nazaré, de nome Yeshua, já teria dito isto: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt: 11;29). Ou, ainda, nos recomendou sermos “prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt: 10;16).



A atitude da Igreja Católica, portanto, nos sinaliza (meio espírita) um divisor de águas.



É hora, espíritas, de revermos os nossos métodos e de buscarmos o público jovem que seja imprescindível para a difusão das verdadeiras mensagens de Espiritualidade, que o kardecismo propõe para os temas da vida físico-material e suas interconexões com a ambiência espiritual. Sem eles, os jovens, a Doutrina dos Espíritos estará fadada a ser apenas um “plano de boas intenções” que figurou na História da Humanidade mas não teve forças nem empenho para, como propôs Kardec, se popularizar [4].



Vamos nessa?



Notas do Autor:

[1] Alguns dados sobre a família Acutis estão disponíveis no endereço: <https://www.brasilparalelo.com.br/noticias/quem-sao-os-acutis-familia-do-primeiro-santo-millennial-da-igreja-catolica>. Acesso em 9. Set. 2025.

[2] Reportagem da Redação G1, disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/07/carlo-acutis-a-historia-do-jovem-catolico-1o-santo-millenial.ghtml>. Acesso em 9. Set. 2025.

[3] Especificamente, há o artigo “Espíritas em queda livre: diversas causas, um efeito, múltiplas preocupações”, disponível em: <https://www.comkardec.net.br/espiritas-em-queda-livre-diversas-causas-um-efeito-e-multiplas-preocupacoes-por-marcelo-henrique-e-marcus-braga/>. Acesso em 9. Set. 2025.

[4] Tivemos oportunidade de citar o texto kardeciano, no artigo “A mercantilização da formação do palestrante espírita”. In verbis: “Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar” (grifos nossos), conforme consta de “Obras Póstumas”, de Allan Kardec, na dissertação “Projeto 1868”. O artigo em questão está disponível em: <https://www.comkardec.net.br/a-mercantilizacao-da-formacao-do-palestrante-espirita/>. Acesso em 9. Set. 2025.

domingo, 17 de agosto de 2025

SEGUINDO EM FRENTE, POR DAVID CHINAGLIA







Todos os dias o sol nasce, e claro com eles novas esperanças, já citei aqui, que nossas lutas maiores, são na verdade conosco mesmo, a estrada da vida, segue, para cada um de nós de acordo com nossas escolhas.

Tive a oportunidade de conversar com pessoas da doutrina espírita que admirei muito, poderia citar Alamar Régis, e sobretudo Richard Simonetti, que me marcou muito por nossas conversas.
Naqueles tempos na saudosa, Águas de São Pedro, num mini estúdio que passava noites e madrugadas, estudando o espiritismo, e fazendo contatos com estes amigos, e outros, que também na caída da noite e na madrugada escreviam e as vezes, nos davam a alegria de bate papo.

Este aprendizado levo comigo, nem sempre pude colocar em prática o que aprendi, porque tive lutas, e ainda tenho com coisas que priorizei certo ou errado.

Alamar dizia, "Meu querido, mais estudo, menos drama, menos envolvimentos com as histórias dos assistidos, e calma, se der faça, se não der não faça, mas, mantenha sua fé."

Richard falava de seu drama pessoal com uma doença que anda flertando em menor proporção comigo, e confesso que hoje penso muito no ele revelava naquelas noites, sempre antes da meia noite.

Convivi com médiuns, e orientadores que admirei, que me decepcionei, aliás talvez a mesma decepção que talvez tenha causado, pois nem sempre, devemos ver o nosso lado, mas, dos outros também, e desde que o país se dividiu entre a tirania, a democracia, e a corrupção, ver líderes espíritas mais a direita, decepcionou a muitos, mas, todos democraticamente tem o direito de em vida defender o que acreditam, mesmo que para nós estejam errados.

O planeta passa por um momento tenso, difícil, o mundo era passar por períodos muito duros previstos nos livros espíritas, na projeção social, e da humanidade.

Ontem já passou, as vezes ainda tenho dificuldade com isto, me lembro de coisas boas, e ruins, e vejo pessoas com o mesmo dilema, mas, claro que jamais voltará nem o bom nem o ruim.

Amanhã não sabemos, a única coisa que temos é o dia de hoje, já falei da próxima hora, ou das notícias que de repente mudam nossa vida, ou nos assustam.

A verdade que o caminho da vida, segue, cada um de nós na sua, na escolhida, de acordo com nosso livre arbítrio, mas claro que todas nossas decisões, escolhas, tem consequência, e as vezes a conta chega aqui ou no plano espiritual.

Qual o segredo da vida, viver bem, guardar os momentos felizes, esquecer os ruins, as pessoas más que atravessam nossa vida, agradecer pelos bons que vida nos colocou, para em palavras ou auxílio, nos amparar, amigos, aqueles de verdade tenho poucos uns oito ou nove talvez, me considero um milionário neste item.

Não espero mais nada de ninguém, minha falecida mãe, Marília que partiu do planeta em 2016, dizia, "Cada um dá o que tem."

Alguns ainda me ensinam aos 67 anos, outros continuam a decepcionar, mas, o que importa que me deram a oportunidade de viver, bons e maus momentos.

Quando vou ao Hospital Guilherme Álvaro, onde faço tratamento a oito anos, conheço história fantásticas que ajudam a entender, sobretudo depois da pandemia que mudou a todos nós.

Basicamente o texto de hoje busca dizer que sempre é a esperança que nos move, a fé que nos protege, e que só duas coisas são certas na vida, o dia do nascimento que sabemos e dia da morte.

O da morte física, não sabemos, nem dia, nem que formato, logística, ocorrerá, por merecimento pedimos a Deus que seja sem sofrimento, mas, ela um dia virá.

Temos que nos preparar para viver, todo dia é um dia diferente, as vezes, um abraço de um filho, uma cachorra que nos dá um agrado, uma neta ou neto ligar, um amigo que a tempos não te procura liga, nos dão alegrias.

Não importa o tema, agradeça ser lembrado, a doutrina nos dá conforto, reze, centro espírita, ajuda, mas, não resolve a vida de ninguém, as pessoas por lá também tem problemas, dificuldades, não são escolhidos, muitas vezes estão até ou igualmente como estamos, e ainda acham tempo para nos doar.

O milagre está em você, De Lucca dizia, que Deus está no coração, no nosso coração, acredite no que lhe for melhor, mas procure perdoar, ninguém entende o que você passou, ou dará a você prioridades no lugar dos entes ou amigos mais próximos.

A vida vai durar o que está escrito para durar a cada um de nós, enquanto tivermos serventia para alguém ficaremos, as vezes, nem só por isto, mas, pelo que podemos plantar.

Não viva esperando milagres, eles até surgem, procure a felicidade onde ela já está dentro de você, ao começar escrever esta noite ladeado do velho companheiro Miguel, e de minhas lembranças vi fotos do passado deste blog, de minha vida, de saudosos familiares, enfim, nada é por acaso.

Confia, e confia muito em você, porque a vida é um instante, e deseje saúde, saúde é o que você realmente precisa, e de fé, para seguir, até onde estiver marcado.

Coisas boas você já fez e fará, e deixará lembranças, tenha certeza disto, procure viver, a morte virá um dia, e esteja calmo, até lá, leia livros, escute música, tenha paciência com as pessoas, e lembre a caridade começa na família, igreja queridos e queridas é coisa do homem, Deus ou Jesus está em seu coração, cuidado com os falsos profetas, e lembre não espere reconhecimento, viva, o blog está de volta, precisei parar por problemas pessoais, e agora vou dar novas matérias, até o dia que a espiritualidade permitir.

Uma boa semana, tenha forças, fé, jamais se entregue, que paz e a saúde esteja contigo.



David Chinaglia, 67, escritor, pesquisador, radialista, jornalista, é editor deste blog desde 2011, recebe e-mails sobre espiritismo no davidchinaglia@gmail.com, segue a doutrina na base apresentada por Allan Kardec, este blog foi fundado pelo amigo e espírita Rogério Luis Sarmento em Piracicaba em 2008,.
E lembre, agradecer a tudo todos os dias, é preciso.









 

sábado, 19 de abril de 2025

DIVALDO PEREIRA FRANCO ESTÁ PARTINDO - POR DAVID CHINAGLIA

 





Falar deste senhor, não é fácil, nem do homem, nem do médium, tão pouco da liderança espírita Brasileira, por isto eu pedi a uma pessoa que considero ser mais habilitado do que eu, para faze-lo, no entanto ele está impedido neste momento, amigos de Salvador, que tem acesso a Divaldo, nos informaram ontem que o médium está para deixar o planeta terra.

Como falo sempre, ninguém tem acesso ao dia certo, hora certa, e na biografia deste espírita, consta que ele foi avisado que sua mãe partiria, mas, não o dia certo nem tão pouco a hora, o sistema que vivemos, as leis, nos impedem, de saber, de fato, a hora aproximada, o dia não, tanto que alguns médicos precisam já algum tempo, em meses, quando isto pode nos acontecer.

Podemos dividir a vida de Divaldo em várias partes, não poderemos jamais negar sua importância ao movimento espírita, inclusive e sobretudo após a morte física de Chico Xavier, como o segundo médium que mais aumentou a quantidade de espíritas pelo Brasil, falando primeiro do médium fala da parte mais fácil.

Todos os dias a mansão do caminho tem trabalhos espirituais de várias formas, o médium participava das principais, com uma agenda forte nos últimos anos, desde que luta novamente contra esta doença, Divaldo diminuiu suas viagens, mas, manteve seus compromissos com os espíritos.

Um Espírita que leva em média três mil pessoas a suas palestras e eventos, algumas com picos de 5 á 15 mil pessoas, precisa ser respeitado concordemos ou não com ele.

Nascido em 05 de Maio de 1927, em Feira de Santana na Bahia, Divaldo foi jovem por ajuda de uma tia, e de sua mãe, envolvido nas coisas da Doutrina Espírita.

Embora tenha escrito pelos espíritos de Bezerra de Menezes, Manoel Filomeno de Miranda, sua maior mentora e companheira foi Joana de Angelis, uma ex freira, que viveu, partiu do planeta, e seguiu ajudando com suas raízes católicas, suas convicções católicas influenciaram mais ainda a Divaldo, que também teve origem na doutrina católica, algumas coisas que podemos discordar do médium, mas, nem ele negaria sorrindo que é um espírita com pezinho na igreja, como diria Moura.

O espiritismo no entanto escreveu no Brasil, e em vários países, graças ao talento de Divaldo Franco, de sua inteligência, e diferente de Chico Xavier, de sua cultura, já que Divaldo teve oportunidade de aprender, estudar, e também de se melhorar, não só em línguas como fala, 05 idiomas até onde pude saber.

No entanto Divaldo fez uma obra consagrada aos pobres, e este talvez tenha sido seu cartão social, mantido e melhor apresentado, a Mansão do Caminho, que educa, alimenta, e ajuda milhares de crianças e famílias, não só em Salvador, mas em outras cidades também.

Certa vez um grande mestre do espiritismo me corrigiu quando defendi a obra social de Divaldo, e disse, "Isto nada tem a ver com o espiritismo que ele pratica."

E na verdade qual é o espiritismo de Divaldo, vos pergunto, bem, esta é hora que podemos criticar a posição do médium privilegiada, como eu não busco aplausos a muitos anos, sou sincero, Divaldo perdeu o trem da história no Brasil como maior educador espírita, por permitir os abusos da FEB, Federação espírita Brasileira, que é divida entre os conceitos de Kardec, únicos e verdadeiros desta doutrina e de Roosthing, e outros, que se aproveitaram da ausência de Rivail, como Kardec, para mudar o que de fato ensinaram os espíritos.

Aqui Divaldo diferente de Chico Xavier, tinha cultura e sabedoria para ter mudado o movimento, mas, como bom Baiano se calou, nos últimos anos, tomou partido na política a favor da extrema direita, o que causou sérios adversários, mas, sempre bem assessorado, superou certas problemáticas deste seu apoio político ao ex presidente Jair, e acabou retornando a sua base, perdeu seguidores, leitores, mas, sempre foi um batedor de recordes da FEB e das editoras em suas obras, porque o povo espírita acredita em Divaldo, sobretudo o leigo.

No entanto cabe lembrar que o maior vendedor de livros espíritas no Brasil, é Allan Kardec, ninguém nem mesmo Chico, vendeu mais que Kardec, ensinar é outra coisa, aprender está nas mãos e vontade de cada.

Esta popularidade, tirou de Divaldo a chance de ser um novo digamos codificador Brasileiro, impondo com sua liderança as verdade de Kardec, algumas que defendeu, outras que Divaldo sempre se calou na hora de defende-las, e vamos lembrar aqui ao leigo, que Kardec, não inventou livros, nem teses, nada, ele foi orientado pelos espíritos que vieram a época lhe dar seu conhecimento, ele deu voz a verdade, que para quem é espírita de verdade, é a base de ser espírita.

Kardec, somente Kardec, os demais seguem a trilha ainda deixada pelo Frances,.

Então Divaldo querendo ou não, se calou dentro da FEB, pelos interesses sociais, e até pessoais o que vai lhe tirar para sempre um lugar mais adequado na história do Movimento Espírita do Brasil.

No entanto como divulgador, como psicografo de Manoel Filomeno de Miranda, que atingiu pontos que lembravam o espiritismo sério de Kardec, nas viagem de Divaldo inclusive as antigas, era possível ver um introdutor, melhor, e mais adequado, porém eu penso como dizem que Lúcifer(frase usada no filme Advogado do Diabo) pensa, a VAIDADE, é o pecado preferido dos espíritas famosos, e a que vai atrapalhar sua obra como um todo, Chico passou por isto, e Divaldo muito mais, pela sua inteligente, sua cultura.

Em 2011 quando comecei este blog, seguindo a pilastra construída por Rogério Sarmento, grande amigo de Piracicaba, falei com o Nubor Orlando Facure, e com o Alámar Régis, sobre Divaldo e a entrevista que nunca houve.

Facure me incentivou a ir tentar a Bahia, a minha entrevista que nunca pelo jeito vou conseguir, pois tinha inúmeras perguntas a Divaldo que para sempre nesta encarnação ficarão sem respostas.

Divaldo é cercado por uma assessoria digamos mais preocupada com a imagem pública do que com a obra, tanto que o máximo que consegui foi replicar uma matéria pública de um jornal da Bahia, através de ajuda de amigos em comum.

A entrevista, e quem sabe perguntar a ele a Joana coisas que o fizeram se afastar da base de Kardec, e porque criou um espiritismo paralelo, pois sem dúvida, isto ele fez com maestria, não poderei fazer, no entanto, não falarei sobre este tema agora, apenas um pitaco, para um texto futuro.





Algumas pessoas esperam para criticar Divaldo após sua morte, eu não participarei disto, eu tenho admiração pela obra social que me cativa, pelas obras de Filomeno, por coisas que Joana deu somente a ele, enfim analiso ele como um time grande de futebol, que coloca velocidade no começo, pensa no meio, faz gols importantes, mas, a caminho do fim, mostra um lado que nem mesmo os mais árduos defensores, gostaram.

Divaldo para mim, é um bom escritor, bom médium, teve momentos fabulosos, e momentos para ser esquecido, mas, lembrem, ele é humano,.

Divaldo, no entanto fez coisas importantes, e nem os Russos, irão criticar isto, poderia ter feito mais, sim poderia e deveria, se calou bravamente nas adulterações de obras de Chico Xavier e suas, feitas pelo chamado conselho de redação da FEB, aquele que se voce perguntar nao existe, mas é o que censura obras desde 1940.

Uns falam que por ordem da maçonaria, não sei, não fui convidado a esta parte, mas tenho amigos no alto comando do movimento e eles me contam coisas de anuência, que um líder não pode dar, esta é minha opinião pessoal, não estou indo pela opinião de A,B, ou C, que divirjam do grande médium, Divaldo Pereira Franco.

A morte nao santifica ninguém, muito menos um espírita, que agora sim será julgado por suas obras, claro que nao aqui, entre nós, e sim no plano.

Pessoalmente pelo bem social que Divaldo Franco deu na sua Mansão do Caminho, podemos dizer que não merecia sofrer assim, digamos um pensamento humano de todos para todos, e nao seria diferente com um homem que fez o que ele fez.

Seus livros por pelo menos mais 50 anos vão alimentar muita gente, irao vender mais, dizem que ele deixou uma obra com fortes revelacoes, aqui cabe aguardar.

Eu não vejo sucessor a Divaldo no movimento, um dia lá atrás vi Pedro, mas ele não quis, e este Pedro sabe que foi em Piracicaba, que lhe falei isto, e não estava sozinho, espíritos me diziam, mas, ele não quis entrar no sistema cruel do MEB, ah! tem politica e interesses neste Movimento, igual as igrejas, e cultos, etc, logo, demanda poder, e popularidade, e isto é complicado.
Este Pedro, foi embora até do país, embora permaneça dentro da doutrina, o Pedro que conheci seria o Divaldo dos novos tempos, sabiamente, ele recusou este fardo, diria hoje a ele de longa distancia, mas nunca esqueci sua mediunidade e seu talento na oratória, naqueles tempos.

Divaldo passa pelo MEB, pela Doutrina com a nota 7,5 para o item divulgador daria um pouco mais, 9,5, o professor cabe discussão pela omissão.


A nível de conhecimento meu amado professor Marcelo, é ao meu ver a melhor pena do Brasil, profundo conhecedor do movimento espírita, e da doutrina sobretudo, mas, ele tem outro rumo dentro do movimento, eu digo sempre quando vou escrever, me permita senhor andar perto do que a capacidade de Marcelo, das coisas que ele me ensinou.

Nubor disse que falo com o coração, não sei, os senhores é quem sabem, estou ausente, a chegada do fim dos tempos de Divaldo, dita por um grande amigo de Salvador, e por um espírito que me acompanha, Miguel, me fizeram chegar neste texto.

Como diria Célia, conhecimento nunca é demais, mas, as vezes, saber demais nos dá muitas responsabilidades, não se trata de gostar de ABCD, e sim de saber elogiar os acertos e apontar os erros, eu os tenho muito.






No entanto pessoalmente tenho muito a agradecer a Divaldo, e a Manoel de Miranda, foi numa obra via o grande mestre e amigo Paschoal Nunes, Sexo e Obsessão que aprendi certas coisas, deveriam ter um rumo diferente na minha vida, e também claro do mesmo autor, o estudo de Loucura e Obsessão, digo sempre que no seu auge, Paschoal, foi um educador espírita, de ótima qualidade, a anos não o vejo, mas, ele dizia que para um aprendiz de feiticeiro, eu ia seguindo.

Voltando a Divaldo Pereira Franco que em 05 de Maio de 2025, se conseguir chegar lá, fará 98 anos, dizem que ele esperava chegar ao 100 anos, para levar o aprendizado secular, não sei, está cansado, doente, e nas últimas horas, com notícias de novo de um alto desgaste, o que motivou a escrever as senhoras, e aos senhores.

Meus amigos, uma prece, para o professor Divaldo, cabe, você goste dele ou não, um pedido que fiz a Deus esta manha, que pela obra social dele, por alguns grandes momentos que teve com Joana, que pare de sofrer, como me relataram ontem.

Ao Universo, as energias, aos espíritos do Bem e a Jesus, forca companheiro Divaldo, e que na próxima e haverá próxima, porque diferente de Chico, você nunca quis ser santificado, tenha paz, e tranquilidade para realizar, tudo que nao conseguiu nesta.
Porém Divaldo, se impor mais, diante do alto comando, pois grandes ordens já foram descumpridas, até na maçonaria, e isto é outra história para outro dia, diria o saudoso Pinheiro Neto.

Não sei qual o destino e nem Divaldo sabe de Joana de Angelis, mas, que ela também aproveite a partida do amigo que está próxima, para lutar por causas que sempre acreditou quando viva, e nestes anos como desencarnada, quem sabe com outro trabalhador, ou de volta a terra, que é o destino da grande maioria, ou em um novo planeta, onde tudo está á começar.

Divaldo, obrigado, mesmo discordando bato palmas, pois em várias coisas pensamos igual, mas outras tantas de forma diferente.

Se chegada a sua hora, tenha o sorriso de sempre estampado, na sua chegada ao plano, e como Carlos falaria, até de repente.


David Chinaglia, 67 anos, editor deste blog, recebe e-mails pelo davidchinaglia@gmail.com, é jornalista, radialista, escritor, e palestrante, divulga o espiritismo nas bases de Allan Kardec.











sábado, 21 de dezembro de 2024

CARTAS CONSOLADORAS, UMA ANÁLISE NECESSÁRIA - POR NELSON SANTOS

 

                                            


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“Não pense separadamente nesta e na próxima vida, pois uma dá para a outra a partida.

O tempo é sempre curto demais para quem precisa dele,só que para os amantes ele dura para sempre”.

Rumi

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Apesar da inevitabilidade da morte, o falecimento de um ente querido é uma das vivências mais marcantes do ser humano, aspectos socioculturais e psicológicos convergem no enlutamento. Fenômeno no qual a ausência, guardada a particularidade e a experiência de cada ser, resulta em negação da realidade, tristeza, melancolia, saudades, entorpecimento, descrença, choque, aturdimento, desamparo, enfim, um limbo existencial.


Sejam espiritualistas ou não, a ânsia de compreender e aceitar a ausência, gera expectativas, calcadas, principalmente, na esperança, ainda que distante, de uma vida além da vida e impulsionam a busca de notícias dos entes queridos falecidos e resposta a suas indagações, buscando alívio do sofrimento vivenciado, intenso e significativo. Nesse quesito as mensagens mediúnicas familiares despertam, fascinam e intrigam a humanidade desde a antiguidade.

Kardec, o investigador.


Kardec, em suas pesquisas e investigações sobre a relação inter-existencial, pesquisou e analisou, cientificamente, mensagens de além-túmulo, defrontando-se, certamente, com várias de cunho familiar, por meio de evocações. Isto antes, provavelmente, até mesmo de sistematizar a obra basilar que é “O livro dos Espíritos”.

Nesta obra, de modo questionador, abordou a temática na questão 935:


“Que pensar da opinião das pessoas que consideram as comunicações de além-túmulo como uma profanação?”.

E as Inteligências Esclarecidas lhe responderam:


“Não pode haver profanação quando há recolhimento e quando a evocação é feita com respeito e decoro. O que o prova é que os Espíritos que vos são afeiçoados se manifestam com prazer, sentem-se felizes com a vossa lembrança e por conversarem convosco. Profanação haveria se as evocações fossem feitas com leviandade”.

À resposta dos Espíritos, Kardec, comenta com seu habitual senso crítico:


“A possibilidade de entrar em comunicação com os Espíritos é uma bem doce consolação, que nos proporciona o meio de nos entretermos com os parentes e amigos que deixaram a Terra antes de nós”.

São mensagens que concedem, assim, aos familiares, esclarecimentos e informações acerca da sua condição na erraticidade, no sentido de aliviar a consternação que decorre da súbita separação.


O laboratório permanente.


Kardec, durante o período de 1858 a 1866, publicou na “Revue Spirite”, seu imenso laboratório, 93 (noventa e três) comunicações exemplificando o trânsito de informações dos entes queridos, sempre com análises críticas e ponderadas. Neste escopo, denominou as dissertações como “Palestras familiares de além-túmulo”, como ilustra a contida na “Revue” de Janeiro de 1858, em uma evocação intitulada “Mamãe, aqui estou!”, na qual havia informações que o médium não tinha conhecimento.


Nas mencionadas “palestras familiares”, Kardec sistematicamente analisou as mensagens, sempre eivado de seu habitual bom senso e critério como na “Revue” de novembro de 1860 quando, apesar de apontar que as comunicações seriam uma das mais doces consolações que o Espiritismo poderia proporcionar, ele enfatiza:

“não é preciso nada aceitar sem tê-lo submetido ao controle da razão, e aqui a razão e os fatos nos dizem que essa teoria não poderia ser absoluta”.


As evocações.


Adiante, em “O livro dos Médiuns”, no Item 273, Kardec destaca:


“É também conveniente só com muita prudência fazer evocações na ausência das pessoas que as pedem, e no mais das vezes é mesmo preferível não fazê-las. Porque somente essas pessoas estão aptas a controlar as respostas, a julgar a identidade do Espírito, a provocar os esclarecimentos que as respostas suscitarem e a fazer as perguntas ocasionais a que as circunstâncias podem levar. Além disso, sua presença é um motivo de atração para o Espírito, geralmente pouco disposto a se comunicar com estranhos pelos quais não tem nenhuma simpatia. Em suma: o médium deve evitar tudo o que possa transformá-lo em instrumento de consultas, o que, para muita gente equivale a ledor da sorte”.

Mas não fica, o Professor francês, nisso. Adiante, no Item 275 e sucessivos, do mesmo livro, ele pontua:


“as causas estranhas ligam-se principalmente à natureza do médium, à condição da pessoa que evoca, ao meio em que faz a evocação e, por fim, ao fim que se propõe. Certos médiuns recebem mais facilmente as comunicações de seus Espíritos familiares, que podem ser mais ou menos elevados; outros são aptos a servir de intermediários a todos os Espíritos. Isso depende da simpatia ou da antipatia, da atração ou da repulsão que o Espírito do médium exerce sobre o evocado, que pode tomá-lo por intérprete com satisfação ou com aversão”.

Os desvios mediúnicos.


Kardec para evitar o charlatanismo, as fraudes e as dúvidas contumazes que podem envolver a prática mediúnica e as respectivas mensagens produzidas, também se dedicou, no Item 304 e sucessivos, novamente de “O livro dos Médiuns”, aos cuidados que seriam necessários para identificar possíveis desvios na prática mediúnica, com a participação de médiuns interesseiros e de Espíritos inferiores, em verdadeiro “consórcio” espiritual. Neste sentido ele enfatiza, no Item 323, o imprescindível parâmetro de aferição:


“Em resumo, repetimos, a melhor garantia está na moralidade reconhecida dos médiuns e na ausência de todas as causas de interesse material ou de amor-próprio que pudessem estimular-lhes o exercício das faculdades mediúnicas, porque essas mesmas causas podem levá-los a simular aquelas que não possuem”.


Em um entendimento basilar, a análise do fenômeno psicográfico é o elemento que poderá (ou não) conferir validade e veracidade à comunicação (conteúdo). Elementos acessórios, presentes nas situações de fato, envolvem tanto a credibilidade de quem a emitir/recepcionar, isto é, o Espírito (desencarnado) comunicante e o suposto médium, bem como a credulidade de quem a receber (o interessado, como o familiar do ente que faleceu e que retorna com sua mensagem). Neste caso, ambas as condições enquadram um critério pessoal.


Em outras palavras, qualquer coisa que seja dita servirá para “aquecer” (consolar) os corações que sofrem, independentemente de serem verdadeiras ou não as informações que o médium disponibilizar.

As “Cartas Consoladoras”.

As chamadas “Cartas Consoladoras” prosseguiram no “modo brasilis” do Espiritismo envoltas numa “aura” de muito misticismo, superstição, sobrenatural e credulidade cega, porque, aqui, talvez mais do que em qualquer outra parte do orbe, haja um “caldo cultural” propício, decorrente da miscigenação de etnias e religiões. Tem-se, portanto, neste rincão sul-americano, um “Espiritismo diferente”, muito mais identificado sobre alcunhas como espiritolicismo e espirigelicismo, em função das “misturas” entre conceitos espíritas (e suas deturpações, derivadas da visão pessoal de adeptos e simpatizantes) e práticas, rituais e percepções litúrgicas do catolicismo, do neopentecostalismo e, também, das religiões de matiz africana, como Umbanda e Candomblé.


Em amplo espectro, poderíamos dizer que aqui grassa um “colorido” espiritualismo sui generis, multifacetado, ramificado, permissivo e inclusivo (!?), onde o ponto principal não é a análise racional, lógico-sistemática, à luz da filosofia e da ciência espíritas (lembremos que foram essas as duas estacas sobre as quais o Espiritismo se erige e se sustenta), mas a aceitação tácita do que “provenha” do “Alto”, por meio de “missionários” que trazem afirmações peremptórias (gerais ou pessoais), aceitas sob viés dogmático e sobrenatural.

Mas, nem sempre foi assim…

Chico Xavier.


No chamado meio espírita, tais mensagens foram, por décadas, produzidas pela mediunidade ímpar de Francisco Cândido Xavier e popularizadas de forma marcante no Brasil, apresentadas, depois, em muitos dos livros do escritor-médium. Não resta dúvida, todavia, em relação à produção chicoxavieriana que, além de ser TOTALMENTE INCONSCIENTE, sem qualquer contato do medianeiro com informações dos entes queridos que compareciam às reuniões públicas em Uberaba (MG), apresentou, em sua totalidade, o teor verdadeiro das comunicações, em função dos detalhes e fatos descritos em cada carta, depois confirmadas – sem o excesso de emoção particular das situações que envolvem a espetacularização contemporânea (grandes e luxuosos auditórios, presença de dirigentes e personagens populares, com música ao vivo e o beija-mão característico da idolatria mediúnica).

Chico, por isso, é um capítulo à parte na “História do Espiritismo Brasileiro” e, em relação a essa tipologia de comunicação mediúnica, NÃO PAIRAM DÚVIDAS NEM SUSPEITAS, destacando-se, entre os espíritas em geral e também entre os populares, leigos ou simpatizantes da Doutrina dos Espíritos, o pleno e inconteste reconhecimento público de sua missão (a de informar o que os Espíritos lhe ditavam e a de efetivamente consolar os entes queridos saudosos e desesperados).

O Brasil-espírita.


É, contudo, MUITO DIFERENTE a situação que o Brasil Espírita vivencia atualmente. E já vem de algumas décadas, três ou quatro, infelizmente. Hoje, “qualquer um” é um “consolador”! Forte isso, não? Pois tem de ser... Quando dizemos “qualquer um” é porque, justamente, entre o trigo dos verdadeiros médiuns, que efetivamente realizam intercâmbio com os desencarnados que assinam mensagens dirigidas a públicos restritos (familiares e amigos), tem-se o joio composto por pseudomédiuns, cuja “mediunidade” talvez nem exista, seja uma encenação, uma prestidigitação, uma fraude, além das outras também conhecidas situações no meio espírita em que médiuns, antes autênticos, acabam enveredando por trajetos de honra, orgulho, vaidade, fama e bens materiais e valores financeiros associados à “tarefa”, perdendo, pois, o auxílio de Inteligências Sensatas (guias familiares e Espíritos adiantados), passando a ser “massa de manobra” de Espíritos brincalhões e zombeteiros.

Os nossos tempos são dinâmicos e instantâneos, com uma profusão de mídias sociais, em que se constata a ampla facilidade de obtenção de informações e dados pessoais de quem quer que seja. Muitas pessoas, então, neste segmento “mediúnico”, tem se valido de informações públicas (redes sociais) do “morto” e de seus afins (que lamentam a saudade ou recordam passagens de sua existência, com pesar, luto e carinho), o que intensifica os questionamentos sobre a veracidade das comunicações, ao mesmo tempo em que, em função do alto peso de emotividade dos envolvidos, torna ainda mais penosa, complexa e difícil a tarefa de averiguação dos conteúdos.


Vale destacar, também, que as tais cartas ganham ainda maior vulto, graças aos próprios recursos cibernéticos, porque se popularizam rapidamente em face do apelo que contêm, sendo protagonizadas por meio de distintos personagens – a quem se atribui a condição de “médiuns”, alguns anônimos e outros bem “famosos”.


Critérios de validação.


Por isso se insiste na verificação por terceiros, idôneos e distantes dos personagens partícipes do evento psicográfico (isto é, o médium, seus auxiliares, os promotores de reuniões desta natureza e, é claro, os familiares que desejam receber os “comunicados do Além”). Sem isto, de modo coerente com a Filosofia Espírita, estaremos não diante de fenômenos mediúnicos críveis e verossímeis, mas, sim, de situações em que a fé cega e a emotividade, somada à “necessidade” de receber notícias daquele que faleceu, podem produzir o ilusionismo e a crendice exacerbada.

Deste modo, perante a infinita multiplicação das “cartas da imortalidade”, os espíritas e, também, os espiritualistas devem se valer de seguros e necessários critérios para aquilatar a veracidade das mensagens e dos próprios “transes” mediúnicos. Para isto, não conhecemos nada melhor e mais adequado do que o rito de controle estabelecido por Kardec, sobretudo em “O livro dos Médiuns”, para realizar, com bom senso, racionalidade e instrumentalidade, a análise crítica de cada mensagem em seus mínimos detalhes.

Em qualquer evocação, recordemos que nada mais é necessário do que o nome do desencarnado, a data de falecimento do ente querido e a presença do familiar, pois, se assim o quiser, o Espírito se manifestará voluntariamente e prestará as informações necessárias e suas particularidades. Simples, direto e objetivo. Sem floreios, invencionismos ou adornos. Porque a mediunidade é simples, é natural, e se baseia numa destacada Lei que rege os “vivos” e os “mortos”: a de sintonia ou afinidade.


Sem ela, pode ser tudo, menos Espiritismo!

Fontes:

KARDEC, A. “O livro dos Espíritos”. Trad. J. Herculano Pires. 64. Ed. São Paulo: LAKE, 2004.

KARDEC, A. “O livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. 20. Ed. São Paulo: LAKE, 1998.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

NóS(Espíritas) somos muitos pedantes! - Por Marcelo Henrique

 



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“Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem” (Yeshua).

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Alguns temas são recorrentes. Eles vão e vêm. Mesmo em discussões que, aparentemente, sequer tangenciam alguns conceitos, eles aparecem. E mostram o quanto nós ainda “patinamos” no entendimento das Leis Espirituais e dos reflexos, dela, em nós.



Vamos falar de um tema apaixonante, para os espíritas e, também, para todos que se dizem “cristãos”, ou, mais propriamente, para os que admiram a personalidade ímpar de Yeshua bar Yossef, ou Jesus de Nazaré. Ou, ainda, para mim, e minha proximidade e intimidade com ele, o Magrão.

O primeiro ponto que nos faz entender Jesus segundo o Espiritismo está focado na questão 625, da obra primeira de Allan Kardec, “O livro dos Espíritos”. Ainda que a tradução que você tem em mãos, em casa, ou que folheia na casa espírita, geralmente consigne como resposta a “menor” das 1019 perguntas que Kardec apôs neste brilhante livro, a tradução que reputo ser a mais fiel ao original, é diferente. Enquanto na “maioria” a resposta é uma palavra (“Jesus”), a do professor e filósofo de Avaré (SP), é composta por um verbo e um substantivo (“Vede Jesus”). Já escrevemos sobre isso. O original, no vernáculo kardeciano, tinha exatamente a composição que Herculano traduziu. E dela, devemos subentender e interpretar que nossos olhos, em termos do “modelo existencial humano” seria Jesus. Mas que, por extensão interpretativa, outros avatares, missionários, pessoas ímpares, em distintas civilizações, poderiam ser tidas como modelos. E o são, basta apreciar, estudar e entender suas culturas.

O modelo é, claramente, não o “estágio final” de perfectibilidade plena (perfeição relativa), mas possui, em relação aos que o tomam como tal, uma relação de logicidade e proximidade.

Consideremos, assim, incialmente, o estágio planetário de dois mil anos atrás, época em que o Magrão palmilhou as terras da Galiléia, Judéia, Genesaré, Belém e arredores... Um mundo bastante atrasado, inferior, em que a barbárie ainda era uma característica e a civilização – com o progresso das leis e dos costumes humanos – ensaiava os primeiros passos.
Um mundo em transição, considerando a cátedra espírita, entre o “primitivo” e o “de provas e expiações”, compondo, na Escala Progressiva dos Mundos Habitados, o primeiro e o segundo degraus, respectivamente. Além desses existem outros três: o de regeneração (que se avizinha, mas não se sabe quando irá ocorrer, mas decorre da paulatina transformação do anterior, onde nos encontramos), o ditoso ou feliz e, por último, no ápice do processo progressivo (Lei do Progresso, na terceira parte de “O livro dos Espíritos” – Capítulo VIII), o celeste ou divino.

Além da regra de progressão, encartada nestes cinco estágios, consequentes, de elevação espiritual, a partir das experiências individuais de cada um, na carne (isto é, estando encarnados em corpos físicos, os Espíritos), há, como substrato de validade e elemento característico e causal, o progresso individual. Assim, Kardec em consórcio com as Inteligências Superiores que o assistiram no trabalho de Codificação da Doutrina dos Espíritos, estabeleceram dez estágios de desenvolvimento, do “simples e ignorante” até o “puro”. A matéria, com o detalhamento necessário, figura na obra inicial, já citada, a partir do item 100, o que recomendamos a (re) leitura, assim como a meditação e o estudo dela decorrentes. E, mais, recomendamos o estudo coletivo, em grupos, núcleos ou instituições espíritas, seja presencial ou virtualmente – dadas as facilidades, de hoje, de utilização de ferramentas cibernéticas, cada vez mais úteis e aperfeiçoadas, verdadeiros instrumentos para o aprendizado e as relações interpessoais.

No nosso caso, recomendamos a participação em nosso fórum virtual de debates e estudos, o grupo “Espiritismo COM Kardec – ECK”, na plataforma (rede social) Facebook [1]. E, também, a visita ao nosso Portal [2], que reúne tudo o que o ECK tem produzido desde sua criação, em 2017.

Pois bem, voltemos a Jesus os nossos olhares. Ainda que não possamos tomar como verdadeiras todas as informações que são ditas “sobre” o Mestre, contidas nos quatro evangelhos canônicos, porque elas sofreram forte influência dos cânones da Igreja Romana, que selecionou, dentre quase noventa evangelhos existentes os quatro que seriam considerados como referência para o chamado “mundo cristão”, há elementos que figuram nos relatos de João, Marcos, Mateus e Lucas que são “validados” pelo Espiritismo.

Kardec trata do Rabi, seus feitos, seus ditos e suas pregações, além das curas que prodigalizou, essencialmente em “O evangelho segundo o Espiritismo”, em “O Céu e o Inferno” e em “A Gênese”, embora ele também possa aparecer nas outras obras que ele escreveu, que totalizam trinta e duas. Algumas editoras, inclusive, em publicações mais antigas, chegaram a colocar uma grade comparativa, contendo, em relação aos citados evangelhos (da Igreja) os trechos que teriam correspondência com o Espiritismo. Ou seja, o capítulo e o versículo dos evangelhos que seria tratado no capítulo da obra “evangélica” espírita, acima mencionada em primeiro plano. Notemos, ainda, que na folha de rosto do “evangelho espírita”, consta, expressamente, dito por Kardec: “Contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação nas diversas situações da vida”. Aí está o “fundamento” de não ser possível encontrar algum trecho da bíblia ou do novo testamento que você pode ter em casa – eu, por exemplo, tenho a edição publicada pelos Gideões, para consulta e análise comparada com os trechos das obras espíritas – nas obras publicadas pelo professor francês e, especialmente, em “O evangelho segundo o Espiritismo”.



Aquilo que foi “incluso” nos quatro evangelhos canônicos, por força da mística e da mistificação em torno de “Jesus Cristo”, o segundo elemento (personagem) da “Santíssima Trindade”, e que está associado aos dogmas e aos ritos da religião (ou das religiões) dita(s) cristã(s), obviamente, não é e nem será objeto de apreciação do Espiritismo, por absoluta incompatibilidade com as Leis Espirituais (que regem todos os mundos e se aplicam a todos os Espíritos, indistintamente), por serem meras invenções “fantásticas” do homem, desde a fundação da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) e, lembremos, muitas das “confirmações” dos “mistérios” contidas nos citados quatro evangelhos, decorrem de “previsões” colocadas no Antigo Testamento, por absoluta correspondência ideológica e religiosa.

Mas, voltemos ao título que demos a esta missiva. Nós, espíritas, somos muito pedantes!

Não obstante as claras e precisas orientações dadas pelos Espíritos Superiores a Kardec (1857-1869), preferimos, nós, compor um personagem “sobrenatural” para nos referirmos a Jesus de Nazaré, o nosso “irmão mais velho”. Há, no meio espírita, por reflexo e interferência de crenças pessoais e da similitude com as “crenças irmãs” cristãs, uma tendência – forte, marcante e preponderante – de consideração de uma alegada PUREZA de Jesus, em sua estada entre os homens do nosso orbe.

Vencida a premissa fundamental – que também é um cisma no Espiritismo atual, face a existência de duas “correntes” de pensamento, absolutamente incompatíveis entre si, e que não são “novidade” dos espíritas dos séculos XX e XXI, mas, inclusive, remonta ao próprio tempo de Kardec, pois, em paralelo à publicação das obras kardecianas, um advogado francês, Roustaing, também publicou uma obra sobre a natureza de Cristo (aí, entendemos necessário e fundamental não usar o termo “Jesus”), chamada “Os quatro evangelhos: A revelação da revelação”, em que o mesmo é apresentado como um ser agênere, sem corpo físico, “materializado” para viver trinta e três anos sobre a superfície de nosso planeta.



Esta dualidade Jesus X Cristo é uma das questões mais repetidas na “vivência” espírita do nosso tempo. E vamos mostrar que, mesmo que a obra acima mencionada, de Roustaing, não seja diretamente tratada ou estudada, os conceitos que nela estão acham-se fortemente visíveis em nossas práticas espíritas.

A questão essencial é, assim, correlata à NATUREZA de Jesus. Se ele, há dois mil anos, teria sido um espírito SUPERIOR ou um espírito PURO.

Muito já se escreveu e se escreve, hoje em dia, a respeito disto. Com tentativas de defesa de uma ou de outra tese, utilizando-se de excertos, trechos transcritos, desta ou daquela obra, assinadas por vultos espirituais (que se comunicaram via mediunidade e tiveram seus relatos “aprovados” por Rivail), ou por dissertações da lavra do próprio Kardec. Ou seja, dependendo do intérprete, encontramos frase que podem validar a tese de quem defende a existência corporal de Jesus, como espírito SUPERIOR, mas não, ainda, puro, e os que se perfilam como adeptos de outra tese, a de que Jesus já se encontrava na última condição de espiritualidade, possível, ou seja a de espírito PURO.

Já escrevemos outras vezes sobre tal temática, tendo como pano de fundo e base fundamental o contido na parte da obra kardeciana que se propõe a explicitar, uma a uma, as fases de progresso individual do Espírito, ou seja, de cada um de nós, desde a criação divina, até os níveis mais elevados, futuros, de cada um de nós, seres imperecíveis, finitos, com origem (criação) mas sem fim.

O ponto que ainda não tratamos em outros escritos, nossos, e que, também, ainda não vi ser tratado por nenhum articulista espírita – e me perdoem, caso alguém já tenha, especificamente tratado, pois não é do meu conhecimento, pois não possuo o dom da onisciência – está associado à natureza da missão espiritual de Yeshua neste planeta.
Ora, se Jesus foi UM dos modelos para a Humanidade, tendo ENCARNADO, ou seja, se utilizado de uma vestimenta material (corpo físico) para o desempenho de suas “tarefas” junto aos homens daquele tempo – e para o futuro – precisamos retornar aos conceitos que já foram apresentados, inicialmente, neste texto, para demonstrar onde está o PEDANTISMO ESPÍRITA.

O que era a Terra há dois mil anos? Com os parcos registros históricos e, também, arqueológicos, disponíveis, temos o quadro destacado de início: um planeta com seres bastante inferiores, povos bárbaros que disputavam, entre si, a hegemonia sobre territórios, que dizimavam seus “inimigos”, os escravizavam e em que a força física era superior à intelectualidade, em quase todas as situações. Poucos valores morais em vigência e a ideia de obediência a vultos militares, imperiais ou religiosos. Quase nenhum espaço para a filosofia e a liberdade de pensamento, por consequência. Neste cenário, em que a Terra estaria tentando deixar para trás o estágio inicial de desenvolvimento dos mundos (primitivo) para se caracterizar no segundo degrau (o de provas e expiações), qual seria a razoabilidade de vir um espírito “dos mais desenvolvidos”, em “condição mais adiantada dentre as conhecidas”, um ser PURO?

Mais natural seria receber, como orientador, como conhecedor das Leis Espirituais e para fazer jus ao único título que ele aceitou ser chamado pelos discípulos – Mestre – que fosse um espírito SUPERIOR.

Vejamos a definição que os Luminares que trabalharam com Rivail, dão a este termo: “Segunda classe. Espíritos Superiores — Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem, que só transpira benevolência, é sempre digna, elevada, e frequentemente sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos proporcionar as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que nos é dado conhecer. Comunicam-se voluntariamente com os que procuram de boa-fé a verdade e cujas almas estejam bastante libertas dos liames terrenos, para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos apenas pela curiosidade ou que, pela influência da matéria, se desviam da prática do bem” (isto figura no item 111, de “O livro dos Espíritos”).

Jesus, assim, pelo que dele conhecemos, conforme os textos incluídos na Codificação, era uma personalidade ENCARNADA que reunia “ciência, sabedoria e bondade”, proporcionando, a partir dos seus ensinos e, também, dos fenômenos espirituais que ele protagonizou (curas e outros, de efeitos físicos), “as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que nos é dado conhecer”.

Mas é o trecho final deste quesito (111) que mais importa e tem relevância: “Quando, por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo”.

É esta, de fato, a condição real de Jesus de Nazaré. Encarnar POR EXCEÇÃO no nosso planeta, para cumprir, nele, uma missão de progresso, coletiva, oferecendo-nos o “tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo”.

A CONEXÃO PERFEITA entre a parte final da questão 111 e a contida na questão 625, utilizando-se, inclusive do mesmo conceito fundamental (tipo de perfeição aspirada), é de cristalino entendimento.

Mas, os espíritas PEDANTES querem que seja, Jesus, o ser “mais perfeito entre os perfeitos”, o PURO ESPÍRITO, porque NINGUÉM pode ser superior a Yeshua, porque, se fosse, se existisse alguém, neste planeta, que já tivesse vindo ou que virá, toda a pedagogia do Mestre estaria sob suspeição e poderia (ou pôde) ser suplantada por outro. Imagine, por exemplo, o que diriam os seguidores de Krishna, de Sidarta ou de Gandhi, para ficarmos em três pequenos exemplos de avatares, quando lhes dissermos que “Jesus é mais”. Ou, em paralelo, se conhecemos MUITO MAIS do que fizeram e ensinaram esses três personagens – ou dois deles, já que Gandhi esteve integrado à cultura ocidental, sendo, pois, posterior a Jesus e por ele, também influenciado – e “descobrirmos” que, talvez, um deles possa ser SUPERIOR a Jesus, em ciência, sabedoria ou bondade”? Seria como “a casa caiu”, entre os espíritas?

Jesus é um personagem apaixonante. É, certamente, uma das mais lúcidas inteligências que já pisou neste nosso “planetinha azul”, e sua teoria aliada à prática aplicada são-nos, sim, uma das referências mais marcantes. Não é à toa que, na própria Introdução de “O Evangelho”, Kardec compõe um ensaio magistral sobre a relação do Espiritismo com as doutrinas, incialmente, na História, de Sócrates e Platão, e as de Jesus, formando, entre elas, um vínculo indissociável. Veja que Kardec não remonta a Moisés, embora reconheça a validade dos livros que o legislador do Antigo Testamento tenha deixado à Humanidade, sobretudo “os dez mandamentos”, mas vincula o pensamento espiritista ao de Jesus (e não ao Cristianismo, que é diferente daquele porque está repleto de dogmas, sacramentos, rituais e liturgias) e à filosofia grega de Sócrates e seu discípulo Platão.

Menos, senhores espíritas! Bem menos!

Caso contrário este pensamento (ou analogia) vinculado a outros – como por exemplo a chamada “destinação espiritual do Brasil”, como “pátria do Evangelho”, “coração do mundo”, “terra de promissão”, etc., nos aproxima ao velho e corroído conceito de “terra prometida”, aspiração até hoje dos judeus palestinos.



Precisamos ser mais fraternos entre nós e para com os demais adeptos de outras filosofias, seitas ou religiões. Necessitamos ser mais razoáveis em relação aos fundamentos da própria Doutrina Espírita. Carecemos de sermos mais humildes e menos vaidosos ou presunçosos, achando que os “espíritas” têm melhores informações sobre as Leis Espirituais. Conhecimento é prática. É o que fazemos dele. É como utilizamos este conhecimento para nossa própria “libertação” das amarras do mundo físico, alçando compreensão e sabedoria em nossos voos.

Jesus, Espírito SUPERIOR nos deixou apropriada e singular mensagem, que vige até hoje. Kardec, Espírito PRUDENTE (veja a Escala Espírita, a propósito, no item 110), complementou a pedagogia de Jesus e explicou seus feitos, apresentando-nos as Leis Espirituais e seus reflexos sobre os Espíritos.

Está mais do que na hora de tentarmos nos aproximar “em espírito e verdade” dos demais seres que transitam neste plano, ao invés de continuarmos erigindo muros (ou altares) para nos diferenciar dos que nos são, como ele, Yeshua, nos apresentou, irmãos. E quando disse: “meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem”. Sem pedantismo, portanto!

Notas do Autor:

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Marcelo Henrique, é professor, doutor, escritor, espírita, divulgador da doutrina espírita em todos os canais da Internet, e redes sociais, um dos fundadores da ECK - Espiritismo com Kardec, e se tornou colaborador deste Blogo em Julho de 2011, desde entao segue colaborando conosco.